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O Amor de J.R.R. Tolkien por sua Esposa Inspirou “O Senhor dos Anéis”

Durante o ano em que passou em Yorkshire convalescendo da febre-das-trincheiras contraída no infernal e lamacento cenário da Primeira Guerra Mundial na França, J. R. R. Tolkien encontrou a fagulha de inspiração para o conto que veio a se tornar a pedra angular de O Hobbit e O Senhor dos Anéis.

O jovem tenente Tolkien em 1916

Enquanto a guerra rugia noutro país, Tolkien e sua esposa, Edith, tiveram uma trégua do conflito  em uma pacata “clareira de bosque” em Yorkshire. Edith começou a dançar para Tolkien por entre as árvores, gravando vividamente o momento na mente de Tolkien. “Naqueles dias seu cabelo era negro, sua pela clara, seus olhos mais brilhantes do que você se lembra e ela podia cantar – e dançar”. Tolkien escreveu em uma carta de 11 de julho de 1972 a seu filho Christopher, quase um ano após a morte de sua esposa.

Edith Bratt, futura esposa de J. R. R. Tolkien

 

Inspirando-se naquela tarde, Tolkien começou a escrever uma história de amor. Ele imaginou Edith como uma princesa Élfica, Lúthien, e equiparou-se a um mero humano mortal, Beren. A história dos dois amantes era tão preciosa a Tolkien que quando sua esposa faleceu, ele escreveu “Lúthien” em sua lápide e instruiu para que mais tarde fosse escrito “Beren” na dele. “… Pois ela era (e sabia disso) minha Lúthien”, o autor escreveu.

Túmulo de Edith “Lúthien” e Tolkien “Beren”

(Recomendamos o Artigo Dois Valinoreanos na Oxford de Tolkien para os interessados em saber mais, inclusive em como chegar ao local do túmulo)

Milhares de anos antes dos eventos de O Hobbit, Beren era o último homem de um grupo que havia resistido ao Inimigo Escuro, Morgoth. Enquanto Morgoth conquistava vastos trechos da Terra-média, Beren escondeu-se no reino Élfico de Doriath. Lá encontrou o amor de sua vida, Lúthien, cantando e dançando em uma clareira, mas seu amor nunca poderia se concretizar, sendo ela uma Elfa imortal e ele um humano destinado a morrer. O pai dela, Rei Thingol, desaprovou e decidiu mandar Beren em uma tarefa que ele sabia que nenhum homem jamais seria capaz de completar.

Ele demandou que Beren obtivesse de volta uma das Silmarilli, as três reverenciadas joias feitas por Fëanor e roubadas por Morgoth, antes de poder se casar com Lúthien. O casal parte numa busca e consegue obter uma das jóias da coroa de Morgoth, mas Beren morre no processo e então Lúthien morre também, de pesar. O Vala Mandos, o Juiz da Morte e Destino, é tocado pela situação desafortunada e ambos são ressuscitados, vivendo – por algum tempo, ao menos – felizes desde então.

A partir desta fundação, Tolkien escreveu O Silmarillion e O Senhor dos Anéis. Enquanto lecionava na Universidade de Leeds na década de 1920, ele publicou na revista da universidade a primeira versão da canção que Aragorn canta sobre Lúthien para os Hobbits no Topo dos Ventos em A Sociedade do Anel. Mas esta não é a única instância em O Senhor dos Anéis onde o desafortunado casal é instrumental para o pano de fundo e para a trama. Elrond e Arwen são ambos descendentes dos amantes, provando que esta inspiração original se manteve com Tolkien nos rascunhos finais de O Senhor dos Anéis.

O filho de Tolkien, Christopher, certamente acredita na importância da história para a compreensão do mundo de Tolkien. Um século após seu pai ter escrito pela primeira vez a monumental história, Christopher preparou um livro chamado Beren e Lúthien, que narra a evolução deste conto icônico e será lançado em junho/2017. Para os fãs de Tolkien é um livro que vale a espera.

Este artigo, ampliado com links e material próprio da Valinor, foi escrito pela Editora Assistente Alicia Kort, e retirado do Newsweek’s Special Edition: J.R.R. Tolkien—The Mind of a Genius.

 

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