-Gimli, meu amigo-o elfo sorriu, olhando para o anão se aproximando, atrás de sua cabeça.
-Olha, legolas, eu já agüentei bastante das suas esquisitices élficas, mas isso está muito aquém do que se espera de qualquer um da sua espécie. Você nem me ouviu chegando.
Ele sorriu, quase sem jeito – Você sabe, eu não sei. Distrai-me com o crepúsculo.
-Não, você não se distraiu com o crepúsculo.- o anão se sentou ao lado dele na grama -Você se distraiu com seus pensamentos sobre uma menina humana.
-Tornou-se adivinho agora?
-Quando se faz do jeito certo não se chama de adivinhação. Mas a verdade é que está escrito no seu rosto. Ainda não fizeram as pazes?
-Não exatamente…. – ele respondeu, deliberadamente vago.
-Isso quer dizer que não.
-Não. – ele olhou para o amigo anão, um tanto irritadiço com o ar de deboche que este tinha – Nós não brigamos, se quer saber. E você e Aragorn vêm falar comigo com um ar de sabe-tudo quase ofensivo, criança, não vivi o dobro que você, ao mínimo?
-Mas você é jovem para um elfo. E em certas situações, age como se fosse ainda mais jovem. Meu caro, meu espírito é mais maturo que o seu, pois já conheço o amor e a admiração platônica há algum tempo, e para você eles são novidades.
-Ela é uma criança humana, Gimli, isso não está certo. De qualquer modo, ela confia em mim. Ou confiava, já nem sei.- ele respondeu, sem olhar para o amigo, especialmente concentrado na aquarela do pôr-do-sol.
-Ouça-me….- Gimli disse -Eu sei que jamais voltaria a chamar algo de belo, a menos que se referisse á Senhora da Floresta Dourada, Lady Galadriel. Mas gosto daquela menina, apesar dela ser meio voluntariosa e intempestiva, e às vezes uma verdadeira pestinha, ela gosta muito de você, Legolas, muito mesmo.Belo também é a harmonia entre vocês dois.
-Você acha?- ele se virou para o anão -Você me anima dizendo isso, meu amigo. Suas palavras quase cantam dentro da mim
-Você vai ver…Agora, deixe de ser tão élficamente sonhador e de ficar olhando o horizonte, pois se acha que nada tem a fazer, vá falar com ela ao menos.-
-Perfeitamente, farei isso.- ele se levantou, calmamente -Obrigado, amigo.- e desapareceu avidamente, entrando no palácio, deixando Gimli sozinho. Este retirou seu cachimbo da mala, comentando para o vento -Ora ora…. Esses dois… E deu uma longa baforada -Esses dois….
-Miyoru!- ela ouviu chamar, então se voltou. Estivera sentada entre os halls de pedra do palácio, pensando, quando ouvira a voz de Legolas chamando-a. Levantou-se o mais rápido que pôde, e ficou olhando-o se aproximar, e então disse.
-Eu queria mesmo falar com você, Legolas.- ela sorriu sem-jeito -Sem motivo e impulsiva foram minhas palavras á você durante a reunião. Eu queria pedir o seu perdão.- ela se curvou, a maneira de seu povo. Legolas sorriu, e levantou-a pelos ombros.
-Sim, sempre terá o meu perdão, Miyoru.- ele olhou-a nos olhos -Mas é bom que saiba que não deixarei de proteger-te mais ou menos graças á isso.-
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A isso Miyoru fez uma careta, mas assentiu -Se você faz questão….
-Sim, eu faço.
-Então…- ela olhou-o -Obrigada. Por se preocupar.- e sorriu
Legolas encantou-se com isso, sorrindo da mesma forma belíssima dos elfos.
Mas tal clima estava para ser rompido, pois um dos guardas apareceu -Senhor, Senhora!O Rei os chama!- eles assentiram, indo com ele, até a presença do rei.
Aragorn estava sentado no trono, com uma carta nas mãos, que tentava decifrar insistentemente. Gandalf estava de pé, ao seu lado, também lendo a mesma, ou concentrado nela, pelo menos até Legolas e Miyoru entrarem na sala.
-Sim, Aragorn?O que desejas?- ele ergueu os olhos para a voz élfica despertando-o da carta -Quero que Miyoru leia esta carta.
-Mais uma?-ela reclamou, subindo até ele -Agora me tornei escriba do rei.-, e riu suavemente.
"Ola, meus caros inimigos.
Mando essa carta apenas para avisar-vos que:
Eu estou em posse de algo precioso para vocês, Uma garota. Que Ai, ou como vocês chamam, Miyoru, reconheceria.
E Atende pelo nome de…Sagara.
Adieu"
Enquanto lia a carta, o rosto de Miyoru ia embranquecendo, e ela continuava a ler quase mecanicamente, apertando as bordas do papel amarelado com tanta força que seus dedos estavam esbranquiçados, e por um momento, Aragorn acreditou que ela fosse rasgar o papel. Mas ela ficou apenas parado, olhando para as letras desenhadas em japonês, sem nada dizer.
-Miyoru?Por deus, menina, fale comigo?Está bem?
Aragorn a sacudia levemente, tentando acordá-la, pois seus olhos estavam vagos, como se contemplassem coisas secretas, quando se voltaram para Aragorn, como se ele, Legolas e Gandalf que estavam á sua volta fossem coisas completamente novas -Sim….Eu estou ótima…- e forçou um sorriso, e sutilmente afastou-os -Eu…Vou para o…Para o meu…Meu quarto.- e sorriu, saindo, deslizando como um fantasma. Quando eles se deram conta do que acontecera, Legolas quisera seguí-la, mas Aragorn o segurou -Deixe-a….Deixe-a, ela precisa estar sozinha….
O elfo assentiu, triste, olhando pela passagem que ela se fora.
Os passos ecoaram, rápidos, desesperados, mal tocando o chão, ganhando os corredores do castelo até o quarto do rei, onde Legolas abriu a porta de supetão, exclamando, com sua voz atormentada, chacoalhando uma carta nas mãos.
-Miyoru fugiu!
O rei se levantou, assustado -Como?