Bomba, bomba!! Descobri uma carta não coligida em livro do próprio JRRT confirmando o que já era especulado mas pouco “sabido”
There must have been orc-women. But in stories that seldom if ever see the Orcs except as soldiers of armies in the service of the evil lords we naturally would not learn much about their lives. Not much was known.
“Elas deviam existir sim, mas como as histórias só mostravam os orcs como soldados em exércitos a serviço dos chefes malignos “nós naturalmente não iríamos aprender muito sobre suas vidas. Pouco era sabido a respeito””.
“Elas tinham uma preocupação toda especial com sua aparência” … Olhem só para esses brincos, parecem bolas de Natal. Essa daí quer se candidatar pra fábrica do Papai Noel.
Aproveito a oportunidade pra desmentir um tremendo mal-entendido em relação á versão cinematográfica dos Orcs
Post Original de Finarfin (fórum Valinor):
Se “à maneira dos filhos de Iluvatar” não quer dizer sexo, eu não sei o que mais pode querer dizer.Mas não vejo como tirar o sexo dessa comparação.
Se orcs nascessem do barro ou como abelhas, não teria como ser “à maneira dos homens”. Seria chutar o balde demais dizer isso.
Ninguém acha que não havia sexo no do processo de reprodução dos Orcs Finarfin. Creio que tem algumas coisas que estão dando margem a uma certa confusão. Por exemplo, a cena do filme onde se dá a impressão que os Orcs Uruk-hai nascem “do barro” mostra, na verdade, “membranas” parecidas com bolsas de líquido amniótico , Lurtz saindo de uma delas, o chão coberto de líquido “barrento” porque vários Uruks estavam “sazonando” ao mesmo tempo, rompendo as “bolsas” em cima do barro mas não nascendo literalmente dele.
Aquela meleca toda não é indicação de que não havia sexo apenas que o completo desenvolvimento dos fetos orcs nos filmes era fora do corpo da progenitora ( que não foi mostrada). Isso seria um tipo de adaptação ou mutação esperada de uma raça que precisa se reproduzir em grande número num espaço confinado fora do alcance da luz.Você pode até argumentar que as fêmeas dos anões são raras e não vistas como as dos Orcs mas a raça dos dwarves está mirrando enquanto a dos Orcs prospera se deixada imperturbada com uma prolificidade e rapidez que coloca a dos humanos e elfos no chinelo.
Permitir que os embriões cresçam fora do corpo da mãe como acontece com aranhas garantiria a existência e viabilidade de uma grande prole nessas condições “utumnicas” sem fazer com que as mães orcs tivessem que ter corpos excessivamente grandes ( coisa não prática em cavernas subterrâneas).
Detalhe interessante que os líderes Uruks nos filmes já nascem com “memória genética” embutida, o que lembra a “programação de fala” e falta de alma queTolkien teorizou no ensaio no link do fim do post( partes dele copiadas a seguir) .Tolkien comparou a fala dos orks a uma aprendizagem estilo “papagaio”
Os orks, é verdade, algumas vezes pereciam ter sido reduzido a uma condição bastante similar, embora continue a existir uma diferença profunda. Aqueles orks que por muito tempo viveram sob a atenção imediata de sua vontade – como vigias de suas fortalezas ou elementos dos exércitos treinados para propósitos especiais em seus desígnios de guerra – agiriam como rebanhos, obedecendo instantaneamente, como tendo uma única vontade, seus comandos mesmo se ordenados a sacrificar suas vidas a seu serviço. E como foi visto quando Morgoth foi finalmente subjugado e excluído, aqueles orks que haviam sido assim absorvidos se espalharam impotentes, sem propósito a não ser fugir ou lutar, e logo morreram ou se mataram.
In summary: I think it must be assumed that ‘talking’ is not necessarily the sign of the possession of a ‘rational soul’ or fëa.(7)The Orcs were beasts of humanized shape (to mock Men and Elves) deliberately perverted and converted into a more close resemblance to Men. Their ‘talking’ was really reeling off ‘records’ set in them by Melkor. Even their rebellious critical words – he knew about them. Melkor taught them speech and as they bred they inherited this; and they had just as much independence as have, say, dogs or horses of their human masters. This talking was largely echoic (cf. parrots). In The Lord of the Rings Sauron is said to have devised a language for them.(8)
O filme dá a impressão de sugerir que o nascimento Orc era algo similar a de algumas espécies de tubarões ou sapos.
Nas espécies ovíparas, que correspondem a cerca de 20% do total, a fêmea realiza a postura dos ovos retangulares, protegidos por uma membrana filamentosa, de modo a fixá-los ao substrato marinho.
E , embora isso seja uma extrapolação do que está nos livros, não é , ao contrário do que se pensa, uma transgressão do cânon na proporção em que se costuma presumir. Em primeiro lugar porque, na realidade, não há cânon sobre essa matéria. (motivo explicado nos dois últimos parágrafos desse post)
Todos os animais citados fazem “sexo” de uma maneira ou outra e as abelhas não são exceção nessa afirmação.Então, se Tolkien disse que os orcs se reproduziam à maneira dos filhos de Ilúvatar, nem ele e nem nós estamos falando em falta de sexo o que eu e outros estamos falando é que a duração e os detalhes do processo de gestação, nascimento e de crescimento dos filhos já paridos parece ser completamente distinto do que ocorre com elfos e homens.
E isso é observado por uma questão interna de evidência da própria obra, Orcs se multiplicam e crescem rápido demais em um ambiente que a anatomia e condições dos filhos de Ilúvatar não toleraria e isso sugere outras adaptações para a gestação e crescimento dos embriões também.
Percebeu melhor a diferença agora entre o que estamos falando e o que vc está entendendo?
E como disse antes, tudo que Tolkien falou sobre os Orcs no Silmarillion foiquestionado por ele próprio em texto mais tardio inclusive traduzido na Valinor e isso incluiu sua correlação com os elfos.
Se não há noção definitiva no cânon sobre a natureza dos Orcs, qualquer coisa que Tolkien possa ter dito sobre os detalhes de sua reprodução, já que em algumas das teorias de Tolkien os Orcs nem seriam variações de qualquer raça dos filhos de Ilúvatar, nada dito no Silmarillion sobre isso foi feito para ser interpretado como sendo “verdade absoluta”.
A impressão que Tolkien dá é que Orks era o nome genérico que os Elfos davam para o que , na verdade, eram diversas espécies de criaturas aparentadas, algumas sendo perversões de homens e elfos e dotadas de alma, outras sendo meros “construtos” sem alma e ainda outros sendo, na verdade, maiar corrompidos em formas “orquicas”.
Tem diversos pontos do mito de Tolkien que são feitos , de propósito , para serem assim, constituírem o que Tolkien chamava “vistas inatingíveis” e é importante fazer um esforço para distinguir quando é que o Silmarillion não deve ser entendido ao pé da letra, uma coisa meio difícil para o fã brasileiro já que a série HoME não será publicada aqui em curto/médio prazo.
A propósito o que Tolkien falou no Silmarillion foi (
Pois os orcs tinham vida e se multiplicavam da mesma forma que os Filhos de Ilúvatar; e nada que tivesse vida própria, nem aparência de vida, Melkor jamais poderia criar desde sua rebelião no Ainulindalë antes do Início.
O texto original que Christopher publicou em HoME X é esse.Repare na forma do plural de orcs nessa versão orkor ( pq a forma dada ao Orc propriamente dito em quenya era Orco mesmo):
Thus did Melkor breed the hideous race of the Orkor in envy and mockery of the Eldar, of whom they were afterwards the bitterest foes. For the Orkor had life and multiplied after the manner of the Children of Iluvatar; and naught that had life of its own, nor the semblancethereof, could ever Melkor make since his rebellion in the Ainulindale before the Beginning: so say the wise.
The kinship, though not precise equivalence, of S orch to Q urko, urqui was recognized,and in Exilic Quenya urko was commonly used to translate S orch, though a form showing the influence of Sindarin,orko,pl. orkor and orqui, is also often found.
Esse é mais um dos casos onde a tradução da MF é bem inadequada, “after the manner”, à “maneira de” como a tradutora portuguesa verteu, não é “da mesma forma” como a edição brasileira acabou traduzindo. Péssima escolha. São errinhos assim que, no efeito cumulativo, passam a idéia de Tolkien ter dito uma coisa diferente do que ele realmente falou.
O “after” dá a sugestão de “inspirado”, after the manner então é a “maneira de” no sentido de ser semelhante, de ser similar, mas não necessariamente igual
A ênfase do texto foi na posse de alma( que o próprio Tolkien questionou depois ) e na reprodução sexuada, nascendo de material biológico e não como construtos de matéria inanimada, o texto não afirma que a maneira do ato sexual, gestação, nascimento e crescimento dos orcs seja exatamente igual a dos Filhos de Ilúvatar.