Claro que estamos exagerando aqui e, antes que me queimem junto, devo admitir que eu gostei muito do filme etc etc etc, mas esta coluna é dedicada ao que PJ fez de errado portanto se você ama o filme e não encontrou nenhum defeito dele, bom, é melhor parar de ler esta coluna agora e acender mais uma vela no seu altar para o PJ, que as outras 412 começaram a apagar (apenas brincando, galera!).
Eu estive pensando aqui com meus botões e me parece que a característica básica (básica, não única) dos filmes do PJ e fonte de todos os seus erros e acertos é que ele é um filme de fã, feito por um fã e com uma visão de fã. Explico, claro: ele não se esforçou para dar uma visão Tolkien do filme, uma visão que apesar de não poder ser reconstruída plenamente pode ser parcialmente vislumbrada através das esntrevistas e das cartas (sim, o "Letters"! Sempre ele!). Portanto o que temos nos filmes é uma "visão PJ das obras de Tolkien" temperada com exigências financeiras do estúdio e com a contribuição de outros fãs da produção.
Enfim, vamos xingar o Peter Jackon! Deficiências da criatura e dos filmes:
Peter Jackson possui uma deficiência muito grande como diretor, que continua a influenciá-lo desde a época dos filmes trash (momento parênteses: pra quem não sabe o PJ é um excelente diretor de filmes trash! Filmes gloriosos como "Braindead" e "Bad Taste" são do nosso amado diretor) que é não saber lidar com o bem mas sabe lidar de maneira bastante eficaz com o mal e com o incomum. Duvidam? Vamos aos filmes! Elfos, o suprassumo do bem e da beleza no final da Terceira Era (não vou entrar em disacussões filosóficas sobre os Elfos em outras Era sou oportunidades, o que interessa é a época do filme) são representados de uma forma feia e apagada, sem brilho, sem lugar, sem atrativos…. e sem sexo, em sua maioria. Excessões sejam feitas à máquina de matar Legolas (aqui entramos no incomum do PJ) e à primeira aparição da Arwen a Frodo, envolta em luz, radiante, linda, falando Sindarin "Frodo, im Arwen. Telin le thaed. Lasto beth nîn, tolo dan na ngalad" (sempre choro nessa parte).
Vamos adiante nessa mesma tecla: Lothlórien, Valfenda e Faramir (sim, vocês que ainda não assistiram SdA:ADT ficarão chocados). A representação dos dois locais élficos e do personagem de Faramir, que é uma espécie de epítome do bem e da honra em meio à loucura de Denethor e à força bruta de Boromir, deixa muito a desejar do ponto de vista da obra mesmo. Afinal, ao final da Terceira Era e antes da (… não vou contar) os Anéis de Elrond e Galadriel estavam em pleno funcionamento, contendo o tempo e mantendo Valfenda e Lórien como dois "paraísos" na Terra-média. Mais um exemplo? Quantos quiser! Gil-galad na batalha da última aliança, aparecendo como um sádico homicida, tendo imenso prazer na matança de Orcs e afins… fala sério, PJ!
Mas passando ao segundo ponto, talvez o mais discutido, a influência do estúdio (entenda-se GRANA) no todo da "obra" do PJ. Filme atualmente é um produto como outro qualquer: interessa que dê lucro. E o investimento não foi pequeno (mais de U$ 100 milhões por filme) portanto é bastante natural que o estúdio fizesse pressão para que algumas partes da obra se tornassem mais "palatável" para as massas o que não acho natural nem concordo é que PJ se submetesse a isso de maneira tão grosseira. Sim, estou falando da Arwen sim. A desculpa que o PJ dá, de que ele usou material do Apêndice para complementar o filme é desprovida de respaldo. Ele aumentou o espaço dela pra colocar umas ceninhas românticas e uns chororôs, isso sim.
Agora vou dizer uma verdade que mesmo o mais revoltado fã do PJ tem receio de dizer na cara: Legolas é uma invencionice movida pelo dinheiro! Sim, sim e sim! Legolas no livro é o mais inútil dos membros da Comitiva (ah é? não concorda? Vai discutir com Tolkien, pois ele fala exatamente isso no Letters! Haha! Touché!) e foi tranformado numa incrível máquina de matar, praticamente uma metralhadora medieval. Isso se chama turbinar um personagem pra atrair público. Chega a ser… revoltante. Como não tinha ninguém "poderoso" e "guerreiro" de verdade no SdA:SdA criaram um. Escolha lógica? Legolas, o Elfo fodão. Blergh!
Seguimos em frente? Essa é da dar nó em estômago de Orc: a mania que diretores e roteirista têm de querer "reinventar" a obra que estão adaptando. Não gostam de algo no livro? Simplesmente mudam e alegam "problema na transição de mídia" ou "liberdade criativa" ou "leitura pessoal". Bah! Existe uma imensa diferença entre adaptar mídia e mudar alguma coisa só por mudar, pra que "visualmente" ou "comercialmente" fique mais adequado. Exemplos de boas adaptações? Condado. Está alterado, mas não desfigurado. Péssimas adaptações umbiguícias? Batalha da Última Aliança, Lothlórien e sua Galadriel Mun-Rá e esticando pro SdA:ADT temos o Personagem-Que-Era-Pra-Ser-Faramir e a aventurinha em Osgiliath (Céus! Quem foi o doente que deu essa idéia pra ele?) e por aí vai… praticamente todos os filmes que são adaptados de alguma obra sofrem horrores com os egos de redatores e diretores.
O filme também sofre de "JohnHowezisse" e isso fica ainda mais claro no SdA:ADT. Quem conhece um pouco mais a fundo a obra de John Howe não teve qualquer surpresa visual. Parece uma sequência infinda de desenhos do John Howe sendo mostrados na tela. Quando percebemos isso, no SdA:SdA, fica claro como serão os outros dois filmes e como será o SdA:RdR: basta procurar desenhos do John Howe e você vai saber como será a Laracna e todos os outros pequenos "detalhes secretos" do filme. Utilizar os serviços de um grande artista e talvez o mais perfeito retratador da obra de Tolkien é uma boa idéia, mas precisava ser tão óbvio?
E por último (depois dessa vou tomar um suquinho de maracujá) um problema inusitado e que passa despercebido. O maldito PJ é fã de Tolkien. Ele conhece a obra. Ele leu o SdA, e leu mais de uma vez. "Mas, mas… como isso pode ser um defeito? É uma qualidade!" diria um incauto fã. Sim, é uma qualidade, sob certos aspectos mas eu prefereria que PJ fosse MENOS fã. Todos nós, fãs, fãzinhos e fanático
s pela obra temos uma "visão" da mesma, uma "leitura" pessoal e subjetiva que muitas vezes não coincide com o que o próprio Tolkien fala, explica ou descreve. PJ logicamente tem sua própria visão pessoal da obra e não abriu mão ao dirigir. Logicamente ele, ao fazer o filme, deveria se voltar para Tolkien, procurando respostas e soluções no próprio Tolkien e não na sua opinião de fã. E isso serviria de escudo pra críticas também. E por mais que PJ buscasse em Tolkien as respostas, as perguntas são tão numerosas que ne, todos as Biografias e Letters e HoMEs do mundo poderiam responder, sobrando muito espaço pro PJ inserir sua visão pessoal da obra.
Estranho como más adaptações podem gerar excelentes filmes. E estamos presenciando mais um desses casos. Queime, PJ, queime!