Balrogs possuem asas? Pode parecer uma questão simples, mas [como
freqüentemente acontece nos trabalhos de Tolkien] quanto mais a
examinamos, mais parece difícil de responder. É uma questão, também,
que divide os fãs de Tolkien em dois campos distintos – aqueles que
creditam em Balrogs com asas e aqueles que negam sua existência.
objetivo, mas atinge uma conclusão suficientemente definida [quer
dizer, tão definida quanto as evidências permitem]. Se você é um
daqueles com pontos de vista muito rígidos existe uma boa chance de que
este artigo vá desagradá-lo. Mas até isto está bem, pois o objetivo
deste artigo não é "converter" ninguém, mas lanças alguma luz sobre o
assunto.
Uma Rápida Digressão: O que é uma "Sombra"?
ntes
de iniciar, será útil esclarecermos uma concepção errada. Neste debate,
um grande número de referências à "sombra" aparecerão, e uma porção de
pessoas toma este termo em sua concepção moderna – ou seja, uma região
de escuridão causada pela luz sendo bloqueada. Este não é o sentido
desejado por Tolkien.
Quando
relacionadas aos Balrogs, suas "sombras" não são apenas falta de luz,
mas uma região de escuridão que eles carregam ao redor de si. Quais
seriam exatamente suas qualidades é um ponto debatível, mas certamente
ela poderia se moldar em diferentes formas. Estas "formas de sombra",
de fato, formam o início do debate como um todo.
A Natureza do Argumento
O
âmago do debate reside na Sociedade do Anel Cap. 5, A Ponte de
Khazad-dûm. Este capítulo é construído ao redor do desastrado encontro
da Sociedade com um Balrog conhecido apenas como a Perdição de Dúrin, a
mesma criatura que expulsou os Anões de sua antiga casa séculos atrás.
Em particular, duas referências levantam a discussão. A primeira
descrever o balrog do ponto de vista de Gandalf:
[1] "Seu inimigo parou novamente, encarando-o, e a sombra ao redor dele estendeu-se como duas grandes asas." Sociedade do Anel Cap. 5, A Ponte de Khazad-dûm
Por
si mesmo, este trecho não é particularmente controverso. A "sombra"
escura do balrog assumiu uma forma que parecia de certa modo com algum
tipo de asas. O fato é que "como asas" explicitamente não pode
literalmente descrever asas reais.. O problema se inicia, contudo, com
outra referência que aparece dois parágrafos depois:
[2]
"…repentinamente ele adiantou-se em grande altura, e suas asas
estenderam-se de parede a parede…" Sociedade do Anel Cap. 5, A Ponte
de Khazad-dûm
Estas
provavelmente são as mais debatidas palavras que Tolkien jamais
escreveu. Parece estranho a princípio, porque de fato a maioria da
pessoas concordam que o significado não é particularmente ambíguo, e
seria bastante óbvio o que o trecho significa. A disputa começa,
contudo, com um fato curioso: com uma ilusão óptica, este trecho tem
duas interpretações óbvias. Seja o que for que você imagine ele
significar, e quão certo você esteja, sempre existe uma porção de
pessoas que o enxergam de forma diferente.
Para
um grupo de leitores. "suas asas estenderam-se de parede a parede" [2]
relaciona-se imediatamente com o anterior "a sombra ao redor dele
estendeu-se como duas grandes asas" [1]. Para eles o trecho apenas
reforça seu enunciado precedente, e não diz nada sobre nenhum outro
tipo de asas. No lado oposto do debate, "suas asas estenderam-se" [2]
não é relacionado ao enunciado precedente de nenhuma fora. Ao
contrário, é uma refer6encia definitiva às asas reais, físicas do
Balrog.
O
debate normalmente enfoca-se em argumentos sobre quais destas duas
interpretações óbvias seria a correta. É possível, contudo, que nenhuma
dela seja explicitamente correta: como você lê a passagem depende de
como você já presume que o Balrog se pareça. Não estamos tentando
porvar nada a este ponto, apenas mostrando a estrutura da sentença que
sustenta ambas as interpretações. Uma forma de fazer isto é substituir
as disputadas "asas" com outros termos de status mais exatos.
Vamos
começar com "braços". Não existe nenhuma dúvida de que Balrogs tenham
braços – é tão óbvio que pareceria estranho ter que mencioná-los.
Agora, imagine que Tolkien tenha escrito "a sombra ao redor dele estendeu-se como dois grandes braços". isto continua obviamente semelhante, como o texto original [1]. Se ele seguisse logo após "seus braços se estenderam",
pareceria natural ler a segunda referência como se referindo aos seus
braços reais, não seus braços de sombra, mesmo imaginando que nos foi
dito que ele teria "braços" de sombra. Assim é como a facção pró-asas
vê o texto, porque eles assumem que os Balrogs têm asas, assim como
inquestionavelmente possuem braços reais.
Nós
podemos simular uma visão alternativa com "tentáculos". Não existem
absolutamente nenhuma evidência sobre tentáculos de Balrogs, e é seguro
presumir que eles não faziam parte de nenhuma parte da anatomia dos
Balrogs. Novamente, "a sombra ao redor dele estendeu-se como dois
vastos tentáculso", a interpretação natural é levemente diferente. Nós
sabemos com certeza que não existem tentáculos "reais" nos Balrogs,
então a leitura do trecho é muito mais fácil como se referindo ao
similar anterior: deve significar "tentáculos de sombra". Esta é a
posição anti-asas: porque eles assumem que os Balrogs não possuem asas
reais, eles naturalmente vêem "suas asas" como uma extensão da passagem
anterior.
Uma
vez que não vemos nada decisivo na estrutura da sentença, segue-se que
os argumentos baseados nesta passagem apenas acabam sendo circulares.
De um lado: "Assumindo que Balrogs tenham asas reais, a passagem deve
ser lida literalmente, uma vez que balrogs têm asas reais". De outro
lado: "Assumindo que Balrogs não têm asas, então a passagem deve ser
lida figurativamente, uma vez que Balrogs não têm asas reais".
Isto não ajuda muito, mas afortunadamente "suas asas estenderam-se de parede a parede"[2] não é a única evidência a considerar. Vamos observar os demais casos a favor, e contra, asas reais de Balrogs.
O Caso A Favor das Asas dos Balrogs
Tendo estabelicido que "suas asas estenderam-se de parede a parede" [2]
não pode ser realisticamente usado como um argumento contra [ou a
favor] de asas reais, nós podemos proceder para ver onde mais
evidências podem ser produzidas.
Argumento Um: Suas Asas de Estenderam-se de Parede a Parede
É uma característica do debate que está passagem flexível reapareça
muito regularmente nos argumentos pro-asas, seja quais forem os
contra-argumentos que sejam colocadas contra ela. Aqueles que a propoem
como prova a consideram literalmente e não-ambígua, e que não pode ser
interpretada de outro modo.
Esta posição não consegue permanecer de pé ante uma análise detalhada.
Não é claro, por exemplo, como uma pasagem que tem sido sujeita a anos
de debate pode ser não-ambígua. Muito mais interessante, contudo, é a
afirmação de que ela deva ser entendida literalmente. Isto
presumivelmente significa que Tolkien escreveria "suas asas de sombra
estenderam-se…", ou algo do tipo, se fosse isso que ele queria dizer.
Considere o seguinte, contudo:
[3] "Gandalf veio voando escada abaixo e caiu no chão no meio da Companhia" Sociedade do Anel Cap. 5, A Ponte de Khazad-dûm
Isto ocorre apenas algumas páginas antes do encontro de Gandalf com o
Balrog, e de fato seu significado é óbvio: Gandalf foi jogado escada
abaixo pela força acima. Esta é uma metáfora: ninguém vai afirmar que
Gandalf literalmente "voou". O texto, contudo, não diz "Gandalf deu a
impressão de vir voando", ele diz inequivocamente que "ele veio
voando". Aqueles que insistem em uma leitura literal da passagem [1]
logicamente devem insitir em uma leitura literal desta passagem também.
A única conclusão consistente é que, se "suas asas estenderam-se de
parede a parede" [2] prova que os Balrogs têm asas, então "Gandalf veio
voando escada abaixo" [3] prova que Gandalf não apenas podia voar, mas
escolheu aquele momento para mostrar seu talento.
Argumento Dois: "Com Velocidade Alada [with winged speed]"
Dada a profundidade do debate deste assunto, pode ser surpreendente que
"suas asas estenderam-se… [2] seja a única evidência canônica
definida sobre asas de Balrogs. Existe, contudo, uma passagem no The
History of Middle-earth que geralmente é citada como suporte a esta
evidência. Aqui está ela:
[4] "Rapidamente eles se levantaram, e passaram com velocidade alada
[winged speed] sobre Hithlum, e chegaram a Lammoth como uma tempestade
de fogo." The History of Middle-earth Volume X [Morgoth"s Ring], The
Later Quenta Silmarillion: Of the Rape of the Silmarils
"Eles" são os Balrogs que apressaram-se para salvar Melkor de Ungoliant
imediatamente após seu retorno para a Terra-média. Este texto não
aparece no Silmarillion publicado: pertence a uma variante
não-publicada, frequentemente dita ter prioridade canônica sobre a
edição publicada. Para escapar a intermináveis debates sobre
canonicidade e prioridade, assumiremos que ele tem prioridade para os
propósitos deste argumento.
Sem levar em consideração seu status canônico, é incerto como ele
representaria "prova"de algum tipo: "com velocidade alada [with winged
speed]" é indubitavelmente uma metáfora para "muito rapidamente" [e
isto fica ainda mais claro na tradução para o português]. Parece
existir alguma dúvida sobre isto – aqui está o que o dicionário tem a
nos dizer:
[5] "metáfora s. aplicação de um substantivo ou termo descritivo ou
frase a um objeto ou ação ao qual ele é imaginativamente mas não
literalmente aplicável" The Concise Oxford Dictionary of Current
English
Em outras palavras, a não ser que "velocidade" possa literalmente ter
asas [o que claramente nõa é o caso], "com velocidade alada" é uma
metáfora.
Como antes, podemos esclarecer a estrutura da sentença extraindo os
balrogs [cuja natureza está em questão], e substituindo por termos mais
definidos. Primeiro, imagine que o parágrafo seja sobre Águias [que nós
sabemos ter asas e podem voar], ao invés de Balrogs: não existe dúvida
que "[as Águias] passaram com velocidade alada sobre Hithlum" tem um
sentido perfeito. Para tentar o argumento oposto, substituiremos as Águias com alguma coisa que definitivamente não possui asas e não pode
voar: cavaleiros, digamos. O resultado é "[os cavaleiros passaram com
velocidade alada sobre Hithlum". Pode ser um pouco mais poético, mas
claramente não é sem sentido.
Este é outro caso onde o argumento apenas serve para destacar as
presunções de seu leitor. Se você já acredita em asas de Balrogs, então
"com velocidade alada" poderia muito bem se referir a elas, mas de fato
não existe que assim o exija.
Conclusão
O argumento a favor de asas reais nos balrogs pelo menos tem o merito
da brevidade. Essencialmente, é que "suas asas estenderam-se de parede
a parede" [2] e "com velocidade alada" [4] devem ser interpretadas com
referências literais a asas de verdade. A interpretação pró-asas
funciona se, e apenas se, voc6e já acredita que Balrogs tenham asas.
O Caso Contra as Asas dos Balrogs
Se não existe nenhum caso inegável a favor das asas dos Balrogs, é
importante perceber que também não existe nenhuma evidência inegável
contra elas. Em vez disso os argumentos contrários são baseados numa
gama de objeções: referências que aparentemente contradizem a idéia de
asas de Balrogs. Destes, existem dois exemplos particularmente fortes.
Objeção Um: Balrogs Não Voam
Não existe um local sequer das obras de Tolkien onde ele descreve um
Balrog voando. Mesmo em situações onde eles teriam uma vantagem enorme
se estivessem no ar, os balrogs permanecem presos à terra. Para
ilustrar, considere o encontro de Gandalf com a Ruína de Durin. Este
Balrog enfrenta dois obstáculo, uma fissura com chamas e também um
abismo cruzado por uma ponte estreita. Estes não deveriam representar
um problema para uma criatura alada, mas sua reação é instrutiva.
[6] "Então com rapidez saltou sobre a fissura." Sociedade do Anel Cap. 5, A Ponte de Khazad-dûm
… e então…
"Ele caminhou lentamente na ponte…" Sociedade do Anel Cap. 5, A Ponte de Khazad-dûm
Mais tarde, o mesmo Balrog encontrou-se no topo de uma montanha,
lutando por sua vida. De acordo com o relato de Gandalf sobre o
incidente:
[7] "Eu joguei abaixo meu inimigo, e ele caiu do local alto, e quebrou
o lado da montanha onde ele bateu em sua ruína." As Duas Torres Cap 5 O
Cavaleiro Branco
Se ele pudesse voar, o Balrog facilmente teria salvo a si mesmo. Ao
contrário, ele desabou pelo ar para seu destino. A Ruína de Durin não é
o único Balrog a não voar, contudo:
[8] "Muitas são as canções que cantam o duelo de Glorfindel com o
Balrog em um pináculo de rocha naquele local alto; e ambos caíram para
a ruína no abismo." Quenta Silmarillion Cap 23, Sobre Tuor e a Queda de
Gondolin
A questão óbvia é: se Balrogs têm asas reais, porque eles não as usam?
sugerido que "com velocidade alada" [4] é o único caso onde os Balrogs
são descritos como voando. Nós já consideramos este ponto – não é
necessário nos determos nele aqui.
O mais comum contraargumento é quem, em cada caso, os Balrogs foram de
alguma forma impedidos de usar suas asas. De acordo com sua posição, a
Ruína de Durin pulou a fissura e andou sobre a ponte não pode não tinha
asas, mas porque suas asas eram tão vastas que estavam limitadas e
inutilizáveis. Contra os dois casos de Balrogs caindo de montanhas, é
sugerido que eles estavam exaustos da luta, ou suas asas estavam de
alguma forma feridas ou inutilizáveis. ë também dito algumas vezes que
os Balrogs tinham asas reais ms não podiam usá-las, ou podiam apenas
planar por curtas distâncias e não voar realmente. Este contraargumento
toma muitas formas, mas todos têm uma característica em comum – mais
uma vez, ele presume que as asas devem existir.
Existe, claro, uma explicação muito mais simples para a aparente
incapacidade dos Balrogs em voar. Se nós tomarmos a posição de que eles
simplesmente não possuem asas, o problema como um todo desaparece.
Objeção Dois: A Questão de Escala
Quão grande é um Balrog? Se nós seguirmos o lado pró-asas do debate, e
assumirmos que ele possui asas reais, é possível termos pelo menos uma
vaga imagem. Isto devido ao clássico "suas asas estenderam-se de parede
a parede"[2], o que significa que sua extensão de asas deve ser pelo
menos a mesma da largura da sala na qual estava. O que nós sabemos
sobre a sala?
[9] "À frente deles estava outro salão cavernoso. Era mais alto e muito mais comprido do que aquele em que dormiram."
[10] "Ele virou à esquerda e apressou-se através do liso piso da sala. A distância era maior do que parecia."
[11] "…uma delgada ponte de pedra, sem borda ou corrimão, que
transpunha o abismo com uma curvatura de cinquenta pés. " [cinquenta
pés = 15 metros] Todos da Sociedade do Anel Cap. 5, A Ponte de
Khazad-dûm
A sala era gigantesca. Se o abismo tinha cinquenta pés [11], então a
sala inteira deve ter várias centenas de pés de comprimento. Um
"abismo" é por definição mas comprido do que largo, e o tamanho do
abismo define a largura da sala. Então, nós podemos presumir com
bastante confiança uma largura como sendo algo entre setenta e cinco a
cem pés [22,50 a 30 metros]. Isto é apoiado pelo texto, que nos diz que
a sala era tão ampla que necessitava de pilares ao centro para suportar
o teto:
[12] "ao centro existia uma linha dupla de pilares elevados. Eles eram
esculpidos como raízes de poderosas árvores cujos galhos suportavam o
teto…" Sociedade do Anel Cap. 5, A Ponte de Khazad-dûm
Se as asas de Balrogs forem reais, e literalmente se estendiam "de
parede a parede" [2], sua extensão mínima de asas é algo em torno de
cem pés [30 metros]. Isto nos dá o tamanho do Balrog como sendo o
tamanho de uma casa, e lembremos que estes são os valores mínimos –
pode ter sido bem maior. Muito aceitarão isto sem problemas – a idéia
de um Balrog gigantesco é bastante comum, e é frequentemente pintado
como tendo 30 pés [9 metros] de altura ou mais, o que seria consistente
com estas estimativas.
Este é um ponto importante, então vamos enfatizá-lo. Se os Balrogs
tivessem asas reais, seguir-se-ia necessariamente que ele seria uma
criatura monstruosa com extensão de asas de um pequeno avião de
passageiros. A objeção que isto levanta é bastante significativa: é
bastante difícil de explicar como este ser mosntruoso viveu por mais de
mil anos em uma cidade subterrânea construída para Anões. Como um
exemplo específico, considere a Câmara de Mazarbul, que aparece logo
antes do encontro da Sociedade com o Balrog. Existem várias evidências
textuais sobre a entrada desta sala. por exemplo:
[13] "…orcs um após o outro saltaram na câmara." Sociedade do Anel Cap. 5, A Ponte de Khazad-dûm
…e, um momento depois, eles…
[14] "…aglomeraram-se na entrada." Sociedade do Anel Cap. 5, A Ponte de Khazad-dûm
Obviamente era uma abertura bastante estreita. De alguma forma,
contudo, o Balrog conseguiu seguir os orcs na Câmara através desta
entrada. Se um Balrog tivesse um grande tamanho como já discutimos, não
seria possível para ele utilizar esta entrada estreita.
A lógica disto parece inecapável: temos que diminuir o tamanho do
Balrog para que ele possa passar atarvés da porta. Ele pode continuar
tendo "uma grande altura" [2] – digamos dez pés [3 metros] de altura ou
algo assim- mas ele realisticamente não poderia ser muito maior que
isto. Esta idéia é apoiada por esta descrição retirada do The History
of Middle-earth:
[15] "[o Balrog] caminhou para a fissura, não maior do que o tamanho de
um homem mas o terror parecia acompanhar sua presença." The History of
Middle-earth Volume VII [The Treason of Isengard], X The Mines of Moria
II: The Bridge
Este é um rascunho rejeitado, logo não pode ser posto como nenhum tipo
de prova. Ele nos dá, contudo, alguma idéia do tipo de escala que
Tolkien tinha em emnte para um Balrog. Ele também sustenta o fato de
que ele teve que "pular" [6] a fissura, e que ele caminhou na ponte [7]
tão estreita que os Anões tinham que atravessá-la em fila única. Estas
são ações de uma criatura mais ou menos do tamanho de um homem, não um
gigante.
A questão de escala é uma séria objeção às asas dos Balrogs. Se "suas
asas entenderam-se de parede a parede" [2] literalmente se refere a
asas reais, então os Balrogs devem ser gigantescos. Se o Balrog não é
gigantesco, então "suas asas entenderam-se de parede a parede" [2] não
pode se referir a asas reais.
Para a facção anti-asas, esta objeção é provavelmente o mais próximo possível de uma "prova".
Conclusão
Estão não são de forma alguma as únicas objeções contra asas de Balrog,
mas elas são provavelmente as mais fortes. A maioria das outras são
circunstanciais em natureza e de fatonão avançam a discussão [por
exemplo, "imagine uma criatura com imensas asas, estendidas, tomando
cuidado com o rodopiante chicote de fogo, para que não atingisse suas
asas"].
As duas maiores objeções, contudo, são bastante significativas. Porque
os Balrogs não usam suas asas, se as possuem? Como um Balrog do tamnho
de uma casa passou por uma porta do tamanho de um Orc? Estas
complicadas questões apenas surgem de os balrogs tiverem asas reais –
se assumirmos que não tem, é fácil escapar destas inconsistências.
É provavelmente justo afirmar que não existe evidência incontrovertível
pelas asas reais, e existem pelo menos duas fortes objeções à sua
existência. Dado o corrente estado do argumento, então, o peso da
evidência parece pender fortemente para o lado do "sem asas" do debate.
"Peso da evidência", contudo, não é uma prova: sempre existe espaço
para pesquisa e reinterpretação.
Seja onde for que a evidência conduza, o fato é que ninguém sabe ao
certo a resposta. Apenas Tolkien poderia nos dizerm e ele nunca fez uma
afirmação definitiva sobre este tópico. Parece apropriado, então,
encerrar com a mas definida descrição do balrog que ele nos deu:
[16] "O que era não podia ser visto: era como uma grande sombra, no
meio da qual estava uma forma escura, de formato humano, talvez, embora
maior; e um poder e terror pareciam estar nela e ao seu redor."
Sociedade do Anel Cap. 5, A Ponte de Khazad-dûm
[tradução de Fábio ‘Deriel’ Bettega]