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Entrevista com Viggo Mortensen – parte II

Eu sei, eu sei, o suspense é uma droga, mas acreditem: não deu para continuar a transcrição antes. Mas acho que valeu a pe
 

Eu sei, eu sei, o suspense é uma droga, mas acreditem: não deu para continuar a transcrição antes. Mas acho que valeu a pena esperar! Confiram agora mais um pouco de Viggo “Aragorn” Mortensen na sua conversa com a Valinor:

[b]Há uma cena linda em “As Duas Torres” na qual temos um breve vislumbre da morte de Aragorn e do destino final de sua vida ao lado de Arwen. Vamos ver mais dessa cena em “O Retorno do Rei”?[/b]

Sim. Não quero estragar a surpresa, mas o que eles fizeram foi usar de forma muito inteligente os Apêndices. O próprio Tolkien disse, eu li uma carta que ele escreveu para alguém, reconhecendo que ele não tinha explorado o relacionamento entre Aragorn e Arwen tanto quanto gostaria, e que isso significava muito para ele, e a conexão que eles tinham com dois outros personagens sobre os quais ele escreveu em sua história inventada da Terra-média, Beren e Lúthien. Eu estava consciente disso, e por isso fiz a sugestão, que acabou se tornando uma cena, de incluir essa canção que está no livro, a Balada de Lúthien.

Isso apareceu na versão estendida do primeiro filme, vocês viram? [[i]Todo mundo diz que sim[/i]]. Então, há um momento no começo, no qual é a primeira vez que se ouve o élfico, se não contarmos talvez algumas ordens no Prólogo, mas acho que não passa disso. Todos os hobbits estão dormindo, bem cansados, e ele está meio que montando guarda, nos Pântanos, e ele está fumando um cachimbo, deixando o fogo aceso.

Ele está meio que cantando para si mesmo, em élfico, e é a primeira vez que você ouve essa língua, e você a ouve desse humano. E é uma canção, e uma melodia, que novamente soa como algo muito, muito velho, meio céltico. E a função disso para mim, é algo interessante – desculpe, fugi um pouco da pergunta, mas enfim (risos) – a função disso para mim foi interessante porque, um, apresenta a língua; e dois, Frodo a ouve e entende a língua, porque ele diz “Quem é ela?”.

E isso diz algo muito importante sobre o Portador do Anel, que é o personagem central. Mostra que ele tem uma inteligência além da possuída pela maioria dos hobbits, e uma curiosidade que também vai além, assim como Bilbo não era o hobbit típico – ele quer viajar, é curioso sobre o mundo lá fora. E isso traz todas essas conexões, razão pela qual eu achei legal ter a canção.

E também, mesmo antes de você encontrar Arwen, isso mostra que os sentimentos desse cara não são só do tipo “Droga, vamos lá, pessoal, mexam-se, não dá para vocês pararem para comer ou tirar um cochilo a cada cinco minutos, vocês têm de continuar andando”. Mostra que ele não é apenas essa pessoa endurecida, mas que ele tem seus sentimentos, e que aquele é um momento poderoso.

É mais ou menos como uma canção pop em qualquer época, não importa se você está na Grécia há 2.000 anos atrás ou se está aqui hoje. Você pode cantar uma música pop para si mesmo em qualquer momento, seja sobre uma mulher chamada Maria ou um cara chamado Angelo, mas você está pensando numa menina chamada Cristina ou num cara chamado Miguel – de qualquer maneira, você está cantando e fazendo uma conexão daquilo com algo na sua vida.

Então, ele está fazendo essa conexão, e para a audiência, mesmo que ela não reconheça isso imediatamente (se você for um maluco por Tolkien certamente o fará), acabará sentindo esses paralelos com Aragorn e Arwen – foi aí que nós paramos, não foi? E isso parecia significar muito para Tolkien, porque na sua lápide diz “Beren e Lúthien” – quer dizer, significava muito mesmo, então nós tivemos o benefício de tomar emprestadas coisas não só do livro, mas também dos Apêndices, e eles fazem isso no terceiro filme de um jeito muito bonito, que também tem a ver com o futuro [[i]dos personagens[/i]].

[[i]Uma assessora da Warner entra na sala para avisar que o tempo acabou[/i]]. Desculpe se tomei tempo demais. Será que dá para eles fazerem mais uma pergunta? [[i]A assessora libera a pergunta final, feita por um colega que só tinha perguntado uma vez até então[/i]].

[b]Agora que você se tornou extremamente famoso como Aragorn, ainda pretende trabalhar de vez em quando com diretores novatos (como no primeiro filme de Sean Penn), indepedentes ou “outsiders” ou os dois filmes de Philip Ridley?[/b]

Espero que sim. Você viu esses filmes?

[b]Sim, claro, eles são muito interessantes e psicologicamente complexos.[/b]

Sim, ele é outra pessoa bastante consciente das conexões com outros contos de fadas.

[b]Ele só fez aqueles dois filmes?[/b]

Ele fez também um curta, tem uns dez minutos e é ótimo. E está para fazer outro que se passa em 1976.

[b]Você vai estar nele?[/b]

Não, acho que não, mas com sorte vamos fazer alguma outra coisa juntos. [[i]Agora o gongo soou mesmo. Viggo, sempre o gentleman, se levanta antes de nós para se despedir e ainda aceita tirar uma foto com um dos repórteres[/i]]. Obrigado, pessoal!

Nós é que agradecemos, Viggo! Eis algo que vai ficar por um bom tempo na memória dos fãs aqui no Brasil, com toda a certeza.

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