Evangeline Lilly e a Polêmica Envolvendo uma Elfa, um Elfo e um Anão

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Escrito por Edson Lima

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Atenção! SPOILER! Se você ainda não assistiu O Hobbit: A Desolação de Smaug, sugerimos que não leia o texto abaixo, pois ele contém revelações sobre certa passagem da trama.

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O leitor que já foi ao cinema assistir ao segundo capítulo da trilogia O Hobbit deve se lembrar de certa passagem do filme envolvendo uma nova elfa, um conhecido elfo, e um polêmico anão sem barba. Sim, estamos falando do triângulo amoroso envolvendo Tauriel, Legolas e Kili.

Como é comum em adaptações, há passagens em que os fãs são quase unânimes em apontar quais são as melhores, já outras dividem opiniões, enquanto que determinadas passagens desagradam a maioria. O famigerado triângulo amoroso Tauriel-Legolas-Kili parece fazer parte dessa terceira categoria, pelo menos é o que evidenciam algumas críticas profissionais e as opiniões dos fãs em nosso Fórum de discussão e em comentários de notícias.

Em uma recente entrevista dada a jornalistas de Los Angeles, durante a promoção de O Hobbit A Desolação de Smaug, a atriz Evangeline Lilly e a co-roteirista Philippa Boyens (parceira de longa data de Peter Jackson na produção de seus filmes) conversaram entusiasticamente sobre a formação da personagem Tauriel e como surgiu a tão controversa ideia de colocar uma elfa dividida entre o amor de um príncipe-élfico e um anão.

Nesta entrevista descobrimos que quando Lilly concordou em assumir esse papel, ela havia colocado uma condição aos produtores: não ser pega em um triângulo amoroso. Lembremo-nos de que a atriz, quando intérprete do papel de Kate Austen em Lost, já tinha experimentado este tipo de situação no contexto da série. Inicialmente Peter Jackson concordou com esta condição, mas parece que ele e os estúdios decidiram o contrário. Acompanhe os trechos mais significativos.

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Evangeline Lilly conta inicialmente como Peter Jackson e Philippa Boyens estavam procurando-a e como finalmente a encontraram e por telefone ofereceram  a ela o papel da elfa:

Evangeline Lilly: […] E assim acabaram conseguindo falar comigo, e, é claro, porque O Hobbit foi o meu livro favorito quando era pequena e os Elfos Silvestres eram meus personagens favoritos no livro, e como seria um sonho interpretar um, eu agarrei a oportunidade. Eu peguei o telefone rapidamente. E então eles disseram: “Seu personagem não está no livro.” E fiz uma longa pausa, como uma grande fã de Tolkien. Eu meio que engoli a seco e disse: “O quê? Todo mundo vai me odiar.” Não demorou muito para eles convencerem-me completamente de que era a coisa certa a fazer e foi uma boa ideia.

O-Hobbit-A-Desolacao-de-Smaug-banner-11Nov2013_02Philippa Boyens: Eu me lembro daquele telefonema, e eu me lembro daquele momento em que eu disse: “É uma história de amor, não é uma história de amor convencional.” E você disse algo como, “Certo, certo… “. E eu: “Com um anão”. Fez-se silêncio, e então eu disse, “Mas espere, eu vou lhe enviar uma foto! É Aidan Turner, por isso está OK!” Eu a mandei, e então você disse, “OK , sim, sim…”.

Lilly: Ela fez isso. E me disse: “Ele é tããão bonito. Basta esperar para ver”. Mas naquele primeiro momento ela não disse que haveria uma história de amor! Phil pode não se lembrar disso, mas eu concordei com o trabalho sob uma condição. Uma condição, e eles concordaram com a condição, e essa condição foi colocada há dois anos. A condição era que eu não seria envolvida em um triângulo amoroso. Certo? Porque qualquer um de vocês que são fãs de Lost, sabem que eu estive até aqui só envolvida em triângulos amorosos. E como é conhecido, eu voltei para as refilmagens de cenas em 2012 e disseram: “Fizemos alguns ajustes para a história de amor.”

Boyens: Bem, isso é verdade, realmente não havia um triângulo, não havia. Mas o que aconteceu foi que quando vimos isso acontecendo, aquele primeiro encontro entre Kili e Legolas, aquele tipo de troca de olhares, foi tão perfeito que ficamos como… E também interessante com Legolas, porque uma das coisas que nós estávamos tentando fazer foi que ele odeia Anões em A Sociedade do Anel. Há essa animosidade, todo esse tipo de… Que tinha que ter vindo de algum lugar. Como foi isso? E nós queríamos torná-lo um pouco mais emocional do que apenas: “Eu não gosto deles.”

Lilly: E interpretou bem.

Boyens: E depois também quando você voltou, eu disse: “Oh, não, Deus, espere aí. Orlando Bloom, Aidan Turner – você está presa entre os dois. Sinto muito, tem algum problema?”

boyens-mainJornalista: Convencer seus atores que seus roteiros estão OK é algo que você tem que fazer muitas vezes, Philippa?

 Boyens: Só com Tauriel, porque Evangeline não está brincando, ela é uma grande fã de Tolkien, você estava preocupada, e nós entendemos isso, mas nós não explicamos direito de onde isso veio: da relação entre Gimli e Galadriel que era algo muito puro, esse tipo interessante de amor. E, também, da feminilidade que faltava, porque o Professor Tolkien realmente escreveu fantásticas personagens femininas, mas ele simplesmente não escreveu nenhuma para O Hobbit. E você entendeu imediatamente – e você foi corajosa, e você disse sim, e fizemos.

Lilly: E em sua defesa, Tolkien estava escrevendo em 1937. O mundo era um lugar diferente de hoje, e eu continuo a dizer repetidamente para as pessoas de hoje, que colocar nove horas de filme nos cinemas para jovens meninas assistirem, e não ter uma única personagem feminina para elas se espelharem é subliminarmente dizer-lhes: “Vocês não contam. Você não é importante, e você não é fundamental para a história”. E eu acho que eles foram muito corajosos e muito brilhantes, dizendo: “Nós não vamos fazer isso com o público jovem do sexo feminino que for ver o nosso filme.” E não só o público jovem feminino, mas até mesmo uma mulher da minha idade, eu acho que é hora de parar de fazer histórias que são apenas sobre os homens – especialmente só sobre homens heroicos. E eu amo que eles tenham feito Tauriel uma heroína.

***

A ideia de criar uma personagem feminina para a adaptação O Hobbit é antiga, e vem desde os primórdios do projeto, quando o diretor mexicano Guillermo Del Toro era oficialmente o diretor da produção. Em outra entrevista, a roteirista Philippa Boyens revelou que uma das contribuições de Del Toro para o filme foi com a criação da personagem (mas não para o romance triplo).

“Ele estava lá quando decidimos [sobre] a personagem feminina”, diz Boyens. “E ele era um forte apoiador da ideia. O que é bom nisso é que você está assumindo um risco. Você está brincando com a história de outra pessoa, e você tem um jeito de fazer isso e da maneira certa. E [Del Toro] era alguém que dizia: ‘Sim, nós devemos fazer isso!’”

Curiosamente, Evangeline Lilly não tinha conhecimento da contribuição de Del Toro para a criação de sua personagem.

“Eu nunca conheci Guillermo”, diz ela. “Eu nunca falei com o Guillermo e nunca tive o prazer de conhecê-lo, então eu pensei que havia sido Pete [Jackson], Fran [Walsh] e Phil [Boyens] que a haviam criado”.

Parece que Tauriel foi um nome pensado exclusivamente para Lilly e criado depois que Peter Jackson assumiu a direção, no entanto. Na época do comando de Del Toro, a personagem feminina era creditada como Itaril e tinha a atriz irlandesa Saoirse Ronan como a principal candidata a dar vida à elfa da floresta (leia mais sobre isso AQUI).

Fontes: Yahoo Movies, Spinoff e TotalFilms

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stheffany Farias

Concordo…

Daniel

adorei tauriel!!! 🙂

HugoCT

Provavelmente Cristhofer Tolkien ja assistiu os filmes, duvido que não tenha se emocionado, porem desapontado com certas coisas, mas isso acontece com todos quando alcançam o sucesso, como uma banda punk que ve seu protesto disparado nas radios e virando hit de sucesso.

Kopp

Como disse Christopher Tolkien em uma entrevista respondendo por que não aceitou o convite para conhecer Peter Jackson:

“Ele destripou o livro (O Senhor dos Anéis), e parece que O Hobbit será da mesma laia”.

Gabriel

Um romance que aconteceu apenas por causa de uma flechada orc no joelho… além disso, outras partes da adaptação estão péssimas

Fëanor

Legolas em SDA é um personagem … O Hobbit é outro cara, nem parece a o mesmo ser.

Arwen

Na minha modesta opinião, Tauriel não fede nem cheira. Ela simplesmente não acrescente nada para a história. Os anões ficaram mais “humanizados”? Eu preferia eles como descritos nos livros: barulhentos, divertidos e bastante desagradáveis quando queriam. As cenas dela com Kili foram desnecessárias. Um anão galã e sem barba? Que vexame para os Barbas-longas. E Legolas, coitado. Foi posto ali só para atrair o público feminino que baba (com razão) por ele.
Tudo uma grande jogada de marketing.

Mari R

Não existe machismo respeitoso. Os dois conceitos são completamente opostos. Na verdade, falar em feminismo em Hollywood é até brincadeira. Um dos métodos de identificar um filme feminista é que haja pelo menos uma cena em que duas mulheres conversem e que o assunto não seja um homem. Parece simples, mas é quase impossível achar um blockbuster que tenha essa característica.

Dito isso, não acho que Tolkien fosse um autor especialmente machista. Seus personagens estão em um contexto em que seria difícil ver mulheres em posição de destaque. Mesmo assim, há grandes personagens como Galadriel, Luthien e Eowyn. O dilema da Eowyn, em especial, fala bastante da opressão vivida por muitas mulheres.

É óbvio que a Tauriel não está no filme para discutir a questão de gênero. Sua função é mostrar algo mais pessoal sobre o Legolas e humanizar um pouco os anões. Sua presença não atrapalhou a narrativa, mas será que era mesmo preciso que ela estivesse ali?

Witzell.

Olá Mari,

Obrigado por salientar esse meu erro e espero que a interpretação não tenha levado à conclusão de que considero qualquer forma de machismo positiva. Certamente está longe de ser o objetivo do meu post. O meu argumento era de que o alegado machismo do Tolkien coloca as personagens femininas em posição de muito maior destaque que essa suposta equalização banal representada pela Tauriel.

O ponto é que essa ideia do politicamente correto (com a roteirista tentando quase JUSTIFICAR a personagem) levou ao vazio do conceito que ela deveria representar – Tauriel está ali como um apêndice desimportante, um brinco pra abrilhantar Legolas e pôr qualquer coisa de romance em um triângulo (quer coisa mais típica e mais degradante para o papel de uma personagem?)

O que eu adicionaria, especialmente ao seu segundo parágrafo, é que diferentes leituras e releituras não precisam ser anacrônicas. Eu diria que não há conto maior que a Balada de Beren e Luthien – e ali, quem representa o papel fundamental? Ou a quantidade de entidades femininas entre os Valar. Ou as muitas mulheres de OSDA. No entanto, isso não implica que a motivação dessas mulheres deva ser a da mulher emancipada atual, a típica self-made-woman (quase inimiga do self-made-man, vai-se saber…).

Cito um exemplo disso que vai além do filme. Na biografia de Tolkien por Michael White, ele discute a questão da possível ausência de personagens femininas na obra, observando que o pouco contato do autor com mulheres possivelmente teria levado a uma espécie de ultra-romantismo envolvendo todas as personagens femininas. Ora, considerando os mesmos já batidos exemplos, sobretudo Luthien: o que se queria aqui? Que elas tivessem motivações de uma senhora emancipada do século XXI? Não vejo em que sentido a construção dessas personagens pelo autor possa diminuir a grandeza dos atos que desempenharam.

Por isso acho quase ultrajante que essa vulgaridade geral da personagem Tauriel seja usada para dizer que ela atua como uma correção, necessária às atuais circunstâncias, de um suposto viés de gênero da obra original.

Fernando Rocha

tudo que eu li nessa entrevista foi ” decidimos depois de varias considerações, esmerdalhar a obra de Tolkien de vez”.

Witzell.

Sei que tem muita gente aqui que não gosta da minha opinião por ser a minha opinião, mas vejam quão ILÓGICO é o argumento:

1. Precisamos de uma personagem feminina porque a obra foi escrita em um contexto de desigualdade de gênero (começo do século XX).

2. Incluímos uma personagem feminina cuja função principal é… simplesmente fazer parte de um triângulo amoroso!

Foi pra isso? É nisso que se baseia a identificação das jovens que vão ao cinema?

Pois me parece, de novo, que o machismo do século XX era muito mais respeitoso que esse feminismo barato de século XXI.

Witzell.

Correção: Pois me parece, de novo, que o alegado machismo do século XX (supostamente dos livros de Tolkien) era muito mais respeitoso que esse feminismo barato de século XXI (do filme e de outras releituras, que colocam uma personagem feminina para ser um apêndice de elementos pré-moldados: galãs, triângulos amorosos, risinhos etc.etc.).

Obrigado a Mari R. por apontar o erro e o absurdo da minha frase original.

MARIANA ALVIM DA CUNHA

Concordo. Por mais que poucas mulheres fossem incluídas na história, elas eram representadas de uma forma muito mais respeitosa do que a Tauriel foi. Apesar de as mulheres não pegarem no batente (com excessão da eowyn) o que é de acordo tanto com a época em que o romance foi escrito quanto a um contexto medieval, as personagens femininas de Tolkien são extremamente fascinantes. São mulheres bonitas e apaixonadas? São. Mas são mulheres poderosas, inteligentes, dotadas de influência. Melian, Morwen, Galadriel, Luthien, Eowyn todas se encaixam nessa visão da mulher, de que em importância histórica elas não perdiam para nenhum homem. Isso mostra a visão que o autor tinha das mulheres, apesar dos esterótipos machistas (bonitas, casadas, damas etc). Nunca precisei de uma personagem feminina para me fazer gostar da obra. Entendo o contexto e admiro as poucas que existem. Cada mulher dessa valeria por vários personagens masculinos.

Willian Vailant

Não me convenceu. Uma adptação não pode cuspir no mundo todo criado pela obra adptada simplesmente para as meninas do público jovem se “identificarem”! Já não simpatizo com o anão sem barba e ele ainda cumpre papel de galã? Porra.

Flávio Kopp

Tudo bem que filme é filme e Livro é livro.
Mas o cara tem que ter o mínimo de respeito pela obra do autor.
A inclusão dessa elfa no filme já era uma aberração. Com quedinha para anão, ficou simplesmente RIDÍCULO!!
Ainda bem que o Mestre já faleceu. Se estivesse vivo morreria de desgosto.

Raphael Muniz

Será mesmo? Ou será que Tolkien diria: “poxa, que bacana! De fato o mundo de hoje não é o mesmo de 70 anos atrás e não há nada mais justo do que a inserção de uma personagem feminina!”.
Enfim, o que eu quero dizer é que não dá pra ficar especulando sobre o que ele ia achar visto que dizer que ele “morreria de desgosto” tem o mesmo grau de sustentação do que dizer que ele ia se amarrar na ideia, afinal.
Não estou te contrapondo Flávio, cada um tem sua opinião, estou apenas agregando mais à discussão 🙂

Kandrus

Mas foi a unica coisa legal foi o osso que o Legolas levou heheh

kalel henrique

kkkkkkkkkkkkkkkk eu gosto do Legolas, mas ele tava muito chei de marra nesse filme

kalel henrique

Arwen, Galadriel e Éowyn não eram o suficiente? Morwen em o Silmariilion e todas as outras também não? Tolkien não escreve nem para homens nem para mulheres, ele escreve para seres humanos baseado em experiências humanas … quem disse que precisava inventar outra personagem feminina pra “mulherada” curtir? Eu vou dizer que não estou tão critico quanto estava com o segundo filme, entendi que o Peter tentou mostrar a diferença das culturas dos elfos e ao mesmo tempo focar no Kili em uma cena só … mas mesmo assim…fez do jeito errado.

kalel henrique

cocô

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