A estreia de O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos marca o inevitável fim das histórias ambientadas na Terra-média contadas no cinema, para o prazer de alguns e horror de outros. No entanto, a pergunta que todo fã está fazendo é: ainda veremos mais dessas histórias no cinema?
Não faz muito tempo, Sir Ian McKellen, ator que interpretou magistralmente o mago Gandalf nas trilogias O Senhor dos Anéis e O Hobbit, em declaração à BBC (via Omelete) sobre o fim de O Hobbit, deu a entender que tem esperanças de um dia voltar a ver a Terra-média retratada em um filme.
“Peter [Jackson] me disse em 2001 [na estreia de O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel] que aquele era o fim, não haveria mais nada. E aqui estamos, 13 anos depois”, disse.
Mais realista, a roteirista e coprodutora Philippa Boyens não só diz que a volta à Terra-média não acontecerá, como defende que se a possibilidade existir, a chance de produzir esse filme (ou filmes) deve passar para as mãos de outros cineastas.
“Os direitos das outras obras [de Tolkien] não estão disponíveis, até onde nós sabemos. E eu suspeito que, se ficarem disponíveis, eles passarão para as mãos de outros produtores porque eu provavelmente já estarei de cadeira de rodas”, brincou. “O professor Tolkien disse que outras mentes deveriam mexer nestas histórias, e se mostrou aberto a isso. Eu suspeito que nós deveríamos fazer o mesmo”.
Com McKellen e Boyens representando dois lados opostos dessa questão, a pergunta inicial ainda persistente, e ao fã resta saber se o capítulo final sobre uma história de J. R. R. Tolkien foi definitivamente filmado. Há muito mais material sobre a Terra-média do autor inglês, como O Silmarillion, Os Contos Inacabados de Númenor e da Terra-média e Os Filhos de Húrin, mas eles são rigidamente controlados pelo espólio de Tolkien, que não está interessado em mais filmes.
Porém, o que o diretor Peter Jackson pensa de tudo isso? Em uma nova entrevista publicada na revista americana Variety, Jackson deixou claro que pretende dedicar-se a filmes menores e mais simples, além de gerenciar suas empresas na Nova Zelândia voltadas para o mundo do cinema, quase um meio de exorcizar a Terra-média de seu corpo.
Se esta situação mudasse, e os direitos de filmagem das outras obras de Tolkien se tornassem disponíveis para futuros filmes, será que Jackson estaria interessado?
“Se eu tivesse que começar amanhã, diria que não, porque eu definitivamente gostaria de fazer uma pausa para limpar a minha mente e começar a trabalhar em minhas pequenas histórias da Nova Zelândia, que é para onde a minha paixão e meu coração estão se dirigindo agora”, diz o diretor. “Mas pergunte-me em dois ou três anos, e provavelmente direi que sim. Seria difícil imaginar outro cineasta entrando neste mundo, porque eu certamente tenho a propriedade emocional sobre ele.”
Em entrevista ao espanhol Antena 3, Jackson respondeu ao ser indagado sobre os direitos de filmagem de O Silmarillion.
“Não posso falar muito sobre isso, pois entraremos em uma questão de direitos se eu responder. Legalmente não há opções, não podemos inventar novas histórias”.
Os direitos de filmagem sobre os livros O Hobbit e O Senhor dos Anéis foram vendidos pelo próprio J. R. R. Tolkien e pertencem à Middle-earth Enterprises (antiga Tolkien Enterprises), que até há pouco tempo era de propriedade do empresário e produtor Saul Zaentz, falecido em janeiro de 2014. Assim, os estúdios de cinema somente podem explorar estas duas obras de Tolkien, além de todo o material de apêndice de O Senhor dos Anéis.
Porém, que implicações cercam a obra de Tolkien mais especulada para virar filme, O Silmarillion? Para entender melhor essa questão, recomendamos a leitura do artigo “Filmando ‘O Silmarillion’? Vai sonhando”.