Ícone do site Valinor

As Crí´nicas de Narnia estão chegando!

"A culpa é mesmo de Peter Jackson. Se ele não tivesse feito a obra-prima O Senhor dos Anéis, não estaríamos sofrendo de abstinência por falta de uma dose anual de fantasia épica."
 

É assim que Roberto Sadovski, diretor de redação da revista SET, começa a matéria especial sobre o filme "As Crônicas de Nárnia – O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa", que chega aos cinemas amanhã, dia 9 de dezembro.

Baseado no livro de C.S. Lewis, amigo de J.R.R. Tolkien, o filme promete ser uma grande produção épica que irá agradar também aos fãs do Professor, já que segue uma linha de fantasia semelhante.

Lewis conheceu Tolkien em maio de 1926, numa reunião da escola de inglês, e algum tempo depois passaram a conversar madrugadas adentro na casa de Tolkien sobre vários assuntos, como teologia e mitologia. A amizade surgiu do interesse de ambos por mitologia nórdica. Começaram a participar de encontros em grupos como os "Coalbiters" e mais tarde os "Inklings", onde discutiam, liam e emprestavam suas obras uns aos outros.

Tolkien é o responsável por "converter" Lewis ao cristianismo, "numa noite de setembro de 1931" (como conta Isabela Boscov, na edição de 7 de Dezembro da Revista Veja). Até então, Lewis era ateu. E isso fez com que "Nárnia", seu principal sucesso literário, assumisse um espírito cristão. Nárnia é uma alegoria, pois está cheia de referências ao cristianismo como "Filhos de Adão e Filhos de Eva", dentre várias outras (algumas se aqui contadas podem estragar a história para alguns).

Tolkien não gostava de alegorias, e acabou desaprovando "As Crônicas".

Surge a ironia: "Tem-se nos dois amigos, então, uma contradição intrigante, que ultrapassa em muito o domínio da literatura. Aquele de fé inabalável nunca quis pregar – enquanto o outro, atormentado por dúvidas, fez de doutrinar a sua missão" (Revista Veja).

E se Tolkien demorou mais de 14 anos para produzir os 3 volumes de O Senhor dos Anéis, Lewis fez os 7 volumes das Crônicas em 7 anos. Isso incomodava Tolkien. O professor, por ser muito descritivo e atento a cada detalhe, criticava que Lewis não dava muita preocupação ao seu texto, e disse que a história estava cheia de contradições e inconsistência. Foi aí que a amizade começou a esfriar. "Nárnia, ironicamente, ocasionou o esfriamento da amizade que a originara" (Revista Veja).

Deixando todas essas intrigas de lado, o fato é que "As Crônicas de Narnia" se torna agora o substituto natural de "O Senhor dos Anéis" no cinema, enquanto a transposição de "O Hobbit" para a telona continua sendo um sonho para os fãs.
Narnia não é Tolkien, mas o Professor exerceu sua influência sobre a obra do amigo Lewis. Se não há mais "O Senhor dos Anéis" para aguardar nos cinemas, aguardemos os filmes de "Narnia". Quem não tem cão, caça com gato, ou melhor, com leão…

[Agradecinemtos ao Smaug pela pesquisa e grande ajuda com a notícia]

Fontes:
Revista SET, ed. 222 – dezembro 2005. Editora Peixes
Revista VEJA, ed. 1934 (nº 49), de 7 de dezembro. Editora Abril.
Tolkien – Uma Biografia, de Michael White. Editora Imago.

Sair da versão mobile