Narn Vendeniel – Parte 03

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Escrito por ungoliant

Capítulo III – Cavaleiros Negros

A Comitiva de Vendeniel cavalgava rapidamente. Logo, eles estavam atravessando as colinas das torres, que ficavam na divisa oeste do Condado dos Pequenos. A noite caiu e eles acamparam perto de Grã Cava, mas os habitantes de lá não perceberam. Era realmente muito difícil notar um grupo de elfos viajando a noite. Efos só são vistos se querem ser vistos. No outro dia, partiram muito cedo, com o sol nascendo. Eles pegaram a Estrada do Leste, mas resolveram sair dela para não serem vistos pelos Pequenos. A Comitiva acampou a noite mas dessa vez eles haviam ido para a Terra das Colinas Verdes. Estavam todos em volta da fogueira pequena, acesa só para esquentar os viajantes. De repente, um arrepio subiu pela espinha de Vendeniel e uma sensação de temor tomou conta do seu coração.

 

– Vocês sentiram isso? – ela perguntou, de sobressalto.

– Um arrepio fino e cruel. Há alguma coisa terrível aqui. – disse Fingwë. – esperem que eu verei o que é. – e o elfo aprontou uma flecha no arco e saiu em direção à floresta. Ele andou um tanto, mas depois voltou, assustado. Ele estava sujo nas costas de folhas e gravetos, o que indicava que ele caíra de costas.

Findar foi em direção do irmão- Fingwë! O que aconteceu! Por Varda, você está bem?

– Agora sim. Eu vi aquela coisa que nos assustou. Eu fui andando, querendo escutar alguma coisa, quando de repente alguma coisa veio galopando por trás de mim. Eu o vi, mas acho que o vi numa outra forma. Era pálido e magro, assustador. Como o corpo de um grande rei do passado, mas agora o cadáver está morto e podre. As órbitas eram vazias. E ele tinha um grande anel com uma pedra brilhante na mão esquerda. Veio com a espada, pronto para me golpear, mas eu me joguei no chão com força, e atirei no cavalo dele, mas não sei se acertei o tiro. De qualquer forma, eu não queria ficar lá para ver.

– O que seria aquilo? – perguntou Haryon. – Galdor?

-Não faço idéia. Nunca vi uma coisa dessas. Parece uma espécie de espectro, ou fantasma. Devemos viajar juntos, e vigiar à noite.

Vendeniel foi em direção de onde Fingwë havia ido, mas sem se afastar. – Tenho algumas idéias do que sejam essas coisas, mas uma mais absurda que a outra. Vamos para perto do fogo.

O dia amanheceu e os viajantes começaram a cavalgar de manhã cedo. A visão do cavaleiro havia os perturbado um pouco. Chegaram no rio Baranduin e então resolveram voltar para a estrada. Atravessaram os portões sem que os pequenos percebessem. Á noite já estava chegando quando eles chegaram em Bri. Vendeniel e os Vanyar escondiam sua aura prateada usando capas e capuzes. Chegaram numa estalagem que parecia boa. Na sua placa estava escrito "O Pônei Saltitante", encimado por uma figura de um pônei branco. Ao entrar, um homem gordo e com um bigode saliente os atendeu.
 
– Sim! Pois não?

Galdor falou com ele. – Preciso de um quarto para seis pessoas. Elfos.

O homem arregalou os olhos. – Elfos! Oh, sim, senhor. Eu sou Cevado Carrapicho, estou às suas ordens, senhor…

– Galdor, por favor.

– Sim, Sr. Galdor. Venham comigo. – E Carrapicho levou-os para uma saleta com sofás e poltronas, e na lareira, o fogo crepitava alegremente. Os cinco Vanyar sentaram-se, sem tirar seus capuzes, e o Sr. Carrapicho estranhou. Movido pela curiosidade, ele perguntou. – desculpem-me a intromissão, mas não vão tirar suas capas?

Vendeniel então tirou sua capa e deixou a mostra o rosto perfeito e delicado e os cabelos louros. Ela sorriu quando viu que Carrapicho ficara momentaneamente sem fala.

– Sou Vendeniel, aqui conhecida como Hiril Athangaear. Gostaria que o senhor sentasse conosco e contasse sobre os últimos acontecimentos neste vilarejo.

– Oh, nem fale disso, senhora. – Há duas semanas quatro homens invadiram a minha estalagem. – Fingwë trocou olhares com a prima. – Eles andam rondando a cidade. Quase mataram quatro dos meus hóspedes.

Haryon interveio, tirando seu capuz. – e que tipo de hóspedes seriam estes?

– Hobbits, senhor. – disse Carrapicho. – Pequenos. Acho que o senhor deve ter visto alguns deles ali em baixo. Parecem crianças. Eu não sei por que, mas acho que este hobbit estava sendo seguido por estas coisas. Elas andam por aí em cavalos negros, e usam mantos negros, e por onde passam quem as vê fica com medo. Falaram que elas vinham de Mordor.

– E o que essas criaturas estariam fazendo por aqui? – perguntou Vendeniel.

– Desculpe-me, Senhora, mas isso eu não sei. Mas uma coisa eu sei. Não estão bem intencionadas!
Vendeniel então sentiu que era hora de encerrar a conversa.

– Então, Sr. Carrapicho, traga nosso jantar, por favor.
Quando Carrapicho saiu, Haryon logo ligou os fatos. – Claro! Aquela coisa que atacou Finwë foi um desses Cavaleiros Negros. E eles vêm de Mordor.

– Sim! – complementou Kalimë. – Aonde o Servo de Morgoth vive. Isso significa que podem ter alguma ligação, o Inimigo e essas criaturas.

Vendeniel estava quieta. O tal cavaleiro havia sido visto no local chamado Condado, onde viviam os pequenos, ou hobbits, que fossem. E agora o estalajadeiro dizia que esses cavaleiros haviam tentado matar quatro hobbits desses. Muitas perguntas tomavam forma em sua mente. Com um pouco de sorte, os quatro ainda estariam em Bri. E assim, ela poderia interroga-los, pessoalmente. Logo, o Sr. Carrapicho voltou, com o jantar, acompanhado de um pequeno hobbit.

– Sr. Carrapicho, – disse Vendeniel, – esses quatro hobbits, ainda estão aqui?

Carrapicho respondeu apressado – Não, Senhora. Partiram, no dia seguinte ao ataque. Partiram com um guardião.
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Vendeniel sabia que os guardiões eram o que restou dos numenorianos que haviam vindo para a Terra Média com Elendil. – E por um acaso, com quem ele partiu?

– Passolargo. Não sei o nome verdadeiro dele, mas por aqui é conhecido como Passolargo. Acho que é o líder dos guardiães. E depois que eles partiram um amigo meu chegou aqui, também procurando por um dos hobbits.

Haryon ficou interessado. – E que amigo seria este?

– Gandalf, senhor. – disse Carrapicho, – Gandalf, o Cinzento, o mago. – Haryon trocou olhares com a irmã, pois sabiam que Gandalf era Ólorin, o Maia, que havia vindo para a Terra Média para Manwë e Varda.

– E quem era este Hobbit? – perguntou Vendeniel.

– Frodo Monteiro. – respondeu Carrapicho. – Aliás, Monteiro foi um nome falso. Ele estava sendo seguido. Mas o verdadeiro nome dele era Bolseiro.

Depois que terminaram de jantar e que a maior parte das dúvidas deles haviam sido respondidas, eles foram dormir. No outro dia, levantaram cedo e saíram a cavalo. Ao anoitecer chegavam numa região cheia de colinas, e a mais alta delas era o Topo do Vento, onde ficou uma vez uma alta e imponente torre. Hoje, da Torre de Amon Hên, só restavam as ruínas, coroando sombriamente o alto da colina.

Vendeniel e os outros saltaram do cavalo e sacaram suas espadas. Começaram a rodear a colina. Então, Vendeniel ouviu passos. Havia alguém al
i. Ela pôs seu capuz e foi andando silenciosamente, sem fazer ruído ao andar ou ao respirar, pois os elfos sabem fazer isso. Sim! Ela teve certeza de que viu um vulto. Era parecido com uma criança, da mesma estatura. Ou então… um hobbit! Com alguma sorte esse seria o tal Frodo Bolseiro. Então, andando sem fazer barulho, ela chegou numa clareira onde estava um homem moreno e alto, e três hobbits. O homem, quando a viu, sacou a espada e perguntou. – O que você quer? Quem é você?

– Procuro Frodo Bolseiro. Meu nome apenas a mim interessa.

O homem então se lançou contra Vendeniel, golpeando-a, e a batalha que se seguiu foi violenta. No final, Vendeniel derrubou o homem e teve a oportunidade de lhe por sua espada no pescoço. Mas ela já havia adivinhado tudo.

– Não precisa temer. Não vim de Mordor, Passolargo. – disse Vendeniel e ela tirou então seu capuz e deixou a vista seu rosto de beleza élfica. – Agora, para começar, gostaria de saber seu nome verdadeiro, pois acho que não é bom eu lhe tratar por este apelido pejorativo que lhe foi dado por um estalajadeiro de Bri.

Passolargo riu. – Não acho que o Inimigo enviaria uma horda de elfos. Mas estou em desvantagem, pois você sabe quem sou, eu quero saber com quem estou falando.

Vendeniel guardou sua espada e assim deixou à vista suas roupas branco-prateada, e então sua aura emanou um brilho pálido. – Im Vendeniel, Hiril Athangaear!

– Então Senhora de Além Mar, eu sou Aragorn, filho de Arathorn. – disse o homem, guardando sua espada. – agora, eu tenho imenso interesse em saber por que uma Senhora Élfica de Valinor veio para a Terra Média.

Vendeniel sorriu. – Vim para ajudar, pois a guerra é iminente. E trago comigo as bênçãos de Elbereth. Agora, você não me ajudou. Eu procuro Frodo Bolseiro.

– Ele partiu. – disse Aragorn. – Fomos atacados por Nazgûl, e Frodo foi esfaqueado com uma faca de Morgul. Ele foi levado para Valfenda por Arwen Undómiel, filha de Elrond. – Vendeniel supôs logo que Nazgûl deveria ser o nome daqueles Cavaleiros.

– Valfenda! – disse Vendeniel jovialmente. – É exatamente para onde estamos indo.
Aragorn sorriu. – Então, Senhora, não se importaria de nos levar a cavalo até lá?

– Por que me importaria?- disse Vendeniel. – Vamos! Suba que eu te levarei na garupa. Agora, acho que não fui apresentada a esses hobbits…

Um dos hobbits se adiantou e fez uma grande reverência. – Eu sou Meriadoc Brandebuque, mas as pessoas me chamam de Merry, este é meu primo Peregrin Tûk, conhecido como Pippin e este aqui é Sam Gamgi.

– Então, pequenos mestres, montem com os outros, e chegaremos em Valfenda.
Vendeniel virou e correu com seu cavalo. Ela galopava na maior velocidade possível, e havia reposto seu capuz para esconder sua aura.

– Então, Senhor Aragorn. – disse Vendeniel. – gostaria muito de saber certas coisas, como por exemplo, o que são estes Nazgûl.
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– Há muito tempo atrás, Sauron, o trapaceiro, corrompeu nove reis dos homens mortais, dando-lhes anéis de poder. Os anéis os dominaram e eles se tornaram espectros, a favor de Sauron. Eles não estão nem vivos nem mortos, são os Espectros do Anel.

– Sim… – disse Vendeniel. – E agora, algo me leva a crer que este hobbit leva algo muito precioso, ou poderoso, ou ainda as duas coisas. Algo que Sauron deseja.
Aragorn ficou sério. – Acho que não esta não é a hora e o local mais apropriado para falarmos disso. Lhe contarei o que quiser saber sobre este fardo que o hobbit carrega.

– Sim, eu entendo. – disse Vendeniel. – Têm medo dos tais Nazgûl. Eu tive a infelicidade de encontrar um deles no meu caminho. Não são agradáveis. E pelo que sei, por eu ser uma princesa dos altos elfos Vanyar, eu posso vê-los como eles são. Meu primo Finwë os viu assim. Pálidos, cadavéricos. Terríveis. Então, se estaremos seguros em Valfenda, que cheguemos lá o mais rápido possível. – então acariciou o cavalo e disse baixo para o animal. – Noro lim, noro lim!

O cavalo de Vendeniel apressou sua corrida e os outros assim fizeram. Então, lá longe, perto da linha do horizonte, eles puderam ver um rio, que pelo visto parecia cheio e violento. – Vendeniel! Aquele é o Bruinen, o rio de Elrond! – disse Aragorn, com um tom de euforia na voz – Mas está cheio e turbulento. Não posso imaginar o que há! – e imediatamente os pensamentos de Aragorn caíram em Arwen, que deveria estar atravessando o rio.

Ao chegar no Bruinen, ele estava mais calmo. Puderam passar com os cavalos pela água, mas podiam ver que a terra na margem estava muito molhada, e que inclusive algumas árvores menores e frágeis da beira do rio haviam sido arrastadas. Mas nenhum sinal de Arwen ou dos Cavaleiros Negros. Entraram em Valfenda e encontraram um cavalo branco, com as patas até a altura dos joelhos molhado e sujo de barro. Aragorn pulou do cavalo, e logo em seguida, uma elfa veio em sua direção. Vendeniel levantou o capuz e desceu do cavalo.

A moça que veio era muito bela. Tinha olhos cinzentos que carregavam a sabedoria de longos anos vividos, os cabelos negros, longos e lisos, e vestia-se de cinza, com uma espada presa no cinto. Quando encontrou Aragorn, ela se jogou nos braços dele.

– Por Elbereth, você está bem! Mas chegaram aqui depressa. Mais depressa do que chegariam andando. – disse a moça.

Aragorn perguntou – Arwen, onde está Frodo? O que houve no vau? Vimos o rio cheio.

Arwen baixou a cabeça. – Meu pai está fazendo o possível para curar Frodo. Eu atravessei o vau, mas os nove estavam atrás de mim. Consegui atravessar o rio, e quando os nazgûl estavam no meio dele, convoquei o poder do meu povo para que uma enchente descesse. Obviamente eles não morreram, mas os cavalos se afogaram, e acho que isso os impedirá de agir por um tempo. – ela ergueu a cabeça e seu olhar parou em Vendeniel. – Quem é você?

– Arwen, – disse Aragorn – ela me trouxe até aqui. Veio de Valinor, para nos ajudar.

Vendeniel baixou o capuz e afastou a capa, deixando à vista seu rosto e suas vestes brancas. – Eu sou Vendeniel Athangaear, Senhora. Vim em nome de Varda para ajudar os povos livres da Terra Média.
Arwen sorriu. – Se você e seus amigos vieram em nome de Varda, são muito bem vindos. Mas agora, eu acho que todos vocês devem estar com fome e cansados. Venham, descansem!

Eles seguiram Arwen pelos belos corredores da casa de Elrond, e a Senhora Estrela-Vespertina providenciou que um almoço fosse servido para eles. Vendeniel ficou espantada ao ver os hobbits. Era a primeira vez que realmente via um daqueles de perto, e se surpreendeu quando viu que eles comiam muito. Mas nenhum sinal de Frodo, nem de Elrond. Então, um homem veio descendo, um homem velho e vestido de cinza, com olhos claros e sobrancelhas grossas. Aquele era Gandalf, o Cinzento, que em Valinor era Ólorin, enviado por Varda, como Vendeniel.

– Sr. Gandalf! – disse Sam. – por que o senhor não se encontrou com o Sr. Frodo em Bri, teria evitado muitos problemas!

– Samwise Gamgi! Um mago sempre tem seus motivos para se atrasar! E não desejo falar sobre eles agora, haverão
locais e momentos mais apropriados para se discutir sobre isso.

– Mas… – disse Merry – e Frodo? Você deve saber como ele está.

– Elrond está fazendo o possível para salvá-lo. – E Gandalf parou seu olhar sobre Vendeniel, e Aragorn explicou (com a ajuda de Galdor) tudo o que conseguiu sobre a Vanya.

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