Acabamos ficando com a Casa de Bruxa/Universidade Holística, em Santo André, e o local foi realmente um achado. Com ambientação já "mágica" (dragões, bruxos e assemelhados para todo lado), além de um quintal muito espaçoso, deu pra acomodar tudo para o evento com perfeição.
Bem, QUASE tudo! Apesar de certa dificuldade de acesso para quem vinha de São Paulo e não conhecia o ABC paulista, acabamos conseguindo cerca de 250 pessoas no público, e uma quantidade equivalente em quilos de alimento para doação a uma instituição de caridade, o que foi uma grande vitória. O problema foi acomodar essa gente toda no salão central, para os sorteios e anúncios oficiais, e também na sala de palestras. Gente sentada no chão e na porta não faltou, e o interesse pelas palestras foi dos grandes.
Antes de mais nada, destaque para o toque ultra-tolkieniano da decoração, dado principalmente pelos sensacionais quadros do artista plástico Douglas Costa. Eram cerca de 10 painéis enormes, com detalhes absurdamente trabalhados – no dos Portos Cinzentos, por exemplo, eu demorei uns 15 minutos pra achar os hobbits, minúsculos, parados no cais.
A exposição de artefatos tolkienianos também não deixou por menos. Havia, entre outras coisas do arco-da-velha, um Palantír "quase" real (na verdade o vidro tinha um tubo de raios catódicos dentro, que respondia à vibração do ar ou ao toque humano, coisa impressionante!) e versões de todas as idades e línguas dos principais livros de Tolkien.
Nas palestras, eu diria que a revelação foi o nosso Tilion (como é que a gente ainda não tinha arrastado esse cara pra palestrar?), que se mostrou um falante articulado, versátil e, por que não dizer, extremamente bem-humorado. Na palestra das Cartas, por exemplo, que abriu o dia, ele não hesitou e tascou uma certa inspiração tolkieniana como causa para o atraso da tradução do livro – a mania perfeccionista de Tolkien também tinha tomado conta dele. Quem compareceu pode receber, em versão impressa, um preview exclusivo das Cartas, com a capa que o livro deverá ter, a introdução e três cartas traduzidas, também com a cara da edição final.
Enquanto o pessoal da Casa de Vairë, do Conselho Branco, recriava lá fora uma série de histórias da Terra-média (no fim de uma, a de Beren e Lúthien, rolou até pedido de casamento de verdade!), as palestras continuaram. Primeiro, com Claudio Crow Quintino, sempre aplaudido, e mais tarde eu, Mandos e Tilion voltamos à cena com o palpitante tema "Sexo e Amor na Terra-média". Tilion se concentrou na inspiração do amor cortês medieval para a visão de Tolkien sobre o tema, enquanto Mandos falou da monogamia élfica. Claro, houve também os momentos trash, como a "escala animal" do casamento citada pelo Mandos (ao longo da relação as pessoas tendem a aumentar o animal associado ao parceiro, de gatinho para cavalo, por exemplo) e até citações malufistas como o popular "estupra mas não mata", hehehe…
Muitas outras coisas legais aconteceram – como o som celta da banda Olam Ein Sof – mas, se vocês me perdoam o lado pessoal, o ponto alto foi o último sorteio, no qual, depois de vários números chamados e respondidos, eu faturei um legítimo Escudo de Rohan de madeira e belos emblemas pintados. É, vou ter de arrumar uma fantasia de Éomer pra próxima Hobbitcon 😉