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Like a Bird – Parte 01

Legolas andava pela floresta, e o vento corria entre as árvores para lhe contar algumas coisas. O Elfo estava apreensivo

-Alguma coisa… …está para acontecer.

 

-É, você está certa.

Arwen virou-se de repente. Estava tão absorta em pensamentos que, apesar de perceber a presença do marido, nem se importara com isso.

-O que houve?

Aragorn ergueu a cabeça da mensagem em suas mão. Tinha um olhar preocupado no rosto, apesar de aparentar tranqüilidade.

-Sua inquietação acertou, Arwen. Gandalf nos chama para uma reunião em Valfenda. Não só nós, como todos que estiveram presentes na saga do anel.

-Mas foi há 5 anos…o que pode ter acontecido?

-Eu não sei, mas antes de ir tenho que resolver um problema aqui no palácio.

-Gandalf pede urgência?

-Sim.

-Então irei na frente, e você vira logo depois.

-Não creio que vá perder menos de um dia.

Arwen se aproximou do marido, beijou-o sutilmente, e logo se virou e saiu da sala em que estavam. Poucos minutos depois se podia ver um cavalo veloz através da janela.

Aragorn cavalgava através de um extenso campo. Arwen tinha partido com apenas um dia de diferença, mas estava fora de cogitação alcançá-la. Ele estava perdido nos seus próprios pensamentos, mas seus olhos estavam atentos, e não puderam deixar de notar uma garota, vestida de modo estranho, muito estranho. Cavalgou até ela.

A garota olhava o horizonte, carregava uma bolsa igualmente estranha nas costas, e se vestia com uma roupa que ele não tinha visto em toda a Terra-média. Parecia humana. "Bem," pensou "Se fosse elfa, teria percebido a minha presença, mas ela nem ouviu a mim e ao cavalo…"

-Olá.- ele cumprimentou com um sorriso

Com uma agilidade apenas razoável, mas boa para uma garota, ela deu um salto e se postou de frente para ele, segurando uma espada muito estranha. Ela mirava seus olhos, quando baixou a espada e disse, com um ar cansado.

-Cheguei a pensar que só houvesse monstros nessa terra. O senhor é o primeiro humano que vejo.

Aragorn deu um sorriso.

-Quem é você?

Ela ergueu os olhos para ele, e numa atitude muito arrogante, disse

-Isso não é da sua conta.

-Você é humana ou elfa?

Os grandes olhos verdes dela piscaram várias vezes

-Elfa? O que é elfa?

Aragorn avaliou a garota que encontrara. Suas roupas, o jeito de falar, até mesmo os traços de seu rosto, mostravam que ela não era dali. Mas, ora essa, de onde mais ela seria?

-De onde você é?

-De algum lugar longe daqui.

Ela levantara a cabeça, numa atitude muito arrogante. "Mas não levantou a espada"

-Por que abaixou sua arma?

-Não creio que você vá me matar. Sinto…que não é mau.

-Pra onde vai?

-Eu não sei. Meu coração mandou eu vagar por essa terra e esperar um sinal.

Aragorn sentiu uma coisa estranha. A garota era jovem. Poderia até ser sua filha. E de certa forma, ele sentia que o seu destino era encontrar aquela coisinha arrogante de braços cruzados no peito. E ela, ele descobriu, também lhe inspirava confiança. "Não sei o que o destino me aguarda." Ele ficou de lado na frente dela, com o cavalo "Mas que se cumpra." ele estendeu o braço para ajudá-la a montar – Quer vir comigo, então?- e sorriu quando ela aceitou a ajuda, sem dizer nada, e subiu no cavalo na frente dele.

-O seu nome, ao menos, pode me dizer?

Ela ficou um tempo em silêncio, e Aragorn já havia desistido de lhe perguntar as coisas quando ela disse

-Eu não tenho mais um nome. Pode me dar um novo, se quiser.

Aragorn abaixou a cabeça para olhar a menina a sua frente. Tinha olhos bem grandes e cor de madeira nova. Cor das folhas mais vivas. E cabelos muito negros, lisos e longos. Não eram como os de Arwen, eram muito mais escuros. E brilhavam com um brilho de uma noite de poucas estrelas. E era muito pálida, até mais que um elfo.

-Como se diz beleza e noite na sua língua materna?

-Mi e yoru.

-Então seu nome será Miyoru.

-O jeito certo de falar seria yoru no mi.- ela corrigiu, mas logo abriu um sorriso e disse – Mas compreendo a intenção e aceito o nome se o senhor me disser o seu.

-Aragorn.

– Então, Aragorn-sama.

Eles passaram um tempo em silêncio até que ele a ouviu murmurar para si mesma, muito baixo

-Que este seja o meu sinal.

E sorriu, ao olhar para sua nova amiga. Então ele disse -Segure-se. Vou correr porque quero chegar o quanto antes num lugar.

-Corra o quanto quiser, não pretendo cair.

E, ouvindo isso, acelerou o galope

-Onde está Aragorn?

-Eu não sei, pai. Ele deve estar á caminho.

-Mas já estamos todos aqui, só falta ele!- Gimli grunhiu.

-Veja só- murmurou Pippin para os outros hobbits -Passolargo está andando muito devagar.

-Cale-se, seu Tûk tolo.

-Vejam!- anunciou Legolas, finalmente, vendo ao longe o cavalo do amigo -Ele está vindo e… traz alguém com ele.

Miyoru tentava se controlar, mas seus olhos desacreditavam o lugar magnífico que viam. "E eu que pensava que o palácio do imperador era lindo…"

-Que lugar é esse, Aragorn-sama?

-Se chama Valfenda. É um lugar de elfos.

-Você já me explicou o que são elfos durante a viagem.- ela rememorizou

-Sim, e agora, vai vê-los pessoalmente.- Aragorn disse, enquanto desmontava do cavalo, e antes que pudesse tirá-la, ela desmontou da sela sozinha. Olhava tudo com fascínio, mas não se afastava dele.

-Venha, Miyoru. Vamos até o lugar em que nos esperam.

-Em que TE esperam.

Aragorn estava pronto para responder, mas ela já estava a sua frente nos corredores e ele apressou-se a acompanhá-la e lhe indicar para onde iam. Ia dizer que a receberiam bem quando Legolas e Gimli apareceram para saudá-lo.

-Você está atrasado. Elrond está furioso.- disse Legolas, parando em sua frente

-Hey, Aragorn, que coisa é essa que você trouxe?- Gimli apontou para onde Miyoru estava, mas sem que ele percebesse o que o atingiu, ela pisou nas suas costas e o jogou no chão, ainda prendendo-o a ele nos seu pé.

-A única coisa que vejo aqui é você!- logo em seguida ela o soltou e o ajudou a levantar, enquanto Legolas e Aragorn riam.

-Esta é Miyoru.- apresentou Aragorn -É minha companheira de viagem.

-Foi um erro trazê-la aqui!- brandiu o anão, furioso

Miyoru olhou o anão pelo canto do olho e disse -O único erro aqui é você. Qual é a utilidade de um adulto num corpo de criança?

Legolas apenas olhava a garota, quando ela se virou para Aragorn e disse -Vá para seu conselho, ou seja lá o que for. Apenas me indique onde ficar.

-Ah, Aragorn!- Exclamou Gandalf ao vê-lo.

-Gandalf, quero lhe perguntar uma coisa: Como pode alguém humano, estar vestido com roupas estranhas e não saber o que são elfos e o que são anões, entre outras coisas da nossa terra?

-Isso tem a ver com o que vou lhes contar. Por favor, Aragorn, tome o seu lugar.- assim que Aragorn o fez, o conselho estava completo, então Gandalf explicou -Um novo Um Anel, foi formado dos restos do primeiro que foi destruído.

-O QUÊ?

-Não pode ser.

-Impossível!

-Gandalf, explique-se!

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-Sim, foi isso mesmo. Mas, quando isso aconteceu, houve uma interferência na tênue linha que divide as dimensões. Por que o mal pediu ajuda ao mal de outras dimensões, mas nessa fúria, pode ter arrastado pessoas inocentes por acaso. Ou não. Pode ser que tais pessoas tenham papéis a desempenhar…- Gandalf respirou fundo, então Elrond disse -E não é só. Soubemos que o novo anel foi dividido em três partes, guardadas. E descobrimos que uma está em Isengard, outra em Moria. Temos que achar esses novos três anéis antes que se tornem um.

-Espere…- falou Frodo – você disse três anéis, mas só deu a localização de dois.

-O terceiro, temo motivos para crer, que está em Mordor.

-Como é possível!- gritou Sam -Esse mal nunca acaba?

-O mal existirá para sempre, assim como o bem.- Disse Gandalf -Eu quero pedir, que nove, formemos mais uma vez a Sociedade do Anel.-

-Mas…- começou Merry – Boromir está morto. Como podemos ser nove?

Gandalf e Elrond sorriram, e então o primeiro disse -Eu creio que Aragorn trouxe a solução para este problema…

Aragorn o encarou demoradamente -Ela? Mas ela nem sabe onde está?

-Mas ela sabe da força que veio, e que a trouxe. Aragorn, o destino mandou alguém para nos ajudar.

-Então está decidido!- Disse Elrond, se levantando -Serão novamente a Sociedade do Snel. Aragorn…- Elrond se dirigiu a ele – Vá avisá-la que…qual é o nome dela?

-Ela atende pelo nome de Miyoru.

-Apenas Miyoru?

-Sim. Ela não tem família, e diz não ter nome.

Elrond sorriu -Então, até que se saiba mais, ela será Miyoru, filha da noite.

"Ow, chikuso! Por que eu não anotei o que Aragorn-sama disse?Agora nem sei onde estou, com tantos corredores, portas, curvas, voltas, fontes, pontes…" disse ela, dando de cara com o mesmo lugar depois de vagar pelo que ela achava que era uma eternidade, embora soubesse que seria no máximo uns 20 minutos.

Ela deu um suspiro pesado, e sentiu uma mão no seu ombro. Virou-se rapidamente, já pronta para sacar a espada. Mas dera de cara com um homem, não, não um homem, um elfo, sim um elfo que ela vira com Aragorn. Ele sorria para ela e ela soltou a espada

-Parece-me que está perdida.

-Sim, senhor. Eu não consegui gravar as informações de Aragorn-sama e me perdi.

-Venha comigo, eu lhe mostrarei seus aposentos.- ele começou a andar

-Sim, senhor.- e ela, a seguí-lo

-Sabe, foste escolhida para uma missão.

-Uma missão, senhor? Mas, senhor, eu sou apenas uma estrangeira, nada entendo.

-Não se preocupe com isso. Aragorn estará com você.

-Sim, senhor.

-E eu também estarei.

-Então o senhor será nosso companheiro de viagem.

-Por favor…- ele parou de repente, entrando na frente dela, fazendo-a parar e olhar para ele

-Sim, senhor?

-Meu nome é Legolas, Legolas Greenleaf. Não quero que me chame de senhor.

-Sim, senh…digo, Greenleaf.

-Não. Legolas, me chame de Legolas.

-Legolas…- ela repetiu lentamente -Sim, Legolas-san, não esquecerei. Meu nome é Miyoru.

Eles voltaram a andar, até que Legolas perguntou

-O que é san?

-É um implica respeito. Uma pessoa que merece respeito.

-E sama?

-Muito respeito. Como um rei, ou imperador. Aragorn-sama merece muito respeito, posso sentir isso.

-Existem outros assim?

-Sim. kun para alguém de grau menor. Alguém, de certa forma, inferior. Dono para tratar alguém com humildade de sua parte. Chan para alguém muito íntimo ou uma criança. Entre muitos outros.

-E como eu…- ele perguntou sorrindo -deveria lhe tratar?

-Da forma que mais lhe agradar, Legolas-san.

-O que sugere?

-Miyoru-kun.

-Miyoru-chan.- ele respondeu

Ela parou e encarou-o , para depois abrir um sorriso e dizer.-Então tá.- Ele devolveu o sorriso e abriu uma porta para ela. Antes de entrar, ela se virou e perguntou -Aquela criatura estranha também vai?

Legolas riu e disse -Sim, Gimli também vai.

Ela fez uma careta e entrou no quarto, onde Aragorn e uma mulher conversavam. Infelizmente, ou felizmente, sua presença foi notada instanteneamente.

-Miyoru, venha cá.- Aragorn disse – Quero que conheça Arwen.

Miyoru olhou para ela. Era uma mulher linda, tão bonita que ela se sentiu horrível diante dela. Sentiu uma admiração instantânea por essa mulher, tal como quando conheceu Aragorn. E Legolas.

-A senhora é…muito bonita.- ela disse, então se curvou -Sou Miyoru, estou encantada em conhecê-la.

A mulher sorriu e colocou a mão no seu rosto, fazendo-a levantar.

-Também estou encantada em conhecê-la, sou Arwen.

-Arwen-dono.

Ambas sorriram, então Arwen pediu licença, pois iria buscar uma coisa, e saiu.

-Miyoru, Legolas…-Que ainda estava na porta – Venham aqui.- ambos obedeceram, e Miyoru se sentou num lugar que Aragorn apontava. Logo Legolas se sentou também.

-Eu quero que ouça bem, porque nós vamos lhe contar uma história fantástica,
e que, a partir de agora, fará parte da sua história também…

Miyoru estava num dos vários terraços de Valfenda. Era madrugada, logo amanheceria. Logo partiriam, e ela se sentia num sonho.Mas fazia parte de tudo isso. Agora, aquilo era seu presente e futuro, porque abandonara seu passado.

Ela olhou para o céu e deu um sorriso furtivo -Que nunca digam que os deuses não atendem nossas preces… Eu pedi uma vida nova, e não poderia ter um futuro mais diferente do meu passado…

Ela apertou com força o pingente que Arwen-dono tinha lhe dado. Uma jóia linda. Tinha chegado á conclusão que ela gostava de presentear as pessoas, pois Aragorn também tinha um pingente dela. Mas ela recebera aquele presente de sua nova amiga com bênçãos de força e coragem. Não sentia medo de enfrentar o futuro, mas de abandonar seu passado. Então olhou para o céu novamente, para o infinito azul e murmurou um trecho de uma canção de infância

Nemurenu yoru ni, hitori utau uta

Poucos instantes depois, quando as palavras já tinham sido levadas pelo vento, o primeiro raio da manhã despontou no horizonte.

-O que quer dizer essa canção?

Pela terceira vez no mesmo dia, ela se preparou para sacar a espada, mas ao reconhecer Legolas ela murmurou contrafeita- É a segunda vez que você aparece e me assusta. Devo estar realmente surda…

Legolas riu e disse -Mas não respondeste o que te perguntei.

-Nani? Ah…- Miyoru se sentou no parapeito -Canta Essa canção que eu canto sozinha nas noites em que não consigo dormir."

-Bem propício. Passaste a noite em claro? Por acaso te hospedaram mal?- Legolas olhou-a preocupado

-Não… é nervosismo mesmo. Mas isso é normal.

-Você não aparenta estar cansada.

-Eu não estou.- ela riu e disse -Eu agüento ficar até 148 horas acordada!

-Isso não faz mal para humanos?- ele se aproximou dela para vê-la melhor, e realmente, não havia qualquer traço de fadiga em seu belo rosto, muito embora o medo estivesse presente no fundo dos seus olhos

Miyoru, que olhava para o sol nascente, se virou para encará-lo -Sim, faz muito mal. Mas eu já estou acostumada. Provavelmente apenas vá morrer mais jovem.- ela disse despreocupadamente

-A morte não te assustas?

-Não. A morte sempre esteve presente em meus dias e eu até cheguei – ela não pode esconder a amargura que transbordava através da sua voz – … a desejar a morte, a pedir por ela com fervor… Mas não agora!- ela num pulo, parou de pé no parapeito, com uma animação que, era visível, ela se esforçava para aparentar -Agora eu tenho uma missão!Devo acompanhar a você e a Aragorn-sama!

-É muita empolgação…- ele a colocou no chão novamente -Pena que seja uma mentira…

Miyoru pareceu chocada, mas depois disse, com um sorriso -Bem, mais que uma verdade amarga como a minha, eu prefiro esta doce mentira, até que um dia esta também se torne verdade.

Legolas sentiu remorso por ter mexido numa ferida que não sabia como curar, mas antes que pudesse encontrar palavras para se desculpar, ela já tinha dado a volta nele e estava na porta que os levaria para os quartos, dizendo: -Vamos, logo temos que ir embora e me disseram que será uma viagem muito longa e sem data de retorno. Dizendo isso, entrou na porta e sumiu no que ela mesma chamava de labirinto de Valfenda.

Legolas viu-a se afastar quase que estarrecido. Ele não conseguia entender como aquela garota conseguia ser uma espécie de paradoxo de tristeza e alegria, arrogância e humildade. Mas foi arrancado de seus pensamentos por uma repentina brisa, que trouxe as seus pés um ramo de folhas com uma única flor. Ele apanhou o ramo, e identificando-a flor que ali estava, um sorriso brotou em seus lábios e ele seguiu até o seu quarto, levando a flor consigo.

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