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Like a Bird – Parte 06

Merry e Pippin riam escandalosamente, Frodo ria discretamente e Sam não achava graça nenhuma. Miyoru também ria e se divertia com os outros, até que, ao olhar ao longe, viu algo que não a agradava definitivamente. Um rasgo negro correu para se esconder em algum lugar no horizonte, e ninguém parecia ter percebido…

 

Miyoru ficou silenciosa, de repente, ela correu até onde Legolas, Aragorn, Gandalf, Gimli e Éomer cavalgavam, e correu com tanto desespero que as pessoas abriram caminho para ela passar, tal era a sua pressa. Quando os alcançou, nem arfava, mas estava visivelmente consternada.

-O que aconteceu, Miyoru?- perguntou Gandalf, m as foi no cavalo de Legolas que ela se apoiou. Levantou a cabeça, olhando para ele e para Aragorn, então disse:- Seremos atacados em breve. Há movimentos estranhos e furtivos a nossa volta. Tirem as mulheres e crianças daqui, eles só estão esperando uma chance para atacar.

Ela disse isso com tanta seriedade que foi impossível não acreditar. Então Éomer chamou Éowyn e Faramir -Por favor, minha irmã, terei que lhe pedir que, mais uma vez, leve as pessoas em segurança até Helm.

Éowyn lançou um olhar estranho á Miyoru, mas sorriu amarga e, meio a contragosto, fez o que Éomer lhe pediu. Mas ela mal tinha mudado o rumo das pessoas, e ela foi atacada. Alguém passou, rápido como um raio, e desferiu na donzela dos rohirrim um corte no ombro. "Eu…nem vi" pensou Éowyn, apavorada, colocando a mão em seu próprio ombro e sentindo o sangue vermelho manchar-lhe a mão.

Pouco distante dali, os todos puxavam suas armas para lutar. Os inimigos eram surpreendentemente rápidos, mesmo não usando qualquer montaria. Vestindo-se de azul e branco, não foi difícil para Miyoru identificar quem eles eram. Mas apesar de tudo, tinham que lutar. Com um saque rápido, ela matou um que já estava a sua frente, e foi lutando e desferindo golpes em todos os que estavam á sua frente.

-O que…- perguntou Legolas, mas Aragorn terminou a pergunta: – O que são esses homens?- ambos lutavam com força e coragem. O choque das armas, o grito, o som frio do metal, o grito das mulheres e crianças ao longe, tudo se misturava numa fúria tempestuosa de sons.

-São Lobos!- berrou Miyoru, para se fazer ouvir, enquanto puxava sua espada da barriga de um dos homens inimigos, acertando outro á suas costas com um chute -Lobos de Mibu!- e continuou lutando, saltando por cima dos cadáveres em seu caminho, sem nem se importar se estavam realmente mortos ou apenas inconscientes. Mas ela não podia deixar de pensar "Como? O Shinsengumi devia estar enterrado junto com os ossos do Shogunato, por Deus, de onde conseguiram esses homens!" Ela deu um giro em 360 graus com a espada, cortando quem estivesse á sua volta. "Estão longe da perícia do verdadeiro Shinsengumi, parecem mais idiotas com espadas na mão!" Então, ela parou de lutar para olhar a sua volta. Sentiu um orgulho imenso e ainda mais admiração vendo Legolas, Aragorn e os outros lutando. Não pareciam ter qualquer estilo específico que lembrasse vagamente qualquer um que ela conhecesse, mas eram bons lutadores, disso não havia dúvida. Mas suas divagações foram interrompidas pelos civis, o povo pouco distante deles, também estava sendo atacado. Os inimigos estavam em menor número, mas haveria muitas vítimas que poderiam ser evitadas sem aquela batalha, e ao ouvir um grito agudo de mulheres, Miyoru se decidiu o que deveria fazer "Se tiverem um mínimo dos antigos lobos não acataram, mas eles parecem apenas cópias mal-feitas de antigos guerreiros". Subiu velozmente no lugar mais alto dali, e, ignorando sua já ferida garganta, gritou a plenos pulmões:

-Ouçam, Lobos de Mibu!- definitivamente, Miyoru parecia ter alguma coisa que fazia todos prestarem atenção nela quando ela falava- Vocês agora já estão em menor número e suas habilidades com a espada são ridículas e inferiores! Mas ao mesmo tempo…- ela gritava o mais alto que podia, e o vento ajudava a propagar sua voz – Temos muitas pessoas que não podem guerrear entre nós! Mas daremos a chance de fugirem agora, se não atacaram mais ninguém! Pouparam suas vidas, e terão oportunidade de nos atacar com mais homens e, se forem espertos, treinaram suas habilidades! Fujam agora, e não façam mais vítimas, é a única chance, fora à derrota, que lhes é oferecida!- quando terminou de falar, recomeçou em japonês. O inimigo pareceu considerar, e começou a debandar, tão rapidamente quanto vieram. Sam e Frodo tiveram que conter Pippin e Merry, que queriam atacá-los enquanto passavam. O mesmo aconteceu com Aragorn, que segurou o machado de Gimli antes que este desferisse um golpe em um inimigo que se retirava.

Quando Miyoru desceu, o povo novamente a saudava, clamando-a, mas nem todos estavam felizes com a atitude dela, e ela teve uma discussão fervorosa com Gimli pelo que deveriam ou não ter feito. Ele a chamou de covarde, ela chamou-o de arruaceiro que não pensava nas pessoas. Mas Éowyn a saudou pela sua atitude, também Aragorn, Gandalf e todos os outros. Mas foi Legolas quem percebeu que ela tinha um corte na perna, que rasgava suas roupas estranhas como Gimli dizia, e muito embora ela dissesse e repetisse veementemente que não era nada, Legolas insistiu que ela não deveria ir á pé. Éomer e ele ofereceram-se para levá-la, mas Éomer fez questão de lembrá-lo que Gimli já dividia o cavalo com ele, e Miyoru aceitou, indiferente, ir com Éomer. Mas apesar da indiferença inicial, Éomer logo conquistou a simpatia dela contando-lhe histórias sobre a guerra do anel. E foi assim, com Miyoru na garupa de Éomer e um Legolas definitivamente mal-humorado. Pippin cochichou para Merry que ele estava exatamente dessa forma quando
Miyoru andou de barco com Legolas. Merry disse que ele parecia pior agora. E essa foi à discussão do resto do caminho até chegarem ao abismo de Helm.

-E então, Éomer-kun, e então?- Miyoru estava excitadíssima com a história que ele contava. Apoiada no braço do trono em que Éomer sentava, ele não se cansava de acariciar-lhe o rosto ou de mexer nos cabelos dela enquanto falava, mas ela aceitava as carícias inocentemente, quase nem reparando nelas, absorvida pelas histórias que ele contava.

Legolas debatia-se mentalmente sobre como reagiria. Ao mesmo tempo em que gostaria de esmagar Éomer e tirar Miyoru dali, sentia que não o devia fazer, já que não podia e nem devia sentir algo por uma pequena criança, mesmo que algumas vezes parecia muito sábia. Ele virava o rosto várias vezes para observá-los, mas depois virava o rosto para o lado oposto para tentar controlar os próprios sentimentos, o que algumas vezes eram em vão. Mesmo que involuntariamente, apurou os ouvidos para tentar ouvir o que falavam entre si.-Mou…já acabou?-Miyoru, eu..eu quero lhe perguntar uma coisa importante.- ele disse, firme.-Fale.- Ela respondeu, simplesmente. A d
isplicência de Miyoru, ou a falta de, sempre lhe desarmavam.-O que acha de Rohan?-Bem, é lindo, e legal, apesar de eu não gostar muito de cavalos, e…-Mas você..- ele a interrompeu, hesitante -Gostaria de viver aqui?

-O quê? – Legolas disse, assustando os dois e a si mesmo, mas sabia que agora era tarde para reparar o erro. – Éomer, você sabe muito bem que nós precisamos destruir esse anel, e vamos precisar de toda a força possível para isso!

-Mas Rohan também precisa de proteção.- Éomer se levantou de seu trono, indo até Legolas -E já tem muitos para essa tarefa, deixe-a Miyoru conosco…- ele suspirou e corrigiu -Comigo.

Legolas teve que se controlar para não atacar o homem a sua frente, e apertou a mão com força, para que não fizesse nada do que poderia se arrepender depois. – Você já tem um exército aqui, Éomer, e nossa presença só lhe traria mais problemas, – enfatizando o nossa no meio da frase – já que o anel significa uma desgraça que ainda vive nesse mundo.

-Mas porque arrastá-la junto com vocês nessa história toda? Acaso quer que ela morra, ferida, Mestre Elfo?- ele pronunciou o tratamento com acentuada ironia

Legolas olhou para ele com uma certa raiva – Você sabe que não se deve desejar a morte e nem o mal para alguém, Éomer – parecendo que insinuava algo sobre Éomer – Mas se partirmos, alem de seu reino não sofrer mais uma batalha em Helm, podemos ainda escapar a salvo.-E o que ELA tem a ver com isso? Ela PODE ficar por aqui, não?

-Ela foi escolhida para continuar conosco nessa jornada Éomer, ninguém pode sair dela somente por vontade! – deu um passo a frente – Ou acha que nós queríamos que Boromir tivesse morrido na última vez? Nós fazemos o máximo de nós para que nada aconteça e cumprirmos com nossa missão, mas parece que você não quer ajudar.

-Eu estou zelando pela segurança dela e…- Mas Éomer foi interrompido por Miyoru, que de repente, estava ali, entre eles

-É muito simples; eu vou, mando o anel para o memorial das lembranças, e volto para Rohan.- ela explicou, simplista, sorrindo. Éomer quase estourou de felicidade, ao passo que..

-Mas Miyoru! – se acalmou um pouco, não podia mais deixar que seus sentimentos falassem por ele – Tudo bem, se essa é a sua decisão…Por enquanto. – ele olhou aos dois, parando um pouco mais em Éomer.

-Nani? O que foi, Legolas-san? Disse algo errado?- ela perguntou, olhando para ele, aturdida

-Não, não é nada Miyoru. Mas se quer ficar uns tempos em Rohan não vejo problemas, desde que não se esqueça de me visitar em Mirkwood.

-Ora, não se preocupe, eu vou dividir o meu tempo com todo mundo!- e dando-lhes seu sorriso mais brilhante e belo, virou-se e saiu correndo pelos saguões de Helm. Éomer a acompanhou com o olhar, suspirando

Ele a olhou enquanto andava, lembrando-se das sábias palavras da Senhora da Floresta, mas o suspiro de Éomer o fez voltar para o lugar onde estava.-Acho que não devia se aproximar muito dela, Éomer, já que é ainda uma criança. – olhando-o pelo canto dos olhos.

-O sujo falando do mal-lavado. Você a deseja tanto quanto eu, elfo. Mas pode ir conformando-se: eu sempre consigo o que quero. E eu a quero. Profundamente.

-Não deveria acostumar-se com isso, já que nem tudo se ganha nessa vida. – e sentiu-se um pouco mal pois ao mesmo tempo que gostaria de responder-lhe que gostava ainda mais de Miyoru, não pôde, já que sabia era um desejo pelo qual era mais difícil dele conseguir do que do humano. Mas as palavras da Senhora da Floresta novamente lhe vieram à mente, pois ele havia lhe perguntado se ainda havia esperança. E de uma forma não muito concreta ela lhe respondeu que sim.

-Pois ela será minha, antes que deixem este lugar.- dizendo essas palavras, ele se virou e saiu.

Ele apenas se virou para vê-lo sair. Sabia que a determinação de Éomer era um de seus pontos fortes, e a cada dia Miyoru parecia mais encantada com ele e suas histórias. Então ele suspirou e pensou "Ora, por Elbereth, não vou desistir e tropeçar na primeira pedra que vejo no caminho…" E então, saiu da, agora vazia, sala do trono.

Já era madrugada, e ele continuava ali deitado, sem conseguir nem fechar os olhos. Desde que fora incumbido de descansar um pouco para ter forças no outro dia, não conseguia parar de pensar como estaria Miyoru e o que deveria estar fazendo. "Dormindo, é claro. Como um anjo, coberta e no quarto dela." Passou quase a noite inteira assim, tentando decifrar os próprios mistérios. O que ele realmente sentia pela garota? O pensamento de que poderia estar apaixonado o afligia. Como podia uma pequena garota de 14 anos ficar com um príncipe elfo que já tinha muitos séculos antes mesmo dela nascer? Ele tentava buscar esperança nas falas da Senhora, mas ela mesma dissera que poderia ter poucas chances, o que não significava que não tivesse opção. Então, escutou uma batida na porta de seu quarto. Ele virou o rosto na direção da porta e sentou-se na cama. Quem estaria acordado aquela hora da madrugada?-Quem é?

-A Imperatriz do Mundo, sem falar a mais bela e modesta!- ela retrucou, em tom de chacota

Ele levantou num pulo e foi abrir a porta.-Miyoru? O que faz acordada a essa hora?

-Eu…eu não consegui dormir…- ela falou com um sorriso sem-graça -Te incomodo?

-Não, nem um pouco! Quer entrar? – disse, abrindo um pouco mais a porta e fazendo sinal para ela entrar.

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Ela entrou, e parando no meio do quarto, se voltou para, ele-Não se incomode de eu estar descalça e em trajes de dormir, mas alguém sumiu com minhas roupas, e eu não consegui vestir as que me deixaram…- ela disse, totalmente sem jeito.

-Por quê, há algum problema nelas? – disse, fechando a porta atrás de si e olhando a garota. – Se for assim, eu mesmo vou até o Éomer reclamar e…-

-Não, calma!- ela riu, fazendo gestos para ele parar -Na verdade, eu as achei muito, hã…pequenas para mim, quer dizer, ele não deve ter olhado muito para mim e então deve ter achado que o meu corpo era menor…"Se soubesse o quanto ele te olha, Miyoru…" -Então irei pedir a ele que lhe dê roupas maiores, então. Você as experimentou para ver o quanto estavam apertadas?

-Sim, sim. Na verdade, estou com uma aqui…- ela desdobrou um vestido que tinha trazido com ela -Não parecem ser um dez números menor que eu? Tá certo que eu não estou totalmente desenvolvida, mas não tenho o corpo de uma menina de dez anos!- ela parecia estar m dúvida entre o riso e a indignação.

-Tenho que admitir que o vestido ficaria bem em você, se servisse. Mas antes de ir, posso vê-la com o vestido antes? Precisarei saber o quanto que precisa ser maior.

-Ah, claro…- Mas vire de costas!- ela ordenou, se despindo

-Claro – disse, virando-se e apenas observando a sombra de Miyoru refletida na parede. Parecia muito maior do que a real, é claro, mas não deixava de mostrar-lhe quase como ficaria dentro de alguns anos. Ela terminou de se vestir e disse- Pronto, pode olhar.

Ele virou-se e a viu. Fez um esforço tremendo para se conter, pois ela estava belíssima, com o vestido acentuando-lhe alguns traços que quase eram imperceptíveis debaixo das roupas que ela costumava usar. Pegou fôlego para poder responder-lhe:-Como imaginava, está muito bonita, Miyoru. Mas não vejo falha no vestido, o que há de ruim para você?

-Como assim não vejo falha?- ela perguntou, irritada -Olha isso- apontou para o decote, que lhe tornava os seios evidentes – e isso!- apontando para a cintura, justa, que lhe dava ainda mais belas curvas.

-É o que normalmente usamos aqui, Miyoru. E acredite, só a fazem ficar mais bela – respondeu com um doce sorriso, camuflando seu interior conturbado

Ela ficou rubra, mas apesar disso, o elogio apenas pareceu irritá-la -Não sou bonita, e nem pretendo me enfeitar! Agora me diga, com que jeito hei de lutar vestida assim? Irei tropeça nos meus próprios pés!- ela se aproximou dele, indignada

-Você pretende lutar? Mas não é seguro ficar com as outras mulheres e crianças? Pois a qualquer ataque a eles, você poderá protegê-los. Ela ergueu as sobrancelhas, intrigada. Segurou o rosto dele com as duas mãos e disse -Legolas, olhe para mim. Não sou uma bela mulher, para me casar e viver segura pelos pátios. Sou uma guerreira, e vivo no perigo. E um guerreiro que desiste de lutar não é nada. Ou alguma vez já me viu longe da minha espada:- ela apontou para a espada, largada junto com suas roupas de dormir.

Ele sentiu o calor do toque das mãos de Miyoru. As pegou e abaixou calmamente – Eu não lhe pedi para não lutar. Pedi-lhe para proteger aqueles que não conseguem se proteger por eles mesmos. Da última vez Saruman tentou atacar as mulheres e crianças também, já que queriam acabar com a raça humana. E isso nos deu uma preocupação maior, já que a única guerreira que estava lá era Éowyn. E acredito que o nosso novo inimigo tentará também, por isso que lhe peço para protegê-los junto de Éowyn.

-E eu lhe respondo que o meu lugar é ao lado de Aragorn-sama, Éomer e você, na frente de batalha. Mande o anão para cuidar das mulheres.- ela respondeu, indisplicente.

-Gimli vai querer ir para lá tanto quanto você, Miyoru, e eu sei disso. Mas precisamos de alguém como você lá, tanto para protegê-los quanto para proteger-se, porque eu não quero que ninguém se fira nessa batalha, principalmente você.

-Não precisa se preocupar comigo, pode deixar que eu sei me cuidar. E vão ter que me amarrar para me enfiar naquele buraco com as mulheres!

-Miyoru, eu sei que pode se cuidar, mas até mesmo lutadores experientes já morreram lá. Veja Haldir, por exemplo!

-Mas eu prefiro morrer em batalha a me esconder num buraco! E se sou tão estúpida a ponto de morrer, não faria grande falta mesmo…- ela deu de ombros.

-Você faria muita falta a nós, Miyoru. Aragorn, eu e – apertou de leve a mão dela e teve que guardar seu orgulho para que Miyoru fosse segura para a caverna – Éomer, e acredito que todos da sociedade não iríamos ficar nem um pouco feliz com sua morte. Nós queremos o seu melhor e por isso nos preocupamos com você.

Ela ergueu a cabeça, num gesto autoritário, apesar da doçura de Legolas, ela continuava arrogante e decidida -Não vou morrer.

-Pode ser que não e pode ser que sim. Mas pela sua segurança e pela das pessoas que estão indo para lá, Miyoru, vá para a caverna. Não temos certeza de nada, por isso queremos assegurar de que o menor número de pessoas se firam

-Ah, chega dessa conversa.- ela se afastou dele, depois se voltou para encará-lo -A menos que me espanque aqui e agora e eu tenha que ser carregada semimorta para as cavernas, irei lutar. Mas não vim aqui para brigar com você…eu queria conversar com você…sobre o Éomer.-

-Éomer… – ele franziu o cenho e calmamente sentou-se na sua cama. – O que quer falar sobre ele?

Ela dou uma volta graciosa e se virou para ele -Ele me pediu para ficar aqui com ele. Acha que ele falava sério?

-Acredito que sim, Miyoru. Pela reação dele, acho que ele espera que você viva aqui com ele. – enfatizou um pouco as duas últimas palavras.

-Sério?- ela perguntou, parecendo muitíssimo animada -Legal!- ela comemorou -Eu sabia que algum dia minhas habilidades de guerreira seriam reconhecidas! Agora o rei quer que eu cuide da proteção dele!

-Acho que não é bem assim que ele está pensando, Miyoru. Acho que ele quer mais que você se afaste das lutas, para que ele sinta-se obrigado a te proteger.

-Nani?- ela parou a comemoração para olhar para ele curiosa -Então, ele iria me querer para que, senão para lutar?

-Acredito, Miyoru, que ele esteja pensando em você como… – ele parou um pouco e a olhou no fundo dos olhos. Aquela conversa estava sendo difícil, mas ele tinha que mostrar a ela como que Éomer deveria estar pensando, se era verdade o que lhe tinha dito – como uma futura esposa.

-QUE?- ela perguntou, estarrecida. Então explodiu em risadas -Ah, sem essa, Legolas, acha que alguém iria querer se casar comigo? Eu sou feia, mal-educada, teimosa como uma mula, e só sei lutar. Nem cozinhar sei direito!- Ela olhava para ele, incrédula

-Eu falo sério, Miyoru – ele a olhou com um rosto que não parecia de brincadeira – Por isso que ele lhe mandou tais vestidos, queria poder ver o seu corpo jovem, ele gosta de sua teimosia, já que ele mesmo de vez em quando é do mesmo gênio, e outras coisas que nem eu mesmo posso entender. Mas não falo de brincadeira Miyoru, ele me falou pessoalmente que te queria, profundamente. – disse, fechando os olhos e lembrando-se de algumas horas atrás.

-Maa..mas..- ela parecia chocada – E..eu? Mas..mas..eu, eu só…- ela gaguejava, como uma criança assustada. Ela caminhou até sentar-se ao lado dele na cama, em um silêncio complexado. Ela realmente estava apavorada com a novidade. E não tinha sido uma surpresa agradável. Até que ela falou, quebrando o constrangimento que os envolvia-Que estranho… normalmente, as pessoas me escorraçam e fazem questão de lembrar de quem sou, de todos os meus defeitos…- ela disse, calmamente -É a primeira vez que…alguém me quer por perto, por livre e espontânea vontade. Mas quando acabar essa missão, eu…- ela se virou, encontrando os olhos preocupados de Legolas sobre ela -Não quero ficar com ele. Não desse jeito.

Nesse momento, Legolas sentiu como se todo o mal do mu
ndo tivesse sido arrancado de seu peito. Uma onda de alívio o preencheu, e deixou vazar um sorriso por seu rosto, tão tranqüilizador e calmo, que Miyoru não pode evitar sorrir também.-Então, não fique. Você será muito bem-vinda onde quer que você vá. E, quanto a você não ser querida…- ele colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha dela, tocando seu rosto com a ponta dos dedos, numa mínima, mas terna, carícia.-Eu, Aragorn, Éomer. Gandalf, Pippin, Merry, Sam, Frodo… todos gostam de você, Miyoru. Nos preocupamos muito com você.-

Ela deu a ele, como resposta, um sorriso. Não como os grandes e brilhantes sorrisos que ela dava á todos que brincavam com ela. Um sorriso diferente…belo, sábio, inocente… novamente o mesmo paradoxo… maturidade e infantilidade… e foi com a mesma ternura de seu sorriso que a sua voz soou-Muito obrigada por se preocupar comigo, Legolas. Por gostar de mim.

Ele sorriu, triste e hesitante. Miyoru olhou dentro dos belos olhos dele. Uma pergunta existia ali, mais sentida do que vista, mas jamais dita. Como a marola quando uma gota dágua cai na superfície calma de um lago e se espalha em ondas até as borda, aquela pergunta formava ondas na serenidade de sua alma.

"E você, Miyoru? Você gosta de mim?"

A pergunta não tinha sido feita com palavras, não poderia ser respondida com tais. Mas Legolas teve a sua resposta, quando os dedos de Miyoru pousaram sobre os dele, ainda em seu rosto, e ela descansou a cabeça na palma da mão dele, fechando os olhos.

E, para ele, o mundo teria parado naquele instante. O roçar da respiração dela em seu pulso, a maciez da pele dela, as batidas compassadas de seu coração humano enquanto os raios de sol despontavam no horizonte e atravessavam a janela para tocá-los…pois ele achava que o seu próprio coração tinha parado de bater. Ele tinha medo até de respirar muito alto, para estragar a doçura daquele momento. Aquela resposta era muito menos que ele queria, mas ele não se importava. "Eu deveria saber que no fim de tudo, não haveria escapatória. E os deuses sabem o quanto eu lutei contra isso. Eu me esforcei desesperadamente para evitar, mas eu…"Então, ele a puxou para si, envolvendo-a em seus braços com delicadeza, apertando-a contra seu peito. Cuidando para não assustá-la. Enterrou seu rosto nos cabelos negros dela, sentindo o doce perfume que exalavam, enquanto seus olhos se fechavam, desejando que fosse assim.

"Você é livre para me deixar, apenas não me iluda. E por favor, acredite quando meu coração diz…"

E num sussurro que o vento levou para longe, numa fio de voz tão baixa e suave que nunca chegou aos ouvidos dela

-Eu te amo…

E, ao admitir aquilo, a parte livre dele chorou á morte, por ele sabia. Ele nunca mais poderia esquecê-la….

 

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