Os paralelos entre os povos e culturas do universo
tolkieniano e os do “mundo real” são sempre um dos temas preferidos dos
fãs do Professor. E é muito legal conhecer as idéias do próprio Tolkien
sobre esse assunto quando ele comenta, numa carta de 1958 à fã Rhona
Beare, sobre as semelhanças entre os homens de Gondor e alguns povos
antigos:
“Os numenoreanos de Gondor”, diz o Professor, “eram
altivos, peculiares e arcaicos, e são melhor representados em termos
(digamos) egÃpcios. Eles se pareciam com “egÃpcios” em muitas coisas –
o amor pelo gigantesco e pelo massivo, e a capacidade para construÃ-lo.
E também em seu grande interesse por ancestralidade e túmulos. (Mas
não, é claro, em teologia, a respeito da qual eles eram hebraicos, ou
ainda mais puritanos). Imagino que a coroa de Gondor, o reino do Sul,
era muito alta, como a do Egito, com asas colocadas não exatamente
juntas mas com um certo ângulo”. Seguindo esse comentário, Tolkien
desenhou na carta uma coroa praticamente idêntica às usadas pelos
antigos faraós, com as afamadas asas de pássaros marinhos nas laterais.
Pois
bem, o Egito e Israel são influências, como já vimos. Em outras cartas,
Tolkien amplia esse leque incluindo o Império Bizantino e o Sacro
Império Romano: “O progresso da história [em O Senhor dos Anéis]
termina com algo que se parece muito com o reestabelecimento de um
Sacro Império Romano com sua sede em Roma”.