que vivia sozinho na vastidão. Ele era chamado Eru, o Único, ou como os
Elfos o chamariam depois, Ilúvatar. De Seus pensamentos elementares
surgiu a raça dos Ainur e de Sua “Chama ImperecÃvel” Ele deu-lhes vida
eterna.
construiu uma morada no vazio, chamada Halls Eternos. Ilúvatar
ensinou-os a cantar e eles formaram um coro celestial. Da música destes
espÃritos divinos surgiu a Visão de um mundo esférico girando no vazio.
Arda, o mundo de Tolkien foi literalmente cantado à existência e cada
um dos espÃritos celestiais teve uma participação em sua concepção. Até
mesmo o poderoso espÃrito satânico chamado Melkor, cujo canto destoou
diante da harmoniosa melodia. Mas a música dos Ainur criou apenas uma
visão e foi preciso a “Chama ImperecÃvel” de Ilúvatar para dar
substância e realidade a Eä, O Mundo que Existe. Então desceram a este
mundo aqueles dos Ainur que tiveram maior participação em sua concepção
e quizeram tomar parte também na sua formação.
Esta é a
maneira como Tolkien registrou a criação de seu planeta, chamado Arda.
Ele foi estranhamente etéreo e amplamente lÃrico em sua concepção. E
também foi uma espécie de dupla criação, pois ao chegar a Arda, os
Ainur descobriram que cabia a eles dar-lhe forma. A Música e a Visão
haviam sido apenas o tema principal e profecias do que ainda estava por
vir. Sua formação e história mostraram ser uma tarefa mais árdua.
Embora Tolkien nos afirme que a maioria dos Ainur permaneceram nos
Halls Eternos com Ilúvatar, ele não nos diz mais nada sobre eles. Suas
histórias tratam apenas daqueles que entraram nas esferas do Mundo.
Aqui, estes espÃritos divinos imateriais assumem manifestações mais
fÃsicas. Eles se tornaram elementos e poderes da Natureza, mas como os
deuses gregos e escandinavos eles têm forma fÃsica, personalidade,
gênero e laços familiares uns com os outros. Os Ainur que adentraram
Arda são divididos em duas ordens: os Valar e os Maiar – os deuses e os
semi-deuses.
Os Valar contavam quinze: Manwë, Deus dos Ventos;
Varda, Rainha das Estrelas; Ulmo, Senhor dos Oceanos; Nienna, a
Melancólica; Aulë, o Ferreiro; Yavanna, a FrutÃfera; Oromë, Senhor das
Florestas; Vána, a Jovem; Mandos, Guardião dos Mortos; Vairë a Tecelã;
Lórien, Mestre dos Sonhos; Estë, o Curandeiro; Tulkas, o Lutador;
Nessa, a Dançarina; e Melkor, depois chamado Morgoth, o Inimigo Escuro.
Dos Maiar havia uma multidão, mas apenas alguns desses imortais são
citados nas crônicas de Tolkien: Ëonwë, Arauto de Manwë; Ilmarë, Aia de
Varda; Ossë das Ondas; Unien dos Mares Calmos; Melian, Rainha dos
Sindar; Arien, o Sol; Tilion a Lua; Sauron, o Senhor dos Anéis;
Gothmog, Senhor dos Balrogs; Thuringwethil, o Vampiro; Ungoliant, a
Aranha; Dragluin, o Lobisomem; Goldberry, a Filha do Rio; Iarwain
Ben-adar (Tom Bombadil) e os cinco magos – Olórin (Gandalf), CurunÃs
(Saruman), Aiwendil (Radagast), Alatar e Pallando.
Foi somente
depois que o mundo veio à existência e que os Ainur entraram nele que
iniciou-se a contagem do tempo em Arda. Como na maior parte da história
de Arda não existe Sol ou Lua para medir o tempo, Tolkien fornece a
medida cronológica em Anos dos Valar e Eras dos Valar. Cada Ano dos
Valar equivalem a dez anos como nós os conhecemos, e cada Era dos Valar
possui cem Anos dos Valar. E como uma Era dos Valar engloba cem Anos
dos Valar, ela corresponde a mil anos dos mortais. Embora existam
muitos sistemas concorrentes e variações nos eventos e datas nos vários
registros de Tolkien, existe consistência suficiente para estimar que
entre a criação de Arda e o final da Terceira Era do Sol (pouco depois
da Guerra do Anel) exite 37 Eras dos Valar, ou mais exatamente 37.063
anos dos mortais.
Neste vasto espaço de tempo, as primeiras
Eras dos Valar foram usadas pelos recém-chegados poderes na Formação de
Arda. No entanto mesmo na música dos Ainur havia discórdia, e então
quando a atual Formção de Arda começou, uma tropa de Maiar, liderados
por aquele poderoso e satânico Vala chamado Melkor, gerou um grande
conflito. Esta foi a Primeira Guerra, que tornou a simetria e harmonia
natural de Arda confusa. Mesmo Melkor tendo sido finalmente expelido,
as terras e mares de Arda foram marcados e distorcidos e a
possibilidade de Arda como o mundo ideal como fora concebido na Visão
perdeu-se para sempre.
[tradução de Fábio ‘Deriel’ Bettega]