Quando Tolkien começou a esboçar sua mitologia, lá pelos meados dos anos 10 de nosso século, a inspiração mais forte para ele era a dos mitos do norte da Europa. E, aparentemente, o próprio conceito dos Valar surgiu influenciado pelos deuses do pantão germânico e nórdico.
A pista para essa possibilidade aparece no livro The Book of Lost Tales II, que reúne as versões mais antigas das histórias de Beren e Lúthien, de Túrin, da queda de Gondolin e de Eärendil. O personagem principal dos Lost Tales, porém, é o marinheiro humano Eriol, que parte da Europa medieval e navega na direção oeste até alcançar Tol Eressëa, a Ilha Solitária, onde os Eldar lhe contam as histórias dos Dias Antigos.
Eriol pertencia ao povo anglo-saxão, e contou aos elfos sobre os deuses de sua gente, como Wóden e Thunor (para os escandinavos, esses mesmos deuses seriam Odin e Thor, o senhor de Asgard e seu filho, o deus do trovão). Ao ouvirem as histórias de Eriol sobre seus deuses, os elfos imediatamente identificaram Odin com Manwë e Thor com Tulkas.
É claro que essas idéias foram posteriormente abandonadas, tanto pelo fato de que Manwë não é o pai de Tulkas no Silmarillion que conhecemos, como pela transformação dos Valar de deuses em Poderes Angélicos, os guardiões do Criador no mundo. Mas não deixa de ser interessante imaginar como seria a mitologia do Silmarillion hoje se ela tivesse continuado com essa orientação.