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“Os Anéis de Poder”: Uma Análise dos Dois Primeiros Episódios

Minha humilde análise dos dois primeiros episódios de “O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder”, absolutamente cheio de spoilers, então fica o alerta. Como a série estreia dia 1/set 22h do Brasil, talvez valha a pena esperar. Faço uma descrição dos dois episódios intercalado com minhas opiniões pessoais sobre a série. Aproveitem, divirtam-se e compartilhem suas opiniões!

A PARTIR DAQUI, SPOILERS E OPINIÕES

A série começa em Valinor, com crianças que logo descobrimos serem Elfinhos saltitantes e que um deles, mais distante e fazendo um barquinho de papel, é Galadriel (personagem principal destes dois primeiros episódios). O barquinho é lindo mas é naufragado por uma pedra de um Elfinho mais arteiro e Galadriel parte pro soco em cima dele, sendo apartada por Finrod. Já fica claro o perfil esquentada dessa Galadriel da série. Isso fica claro na sequência, onde Galadriel desejando vingar seu irmão (morto por Sauron ao buscar pelo mesmo) comanda um grupamento de Elfos buscando uma fortaleza antiga do Mal (Sauron) em Forodwaith, em meio a muito gelo e batalhas com Troll das Neves; não encontram Sauron mas Galadriel percebe sinais de que estaria mais ao norte e deseja continuar – seu pequeno exército se rebela e se recusa, ela acaba aquiescendo e retornando a Lindon. Ah sim, há um pequeno prólogo narrado por Galadriel sobre a destruição das Duas Árvores e a Guerra da Primeira Era, mas tudo rasteiro e sem muito detalhamento.

Em Lindon Gil-galad homenageia a todos dessa tchurminha valente, declara que o Mal se foi em definitivo e os premia com o retorno a Valinor, a contragosto de Galadriel que tem a certeza de que o Mal ainda está a solta. Lindon é de fato muito bonita, com tons dourados (nenhuma surpresa nisso, a Amazon já liberou inúmeros trechos da série que, se somados, deve dar uns três episódios). Todo o visual da série é espetacular e muito bem cuidado, sem ressalvas

Em Lindon ocorre também o reencontro de Galadriel com Elrond, uma cena que pra mim ficou esquisita e mesmp desconfortável pois a amizade dos dois beira um flerte – e lembrando que à época da série (alguns séculos dentro da Segunda Era, segundo Gil-galad) Galadriel já teria cerca de 2.500 anos e um visual adulto (diferente da belíssima Morfydd Clark com seu visual bastante jovem apesar de seus 33 anos) e enroscada com Celeborn há alguns séculos enquanto Elrond além de ser bem mais jovem (na faixa de 500 anos) ainda se casa com a filha de Galadriel. Efeitos da tal compressão temporal, que vou reforçar mais a frente.

Mas falemos um pouco de outro dos núcleos da história, Pés-peludos (nome que eles próprios usam), nossos “proto-hobbits” – eles são absolutamente adoráveis; seres felizes, trabalhados e nômades (parecem se mudar ao final de cada colheita) liderados pelo sábio Sadoc e seu imponente livro (que me deixou curioso – qual a origem do livro? Não está escrito nem em Tengwar nem em Runas). Neste núcleo o foco principal é Elanor “Nori”, super fofa. É ela quem encontra “O Estranho”, que cai como uma estrela cadente e desmemoriado mas claramento poderoso. Não, não é possível dizer quem o danado é, mas fica aqui meu “chute” de que seja Gandalf – alguns milhares de anos antecipado, de novo a tal compressão temporal. Eu estava super cético com relação a estes proto-hobbits tanto pela conformação do grupo (bastante heterogêneo) quando pelo período de tempo da série, mas eles são apaixonantes, talvez o melhor núcleo dos dois primeiros episódios. Obviamente vai ser um dos mais criticados por um certo grupo de “fãs” simplesmente pelos diversos tons de pele deles (Sadoc é negro) e que não faz a menor diferença e nem é referenciado de forma alguma pelo grupo.

Outro dos núcleo é o dos Anãos, no qual somos apresentados através de Elrond, o qual é direcionado a ajudar Celebrimbor em uma super-tarefa sigilosa (e ao mesmo tempo tirar de Lindon um jovem Elfo diplomático e político, com anseios de governar). Conhecemos Celebrimbor – um Elfo ferreiro já famoso mas ainda frustrado por não ter deixado a marca que gostaria – e sua aparência um tanto envelhecida. Eu até entendo a razão disso, afinal somos humanos e acharíamos muito estranho personagens que não envelhecem ou envelhecem muito pouco, só após londo período (Círdan), mas fica um tanto estranho de novo. Conhecemos o desejo de Celembrimbor e Elrond prontamente sugere uma aliança com os Anões, já que ele é amigo próximo de Dúrin IV – e assim partem de Eregion, a pé, apenas os dois, em roupas mais formais (e não de viagem) e em segundos batem à porta de Khazad dûm (não aquela que conhecemos dos filmes, acredito que será construída durante a série). Essa “compressão geográfica” ocorre em mais pontos da série, dando a sensação que tudo ocorre num raio bem pequeno de espaço, possível de ser cruzado rapidamente a pé ou a nado.

Elrond não tem sua entrada permitida e exige um desafio de quebra de pedras “Sigin Tarag” com Dúrin, que, se vencedor, lhe garantiria um “desejo” mas se perdedor seria expulso de todas as terras Anãs. Elrond perde mas faz parte do seu plano, pois é “liso de língua” e pede que Dúrin o acompanhe até a saída, quando descobre a razão da mágoa do Anão – se passaram 20 anos da última visita de Elrond. Um piscar de olhos pro Elfo, mas “uma vida” pro Anão, que neste período se casa e tem dois filhos. Um momento tocante e bastante sensível. Elrond pede pra se desculpar com a família de Durin e daí já era o banimento… Dísa, esposa de Dúrin, é absolutamente adorável e compõe um casal maravilhoso com Dúrin, com direito a beijinho (#teamDísa). Percebemos o quanto a amizade de Elrond e Dúrin é profunda, neste momento. Uma das liberdades da série, uma vez que seria mais natural que essa amizade fosse para com Celebrimbor e não Elrond, mas sigamos. Khazad dûm é fantástica e muito bem representada, uma cidade imensa de pedra e metal. Um novo mistério de apresenta quando descobrimos que Dúrin III (o pai envelhecido de Dúrin IV) abre um baú de onde retira parte de um “projeto misterioso” (acredito ser o mithril que eles encontram e que acaba sendo a danação da cidade)

O núcleo final apresentado nos dois primeiros episódios é o núcleo dos “humanos traidores”, cidades humanas no Sul da Terra-média e que originalmente teriam sido fiéis a Morgoth e que atualmente são vigiadas por patrulhas Élficas, inclusive o já famoso (infame?) elfo negro Arondir, originalmente um fazendeiro mas que tornou-se um dos guardas da vila de humanos (Tirharad) há décadas. Arondir tem uma paixonite platônica (por enquanto) por Bronwyn, mãe do adolescente Theo, cujo marido desapareceu antes da série. Juntos, Arondir e Bronwyn partem investigar uma vila próxima que parece ser origem de um mal/envenenamento. Chegam quase imediatamente à vila e a encontram abandonada e destruída, e Arondir resolve, mui corajosamente, investigar um grande tunel que parece ter sido cavado por baixo da cidade em direção a Tirharad enquanto Bronwyn volta alertar o seu povo. Temos o primeiro confronto com um Orc, que invade a casa de Bronwyn e acaba decapitado não antes de uma batalha intensa – esse primeiro Orc é bastante assustador, parecendo bastante forte e resistente, gostei da representação. Em paralelo a isso o jovem Theo encontra, sob táboas de sua casa, uma espada quebrada com o símbolo de Sauron (na série ao menos) com “sabores” de Nazgul… o que teria acontecido com o pai dele e qual a origem dessa espada quebrada? Esse núcleo humano/Arondir é o mais “inventado” da série, como todos seus personagens não constando nas orbas escritas.

Voltemos agora para Galadriel, essa moça inconformada e obstinada. Ela aceita embarcar para Valinor, um anseio de todos os Elfos, mas quase na chegada, já tendo inclusive um vislumbre da praia, ela se atira ao mar e sai nadandinho (!!!) em retorno à Terra-média, como se ficasse ali do outro lado da piscina e não alguns milhares de quilômetros distante. Essa parte toda foi a que menos gostei então vou escrever correndo porque me irrita – ela encontra um bando de náufragos em jangadinhas, que foram atacados por um monstro marinho (!!!) aofigur de um ataque de Orcs no sul da Terra-média. Um desses náufragos é bonitão Halbrand, que a série dá um jeito de colocar sozinho numa jangada com Galadriel, após mais um ataque do Monstro do Mar (tam tam tam). Os dois primeiros episódios terminam aqui, com Halbrand e Galadriel sendo encontrados por um navio, possivelmente de Númenor (embora Corsários sejam citados também). Uma sai nadando de Valinor, outro sai de barquinho da Terra-média e se encontram em Númenor. Hummm. Foi a parte que eu menos gostei

A série é muito bem feita, os atores não comprometem e dois dos núcleos de destacam no momento: Hobbits e Anões. Ainda não conhecemos Númenor nem o Núcleo Sauroniano (Orcs e demais seguidores), então poderemos ainda ter boas surpresas. A série passa rápido e entretém do começo ao fim. Minha reticências pessoais ficam com a “compressão temporal” onde a série comprime os mais de 3.400 anos da Segunda Era num espaço de tempo que faz parecer que tudo acontece junto, inclusive trazendo eventos da Terceira Era (Hobbits e quiçá Gandalf). Isso gera situações desconfortáveis como a de Elrond com Galadriel; também com a “compressão geográfica” onde se passa a sensação que todos os eventos acontecem próximos: Celebrimbor vão andando tranquilamente sozinhos de Eregion a Khazad dûm, Galadriel sai nadando de Valinor e fatos assemelhados. Isso interferiu na minha capacidade de apreciar a série. Não quero deixar um gostinho ruim pra ninguém, a série merece sim ser vista – vale uma nota 8,5 e com isso ficando bem acima dos filmes dO Hobbit mas abaixo da trilogia de filmes (versões estendidas, claro).

Aproveitem, divirtam-se e compartilhem suas opiniões!

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