Ícone do site Valinor

Evangeline Lilly e a Polêmica Envolvendo uma Elfa, um Elfo e um Anão

Hobbit-Desolacao-de-Smaug-15Nov13-2

Atenção! SPOILER! Se você ainda não assistiu O Hobbit: A Desolação de Smaug, sugerimos que não leia o texto abaixo, pois ele contém revelações sobre certa passagem da trama.

***

O leitor que já foi ao cinema assistir ao segundo capítulo da trilogia O Hobbit deve se lembrar de certa passagem do filme envolvendo uma nova elfa, um conhecido elfo, e um polêmico anão sem barba. Sim, estamos falando do triângulo amoroso envolvendo Tauriel, Legolas e Kili.

Como é comum em adaptações, há passagens em que os fãs são quase unânimes em apontar quais são as melhores, já outras dividem opiniões, enquanto que determinadas passagens desagradam a maioria. O famigerado triângulo amoroso Tauriel-Legolas-Kili parece fazer parte dessa terceira categoria, pelo menos é o que evidenciam algumas críticas profissionais e as opiniões dos fãs em nosso Fórum de discussão e em comentários de notícias.

Em uma recente entrevista dada a jornalistas de Los Angeles, durante a promoção de O Hobbit A Desolação de Smaug, a atriz Evangeline Lilly e a co-roteirista Philippa Boyens (parceira de longa data de Peter Jackson na produção de seus filmes) conversaram entusiasticamente sobre a formação da personagem Tauriel e como surgiu a tão controversa ideia de colocar uma elfa dividida entre o amor de um príncipe-élfico e um anão.

Nesta entrevista descobrimos que quando Lilly concordou em assumir esse papel, ela havia colocado uma condição aos produtores: não ser pega em um triângulo amoroso. Lembremo-nos de que a atriz, quando intérprete do papel de Kate Austen em Lost, já tinha experimentado este tipo de situação no contexto da série. Inicialmente Peter Jackson concordou com esta condição, mas parece que ele e os estúdios decidiram o contrário. Acompanhe os trechos mais significativos.

***

Evangeline Lilly conta inicialmente como Peter Jackson e Philippa Boyens estavam procurando-a e como finalmente a encontraram e por telefone ofereceram  a ela o papel da elfa:

Evangeline Lilly: […] E assim acabaram conseguindo falar comigo, e, é claro, porque O Hobbit foi o meu livro favorito quando era pequena e os Elfos Silvestres eram meus personagens favoritos no livro, e como seria um sonho interpretar um, eu agarrei a oportunidade. Eu peguei o telefone rapidamente. E então eles disseram: “Seu personagem não está no livro.” E fiz uma longa pausa, como uma grande fã de Tolkien. Eu meio que engoli a seco e disse: “O quê? Todo mundo vai me odiar.” Não demorou muito para eles convencerem-me completamente de que era a coisa certa a fazer e foi uma boa ideia.

Philippa Boyens: Eu me lembro daquele telefonema, e eu me lembro daquele momento em que eu disse: “É uma história de amor, não é uma história de amor convencional.” E você disse algo como, “Certo, certo… “. E eu: “Com um anão”. Fez-se silêncio, e então eu disse, “Mas espere, eu vou lhe enviar uma foto! É Aidan Turner, por isso está OK!” Eu a mandei, e então você disse, “OK , sim, sim…”.

Lilly: Ela fez isso. E me disse: “Ele é tããão bonito. Basta esperar para ver”. Mas naquele primeiro momento ela não disse que haveria uma história de amor! Phil pode não se lembrar disso, mas eu concordei com o trabalho sob uma condição. Uma condição, e eles concordaram com a condição, e essa condição foi colocada há dois anos. A condição era que eu não seria envolvida em um triângulo amoroso. Certo? Porque qualquer um de vocês que são fãs de Lost, sabem que eu estive até aqui só envolvida em triângulos amorosos. E como é conhecido, eu voltei para as refilmagens de cenas em 2012 e disseram: “Fizemos alguns ajustes para a história de amor.”

Boyens: Bem, isso é verdade, realmente não havia um triângulo, não havia. Mas o que aconteceu foi que quando vimos isso acontecendo, aquele primeiro encontro entre Kili e Legolas, aquele tipo de troca de olhares, foi tão perfeito que ficamos como… E também interessante com Legolas, porque uma das coisas que nós estávamos tentando fazer foi que ele odeia Anões em A Sociedade do Anel. Há essa animosidade, todo esse tipo de… Que tinha que ter vindo de algum lugar. Como foi isso? E nós queríamos torná-lo um pouco mais emocional do que apenas: “Eu não gosto deles.”

Lilly: E interpretou bem.

Boyens: E depois também quando você voltou, eu disse: “Oh, não, Deus, espere aí. Orlando Bloom, Aidan Turner – você está presa entre os dois. Sinto muito, tem algum problema?”

Jornalista: Convencer seus atores que seus roteiros estão OK é algo que você tem que fazer muitas vezes, Philippa?

 Boyens: Só com Tauriel, porque Evangeline não está brincando, ela é uma grande fã de Tolkien, você estava preocupada, e nós entendemos isso, mas nós não explicamos direito de onde isso veio: da relação entre Gimli e Galadriel que era algo muito puro, esse tipo interessante de amor. E, também, da feminilidade que faltava, porque o Professor Tolkien realmente escreveu fantásticas personagens femininas, mas ele simplesmente não escreveu nenhuma para O Hobbit. E você entendeu imediatamente – e você foi corajosa, e você disse sim, e fizemos.

Lilly: E em sua defesa, Tolkien estava escrevendo em 1937. O mundo era um lugar diferente de hoje, e eu continuo a dizer repetidamente para as pessoas de hoje, que colocar nove horas de filme nos cinemas para jovens meninas assistirem, e não ter uma única personagem feminina para elas se espelharem é subliminarmente dizer-lhes: “Vocês não contam. Você não é importante, e você não é fundamental para a história”. E eu acho que eles foram muito corajosos e muito brilhantes, dizendo: “Nós não vamos fazer isso com o público jovem do sexo feminino que for ver o nosso filme.” E não só o público jovem feminino, mas até mesmo uma mulher da minha idade, eu acho que é hora de parar de fazer histórias que são apenas sobre os homens – especialmente só sobre homens heroicos. E eu amo que eles tenham feito Tauriel uma heroína.

***

A ideia de criar uma personagem feminina para a adaptação O Hobbit é antiga, e vem desde os primórdios do projeto, quando o diretor mexicano Guillermo Del Toro era oficialmente o diretor da produção. Em outra entrevista, a roteirista Philippa Boyens revelou que uma das contribuições de Del Toro para o filme foi com a criação da personagem (mas não para o romance triplo).

“Ele estava lá quando decidimos [sobre] a personagem feminina”, diz Boyens. “E ele era um forte apoiador da ideia. O que é bom nisso é que você está assumindo um risco. Você está brincando com a história de outra pessoa, e você tem um jeito de fazer isso e da maneira certa. E [Del Toro] era alguém que dizia: ‘Sim, nós devemos fazer isso!’”

Curiosamente, Evangeline Lilly não tinha conhecimento da contribuição de Del Toro para a criação de sua personagem.

“Eu nunca conheci Guillermo”, diz ela. “Eu nunca falei com o Guillermo e nunca tive o prazer de conhecê-lo, então eu pensei que havia sido Pete [Jackson], Fran [Walsh] e Phil [Boyens] que a haviam criado”.

Parece que Tauriel foi um nome pensado exclusivamente para Lilly e criado depois que Peter Jackson assumiu a direção, no entanto. Na época do comando de Del Toro, a personagem feminina era creditada como Itaril e tinha a atriz irlandesa Saoirse Ronan como a principal candidata a dar vida à elfa da floresta (leia mais sobre isso AQUI).

Fontes: Yahoo Movies, Spinoff e TotalFilms

Sair da versão mobile