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Narn Vendeniel – Parte 09

Capítulo IX – À caminho das Fendas dos Mortos

    Na outra manhã, Éowyn já lhes esperava. Ela conversava com Aragorn, e enquanto isso, Vendeniel aproveitou para falar com Haryon.

 
    – Haryon, – disse ela para o irmão, que estava sozinho. – Se eu resolvesse não voltar para casa, o que você faria?
    Haryon sorriu. – E por que você não voltaria?
    Vendeniel suspirou. – Por que eu sinto que o meu lugar é este. Eu, eu estou… eu amo alguém que é daqui, e este amor é tão forte que eu não conseguiria ir para Hennut e deixa-lo aqui.
    – Minha irmã querida – disse Haryon, abraçando-a – Quem é ele, Vendeniel? É Legolas, não é? – Vendeniel não falou nada. – Eu ficarei triste em ter que partir e deixa-la, Vendeniel, mas, eu não posso separa-la dele, se você o ama.
    – Eu sentirei a sua falta… – disse ela.
    – Eu também. Mas nós devemos seguir nosso destino. E um dia você vai voltar para o oeste, então não será uma despedida definitiva. Ele parece também gostar de você. Eu já desconfiava, eu vi como ele lhe defendeu quando Saruman lhe insultou. Mas que fique claro que eu não tenho nada contra ele! – Haryon beijou a testa da irmã e saiu.
    Vendeniel estava sozinha, e Legolas apareceu. Ele a beijou. – O que houve? Porque você está assim, melancólica?
    – Eu falei com Haryon. – respondeu ela. – Ele disse que não tem nada contra nós, mas mesmo assim, eu sempre fui muito próxima do meu irmão.
    – Eu entendo você. – disse Legolas. – Mas pense por outro lado, nós vamos ficar juntos! Quando isso tudo acabar, eu vou me casar com você, e eu te amarei para o resto da minha vida. – Vendeniel o beijou, e o abraçou, procurando consolo.
    – Legolas! – Alguém chamava Legolas e estava vindo. Era Gimli. Ele viu Vendeniel e Legolas abraçados, mas não falou nada. – eu estava procurando vocês. Venham, está na hora de uma refeição decente. E, hum, desculpe ter incomodado.
    Eles entraram no salão e comeram. Haryon sorriu para Vendeniel quando ela entrou, e ela sentou-se ao lado do irmão. Ninguém falou muito enquanto comia, mas no meio da refeição entrou um homem e falou com Éowyn.
    – Senhor Aragorn. – disse ela. – Há uma comitiva de homens procurando pelo senhor, estão lá fora, no portão.
    Todos se levantaram e foram até a ameia da torre de Menagem. Eram trinta homens, todos vestidos de cinza. Um deles parecia ser o líder, carregava um embrulho no braço. Aragorn foi até ele.
    – Quem são eles? – Perguntou Éowyn.
    Legolas olhou para os homens e respondeu. – Parecem muito com Aragorn. São Dunedain do norte. Os parentes de Aragorn vieram para a guerra! – O homem que falava com Aragorn sorriu e entregou o embrulho para ele. Era um estandarte, com o símbolo da Árvore Branca. Aragorn convidou-os a subir.     Quando ele passou perto de Vendeniel, sorriu, e falou baixo "Arwen". Arwen havia feito o estandarte para Aragorn.
    – Este é Halbarad. – disse Aragorn. – É meu parente. Veio com os Dunedain do Norte para a guerra.
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    Todos entraram com Aragorn, de modo que Vendeniel ficou sozinha com Éowyn perto das ameias.         Éowyn suspirou. – A Senhora tem sorte.
    Vendeniel sorriu. – Por quê eu haveria de ter sorte?
    – Porque pode ir para a guerra. – disse Éowyn, olhando Vendeniel nos olhos.
    – A Senhora é uma guerreira valorosa, Éowyn. Percebo isso pelos seus olhos. – disse Vendeniel. – Mas eu entendo o que quer dizer, e Aragorn jamais levaria você conosco, por melhor guerreira que você seja, sem o consenso de seu tio e seu irmão.
    Éowyn riu de maneira sombria. – É. Eu estou destinada a viver numa gaiola. Até que a velhice e o hábito me impeçam de lutar. Eu não desejo ficar, Senhora. Fale com Aragorn.
    Vendeniel sorriu. – Eu não posso fazer nada. Espere, Théoden irá chegar amanhã. Peça que ele lhe leve para a guerra. Aragorn não mudará sua decisão, mesmo que eu peça. E não me considere com mais sorte que você, às vezes as coisas não acontecem exatamente como nós queremos, mas não deixam de acontecer.
    Vendeniel entrou na sala onde Aragorn estava. – Perdão. Estava conversando com a Senhora Éowyn. – disse ela. Então eles descobriram que Aragorn pretendia ir para as Sendas dos Mortos, e lá ele convocaria os espíritos amaldiçoados por Isildur. – Aragorn. – falou Halbarad. – Trago uma mensagem do Mestre Elrond de Valfenda: Peçam a Aragorn que se lembre das palavras do vidente e das Sendas dos Mortos.
    – E quais eram as palavras do Vidente? – perguntou Haryon.
    Legolas suspirou – Assim falou Malbeth, o Vidente, nos dias de Averdui, o Último Rei de Fornost.

Sobre a terra se estende uma sombra terrível,
Lançando sobre o oeste longas asas de trevas.
A torre treme; das tumbas de reis
a sina se aproxima. Os mortos despertam;
chegada é a hora dos que foram perjuros:
junto à pedra de Erech de pé ficarão
para ouvir a corneta ecoar nas colinas.
De quem será a Corneta? Quem irá chamar
da dúbia meia-luz o olvidado povo?
O herdeiro daquele a quem foi feita a jura.
Do norte ele virá movido pela sorte.
Seguirá pela Porta para as Sendas dos Mortos.
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    As sendas dos mortos. Uma enorme passagem perto do Templo da Colina perto de Edoras. Lá vivia um povo das montanhas, que se tornou negro de adoração à Sauron. Isildur convocou-os à guerra, mas a promessa não foi cumprida. Isildur os amaldiçoou a nunca ter paz até que o juramento fosse cumprido. Dois dias de viagem à cavalo desde o Abismo de Helm. Aragorn achou um lugar seguro e bem escondido entre as montanhas para montar acampamento.
    Mesmo com o consentimento de Haryon, Vendeniel não se sentia à vontade em ficar abraçada com Legolas na frente dos outros. Esperou que todos dormissem, como na noite em que Pippin olhara o Palantíri. Vendeniel então percebeu que alguém ainda estava acordado. Aragorn. E segurava algo, estava de costas para o fogo. Vendeniel andou até ele. Ele estava com o Palantíri.
    – Você vai falar com Sauron? – Perguntou ela, séria e sombria.
    Aragorn olhou para ela – Se Frodo e Sam estão indo para Mordor, eu preciso fazer com que ele tire a maior parte dos exércitos dele de lá. Ser&aacut
e; mais difícil para ele chegar até Orodruin com todos aqueles orcs e sabe-se lá o que mais em Mordor.
    Aragorn pôs a mão sobre o Palantíri. A bola brilhou e pareceu emitir brilho próprio. Um olho de fogo com uma pupila vertical cobriu todo o globo. Aragorn, com a outra mão tirou sua espada da bainha. Pois aquela era Anduril, Narsil reforjada, a espada com a qual Isildur cortara o Anel de Sauron. Mostrou a espada ao olho. Depois de um tempo, ele parou de olhar para o Palantíri.
    – Mostrei à ele Narsil. Eu espero que tenha funcionado. – disse Aragorn, parecendo extremamente cansado. – Se a Senhora não se importa, eu vou dormir.
Aragorn cobriu-se com a capa e foi para perto de uma rocha. Se encostou e logo dormiu. Vendeniel foi até Legolas, que estava cochilando. Chegou bem perto dele e o acordou suavemente com um beijo.   Quando ele a viu, beijou-a novamente e Vendeniel deitou-se no peito dele, enquanto Legolas afagava seus cabelos.
    Vendeniel suspirou – A si i-Dhúath ú-orthor, Legolas. (A sombra ainda não controla, Legolas)
    – Por quanto tempo? – Perguntou ele. Vendeniel respondeu:
    – Espero que tempo suficiente para que Frodo jogue o Anel em Orodruin.
    Legolas suspirou. – É. Eu tenho pensado nisso ultimamente. Se Sauron recuperar o Anel… – Mas     Vendeniel pôs seu dedo na boca dele, para ele se calar e o beijou.
    – Não diga isso. – disse ela. – Nem por suposição, nem por brincadeira.
    Legolas disse – Eu imploro aos Valar para que isso acabe o mais rápido possível. – o tom de sua voz mudou. – Por que quando isso acabar, eu vou me casar com você, e eu serei mais feliz do que qualquer um em toda Eä. – Ele a beijou. – Gerich meleth nîn (Você tem o meu amor).
    – Eu queria ficar aqui para sempre. – disse Vendeniel.
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    Na outra manhã, Haryon a chamou, antes que todos tivessem acordados. – Vendeniel, o que há com Aragorn? – Aragorn também já estava acordado, mas estava parecendo muito cansado e atordoado.
    – Ele falou com Sauron. – disse Vendeniel. – Mostrou Anduríl para ele, usando o Palantíri. Quer fazer o Senhor do Escuro tirar suas tropas de Mordor, para Sam e Frodo.
    Haryon suspirou. – Ele não irá conseguir viajar dessa maneira.
    Vendeniel foi até Aragorn. Ele a olhou, e parecia sonolento e acabado. O Palantíri havia o deixado daquele jeito. – Aragorn, dan na ngalad (Aragorn, volte para a luz).
    Aragorn imediatamente pareceu mais bem disposto. – Gwennen, Vendeniel. Me sinto melhor assim.     Acorde os outros, aprontem-se e vamos partir.
    Logo, a fogueira foi reavivada, e depois que todos haviam comido, eles montaram e partiram novamente. Continuaram cavalgando em ritmo lento para não cansar os cavalos, e passaram por Edoras logo depois do almoço. Alcançaram o Templo da Colina ao anoitecer. Mas não desejavam entrar nas Sendas dos Mortos à noite, então acamparam e partiram ao amanhecer.
    Cada um carregava uma tocha, e entraram no túnel estreito e escuro. Só podiam ir dois cavalos, lado à lado. Aragorn e Haryon iam à frente, depois vinham Elladan e Elrohir, Vendeniel e Legolas (que levava Gimli na garupa) e os dunedain atrás. Vendeniel sentia os vultos atrás deles.
    – Estamos sendo seguidos. – disse à Legolas.
    Ele olhou para trás. – Estes são aqueles que traíram o juramento à Isildur. Agora, para se libertar disso, terão que servir à Aragorn.
    – Espero que Aragorn se mostre forte o suficiente para comanda-los. – E Vendeniel contou à Gimli e Legolas sobre o Palantíri.
    Gimli se mostrou preocupado. – Mas ele não… não foi dominado?
    – Acho que não. – disse Vendeniel. – Mas para usar um Palantíri, precisa-se ser muito forte, ter muita força de vontade e caráter. Aragorn mostra tudo isso. Não creio que foi dominado, mas acho que isso o esgotou muito.
    Continuaram cavalgando, e cada vez sentiam mais vultos vindo atrás. Ouviam o farfalhar de capas, o tinir das cotas de malha, e os ruídos espectrais. Aragorn guiou-os até uma saída na passagem e os levou até uma grande rocha negra. Lá, ele chegou perto da Rocha. Isildur colocara-a lá, era a Pedra de Erech. E agora, Aragorn convocaria os exércitos. Halbarad pegou uma corneta e soprou. Olhando em volta, Vendeniel podia ver todos os exércitos. Homens altos, baixos, armados, com armaduras e cotas de malhas, estandartes e tudo mais. Cada vez chegavam mais exércitos.
    – Perjuros, por que viestes? – falou Aragorn.
    Ouvia-se a voz espectral: – Para cumprir nosso juramento e ter paz.
    Então Aragorn respondeu: – Finalmente é chegada a hora. Agora vou para Pelargir, sobre o Anduin e deveis me seguir. E, quando toda a terra estiver livre dos servidores de Sauron, vou considerar o juramento cumprido, e tereis paz e podereis partir para sempre. Pois eu sou Elessar, herdeiro de Isildur em Gondor. – Halbarad abriu o estandarte de Arwen. Acamparam perto da Pedra, mas não se demoraram lá: todos estavam com um pouco de medo dos espectros. Aragorn acordou todos ao romper da aurora. Passaram pela garganta de Tarlang, e chegaram a Lamedon, e o Exército Cinzento vinha atrás deles, muito apressado, até que chegaram a Calembel à margem do rio Ciril. Mas no dia em que deveriam atravessar o rio Ringló, a aurora não veio.

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