Capítulo II – Nos Portos Cinzentos
Finalmente, depois de alguns dias de viagem, o navio de Vendeniel podia ser avistado dos portos cinzentos, onde vivia Círdan. As grandes Ered Luin podiam ser vistas imponentes e belas, como grandes ilhas no mar.
– Aqui estamos, Senhora. Atravessamos o mar. – disse Kalimë. – Chegamos num local onde jamais imaginamos que chegaríamos.
– Sim, Kalimë. As Terras do Leste são estranhas para nós, e talvez até hostis, mas só saberemos disso quando aportarmos.
Enquanto isso, Círdan e Galdor olhavam de suas janelas para o navio branco-prateado que se aproximava no horizonte. – É um navio élfico. – concluiu Círdan. – e vem nessa direção. Galdor, peço-lhe que veja quem vem do oeste. Receba-os.
Galdor desceu as escadas e foi para as docas, no porto. O navio de Vendeniel já era bem visível, mas o elfo só podia ver o vulto da vanya na proa. Não via seu rosto, apenas os cabelos louros esvoaçantes e a aura prateada. Quinze minutos depois, o navio chegava no cais, e os marinheiros começavam a ancorá-lo.
– Que ventos trazem elfos de Eldamar para a Terra Média? – perguntou Galdor, quando Vendeniel se virou e ele viu que ela era uma mulher. Ela sorriu e respondeu:
– Eu sou Vendeniel, princesa da ilha de Hennut, perto de Eldamar, e desejo falar com Círdan. Leve-me até ele.
Galdor apressou-se em conduzir Vendeniel até Círdan. Ele a deixou esperando fora da sala enquanto falava com seu mestre. Depois, ele saiu. – Senhora, vocês tem a permissão de Círdan para entrar. – E então eles entraram e viram Círdan, um ancião élfico muito sábio e poderoso.
– Mae govannen, Hiril Athangaear! – Círdan saudou Vendeniel. – Pelo visto não são boas coisas que a afastam de sua terra natal e que a trazem até aqui!
Vendeniel sorriu. – Eu esperava que você pudesse me dizer.
Círdan olhou Vendeniel, e pela primeira vez percebeu a beleza vanya dela. Os olhos azuis, os longos cabelos dourados, a pele branca e delicada, e a brilhante aura prateada. – Então pergunte, Senhora de Além Mar.
– Eu quero saber quem é Sauron. E por que os elfos estão partindo daqui, fugindo para Valinor.
– Sauron é o pior dos inimigos dos povos livres da Terra Média. Ele destrói, mata, corrompe. Ele foi derrotado e subestimado por Isildur de Numenór no passado, mas não foi morto. Ele voltou. O que restou dos elfos aqui está fugindo, amedrontado. Eles temem que a Escuridão volte.
E Círdan contou à Vendeniel a história dos Anéis e das batalhas do passado, mas de uma forma tão nebulosa que a vanya ficou sem entender muita coisa. – Ainda não consigo compreender tudo, Círdan. Há alguém que possa me dizer tudo, contar-me a história toda?
– Talvez. – disse Círdan, passando a mão na longa barba. – Existe perto das montanhas e dôo Rio Bruinen um refúgio. Talvez você já tenha ouvido falar na Última Casa Amiga das Terras do Leste, Valfenda. Lá vive Elrond Meio-Elfo, filho de Eärendil, que poderá lhe explicar esta história melhor.
– Mas até as montanhas… Círdan, é muito longe. Eu preciso chegar lá rápido. Eu vou precisar de cavalos.
– Sim. E com você eu mandarei Galdor, que leva importantes mensagens minhas para Elrond. Vá Vendeniel o Athangaear! – então, Vendeniel e sua comitiva partiram, guiados por Galdor até Valfenda.