Guillermo del Toro é o provável diretor de "O Hobbit" e parte da onda de cineastas Mexicanos que deixaram
uma marca permanente no cinema dos últimos anos. Junto com Alejandro
González Iñárritu, Alfonso Curan e Pedro Almodovar, del Toro obteve um
considerável nível de sucesso de crítica e de bilheteria em um ambiente
não exatamente amigável para o cinema internacional. Ao contrário de
seus compatriotas, contudo, del Toro evitou fazer filmes de arte sobre
o México e se focou em dirigir filmes de terror ao velho estilo.
Encerrando seus trabalhos com Dick Smith, Del Toro formou sua própria companhia, Necropia, ainda no início da década de 1980. Passou quase 10 anos (boa parte de 1980 e começo de 1990) como supervisor de maquiagem e, durante esse período, aos 21 anos, foi produtor executivo de "Dona Herlinda e Seu Filho" (1984). Ele também produziu e dirigiu programas de TV no México durante este período, incluindo a antologia de terror "Hora Marcada" (1986), ensinou cinema e co-fundou o Cento de Estudos de Cinema e o Festival Mexicano de Cinema, ambos sediados em Guadalajara. Durante este período começou a planejar seu primeiro filme.
Del Toro teve seu primeiro grande sucesso quando "Cronos" (1992), uma recontagem altamente original do clássico conto de vampiro, ganhou nove prêmios Ariel (o "Oscar" mexicano), incluindo Melhor Filme, e foi indicado pelo México para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1993. Além de participar de festivais como o de Sundance e o San Francisco International Film Festival ele também venceu o prêmio International Critics Week em Cannes. Mais importante ainda, "Cronos" foi a primeira colaboração entre Del Toro e Ron Perlamn ("O Nome da Rosa" e "A Bela e a Fera "), uma aliança que se provou frutífera em filmes posteriores.
Devido ao sucesso alcançado com "Cronos", como é típico no caso de cineastas independentes de sucesso, del Toro teve a chance de dirigir seu primeiro filme em Hollywood, "Mimic" (1997), estrelando Mira Sorvino. Foi outra incursão no gênero do terror mas que acabou sendo muito diferente do que Del Toro desejava. Mira Sorvino é uma de duas cientistas que modificam geneticamente baratas e acabam vendo suas criações retornarem buscando vingança.
Del Toro teve algumas experiências desagradáveis trabalhando com as pressões intensas dos estúdios de Hollywood, mas tal experiência serviu de aprendizado e o auxiliaria em seus próximos trabalhos hollywoodianos. Por isso tudo ele voltou às suas origens de diretor independente e retornou ao México para formar sua própria companhia de produção, The Tequila Gang. Mas em 1998 seu pai foi seqüestrado no México, o que fez Del Toro se mudar para viver como um expatriado em Los Angeles, na Califórnia, onde vive até hoje. Seu pai foi solto, e Del Toro mencionou, brincando, que lidar com os seqüestradores não foi tão traumático quanto sua experiência filmando "Mimic".
Durante este período Del Toro fez "A Espinha do Diabo (2001)", uma ambiciosa história de fantasmas situada durante os últimos dias da Guerra Civil Espanhola. A história do filme trata de um fantasma assombrando uma escola para órfãos e crianças abandonadas. Impulsionado por sua ambientação assustadora e ótimas atuações, o filme confirmou a capacidade artística de Del Toro, além de ser aclamado por críticos e pela audiência
Confiante em sua habilidade em Hollywood, Del Toro retornou à cova do leão e dirigiu a continuação do filme de vampiro de Wesley Snipes, "Blade II" (2002) contando nesse filme também com Kris Kristofferson e Perlman. Del Toro teve mais controle sobre o produto final, o que resultou em um filme melhor, um cineasta mais feliz e uma bilheteria cheia de dólares.
Del Toro se uniu novamente a Perlman para fazer "Hellboy" (2004), outro filme da onda de adaptações de quadrinhos em Hollywood. Como um fã de longa data da série de quadrinhos da Dark Horse escrita e ilustrada por Mike Mignola, Del Toro disputou novamente com os executivos dos estúdios, principalmente com relação ao ator para o personagem título. O diretor insistiu em Perlman desde o início; o estúdio exigia um nome mais rentável. Desta vez Del Toro venceu e Perlman foi contratado para interpretar um ser do Inferno que foi trazido das profundezas em chamas por Nazistas no final da Segunda Guerra Mundial, apenas para ser capturado e criado pelo benevolente Professor Bruttenholm (interpretado por John Hurt).
Embora os quadrinhos não tenham muita história e o filme ocasionalmente siga este padrão, Del Toro conseguiu representar o ambiente e os personagens – com muitas cenas parecendo desenhos do Mignola trazidos à vida – e a decisão de colocar Perlman no papel principal foi o golpe de misericórdia. Com o sucesso de "Hellboy", del Toro conseguiu se separar de seus colegas diretores e se tornar um cineasta verdadeiramente internacional.
Passado mais ou menos à mesma época e local de "A Espinha do Diabo", Del Toro dirigiu o poderoso e assustador "O Labirinto do Fauno" (2006), uma fantasia pura, passada durante o período da guerra civil na Espanha, e é sobre uma jovem garota solitária (Ivana Baquero) que escapa de seus violentos arredores e de ser grosseiro e autoritário padrasto (Sergi López), um oficial da Guarda Civil de Franco, criando um mundo de faz-de-conta cheio de criaturas fantásticas. Chamada por um antigo fauno, a garota aprende que é uma princesa e parte para completar uma série de tarefas, nas quais ela precisa integrar o fascimo e a violência do mundo exterior com o igualmente perturbador mundo de sua própria criação.
Assim como fazia deste os tempos em que dirigia programas nas TV, Del Toro procurou seus colegas diretores e bons amigos Alfonso Cuaron e Alejandro González Iñárritu em busca de apoio e conselhos artísticos – um favor que Del Toro havia reciprocamente feito para com seus colegas. Todos os três tiveram um ano excepcional em 2006 – "Filhos da Esperança" de Cuaron e "Babel" de González Iñárritu são freqüentemente citados junto com o filme Del Toro no esforço de ressaltar suas crescentes influências no cinema. Todos os três filmes ganharam inúmeros prêmios e indicações, com "O Labirinto do Fauno" indicado a seis Oscar, ganhando três deles: Fotografia (ganhador), Direção de Arte (ganhador), Maquiagem (ganhador), Trilha Sonora Original, Roteiro Original e Filme Estrangeiro.
Del Toro, ao ser entrevistado no Leonard Lopate Show, listou várias fascinações que se tornaram características regulares em seus filmes: "Eu tenho um tipo de fetiche por insetos, mecanismos de relógios, monstros, locais escuros e coisas não-nascidas". O trabalho de Del Toro freqüentemente inclui monstros. Em entrevistas recentes, ele afirmou que sempre foi "apaixonado po monstros. Minha fascinação por eles é quase antropológica… eu os estudo e os disseco em muitos de meus filmes: eu quero saber como eles funcionam, como o interior deles se parece, [e] qual é sua sociologia". Ele também menciona como influências Arthur Machen, Lord Dunsany, Clark Ashton Smith, H. P. Lovecraft e Borges. Em uma de suas entrevistas ele se diz "um Católico relapso – que gosta de Taoísmo", embora na mesma entrevista ele tenha dito "uma vez um Católico – sempre Católico".
Guillermo disse que um de seus futuros projetos será dirigir "The Coffin", baseado nos aclamados quadrinhos de Phil Hester desenhados por Mike Huddleston. Ele estará dirigindo "Deadman", "The Witches", uma adapatação de Ronald Dahl, "The Champions" (baseado numa série de TV britânica) e "At the Mountains of Madness", em um acordo assinado em 2007, com U$ 100 milhões para os cinco filmes.
Após a confirmação não-oficial de Guillermo del Toro como diretor dos dois filmes de "O Hobbit" (programados para 2010 e 2011) não se sabe como ficará sua agenda e trabalhos relacionados.