Quando Cate vira Kate

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Escrito por Fábio Bettega

Desde que formou-se em arte dramática, em 1992, Cate Blanchett já foi, entre outras coisas, a Rainha da Inglaterra (“Elizabeth”), uma m&
 

Desde que formou-se em arte dramática, em 1992, Cate Blanchett já foi, entre outras coisas, a Rainha da Inglaterra (“Elizabeth”), uma médium do Sul dos EUA (“O Dom da Premonição”), uma rainha élfica (“O Senhor dos Anéis”) e uma escocesa, membro da resistência norte-americana (“Charlotte Gray”). Sua nova estréia, entretanto, é do papel que mais deve ter exigido habilidade e ambição, tanto é que lhe rendeu a indicação de Melhor Atriz Coadjuvante e é a favorita.

Em “O Aviador”, que conta a história do excêntrico bilionário Howard Hughes, Cate interpreta Katharine Hepburn, estrela considerada a mais marcante nas telas desde Greta Garbo e cuja beleza atlética, ao lado dos modos aristocráticos e do sotaque da região de New England, nos EUA, transformaram a definição de Hollywood de feminilidade.

A performance de Cate vem atraindo os olhares dos críticos da mesma forma, ou até mais, quando ela recebeu a indicação ao Oscar de melhor atriz em “Elizabeth”. Isso vem gerando uma reação de amor e ódio como a que aconteceu quando Nicole Kidman fez Virginia Woolf em “As Horas”.

A atriz compreende a reação do público e diz que “As pessoas têm um sentimento de posse em relação aos atores que adoram. Quando alguém os interpreta, elas têm suas opiniões. Mas o que eu posso fazer: não aceitar o papel?”

Como parte da preparação, Cate viu quase todos os filmes de Katharine; leu a biografia dela, de A. Scott Berg; teve aulas de golfe e tênis e também tomou banhos frios (hábito peculiar de Hepburn) e viu vários documentários de TV.

No entanto, foi, em uma rara entrevista da atriz, em 1973 que Blanchett viu a luz e refletiu: “Ela estava mais velha, com a voz gasta e sua personalidade tinha virado uma espécie de fantasia, mas era fascinante ver seu comportamento, como ela estava constrangida” e ainda finalizou “é psicologia amadora, mas é uma maneira de se entrar na cabeça daquela jovem.”

A beleza dos gestos tornou-se característica definitiva de Blanchett desde as primeiras cenas à festa na lendária boate ‘Cocoanut Grove’, em Los Angeles, quando Hepburn deixa Hughes tonto de amor.

O diretor do filme, Martin Scorsese (que concorre ao Oscar de Melhor Diretor) declarou que a “Cate é uma força da natureza naquelas cenas. Foi por isso que Hughes se apaixonou.”

A pergunta é se o público terá a mesma sensação, mas para Cate Blanchett o objetivo de “um ator é fazer o dever de casa e mais tarde, precisa esquece-lo. Afinal, o importante é fazer o público acreditar que você é quem diz ser.”

[b]Fonte:[/b] Adaptado do Jornal ‘O Sul’, Caderno de Cinema, 13 de Fevereiro.

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