Recentemente, ele teve sucesso com seus papéis de Saruman na trilogia “O Senhor dos Anéis” e Conde Dooku/Darth Tyranus nos filmes “Star Wars”. “Eu listo esses – ‘O Senhor dos Anéis’ e ‘Star Wars’ – entre meus filmes favoritos dos quais fiz parte”, disse Lee de Londres durante uma recente conversa por telefone. “Esses filmes me apresentaram para uma nova geração de fãs, muitos dos quais nunca ouviram falar de mim como Drácula ou a criatura (Frankenstein)”.
Televisão ou cinema – não importa para Lee desde que ele considere o roteiro interessante. Este foi o caso com “Adventures in the Secret Service”, um dos oito episódios no conjunto de 9 DVDs da “The Adventures of Young Indiana Jones, Volume Two: The War Years”, recentemente lançado em DVD. O jovem Indiana (Sean Patrick Flannery) se encontra envolvido em um esforço para convencer a Áustria a romper com a Alemanha e fazer paz com a França durante a Segunda Guerra Mundial. Lee interpreta o Conde Ottokar Graf Czernin, que tenta influenciar a decisão do imperador austríaco.
“Me chamou a atenção porque eu estava interpretando uma pessoa real, que viveu realmente”, disse Lee. “Ele era de certa forma uma figura tortuosa e o interpretei dessa forma. A história em baseada em fatos históricos com o Jovem Indiana inserido com rpopósitos dramáticos. Estes filmes do Indiana são como lições reais de história. Me disseram que minha parte na história do Indiana foi a razão pela qual George Lucas me ofereceu o papel nos filmes ‘Guerra nas Estrelas'”, disse Lee. “Não estou certo de quão verdade isso é, mas é uma boa história”.
Lee, que fará 85 anos em Maio, não mostra sinais de estar diminuindo o ritmo. Ele apareceu em “The Golden Compass” (2007) e já encerrou participação em “The Heavy” e “Boogie Woogie”, dois filmes agendados para serem lançados neste ano.
“Eu ainda gosto e estou com boa saúde”, disse Lee. “Eu tenho um problema nas costas mas eu o tenho há nos. Enquanto eu puder completar uma partida de golfe, estou feliz”.
Conde Drácula jogando golfe? Isso mesmo.
Lee é praticamente uma enciclopédia ambulante no que se refere à história do jogo. Ele entusiasticamente lhe dirá que jogou diversos buracos com notáveis como Byron Nelson, Jack Nicklaus e Arnold Palmer. Quando dizem que algumas pessoas podem pensar que ele está se mostrando, Lee ri. “Sim, eu estou”, ele disse. “Temo, contudo, que não tenha tido o prazer de jogar com o Sr. (Tiger) Woods e não estou certo se um dia isso ocorrerá”.
Mesmo tão impressionante quanto seu conhecimento sobre golfe é, ele não se compara com a longevidade da carreira de Lee como ator. Após servir como piloto da Royal Air Force durante a Segunda Guerra Mundial, Lee foi descomissionado em 1946. Ele não tinha idéia do que fazer até que um amigo sugeriu que ele tentasse atuar.
“Eu não queria voltar a trabalhar em um escritório por umas poucas libras, que era o que eu estava fazendo antes da guerra”, disse Lee. “Então eu decidi dar uma chance e atuar. Além disse, meio que é coisa da família”.
Seus bisavôs fundaram a Austrian Opera Company e ele disse que sua mãe foi a maior atriz que nunca pisou no palco. “Ela não era uma atriz profissional”, disse Lee com uma gargalhada, “mas ela podia ser tão dramática sobre tantas coisas da vida”. Lee se juntou à Rank Organization em 1947 e pelos próximos 10 anos apareceu em uma série de papéis no cinema e na televisão. Alguns dos papéis eram bastante pequenos.
“Eu era terrível, no começo”, disse Lee. “Eu não sabia absolutamente nada sobre o que eu estava fazendo. Eu nunca havia aparecido na frente de uma câmera antes. Mas eu estava determinado a trabalhar nisso e gastar todos aqueles anos aprendendo meu ofício”. Sua grande chance veio em 1957 quando ele foi escolhido para atuar como a criatura em “A Maldição de Frankenstein”. Depois disso veio Drácula, a Múmia e numerosos outros papéis em Technicolor para a Hammer.
“Eu sempre serei grato pelos anos na Hammer”, disse Lee. “Eles realmente alcavancaram minha carreira”. Os filmes da Hammer também o colocaram em contato com outro que seria um ícone do horror, Peter Cushing, e os dois foram amigos por toda a vida. “Peter era um ator soberbo que, eu acho, nunca teve o crédito que merecia”, disse Lee. “Ele podia fazer mais em uma cena do que alguns atores durante um filme inteiro”. Cushing morreu em 1994. “Ele era um amigo maravilhos e eu ainda sinto falta dele”.
Lee disse que também é grato pelos 10 anos em que ele trabalhou nas “trincheiras” (em papéis menores). Ele diz que o ajudaram a polir seu trabalho e a estar pronto quanto o sucesso realmente viesse. Ele se preocupa com o fato de que muitos dos atores e atrizes de hoje não têm o benefício de tal treinamento. “Eles pegam tantos jovens inexperientes hoje em dia, colocam-no em um papel e tentam fazer deles estrelas de imediato, em filmes bastante caros” disse Lee. “Não é justo para com eles. Você não pode deixar de pensar quanto tempo eles vão durar”.
Uma das mais queridas lembranças de Lee é ter sido vizinho de Boris Karloff, arguivelmente o primeiro dos grandes ícones do horror durante a época dos filmes sonoros, com suas próprias atuações como a criatura de Frankenstein e a Múmia. Os dois freqüentemente saíam para jantar com as respectivas esposas.
“Tenho certeza de que Boris sabia que eu também tinha interpretado tais papéis, mas ele nunca mencionou isso”, disse Lee. “A única vez que ele disse qualquer coisa sobre Frankenstein foi quando ele me contou o quão difícil era vestir aquele figurino pesado por tantas horas a cada dia. Uma vez eu perguntei a ele sobre Bela Lugosi (que também interpretou Drácula e co-estrelou com Karloff em vários filmes) e Boris apenas balançou a cabeça e disse ‘Pobre Bela. Pobre Bela’. Eu estou certo que ele se referia ao vício em drogas de Lugosi, e outros problemas que ele teve durante sua carreira”.
Tanto quanto gosta de interpretar, ele também tem uma grande apreciação pela história do cinema. Ele cita como seu filme favorito de todos os tempos o “The Night of the Hunter” (1955) estrelando Robert Mitchum e dirigido por Charles Laughton (“Absolutamente brilhante”). Seus outros favoritos são “Path of Glory” (1957) de Stanley Kramer estrelando Kirk Douglas e “The Devil and Daniel Webster” (1941): “É uma chance de ver Walter Huston em seu melhor momento”.
Lee não apenas tem um conhecimento impressionante sobre cinema e golfe, mas é também uma espécie de especialista na obra de J. R. R. Tolkien.
“Eu lembro de ter lido ‘O Senhor dos Anéis’ pela primeira vez nos anos de 1950”, disse Lee. “Eu achava que eles dariam um grande filme, mas tecnicamente eles não poderiam ser feitos naquela época. Eu me via interpretando Gandalf (eventualmente interpretado por Ian McKellen) mas terminei conseguindo o papel de Saruman”.
Destacando que foi anunciado recentemente que Peter Jackson concordou em filmar dois filmes sobre “O Hobbit”, Lee disse que esperava que o “Sr. Jackson” pudesse encontrar um lugar para ele nesses filmes.
“Eu não sei se irá acontecermas eu certamente estaria interessado em fazê-lo”, disse Lee.
Seria surpreendente se Jackson não encontrasse um espaço para Christopher Lee, um homem que tem sido um ícone do cinema ´por mais de 50 anos e continua firmemente a sê-lo.