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Like a Bird – Parte 02

Quem olhasse pelos corredores de Valfenda naquela manhã, teria visto um vulto estranho correndo desesperadamente por eles.

"Baka Baka Baka! Eu devia ter acompanhado Legolas-san!" Censurou-se Miyoru enquanto corria por Valfenda "Já está na hora e eu nem sei onde estou!" e ela continuou correndo, até que enxergou a luz da entrada. Correu para lá, e lá estavam eles "Que bom!" pensou "Ainda estão atrelando os cavalos e… CAVALOS?" ela prendeu a respiração assustada, e logo perguntou

 

-Nani?-

-Bom dia, Miyoru.- cumprimentou Aragorn, fazendo um gesto para ela se aproximar

-Ohayo gozaimashita….- ela se aproximou rapidamente de onde ele e os outros estavam, então ela cumprimentou a todos com alegria, observando minuciosamente cada um. E quando os hobbits responderam ao cumprimento alegremente, ela se aproximou deles, e os olhou de perto

-Não parecem crianças… São anões?- perguntou ela, apertando levemente a bochecha de Merry, mas tal gesto não o insultou, e ele respondeu, sorrindo orgulhoso

-Não, senhorita. Somos hobbits! E, apesar de pequenos, somos muito resistentes e espertos!

Ela deu um sorriso e respondeu – Além de gentis e kawaii!! Não como alguns seres…- ela fez uma careta -Por favor, me digam seus nomes. Ou devo chamá-los de hobbits?

-Eu sou Meriadoc Brandeburque!

-Peregrin Tûk.- ele disse, fazendo uma reverência exagerada

-Samwise Gamgi.

-Frodo Bolseiro. É um prazer conhecê-la.

-É um prazer conhecê-los também. Aragorn-sama me chama de Miyoru.- ela sorriu para eles e inclinou a cabeça. Mas quando Gandalf apareceu entre eles, ela arregalou os olhos e inclinou o corpo a quarenta e cinco graus, demorando-se um pouco para voltar a postura normal. E ela esperou que ele falasse

– Minha criança, porque me reverencias? Acaso sabes quem sou?

-Não, senhor. Mas as pessoas mais velhas merecem todo o respeito das mais novas porque são mais sábias, já passaram pelo que os mais novos ainda vão passar e carregam muito mais da sabedoria da vida consigo.

Gandalf deu um sorriso enigmático para ela, e disse -Criança, mentiram-me quando disseram que eras matreira e encrenqueira?-

Ela deu um sorriso de desculpas -Não, senhor. Sou uma criança muito mal-educada, porque parto do princípio de que toda a pessoa é má, até que prove o contrário. Mas os mais velhos merecem respeito. Fora isso, sou uma rebelde encrenqueira.

Gimli passou por ela, e disse – Pelo menos admite…- ela respondeu-lhe com uma cotovelada na parte superior da cabeça e um grunhido de desaprovação, provocando o riso dos outros. Mas antes que Gimli respondesse, ela já estava ao lado de Aragorn.

-Aragorn-sama, nós não vamos à cavalo, né?

-Sim, Miyoru nos vamos. Por quê?

Ela gelou, e disse -Eu…eu tenho medo de andar a cavalo sozinha, pois não sei cavalgar e…tenho medo de cavalos.- ela lançou um olhar de canto para o animal que Aragorn atrelava, enquanto todos os olhares se voltavam para ela.

-Mas tu não viestes no cavalo de Aragorn?- perguntou Legolas, se aproximando, perplexo.

-Não tenho medo de andar com outra pessoa!- ela se defendeu -Mas sempre que tento andar sozinha, os cavalos me derrubam. Não gostam de mim.

-Eles sentem seu medo, e é isso que não deves demonstrar.- disse Legolas, suavemente -Não há o que temer… Por que não tenta?

Miyoru balançou a cabeça com veemência num sinal negativo -Seguirei vocês a pé.

-E quando precisarmos velocidade?- perguntou o anão -Você nos atrasará?

-Velocidade para quê? Posso ter toda a velocidade que preciso com meu corpo.

-Para fugir, por exemplo?

-Fugir?- ela perguntou, olhando para Gimli, sentindo-se quase ofendida -Eu NUNCA fujo de um inimigo! Imagine! Onde quer que eu fosse eu carregaria a desonra e a covardia comigo!

-Que garota teimosa!E se forem muitos mais e mais fortes?

-É preferível morrer em combate a fugir!- ela disse, com uma voz aguda

-Mas você abandonaria sua missão para morrer em combate?- Perguntou Merry com um brilho de desafio no olhar. A convicção dela ficou abalada e ela ponderou um pouco.

-É. Talvez vocês estejam certos.- então ela repetiu -Talvez.-

Gimli e Merry sorriram em triunfo, e Aragorn balançou a cabeça -Qualquer coisa, ela pode montar comigo.

-Ou comigo.- disse Legolas

-Bem, mas chega de discussões. Já estamos atrasados! Precisamos nos decidir para onde iremos primeiro.

-Nosso primeiro lugar será Moria. Todos de acordo?

A todos concordarem, e pegaram suas coisas e partiram.

Miyoru estava andando e chutou uma pedra pequena para frente

-O que houve, criança?- perguntou Gandalf, que cavalgava ao lado dela – Por que estais injuriada?

-Nós apenas andamos desde que saímos ao amanhecer. Ninguém fala nada, e nada de conversas. Até uma marcha para a guerra é mais animada!

-Quanta disposição! Muito bem, sobre o que quer conversar?-

-Por quê não nos conta sobre sua terra?- Perguntou Frodo, juntando-se a ela

-Não tem nada de que eu sinta orgulho lá. Apenas saudades de algumas pessoas… mas não quero falar sobre isso.

-Então cante-nos uma canção.- disse Legolas -Eu já ouvi a sua voz, e não deveria escondê-la apenas para mim.- ele disse, sorrindo para ela do alto de seu cavalo

-Você normalmente é o cantor por aqui.- disse Aragorn – Mas eu fiquei curioso: pode cantar para nós, Miyoru?

-Ow, claro..- disse ela, um pouco sem graça -preferem que eu cante na sua língua ou na minha?

-Na nossa!- escolheram os hobbits

-Certo…- ela tomou ar, e começou

Na verdade está pra nascer novo sonho cheio de cor

Primavera vem para trazer a beleza de uma flor

Encontrar um lugar que eu nunca vi um lugar que é lindo de se ver

Vou vagar bem juntinho de alguém

Sentir flores pelo ar

Sei que em algum lugar bem no cantinho para viver e ser feliz e vou

Sem medo de ser feliz eu posso observar o que passou , passou

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E não volta o destino é liberdade e o amor

Não é sonho e é sempre muito pra gente ser feliz

Eu já nem lembro

Está pra nascer

Não é sonho

Espero

Não é sonho

Quando a melodia das últimas palavras da canção foram levadas pela brisa, todos sentiam seus corações mais leves. E mesmo a brisa que levara as palavras parecia tocar os rostos com mais gentileza.

O momento foi quebrado por Sam, que perguntou

-Todos na sua terra cantam assim?

-Não. Mas todos sempre cantaram canções perto de mim.

-Aqui temos o costume de cantar os feitos do passado.- comentou Aragorn

-É?- ela perguntou contrariada -Sempre me ensinaram a cantar o que eu sentisse. Ou então, fazer uma canção para alguém que fosse especial…

-Uma canção para alguém especial?- perguntou Pippin -Por quê?

-Por quê as pessoas sempre esquecem. Os sentimentos, os lugares, outras pessoas.- ela tentou explicar-lhe -Mas sempre se lembram das canções que ouviram. Basta uma palavra…um som… e lembram da canção. Podem esquecer da pessoa, mas vão lembrar da canção que ouviram, mesmo que tenha sido há muito tempo atrás.- então ela melodiou rápido

Pinga o seu nome no breu

Pra ficar

Enquanto se esquece de mim, lembra da canção

-Suas palavras são muito sábias.- disse Gandalf

-Você já fez uma canção para alguém, Senhorita Miyoru?- perguntou Frodo

-Ainda não…Mas quem sabe eu não faça uma canção sobre as pessoas que eu encontrei aqui? Uma canção sobre Aragorn-sama, ou Legolas-san, ou sobre os hobbits?

-Eu não quero que faça uma canção sobre mim!- brandiu Gimli

-Então estamos nos entendendo, porque eu também não quero cantar sobre você!

-Parem vocês dois…- censurou-os Gandalf

-Ele quem começou…

Gimli cofiou a barba e permaneceu em silêncio, no resto do caminho. Miyoru também não falou mais, e o silêncio voltou a permanecer pairando sobre a demanda.

-COMO VOCÊ CONSEGUE?- Miyoru gritou para ser ouvida, já que sentia como se a neve a estivesse engolindo. E nem podia abrir caminho com sua espada, pois poderia acertar um dos hobbits que ela sabia que estavam por perto, embora não conseguisse enxergar nada

-Os elfos não afundam na neve.- respondeu-lhe Legolas, sentindo vontade de rir da careta que ela fez ao ouvir a resposta

-Queria ser um elfo, então.- ela concluiu

-Você tem que aceitar o que é, Miyoru, e não querer ser alguém que você nunca será.- disse-lhe Gandalf

-Ora, mas sempre se pode sonhar, né?

-Sim. Principalmente para os jovens, é muito comum sonhar.

Miyoru respondeu-lhe com o silêncio. Não queria falar agora, sentia dificuldade em respirar, além de dores pelo corpo todo. "Mas não vou falar nem reclamar de nada. Todos estão bem e não quero que pensem que eu sou uma fracote, e já sou a última da fila. Mas nunca faz tanto frio assim lá no Japão e…ué? Tem alguma coisa estranha, aqui só tem neve, a vista deveria ser toda branca, então por que está fican…"

E caiu desmaiada no solo de neve.

Frodo estava andando na trilha entre a neve, o penúltimo da fila, quando deu por falta de qualquer som vindo de Miyoru, que andava logo atrás dele. Ao se virar para perguntar se ela estava bem, deu um berro:

-GANDALF! Miyoru sumiu!

Todos os olhares dos que seguiam mais à frente na demanda se voltaram assustados, e quase todos já tinham pego suas armas.

-Como?-

-O quê?

-Se acalmem!- disse Aragorn -Frodo, o que aconteceu?

-Eu estava reparando que ela não fazia qualquer ruído há algum tempo, sabe, sempre tem algum barulho. Seja de suas armas batendo, de sua roupa, ou até da sua respiração forçada. Mas estava tão silencioso que eu resolvi me virar e ela não estava mais lá!- Frodo sentia-se a beira do desespero

-Não podem tê-la raptado, teríamos ouvido! – exclamou Pippin

-Esperem um pouco. Você disse que ela estava com a respiração forçada?-

-Sim.- respondeu Frodo -Ela vinha respirando com uma certa dificuldade desde que começamos a andar pela neve, e tossia muito.

-Além de andar devagar.- completou Legolas – Ela deve ter desmaiado no caminho.

-Vamos procurá-la então!- Disse Frodo

-Sim, vamos.- Aragorn confirmou. Estava muito sério, tanto que até impediu Pippin de lhe perguntar alguma coisa.

Eles fizeram o caminho de volta, e a acharam desmaiada e já soterrada de neve.

-Ela está quase morta!- Exclamou Sam

-Precisamos tirá-la daqui!- concordou Merry

-Bem, não podemos voar, e só sairemos de Caradhras pela manhã.- falou Aragorn, agasalhando-a mais colocando-a nas costas, visivelmente apreensivo. -Ela vai ter que agüentar o resto do caminho.

-Então, devemos ir o mais rápido o possível.- disse Frodo. Aragorn assentiu com a cabeça, mas quando foi se virar para seguir em frente, deu de cara com Legolas.

-Não é bom que ela continue no meio da neve.- disse, com voz preocupada, mas sem hesitação -Dê ela para mim, se ela vier por cima da neve, vai ser melhor para ela.

Aragorn olhou nos olhos do elfo por alguns instantes, então lhe entregou Miyoru nos braços e eles seguiram caminho, com os hobbits perguntando a cada meia hora como ela estava, até que Legolas avançou muito na frente deles e eles não puderam mais chateá-lo com suas perguntas. Mas ele mesmo estava angustiado de preocupação com o fardo que levava nos braços, e cada vez que olhava para ela, sua face estava muito mais pálida do que o normal e seus lábios quase azuis. Mas mesmo com o rosto frio e doente ela era bela, e rivalizaria de igual com Estrela Vespertina, ou com a Senhora da Floresta Dourada. Então ele murmurou para a neve e para a noite

-Por favor, Elbereth. Não a deixe morrer, por favor…

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