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Christopher Tolkien

Christopher Reuel Tolkien (nascido em 21 de Novembro de 1924) é o filho mais novo do autor J. R. R. Tolkien (1892 – 1973) e mais conhecido como o editor da maior parte das obras de seu pai que foram publicadas postumamente. Ele desenhou os mapas originais para O Senhor dos Anéis, os quais ele assinou como C. J. R. T. com o J significando John, um nome de batismo que ele não usa normalmente.
Vida


Christopher Tolkien nasceu em Leeds, Inglaterra, o terceiro e mais novo filho de J. R. R. Tolkien. Ele estudou na Dragon School em Cherwell e depois na Oratory School. Devido a um problema de coração ele foi forçado a permanecer em casa e trabalhar com um tutor. Ele gosta de observar as estrelas com um telescópio e também é apaixonado por trens. Com a idade de 5 anos já estava preocupado com a consistência dO Hobbit.

“Da última vez você disse que a porta da frente de Bilbo era azul, e você disse que Thorin tinha um adorno dourado em seu capuz mas você acabou de dizer que a porta da frente de Bilbo era verde e que o capuz de Thorin era prateado.”
  – Christopher Tolkien, prefácio aO Hobbit
Christopher provou-se ser de imenso valor na correção dO Hobbit e ganhou dois pence por erro encontrado.
Juventude

 

Em Julho de 1943 ele entrou na Royal Air Force e em 1944 ele foi enviado para a África do Sul para receber treinamento de piloto. Sua ausência, contudo, não diminuiu suas contribuições aos trabalhos de seu pai uma vez que este continuamente lhe enviava trechos de O Senhor dos Anéis. Em 1945 ele retornou à Inglaterra e ficou comissionado em Shropshire e mais tarde no mesmo ano retornou a Oxford. Em 9 de Outubro de 1945 seu pai o informou que os Inklings desejavam considerá-lo como um membro permanente. A tarefa de ler O Senhor dos Anéis aos Inklings passou para Christopher  e era consenso geral que ele era melhor leitor que seu pai.

Idade Adulta

 

Em 1946 ele retornou ao Trinity College para concluir seus estudos e se graduar em Inglês. Por algum tempo seu tutor foi ninguém menos do que C.S. Lewis. Sua tese foi uma tradução de The Saga of King Heidrek the Wise (“A Saga do Rei Heidrek o Sábio”) e colou grau como bacharel em 1949. Christopher também se tornou um Lecturer (professor universitário iniciante) em Inglês Arcaico e Médio bem como em Islandês Arcaico em Oxford. Ele trabalhou como editor nos Contos da Cantuária (Canterbury Tales) de Chaucer, Tale de Pardoner e Prist’s Tale de Nun. De 1963 a 1975 ele foi um Fellow (professor sênior) do New College em Oxford, mas deixou o cargo quando começou a se dedicar aos assuntos literários de seu pai.

Por muito tempo ele foi parte da audiência crítica para os trabalhos de ficção de seu pai, primeiro como criança ouvindo os contos de Bilbo Bolseiro e depois como adolescente e adulto lendo e criticando O Senhor dos Anéis durante os 15 anos de sua gestação. Ele tinha a tarefa de interpretar os algumas vezes autocontraditórios mapas da Terra-média desenhados por seu pai, de forma a produzir as versões utilizadas nos livros, e ele redesenhou o mapa principal no final da década de 1970 para clarificar a escrita e corrigir alguns erros e omissões.

Em 2001 ele recebeu alguma atenção por sua posição contrária à trilogia O Senhor dos Anéis dirigida por Peter Jackson. Ele expressou suas dúvidas quanto a viabilidade de uma interpretação cinematográfica que conservasse a essência da obra, mas destacou que era apenas a sua opinião:

“…Eu reconheço que esta é uma questão artística complexa e discutível, e os rumores feitos de que eu ‘desaprovo’ os filmes, seja qual for sua qualidade cinematográfica, que chegaram a ponto de que desejei mal àqueles com os quais possa discordar, são totalmente sem fundamento” – Christopher Tolkien

 Apesar disso, em 2012, depois de um longo período sem fazer declarações à imprensa, Christopher Tolkien concedeu uma entrevista ao jornal francês Le Monde em que falou com profunda tristeza sobre a exploração excessivamente comercial do legado de seu pai e que acompanhou o sucesso da adaptação cinematográfica de Peter Jackson.
“Eles arrancaram as vísceras do livro [O Senhor dos Anéis], tornando-o um filme de ação para jovens entre 15 e 25 anos. E parece que O Hobbit será o mesmo tipo de filme. Tolkien tornou-se um monstro, devorado por sua própria popularidade e absorvido pelo absurdo da nossa época. Ampliou o abismo entre a beleza e a seriedade do trabalho, e o que ele se tornou. E já foi longe demais para mim. A comercialização reduziu o impacto estético e filosófico da obra a nada. Há apenas uma solução para mim: Virar meu rosto para outro lado”.

Família

A primeira esposa de Christopher, Faith (1928) se formou em Inglês em Oxford e tiveram um filho, Simon Tolkien. Simon é um advogado de tribunal (um barrister) e romancista. Um busto de Tolkien feito por Faith foi exibido na Royal Academy: Tolkien pagou para fazê-lo em bronze. Agora está na Biblioteca de Inglês de Oxford.

 

A segunda esposa de Christopher, Baillie (1941) é canadense e filha do cirurgião de Winnipeg Alan Klass e Helen Klass. Ela tem bacharelado em Inglês pela Universidade de Manitoda e mestrado em Oxford. Ela trabalhou como secretária de J.R.R. Tolkien e era responsável pela seção de poesia no índice de 1965 de O Senhor dos Anéis. Mais tarde ela editou The Father Christmas Letters (“As Cartas do Papai Noel”, lançado no Brasil em 2012 pela WMF Martins Fontes). Ela e Christopher têm dois filhos, Adam Tolkien e Rachel Tolkien.
Christopher Tolkien atualmente vive na França com sua segunda esposa.


Trabalho

J. R. R. Tolkien escreveu uma grande quantidade de material conectado à mitologia da Terra-média que não foi publicado durante sua vida. Embora originalmente ele pretendesse publicar O Silmarillion junto com O Senhor dos Anéis, e embora partes dele estivessem finalizadas, ele morreu em 1973 com o projeto incompleto.Após a morte de seu pai, Christopher Tolkien iniciou o projeto de organizar a enorme quantidade de notas de sue pai, algumas delas escritas em pedaços de papel com mais de cinqüenta anos. Muito do material era escrito a mão; freqüentemente uma cópia boa era escrita sobre um primeiro rascunho semi-apagado, e nomes de personagens rotineiramente mudavam entre o começo e fim do mesmo texto. Decifrar tudo isso era uma tarefa árdua, e possivelmente apenas alguém com experiência pessoal em J. R. R. Tolkien e a evolução de suas histórias poderia colocar ordem nos papéis. Christopher Tolkien admitiu que ocasionalmente tentou adivinhar qual a intenção de seu pai.Com o auxílio de Guy Gavriel Kay ele conseguiu compilar O Silmarillion em apenas quatro anos. Christopher Tolkien teve que tomar algumas decisões editoriais difíceis sobre a apresentação do material e algumas dessas decisões foram criticadas mais tarde, inclusive por si mesmo. Durante este tempo ele também editou as traduções de seu pai de Sir Gawain and the Green Knight (Sir Gawain e o Cavaleiro Verde, sem tradução em português) e Sir Orfeo. Ele também trabalhou no Nomenclature of The Lord of the Rings (Nomenclatura de O Senhor dos Anéis, sem tradução em português) que foi publicado inicialmente em 1975 como Guide to the Names in The Lord of the Rings (Guia para os Nomes em O Senhor dos Anéis, sem tradução em português) em A Tolkien Compass (Um Guia para Tolkien, sem tradução em português).

 

Foto de Christopher Tolkien aos 87 anos

Christopher passou os anos seguintes continuando a estudar os trabalhos de seu pai e assumindo as responsabilidades do Tolkien Estate. Ele gravou trechos de O Silmarillion em 1977 e 1978 que foram lançados pelas Caedmon Records de Nova Iorque. Em 1979 ele escreveu sobre as ilustrações e desenhos de seu pai para a publicação nos calendários Tolkien e Pictures by J.R.R. Tolkien (Imagens por J.R.R. Tolkien, sem tradução em português) . De 1980 a 1983 Christopher editou Contos Inacabados, As Cartas de J.R.R. Tolkien, The Monsters and Critics and Other Essays (O Monstro e os Críticos e Outros Ensaios, sem tradução em português) e The Book of Lost Tales Part 1 (O Livro dos Contos Perdidos, sem tradução em português) que foi o primeiro volume da série The History of Middle-Earth, contendo doze volumes. Em 1998 ele editou uma nova edição de Tree and Leaf incluindo o poema Mythopoeia. Depois de um longo tempo, sua mais recente publicação seria a edição de The Children of Húrin (“Os Filhos de Húrin”, lançado no Brasil pela Editora Martins Fontes), lançada em 2007 e o último livro dedicado a contar uma história da Terra-média.

De lá para cá, Christopher Tolkien dedicou-se também a lançar obras de seu pai que não abarcavam a Terra-média, mas cujas fontes exerceriam enorme influência na criação de seu Legendarium. Dentre elas, C. Tolkien lançou em 2009 A Lenda de Sigurd & Gudrún (Martins Fontes), em 2013 A Queda de Artur (Martins Fontes) e em 2014 Beowulf: A Translation and Commentary (“Beowulf: Uma Tradução e Comentário”, em tradução livre e que também chegará ao Brasil pela Martins Fontes em 2015). Assim, pela paixão e admiração de Christopher Tolkien pela obra de seu pai e sua dedicação em preservá-la e divulgá-la, o mundo e os fãs de J. R. R. Tolkien podem conhecer hoje, e cada vez mais, o fantástico, incansável, e aparentemente infindável, trabalho do “Autor do Século”.

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