Podia ter ficado em segurança, navegando em seus mares calmos, com seus pais. Mas tinha se arriscado até chegar na Terra Média. E não sabia se voltaria para sua casa, e além do mais havia feito seu irmão e seus amigos arriscarem suas vidas também.
Além do mar,
Tu irás encontrar
Seu próprio caminho
Sua sina, seu destino
Longe de casa, longe do lar
Na esperança de um dia poder voltar
Aquelas palavras brotaram da boca de Vendeniel, como se ela transformasse seus pensamentos em poesias.
– Não, eu não sabia que não estava só. – sorriu Vendeniel.
O elfo parecia sem graça. – Desculpe-me, mas eu a vi por entre as árvores e a ouvi cantar. – Sua voz me pareceu muito triste.
– Não há por que se preocupar. Eu estou bem. – disse Vendeniel.
Ele então sorriu. – Ótimo, então. Mas eu ficaria imensamente grato se me dissesse seu nome.
– Eu sou Vendeniel, filha de Fánethar. Vim de terras distantes, além do mar. – disse Vendeniel, sorrindo. – Agora, eu gostaria de saber com quem falo.
– Também não sou de Valfenda, Senhora Vendeniel. Meu lar é além das montanhas, na Floresta das Trevas. Eu me chamo Legolas, e sou filho de Thranduil.
Vendeniel sorriu – Então, Legolas, muito me agrada uma companhia.
Legolas e Vendeniel ficaram amigos rapidamente. Eles conversavam muito, e um sempre aprendia com o outro. Vendeniel contava para Legolas sobre Valinor e ele sobre a Terra Média.
Durante o banquete, houve música e festa, e Vendeniel viu quem era o tal Frodo. Era um hobbit, um pouco mais alto e troncudo que os outros. Tinha grandes olhos azuis e ficou um pouco constrangido ao ver que a elfa lhe olhava. Vendeniel apenas sorriu, enquanto conversava com Kalimë, mas seu olhar logo foi desviado na direção de Legolas, que conversava com Aragorn.
No outro dia, Elrond convocou Vendeniel e Haryon para um conselho, no qual estariam presentes muitas pessoas importantes, e ali se decidiria o destino da Terra Média. Chegando ao local, Vendeniel via de relance algumas pessoas: Frodo, e um outro hobbit mais idoso, Gandalf, Aragorn, Galdor, Legolas, dois anões, um que era muito velho e vestia roupas brancas suntuosas e outro mais jovem, que estava com armadura e machado, além de vários elfos e também um homem, que aparentava ter chegado de muito longe, mas Vendeniel não gostou dele. Também não se sentiu desconfortada ao ver que era a única mulher presente, estava acostumada a isso. Havia se sentado à uma cadeira perto de Elrond, na parte à esquerda na sala. Ao seu lado esquerdo estava Haryon e à sua direita estava Legolas.
– Estamos aqui por que precisamos resolver o que faremos. O destino da Terra Média está em nossas mãos. – disse Elrond. E o Meio-Elfo começou a narrar os fatos conhecidos da história, desde à forjadura dos Anéis de Poder até a Última Batalha nas fendas da perdição. – Naquele momento, quando Gil-Galad caiu, eu estava ao seu lado, e disse à Isildur que jogasse o Anel no fogo. Mas ele não me ouviu. Ele o tomou para si próprio e isso foi sua ruína. Quando Isildur e sua comitiva passavam pelos campos de Lis, foram atacados por Orcs. Isildur tentou fugir usando o Um Anel para se tornar Invisível, mas o anel o traiu, escorregou de seu dedo e o tornou visível, e assim Isildur morreu. O anel permaneceu lá: escondido por muitos anos, até que Sméagol, que descendia de uma espécie de hobbits, o achou e foi possuído pelo seu poder. Ele viveu muito tempo escondido nas montanhas, e o anel traiu Sméagol, que agora era chamado de Gollum, e veio parar nas mãos do Sr. Bilbo Bolseiro, que agora deverá explicar para nós como conseguiu o anel.
Bilbo, o hobbit idoso ao lado de Frodo contou que havia achado o anel por sorte, mas que sem querer o usara e impedira Gollum de o matar, e assim salvando-se e encontrando uma passagem nas montanhas. Depois Gandalf contou como descobriu que o Um Anel era o anel de desaparecer de Bilbo. E Gandalf narrou também outras coisas, mais tristes.
Ele contou que fora à Isengard, se aconselhar com Saruman, o Branco, o maior dentre os magos do conselho branco. Mas Saruman foi corrompido pelo poder que o anel e que Sauron oferecia, e agora possuía em sua morada maquinários e câmaras de forje, onde possuía um exército de meio-orcs para atacar a Terra Média. Gandalf fora ameaçado e preso no alto do pináculo de Orthanc, e escapara pois Gwahir, o Senhor dos Ventos, o salvara. Quando Gandalf terminou, olhou para Frodo, e Elrond também fez o mesmo.
– Agora, Frodo, peço que nos traga o Anel. – Frodo olhou tímido para as pessoas do conselho, e então pôs sobre a mesa do centro um pequeno anel dourado, muito bonito, mas sem pedras ou inscrições.
De repente, o anão mais jovem se levantou. – Então, o que esperamos, vamos destruí-lo! – disse ele e golpeou com seu machado o Anel. Vendeniel prendeu a respiração e olhou atônita para o Anel: Nenhuma avaria. O machado se estilhaçara.
– Nenhuma arma mortal pode destruir o Um Anel, Gimli, filho de Glóin. – disse Elrond – A única coisa que o destruirá é o fogo de Orodruin, a montanha da Perdição. Para que ele seja destruído, deve ser jogado no fogo. E nós devemos escolher quem deve o levar.
Então, o homem estranho riu. – Isso é tolice! – disse ele. – Vocês são loucos, não se deve destruir a arma do inimigo! Vocês não percebem? Isso é uma dádiva, um presente dos céus! Nós podemos usá-lo para destruir Sauron.
Aragorn ficou impaciente. – Você não ouviu nada do que o mestre Elrond disse, Boromir de Gondor? O anel só pode ser usado por Sauron, e tudo o que ele faz se torna mau.
Boromir olhou com desprezo para Aragorn, que trajava vestes surradas e sujas. – E quem é você para me dizer isso?
– Ele é Aragorn, filho de Arathorn, – disse Legolas, – herdeiro de Elendil, e tem direito aos tronos de Arnor e Gondor.
– Legolas… – tentou dizer Aragorn.
– Gondor não tem Rei. – diss
e, desdenhoso, Boromir. – Gondor não precisa de rei.
Elrond interveio. – Não iremos discutir sobre o Trono de Gondor. Temos que escolher um portador para o anel.
Gimli, o anão, levantou-se. – Mas um elfo não é confiável para tal tarefa! Eu não deixarei um elfo tocar no Um Anel.
– E você, mestre Anão, se acha digno de tal tarefa? – disse Legolas. Nesse momento uma discussão sobreveio ao conselho. Elrond e Gandalf tentavam acalma-la, mas em vão. Nisso, Boromir começou a discutir com Aragorn e Vendeniel tentou interver, enquanto Haryon participava da discussão elfos/anões.
– Saia daqui! – disse Boromir para Vendeniel. – O que uma mulher entende de guerras?
Vendeniel perdeu a calma. – Acho que muito mais que o senhor, Boromir de Gondor! Eu não atravessei os mares para ouvir um humano tolo me insultar.
– E eu não viajei pelas montanhas por um mês para ver uma mulher se igualar à homens!
Então, uma voz fraca falou, sobrepondo-se às outras:
– Eu vou! Eu levarei o anel para a Montanha de Fogo! – Quando Vendeniel virou-se, ela viu que quem dizia isso era Frodo. Sim, o pequeno hobbit se dispunha para uma tarefa difícil e arriscada. Gandalf fechou os olhos e Elrond suspirou. – Então vá, Frodo, por que este fardo é seu, e de ninguém mais.
– O caminho é arriscado, Frodo. – disse Aragorn. – Mas se na vida ou na morte puder protege-lo, assim o farei. Você tem a minha espada.
Legolas sorriu e foi até Frodo. – E o meu arco.
– E o meu machado. – disse Gimli, andando até o hobbit.
Então, um hobbit veio correndo do local onde estava vendo o conselho escondido. Era Sam. – Ei! Eu então irei com você, mestre, Sr. Frodo!
Elrond sorriu. – Sim, Sam, você irá. Por que você não pode ser separado de seu mestre, nem quando ele é chamado para um conselho secreto e você não. – Então os dois outros jovens, Merry e Pippin, vieram correndo de esconderijos, e também se juntaram ao grupo.
Boromir se levantou. – Então, se este é o destino do anel, que assim seja, mas eu ajudarei você Frodo.
E então Gandalf veio. – Eu espero que me permita ser seu guia novamente, Frodo.
– E assim está formada a comitiva do portador do Anel, com nove membros que se opõe aos nazgûl. Aqui está a Sociedade do Anel. – disse Elrond, olhando orgulhoso do grupo.
– Legal! – exclamou Pippin. – E… Aonde nós vamos?