primitivos com apenas 1,10 m de altura, tal como os
personagens pequeninos de "O Senhor dos Anéis" — vai ganhar uma nova
chance de ser elucidado. Pesquisadores australianos anunciaram ter
obtido permissão para voltar a escavar na caverna da ilha
indonésia onde os "hobbits" foram descobertos, depois de anos de briga
com os cientistas do país asiático.
"No meio deste ano deveremos estar de volta a Liang Bua [como é
conhecida a caverna]", declarou à rede britânica BBC Richard "Bert"
Roberts, pesquisador da Universidade de Wollongong, na Austrália. "Acho
isso ótimo, finalmente conseguimos vencer as barreiras políticas.
Queremos ir até lá a tempo de pegar a estação seca, porque na época das
chuvas é impossível abrir buracos lá."
A história dos "hobbits" (batizados de Homo floresiensis,
uma nova espécie de humano ancestral, por seus descobridores) daria uma
novela. O anúncio de sua descoberta, feito em 2004 na prestigiosa
revista científica britânica "Nature", deixou o estudiosos da evolução
humana de queixo caído.
Apesar
do tamanho diminuto e do cérebro da altura de chimpanzé, a criatura
parecia ter sido capaz de produzir ferramentas de pedra bastante
eficientes, dominar o fogo e até caçar elefantes também nanicos que
também existiam na ilha. De quebra, ele teria sido o último hominídeo a
se extinguir antes do domínio do homem moderno, há apenas 13 mil anos.
Alguns
pesquisadores, no entanto, logo partiram para cima de Roberts e seus
colegas. O principal deles é Teuku Jacob, antropólogo da Universidade
Gadjah Mada, na Indonésia. Para Jacob, os "hobbits" não passariam de
seres humanos modernos com microcefalia, conjunto de síndromes ligadas
a um tamanho muito pequeno do cérebro.
A
briga, porém, não ficou só no campo acadêmico. Jacob foi herói da
resistência aos holandeses na Indonésia, e ele é quase todo-poderoso no
meio universitário do país. Com essa influência, conseguiu obter parte
dos fósseis de Liang Bua alegando querer fazer uma análise
independente, e acabou danificando vários deles, segundo os
australianos.
Desde essa briga, o
acesso à caverna foi bloqueado pelas autoridades indonésias. A nova
permissão dá esperanças à equipe que descobriu os "hobbits" de achar
mais crânios com as mesmas características, o que comprovaria que se
trata de uma nova espécie, e não de um indivíduo isolado e doente.
Fonte: G1.