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Entrevista com Sylvester McCoy, o Mago Radagast!

Embora o personagem não apareça nos filmes O Senhor dos Anéis (mas sim no primeiro volume do livro), Radagast, o Castanho, é um personagem que é muito citado nos livros de JRR Tolkien. Seu intérprete, o escocês Sylvester McCoy, que vem atuando no palco e tela por mais de 45 anos, entrou para o elenco d’O Hobbit depois de terminar sua turnê com a Royal Shakespeare Company, com “Rei Lear”, e depois de atuar ao lado do intérprete de Gandalf, Sir Ian McKellen. McCoy ficou famoso por seu papel na série “Doctor Who”, pois interpretou uma das versões mais populares do personagem. O Los Angeles Times conversou com McCoy sobre o Mago Castanho e seu trabalho nos novos filmes de Peter Jackson. Confira a entrevista a seguir, que contém um possível SPOILER, cuidado!

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 Você era um fã de Tolkien antes de ser escalado para os filmes O Hobbit

Sim, eu li [O Senhor dos Anéis] nos anos 60. Ele saiu nos anos 50, então foi logo depois. Você sabe, eles foram os livros para se ler na época, O Hobbit e O Senhor dos Anéis. Um rito de passagem para passar pela vida. Reli O Hobbit de novo recentemente.

É verdade que você fez o teste para o papel de Bilbo em O Senhor dos Anéis, há uma década?

 Sim, ele acabou indo para dois atores, de poucos candidatos, e eu era um deles. É claro que o outro era o grande e glorioso Ian Holm. Eu fiquei um pouco desapontado, mas também muito satisfeito por estar em tão grande companhia. Então eles já me conheciam. E, por sorte, eu estava em turnê com Ian McKellen com “Rei Lear”, fazendo o papel do bobo, e fomos para a Nova Zelândia. E por eles já me conhecerem antes, lembraram-se de mim, e eles viram Ian e eu trabalhando juntos no palco. Eu acho que eles devem ter gostado bastante disso.

Radagast não apareceu nos filmes O Senhor dos Anéis. Você pode nos contar um pouco sobre o seu personagem?

Ele é um mago, para começar. Ele vive na floresta. Ele é mais como um eremita, e ele se comunica com os animais, e meio que se preocupa com a floresta, a flora e a fauna, e ele descobre alguma coisa – que a floresta está em perigo, e ele tem que agir rapidamente e sair de sua existência, tranquila e solitária, mas feliz por tentar fazer algo sobre isso. Sua proximidade com os animais é muito útil para ele mesmo e para os outros. Foi emocionante, realmente. Quando Peter estava fazendo esses videoblogs direto dos estúdios e colocando-os no YouTube, eles continuaram a me manter em segredo. Ele me disse, “Você é o nosso segredo”. Então isso foi muito divertido, ser o segredo, a surpresa, talvez.

 Será que a relação que se desenvolveu com McKellen durante o “Rei Lear” influenciou o seu desempenho em O Hobbit?

Sim, porque nós já nos conhecíamos. Trabalhamos juntos por um ano e meio, de maneira bem próxima, na verdade. Isso sempre facilita a vida para todos. É preciso um pouco de tempo com novas pessoas, talvez para conhecer um ao outro. E também, pode-se ver imediatamente como é a química entre nós dois e como ela funciona, o que tornou tudo mais fácil.

Então, qual é a relação entre os dois Magos – Gandalf e Radagast?

Bem, Saruman, o Branco, não gosta de Radagast e acha que ele é um idiota, mas Gandalf, o Cinzento, tem uma admiração por Radagast. Ele sabe que, apesar de ele ser um pouco trapalhão, um querido velho louco, que ele tem aço dentro de si e que a necessidade o põe em movimento. Eu acho que eles são primos, se bem me lembro. Então, nós temos um tipo de conexão de sangue.

Nota: Gandalf e Radagast não são primos, na verdade. São membros de uma mesma ordem (assim como Saruman e os dois Magos Azuis), os Istari. No entanto, o ator deve estar se referindo a uma passagem do livro O Hobbit, capítulo “Estranhos Alojamentos”, em que Gandalf chega com Bilbo à casa do Troca-peles Beorn. Lá o mago se apresenta e diz ao grandalhão que talvez conheça seu “primo” Radagast.

[…] Sou um mago – continuou Gandalf. – Ouvi falar de você, embora não tenha ouvido falar de mim; mas quem sabe ouviu falar em meu primo, Radagast, que mora perto da fronteira sul da Floresta das Trevas?

 _ Sim; não é mal sujeito, mesmo sendo um mago, eu acho. Costumava vê-lo de vez em quando – disse Beorn.

(Martins Fontes, São Paulo, 2002, p.117)

Onde você busca inspiração para o personagem?

Eu meio que me baseio no que está escrito, e a partir do roteiro que Peter e Fran [Walsh] e Philippa [Boyens] escreveram. Eles precisavam que Gandalf interagisse com alguém na subtrama. De qualquer forma, eu faço as coisas por instinto. Quando você tem o traje, a visão do personagem, e então está no set, o personagem vem.

 A figurinista Ann Maskrey disse que o traje de Radagast era seu favorito. Você gostou do trabalho dela?

Foi ótimo, realmente foi muito legal. Ela é uma grande designer de figurinos. Eu já tinha trabalhado com ela em um filme há muitos anos, por isso foi ótimo vê-la novamente. E ela é ótima. Eles fizeram isso com grande detalhe e complexidade, costuras e bainhas especialmente bem feitas, e que o tecido bonito; e eles criaram este traje belíssimo, meio rasgado, sujo e envelhecido. Mas o resultado é algo muito interessante.

SPOILER a seguir!

E você até carrega um cajado…

Se você viu O Senhor dos Anéis, você irá reconhecê-lo. Você vai ter que esperar e ver o que acontecerá nos próximos três anos. Você vai descobrir algo sobre aquele cajado.  Eventualmente é muito importante. É um mistério. Eu não quero dar mais dicas.

Nota: Especula-se que o cajado que Gandalf usa em O Senhor dos Anéis seja o mesmo que Radagast usa agora em O Hobbit. Realmente eles são muito semelhantes. E além dessa semelhança, há a diferença entre os cajados que Gandalf usa em O Hobbit para o usado em A Sociedade do Anel. Como o Cinzento supostamente “ganha” o cajado de Radagast ainda é desconhecido.

Fim do SPOILER

 E sobre o cenário? Que casinha é a que vemos no trailer?

A casa, que era tão bonita, ou melhor, tão maravilhosa. Eu caí de amores por ela imediatamente. Era só um casebre, mas que avivou a criança em mim. E a criança em mim o tempo todo, e foi exatamente o tipo de casa que eu sonhei minha infância toda. E lá estava ela. E ela era minha!

Você mencionou que Radagast tem uma conexão com os animais. Será que você trabalha com animais de verdade no set?

Não, essa é a incrível WETA. Eles não tinham os reais porque eles fazem aqueles que são ainda melhores para trabalhar do que os reais. Eu fiz o trabalho com um ouriço, e era um de pelúcia chamado Simon. Era realmente muito espinhoso e grudava em mim e tudo o mais. Mas olhe para o trailer com cuidado, eles trouxeram para a vida este ouriço. É impressionante. Eles são mágicos completos.

 Foi difícil atuar com coisas que não estavam lá na sua frente?

 Um pouco. Você tem que usar a sua imaginação, o que é bastante divertido, e para um ator, mais ainda. E eu passei muito tempo trabalhando – tivemos a tela azul nos primeiros anos da televisão, mas nós a chamamos de tela verde agora. Mas sim, você meio que se acostuma com isso. Eu sempre tive uma habilidade para trabalhar com criaturas imaginárias, então eu acho que funciona. E não há coisa mais bonita do que estas aves voando ao redor da minha cabeça, e elas nem estavam lá quando eu estava fazendo a cena. Mas eu vi a cena com estas aves, e suas asas estão batendo, e o ar deslocado pelas asas estão fazendo meu cabelo se mover. É um detalhe minúsculo, pequeno, mas assistindo é tão comovente. Esses caras da WETA são brilhantes.

Como foi trabalhar com Peter Jackson?

 Ah, ótimo. Ele é um homem encantador. É fantástico trabalhar com ele. Ele não é o tipo assustador, mas ele não brinca em serviço, ele é honesto e aberto e, no meu entender, totalmente no comando. Ele sabe exatamente o que quer. Você simplesmente sente que está em boas mãos.

 E Andy Serkis?

Eu fiz um monte [de cenas] com Andy [como diretor de segunda unidade]. E nós nos dávamos muito bem, nós somos grandes companheiros. Eu já conhecia o Andy daqui da Inglaterra, então foi ótimo trabalhar com ele. Eu o vi como Gollum agora, e ele é surpreendente, absolutamente surpreendente.

Existe algum papel em seu passado como ator que o preparou para este?

De certa forma, muito vem de ter interpretado o bobo em “Rei Lear”, com o Ian. Meu personagem é um bobo, mas “Rei Lear” é uma tragédia, e este tem algo adicionado, o que é um certo tipo de heroísmo inesperado talvez. Tudo que você faz durante toda a sua vida está em algum lugar de você. E você carrega toda esta bagagem. Eu acho que o personagem é bastante novo. Novinho em folha para Sylvester McCoy.

 Você foi capaz de interpretar dois personagens muito emblemáticos. Qual você gosta mais? O “Doctor Who” ou o Radagast?

Eu adoro fazer Radagast. Ele é o meu mais novo amor, você sabe o que quero dizer? Eu não posso me divorciar de “Doctor Who”. Estou casado com algumas pessoas. Tenho alguns amores. Eu tenho dois filhos que amo até a morte, e eu os amo de maneira diferente. É a mesma coisa com “Doctor Who” e Radagast.

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