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Narn Vendeniel – Parte 07

Capítulo VII – A primeira batalha

Não muito longe dali, Aragorn recuperava-se de uma queda que sofrera durante uma batalha com um warg. Ele achara um cavalo e estava montado agora. Havia visto as tropas de Saruman marchando. Deveriam haver mais de dez mil orcs, meio-orcs e bárbaros da Terra Parda. Aragorn cavalgava rápido, pois deveria chegar ao Abismo de Helm antes dos inimigos. Lá longe, porém ele viu um grupo se aproximar a cavalo. Tentou fugir, mas o grupo o interceptou. Aragorn cavalgou o mais rápido que pode, mas o grupo avançava rápido e quando eles estavam bem próximos, o mortal ouviu uma voz suave e cristalina.

 

– Ai na vedui Dúnadan! Mae govannen!

Aragorn parou e viu quem vinha atrás dele. Era Vendeniel, acompanhada de sua comitiva, mais Elladan e Elrohir! – Depois disso ninguém mais pode dizer que milagres não acontecem. – disse ele, aliviado. – Vamos, sigam-me e se apressem. Explicarei no caminho! – Os outros seguiram Aragorn. – É uma graça de Elbereth vocês terem aparecido. – disse Aragorn. – Nós saímos de Moria sem Gandalf, e em Lórien pegamos barcos, e viemos com eles até o Tol Brandir.
– Vimos os restos do seu acampamento. – disse Haryon.
– Frodo e Sam resolveram ir para Mordor, mas orcs de Saruman nos atacaram. – continuou Aragorn. – Boromir morreu e Merry e Pippin foram levados pelos orcs. Eu, Legolas e Gimli os seguimos até Fangorn. Lá encontramos Gandalf, que ressuscitou e nos ajudou. Fomos até Edoras e avisamos Théoden.
– Então Elladan estava certo. Ele previu que você faria isso. – disse Vendeniel.
Aragorn sorriu. – Mas Théoden estava possuído por Saruman, que o controlava. Gandalf o ajudou e o aconselhou a fugir para o Abismo de Helm. Mas no meio do caminho fomos atacados por wargs, e eu caí no precipício. Sorte minha haver um riacho ali, se não eu teria morrido. Achei o cavalo e vi o exército de Saruman.
Vendeniel ficou séria. – Quantos?
– Cerca de dez mil orcs, meio-orcs e bárbaros. Na velocidade em que vão, alcançarão o Abismo ao anoitecer. Precisamos ser rápidos! Noro lim, noro lim – disse Aragorn, apressando o cavalo.
Chegaram na fortaleza do Abismo de Helm e entraram. Logo que entrou, Vendeniel olhou para todos os lados na esperança de ver Legolas, mas não o achou. Com a roupa escondendo sua aura, ela passou as rédeas do cavalo para os homens do portão e olhou em volta: centenas de pessoas espremidas em escadas, torres e tudo mais: em sua maioria, mulheres e crianças, mas haviam homens também, a maioria ou muito jovem ou muito velha. Aragorn foi em direção de alguém e o abraçou. Era Legolas! Ele passou para Aragorn uma pequena corrente. Vendeniel, oculta pelo povo, não foi notada. Ela se dispersou de sua comitiva e foi atrás de Legolas.

O elfo estava numa sala, procurando um colete de malha. Ele não reparou que Vendeniel entrou, pois estava de costas para a porta e a elfa não fazia barulho ao andar.
Vendeniel falou num sussurro. – Pelo visto, está em dúvida.

Legolas se virou e quando viu a elfa ali, a abraçou fortemente e a beijou. – Esse é o maior presente que eu poderia ter ganhado!
– Eu tive tanto medo… Pensei que pudesse ter acontecido alguma coisa com você… – e Vendeniel contou tudo o que havia acontecido nos últimos dias: a partida de Lórien, o encontro com Aragorn.
Legolas então a abraçou novamente. – Que lástima eu não ter lhe reconhecido lá fora. Em meio a tantas pessoas, e a dama mais bela do mundo escondendo-se com uma capa e capuz.
– Acho que minha aura causaria muito transtorno. Mas agora devemos nos preparar! Segundo Aragorn, uma tropa de dez mil à comando de Saruman marcha para cá!
Legolas ficou sombriamente sério. – Dez mil! Somos apenas trezentos… quatrocentos no máximo!
Vendeniel o acalmou beijando-o. – Acalme-se! Vamos, eu desejo falar com Théoden.
Legolas a levou até onde Théoden estava. Aragorn já estava lá, e pelo visto, acabara de dizer ao rei o que vira. O Senhor dos Cavaleiros estava extremamente angustiado. Vendeniel tirou seu capuz e foi até ele. Chegando em frente à cadeira onde Théoden estava, ela reverenciou-o e ele olhou espantado.
– Rei Théoden – disse Aragorn, – aqui há uma aliada valorosa. Esta é Vendeniel de Hennut, Além Mar. Veio para a Terra Média para ajudar os povos livres na luta contra Sauron, e evidentemente, contra Saruman.
– Estou pronta para batalhar, majestade. – disse Vendeniel.
Théoden olhou para a moça. – Não, eu não posso deixar uma mulher lutar. Você irá para as cavernas, então. Proteja os que estão lá, esta será sua tarefa.
Vendeniel suspirou. – O senhor não me compreendeu. Eu não pedi permissão para lutar. Eu vim avisar que vou lutar.
– Controle sua audácia, Hiril Athangaear! – disse Théoden.
Vendeniel estava com raiva. Virou-se e saiu. Aragorn tentou converter a situação. – Vendeniel é uma guerreira experiente. Traz consigo seis outros bons guerreiros élficos. Não é uma ajuda que se pode recusar, majestade. Gandalf lhe diria isso, se estivesse aqui.
Théoden olhou para Aragorn. – Então eu confiarei em você, Aragorn. Diga à moça que ela pode lutar, então.
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Legolas escondia, mas também se sentia mais aliviado em Vendeniel ficar fora da luta. Ele temia por ela, mesmo sabendo que era uma boa guerreira. Aragorn então veio de dentro da sala. – Théoden não sabia quem você era, Vendeniel. Eu falei com ele e lhe expliquei a situação, e ele falou que não irá impedir-lhe de lutar.
Vendeniel sorriu. Tirou a bainha de sua espada do cinto e pôs o punho da espada na mão de Aragorn. – Então, ponho-me à sua disposição, Aragorn, herdeiro de Isildur e Rei de Gondor!

Depois disso, todos foram se preparar para a batalha. Vendeniel disse aos outros que fora falar com Théoden, e isso não era uma mentira por inteira. Foram até a sala onde estava o arsenal. Mas os elfos que vieram com Vendeniel já possuíam seus trajes de batalha: cada um dos vanyar possuía uma armadura dourada e uma capa azul. Vendeniel arrumou um arco que ganhara em Lórien e prendeu sua espada na bainha.

Elladan e Elrohir pegaram coletes de malha e elmos, cada um, e eles possuíam lanças e espadas. Aragorn e Legolas também não tiveram problemas com as cotas de malha, já Gimli… O colete ia até seus pés e sobrava meio metro depois das mãos. O anão optou por ficar com sua armadura habitual e escolheu para si um elmo.
Á noite, todos já se preparavam: as mulheres e crianças foram para as cavernas, lideradas por Éowyn, a sobrinha do rei. Todo homem ou rapaz que pudesse carregar uma arma foi requisitado também. Vendeniel ficava horrorizada ao ver meninos com armaduras, as mães desesperadas e sendo levadas para as cavernas.
Mas às oito horas aconteceu uma coisa inesperada. Um grupo veio marchando e parou nos portões. Eram mais ou menos duzentos e estavam vestidos com capas cinzentas e ostentavam estandartes élficos. Vendeniel, sua comitiva, Aragorn, Legolas, Gimli, Elladan e Elrohir foram então até Théoden. Aqueles eram elfos, de Lórien, Valfenda e dos portos, todos os que Círdan, Elrond e Galadriel puderam reunir. Eram liderados por Haldir de Lórien. Ele parou em frente a Théoden.
– Salve Théoden, Rei de Rohan! – dizia Haldir. – Que nesses dias escuros possamos mais uma vez criar uma aliança entre elfos e homens para o bem da Terra Média!
Depois de falar com Théoden, foi até Aragorn, e os dois conversaram um pouco. Depois, Haldir comandou os elfos até a muralha e agora eles eram suficientes para protege-la. O silêncio era mortal, o exército de Saruman chegaria a qualquer hora. Começou a chover. A chuva era forte e machucava seus rostos. As auras dos Vanyar emanavam um brilho pálido e fraco. Os relâmpagos iluminavam o horizonte.
De repente, barulho de pesadas botas e armaduras tinindo. Um relâmpago anunciou a chegada dos orcs no horizonte. Haryon pegou o estandarte de Vendeniel e o ergueu o mais alto possível. Aragorn falava em élfico para que os elfos o entendessem.
– Dail ú chyn. Ú-danno i failad a thi; an úben tannatha le failad!( Não mostrem compaixão, pois vocês não receberão nenhuma) – Ele dizia.
Os elfos respondiam. – Gurth an Glamhoth! (Morte à horda do alarido!)
Os orcs chegaram perto e começavam a bater as armaduras e fazer um barulho insuportável. Os grunhidos e palavras em sua língua nojenta enchiam o ar.
A voz de Aragorn levantou-se, alta e imponente, como um trovão. – Dartho! (Esperem!). – Mas não adiantou falar. Um rohirrim que fazia a mira do alto da Torre de Menagem, em seu nervosismo disparou. Conseguiu acertar um dos orcs na cara. Os outros, então, partiram. Aragorn então continuou. – Leithio i philinn! (Atirem as flechas!)
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Os elfos, inclusive os de Vendeniel, atiraram. Os tiros eram perfeitos. Os orcs vieram com suas lanças e miraram. Os elfos atiravam para detê-los. Mas quanto mais eram mortos, mais vinham. Em desespero, Vendeniel gritou e sua aura explodiu em luz, e seu grito encorajou os elfos:
– A Elbereth Gilthoniel o menel palan-diriel, le nallon sí di-nguruthos! A tiro nin, Fanuilos!

Mais flechas élficas acertavam os orcs. Então, eles vieram com escadas. Os elfos guardaram seus arcos e sacaram as espadas. A espada de Vendeniel brilhava, e ela parecia maior e imponente, terrível e cruel.

– Herio! (Comecem!) – veio a ordem de Aragorn e logo milhares de orcs e pedaços de escada caíam. Gimli, que não conseguia enxergar pela ameia, estava se mostrando eficiente com seu machado. Legolas arranjara duas espadas e golpeava os orcs o mais rápido que podia. Vendeniel, assim que pode, tomou uma espada de um inimigo e usava as duas. Como Varda dissera, os inimigos temeriam Hennut Nárë e os aliados sentiam sua coragem renovada.
À uma ordem de Aragorn, os elfos desceram e abandonaram a muralha. Os orcs tentavam agora forçar o portão. Gimli e Aragorn tentaram detê-los, e conseguiram. Mas Helm tinha um defeito: um único ponto fraco. Uma abertura de meio metro, que servia para a passagem de água. Saruman criou uma espécie de feitiço maligno e os orcs colocaram um barril cheio de um pó preto na abertura do dique. Aragorn percebeu o que ocorria, mas era tarde demais. Ele só conseguiu dizer:
– Am Marad! Am Marad! Haldir, am Marad! (Para a Torre de Menagem! Para a Torre de Menagem! Haldir, para a Torre de Menagem!)
Os orcs explodiram a muralha e agora a salvação era a Torre de Menagem. Na fuga desesperada, uma flecha atingiu Findar, que precisou ser carregado por Haryon e Fingwë. Haldir ficara para trás, com os orcs. Um ataque repentino de uma cimitarra veio por trás, e acertou a cabeça de Haldir, que caiu morto imediatamente. Aragorn correu para salvar o corpo do elfo, e quase foi morto, se não fosse Gimli salvar sua vida.
Já a salvo, Vendeniel examinava o ferimento do primo. A flecha devia ter algum tipo de substância química, e acertara Findar por trás, na altura do pulmão. Ele não sobreviveria por muito tempo.
– É culpa minha. É tudo culpa minha. – murmurava Vendeniel.
Findar sorriu. – Não. Eu lhe segui por que quis, você não me obrigou. Você sempre me foi muito cara. – ele respirava com dificuldade e de repente fechou os olhos.
– Findar! – dizia Vendeniel, aflita. – Findar, acorde. Por favor. – quando ela percebeu que a respiração do seu primo parara e que o pulso também, ela se deu conta. – Estë! Estë! – Em seu desespero, começava a chamar o nome da Vala da Cura.
Nada mais adiantava fazer. Aragorn tentava cuidar dos feridos. Agora a vitória parecia muito distante. Vendeniel levantou-se e enxugou as lágrimas. – Agora, se temos que morrer, que seja com honra.
Théoden vinha chegando e vendo os feridos. – Aragorn, Vendeniel. Eles estão tentando arrombar a Torre. Cavalguem comigo, seja para a vitória ou para um fim glorioso.
Eles conseguiram os cavalos. Ao centro vinha Théoden, ladeado por Aragorn e Vendeniel, e depois vinham também Legolas, Elladan, Elrohir e a comitiva de Hennut. Gimli correra para o alto da torre e soprava a corneta do forte, que ecoava e respondia nos abismos. Os orcs estavam arrombando a porta. Eles entraram e o cavalo de Vendeniel empinou.

– A Elbereth Gilthoniel! A tiro nin, Fanuilos! – disse ela e então eles avançaram, derrubando os orcs. Desesperados, talvez pela aura de Vendeniel e pelo brilho de Hennut Nárë. Os cavaleiros desceram e saíram, indo pela ponte do Forte. Mas ao sair, haviam muitos orcs, milhares, dezenas de milhares. Ouviu Théoden dizer ao seu lado:

– Morreremos com honra! – Nesse momento, estava próximo o amanhecer. Logo o sol apontaria no leste. Mas aqueles orcs eram aperfeiçoados por Saruman: podiam andar à luz do sol sem se preocuparem. Aragorn repentinamente olhou para o leste. Podiam ver pessoas subindo a cavalo por uma das íngremes paredes do abismo, no exato momento da aurora. Vinham liderados por um Cavaleiro Branco, que segurava um cajado. Gandalf! E tinha trazido reforços! Com a coragem renovada, os rohirrim que estavam dentro do forte saíram e partiram para a batalha. Destruíram os orcs, cujos corpos foram postos em uma fogueira e queimados.
Depois de tudo, as mulheres saíram das cavernas, e todo o povo de Rohan estava feliz, pois haviam vencido! Mesmo com a conta dos homens que vieram Gandalf, o número de guerreiros não chegara a mil. Reunidos numa sala do Forte, estavam aqueles que cavalgaram com Théoden, mais Éowyn, Gimli, Gandalf e Éomer, sobrinho de Théoden, mas que fora banido de Rohan pois ameaçara de morte o servidor de Saruman em Edoras, Gríma (que era mais conhecido como Língua-de-Cobra).
Éowyn serviu vinho na taça de Théoden, e disse – Ferthu Théoden hál! – em sua pr&oacut
e;pria língua, e todos repetiram a saudação. Mas Vendeniel apenas ergueu sua taça, mas não disse nada.
Dessa vez, estava numa ponta, ao lado de Théoden. À sua frente estava Gandalf, ladeado por Aragorn, e ao seu lado, Legolas. Quando ela pousou sua mão sobre a perna, sentiu que Legolas pôs a mão dele por cima da dela, e que a acariciava. Sorte de Vendeniel que Haryon estava entretido numa conversa com os filhos de Elrond e não percebeu. Mas alguém viu o discreto gesto. Aragorn percebeu, mas sorriu, indicando que não daria uma palavra sobre aquilo. Depois da refeição, Gandalf e Théoden resolviam o que fariam.
– Devemos partir para Isengard. – dizia o mago. – imediatamente. Tenho algumas coisas para falar com Saruman.
Théoden então disse. – Eu irei com você.
– Se então quer ir, vá. – disse Gandalf. – mas não podemos demorar muito.
Então partiram para Isengard Théoden, Éomer, Gandalf, Aragorn, Gimli, Elladan, Elrohir, Vendeniel, sua comitiva e mais dez cavaleiros. Partiram logo após comerem e cavalgaram a toda velocidade. No final do primeiro dia chegaram ao rio Isen, e podiam ver uma fumaça no Nan Curunír, o Vale do Mago.
– Estou pensando no que Saruman está preparando para nos receber. – disse Aragorn, olhando a fumaça. – isso definitivamente não é normal.
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