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Os seis anos de Valinor por Skywalker

Continuando as comemorações dos seis anos de Valinor, temos agora o depoimento de mais um membro da Equipe, Skywalker, que é diretamente responsável pelo site Durbatulûk e está sempre respondendo nossas dúvidas sobre RPG.
 
 
Tudo começou na Feira do Livro de Porto Alegre de 2000. Quando ela
começou, eu estava lendo O Hobbit, emprestado de um amigo meu, e estava
achando muito divertido.
 
Eu fingia que estagiava na Secretaria da Fazenda naquela época, ou
seja: passava o dia inteiro lendo. No começo da feira eu comprei O Saco
de Ossos, do Stephen King, que depois receberia a alcunha de "O LIVRO
QUE JAMAIS SERÁ LIDO". Eu pretendia ler ele depois de terminar O
Hobbit, mas a coisa não foi bem assim.

No dia seguinte, eu comprei O Senhor dos Anéis e comecei a ler. E me
encantei com o legendarium. Daí veio O Silmarillion, que eu devorei
rapidão.

Mas eu queria mais.

Um belo dia, nos terríveis tempos da conexão discada, eu resolvi digitar www.tolkien.com.br no browser pra ver no que dava.

Daí eu encontrei o paraíso, que na época se chamava Calaquendi, cheiona
de textos traduzidos do Tolkien que só existiam em livros misteriosos e
desconhecidos.

Em pouco tempo eu me tornei um visitante assíduo, lia tudo o que encontrava nesse site.

Até que um dia a vida como eu conhecia acabou. Eu apontei o mouse até
os favoritos do meu browser e cliquei na Calaquendi. Daí, tomado de
horror, eu disse "Não!" Meus olhos não acreditavam no que estavam
vendo. A Calaquendi, o site que eu tanto visitava, não mais existia. No
seu lugar tinha um outro site, mais pomposo, chamado Valinor – Onde a
Luz do Antigo Oeste Ainda Vive.

Eu, de cara, rejeitei totalmente o site. Passei dias de mal com o tal
de "Deriel", que tinha passado adiante a Calaquendi prum bando de
almofadinha.

Daí veio o lance dos filmes. E, eu, ávido por notícias, passei a
frequentar a maldita Valinor. Mas, aos poucos, fui me deparando com
agradáveis surpresas.

Os textos todos estavam lá. O Deriel estava lá, junto com uns outros nomes estranhos.

Até que… eu descobri o fórum.

Comparado com o que é hoje, ele era pequeno, feio e tosco. Mas na época era a melhor coisa da internet pra mim.

Me cadastrei no dia 10 de outubro de 2001, dia do show do Eric Clapton
aqui em Porto Alegre. E me apeguei, o forum acabou sendo a minha casa
virtual.

Eu passava os dias postando, lendo, debatendo. Naquela época, o fórum
era praticamente só Tolkien. Até no Geral se discutia Tolkien.

Então, ao lado de outros membros – Barlach, Bastian Hawkins, dentre
outros -, comecei a falar de RPG na Valinor. Nada a ver com Tolkien.

Daí o Deriel resolveu criar um subfórum só pra nós. Só pros RPGistas. Ele se chamava Jogando e Jogando.

Aí sim que a vaca foi pro brejo. Dia após dia malhando GURPS e falando bem do D&D, mas sempre focado nas áreas Tolkien.

Foi mais ou menos nessa época que eu traduzi o meu primeiro artigo pra
Valinor: O Conto de um hobbit caído, do Michael Martinez, falando sobre
o Gollum.

Um belo dia – gostaria de saber exatamente quando foi, mas não lembro
mesmo – eu vi que algo no meu nick mudou. Embaixo dele, em vez de Maia,
estava escrito "Mando aqui, mas menos que o Deriel". Eu pensei "hahaha,
esse cara me inventa cada uma!", e não dei muita bola.

Daí, nesse mesmo dia, eu descobri que eu podia editar e apagar os posts
dos outros no fórum de RPG, meio que sem querer. Eu pensei "Putz, isso
pode ser perigoso! Será que o Deriel enlouqueceu?"

Uns dois dias depois eu descobri uma área no fórum que eu nunca tinha
visto antes, ela ficava escondidinha, lá em baixo: MENSAGENS
PARTICULARES (1).

Eu tinha recebido uma mensagem do Deriel me avisando que eu tinha virado moderador do RPG. E eu só li dias depois.

Aí sim que eu fiquei me achando o rei da cocada preta.

No começo do ano seguinte a Valinor passou pelos piores dias da sua
época, que passaram a ser conhecidos como Darkness Fall: o dia em que a
Valinor morreu.

Por problemas de grana, o Deriel teve que tirar o site do ar, deixando
só o fórum. A mobilização do povo foi emocionante, confesso. Todo mundo
buscando formas de ajudar. Até que uma boa alma, cujo nome é uma
incógnita – e que na época foi apelidado de Tom Bombadil -, deu a mão
que a Valinor precisava, com hospedagem e tudo o mais.

Aí viramos gente grande! Mas grande mesmo. O fórum bombava. Membros
novos entravam às dúzias. Artigos novos, era tudo uma novidade que os
filmes só alimentava.

Depois de sairmos do fórum preto e tosco passamos pro phpbb, mais
moderno. Foi aí que a Valinor viu que todo o esforço valia a pena. A
Valinor se tornara o melhor lugar na internet. Discutia-se tudo no
fórum. Os clubes surgiram, colaboradores, moderadores novos…

E eu fui crescendo, junto com a Valinor. Cresci e a minha vida acabou
se tornando tão cheia que eu acabei deixando a Valinor um pouco de lado
no último semestre da faculdade, quando acabei saindo da moderação.

Mas no ano seguinte eu já estava à toda de volta, com algo que é um dos
meus maiores orgulhos até hoje: O Senhor dos Anéis d20. Eu e o Kadu –
outro membro do fórum – adaptamos o legendarium para o D&D, um
trabalho que levou mais de dois anos para ser finalizado.

Logo depois me tornei colaborador, traduzindo textos e cuidando da
parte de RPG da Valinor, o que acabou me alavancando de volta à
moderação e, finalmente, à equipe, que eu sinto o maior orgulho de
participar.

Eu vi a Valinor nascer, crescer, publicar o Curso de Quenya, publicar o
Cartas de JRR Tolkien… posso dizer que vi de perto todas as fases,
desde o ponto mais baixo, o Darkness Fall, até os pontos mais altos
deste site que se tornou uma referência não só em Tolkien, mas como uma
comunidade como um todo.

De todos os pontos altos que eu passei ao longo desses anos, nenhum foi
maior que o feriadão de 15 de novembro de 2005, quando fui de mala e
cuia para São Paulo participar do Encontro Nacional de Valinor. Lá tive
a oportunidade de encontrar amigos de longa data que nunca tinha visto
pessoalmente e, para minha grata surpresa, eram tão legais e
verdadeiros quanto eram quando todo o contato que eu tinha era através
do fórum e do msn.

Longa vida, Valinor! Longa vida, meus amigos, companheiros e irmãos!

Ah, e até hoje não li O Saco de Ossos.

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