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A Queda das Sete Estrelas

Prólogo

Passaram-se dois dias desde que seu marido Harry tinha partido para a guerra em Varnai. Ariel sentada na poltrona tricotava uma roupinha para o bebê que esperava. Localizava-se perto da janela de maneira que a brisa vinha correr por ali refrescando-a, pois era verão e os dias ali costumavam ser quentes.

Ela pensava em Harry quando sentiu um liquido escorrer por suas pernas. Assustada percebeu que era hora. Imediatamente parou seu tricô e gritou. Para sua sorte a vizinha Talra estava ali. Rapidamente veio correndo da copa.

Ariel, o que foi? – Talra perguntou assustada.

A bolsa rompeu – respondeu ela.

A amiga surpresa ajudou- a ir para o quarto. Lá a deitou e já colocando na posição de parto. Pediu que respirasse fundo enquanto ia buscar a parteira. Saiu do recinto ao som dos gemidos de dor de Ariel.

Nos momentos que permaneceu sozinha seus pensamentos foram para Harry. Queria ele ali para ver o bebê. Tinha certeza que sua alegria seria tanta que só de vê-lo esqueceria de toda a dor do parto. Mas o destino não quis assim. A guerra os separara. Temia tanto que não retornasse. Assim como todas em Anfalâr que tinham sido separadas de seus maridos.

A dor que sentia não era o que mais a feria e sim o medo por seu marido. Enquanto poderia estar ali junto a ela durante aquele momento, estava em lugar distante lutando, sem saber se iria voltar ou não. Isso a fazia chorar e desejar que a criança que estava para nascer não tivesse que viver num mundo onde os pais não conhecem os filhos por que estão na guerra.

Depois de alguns minutos Talra voltou com a parteira. A elfa baixinha chegou e logo preparou tudo. Assim, todas as coisas necessárias foram levadas para ali. Ariel  continuou em trabalho de parto “tranqüila”. Depois de várias horas de gritos de dor de Ariel ouviu-se choro significando o nascimento da criança.

Era um menino muito parecido com o pai, possuía os mesmo cabelos castanhos de Harry e olhos iguais aos da mãe que eram azuis.

A parteira segurou o bebê, cortou o cordão umbilical e entregou a mãe. Ariel exausta do parto ao ver a criança chorou feliz por que tudo correra bem. Olhou para o menino e viu o pai dele. Exatamente aquele que havia conquistado seu coração anos atrás. Então decidiu chama-lo de Renato. Pois para ela Harry renascia ali.

Depois daquele momento os dias foram felizes. O filho de Talra havia voltado da casa da avó. O bebê de Ariel crescia feliz e saudável. Entretanto as notícias de Varnai não chegavam preocupando as esposas dos que haviam partido.

Um ano se passou e Renato continuava a crescer forte e bem. Ele já brincava com o filho de Talra que tinha dois anos. Naquele dia ele estava na varanda da casa com o amiguinho, quando Talra entrou na casa de Ariel gritando: – Ariel, venha, eles chegaram. Nossos maridos retornaram!

Aonde estão?- perguntou ela curiosa, parando tudo o que fazia.

Estão na entrada da cidade – afirmou a vizinha.

Exatamente depois de ouvir as palavras da amiga ela saiu em disparada seguida por Talra. Chegando lá viu alguns poucos elfos marchando com as expressões desoladas no rosto. Ficou a procurar o rosto de Harry, mas não via. Começou a sentir-se apreensiva, assim como todas as outras que não encontravam seus maridos dentre os que retornavam.

Ariel não o achando perguntou para um dos que chegavam:

– Por favor poderia me dizer se esses foram os únicos que retornaram daqui?

 Sinto muito senhora não há mais nenhum sobrevivente – afirmou o elfo tentando ser o mais gentil possível.

Foi como se o mundo tivesse caído, suas pernas tremeram mas felizmente conseguiu segurar o baque. Porém não parou por aí, começou a se sentir sufocada no meio daquela gente, então começou a correr desesperada enquanto as lágrimas caíam. Chegou em casa pegou seu filho que brincava, entrou e o abraçou desabando a chorar. Geldan também pranteava mas não era por causa da morte do pai e sim era por que ela o havia separado de sua brincadeira. Afinal ele não podia chorar por quem não conhecia.

Ariel ficou algumas horas sentada ali soluçando, abraçada ao pequeno Geldan tentando não acreditar que aquilo era verdade. Só se levantou dali quando ouviu os gritos da amiga. Ela caiu em total desespero quando soube que seu marido jamais voltaria. Ariel deixou o filho que já dormia, em sua caminha, enxugou as lágrimas do rosto e foi ver o que se passava com Talra.

Saiu de casa correndo e deu de cara com Talra em frente à cerca, berrando:

– Não é possível, ele não pode fazer isso comigo não tem direito de me abandonar aqui sozinha.

Começou a andar em direção a sua moradia, com Ariel olhando espantada seu comportamento. Preocupada com a amiga se aproximou.

– Tudo bem com você?

Talra virou com uma cara de poucos amigos e respondeu:

– Claro que está tudo bem eu só perdi meu marido para sempre, também terei de criar meu filho sozinha além do dinheiro que terei de arranjar magicamente, mas, Ariel, claro que está tudo bem!

Concluiu suas palavras a amiga entrando pela porteira do quintal e indo para casa. Ariel ficando assustada com os dizeres de Talra temeu por ela. Então seguindo-a também atravessou a porteira no entanto quando botou a mão para abrir a porta, estava trancada. Sua mente logo pensou no pior. Desesperada Ariel gritou:

– Talra abra essa porta, vamos conversar, não faça isso. Eu sei que é difícil mas podemos passar por isso juntas!

No entanto ninguém respondeu. Quase já perdendo as esperanças começou a chorar pela amiga, quando uma idéia veio-lhe a cabeça. Quem sabe, talvez desse tempo. Levantou o vestido até o joelho para que pudesse correr melhor e disparou em direção a casa de sua outra vizinha Mariel cujo esposo havia retornado. Iria pedir a ele para ajudá-la a derrubar a porta.

 

Yuri, o marido de Mariel, prontamente decidiu ajudar. Chegando lá rapidamente pôs abaixo a porta. Ariel entrou chamando o nome da amiga com esperança de que ainda estivesse viva. No entanto suas previsões se confirmaram, encontrou Talra caída na cozinha com os pulsos cortados. Ariel desconsolada caiu de joelhos no chão, abraçou o corpo e chorou. Yuri ficou triste ao ver aquela cena. Ele se aproximou pôs a mão no ombro de Ariel e disse:

– Sinto que tenha terminado assim.

Ela nada disse, continuou a chorar a morte de Talra. Ele a deixou alguns minutos ali depois a afastou e pediu que fosse para casa. Ariel calmamente atendeu ao pedido e se retirou. Desolada caminhou pensando nos momentos bons com Talra.

Chegou em casa e viu Lucas filho da amiga sentadinho no sofá esperando que a mãe viesse busca-lo, mas mal sabia el
e que ela nunca viria. Ariel olhou e teve pena. Se aproximou, o pegou no colo.  O menino curioso, perguntou:

– Cadê mamãe?

Ariel comovida, respondeu:

– Sua mãe sou eu.

Disse isso e o levou para o quarto.

 

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Capitulo Um

Passaram-se dezessete anos desde a morte de Talra. Lucas cresceu, assim como Geldan, sendo já quase adultos.  Ambos ainda moravam com Ariel e se dependesse dela não saíram tão cedo, pois tinha medo que lhes ocorresse algo de ruim longe de sua proteção.

No entanto os dois já eram grandes e muito difíceis de se manter longe de confusão, principalmente Lucas. Desde o fim da guerra em Varnai o numero de Viúvas aumentara drasticamente no Vilarejo. Como Lucas era um belo jovem ainda mais com o sangue quente da mãe foi fácil arranjar várias amantes.

Com Geldan não acontecia o mesmo. Não querendo dizer que não fosse belo também ou não gostasse daquilo, mas o fato era que sua cabeça voava longe o fazendo ir sempre para pradarias distantes onde vivia as mais incríveis aventuras. Assim não sobrava tempo para pensar nas elfas. Mesmo assim ainda haviam aquelas que suspiravam por ele.

 Era mais difícil se meter confusão, no entanto quando se envolvia numa fazia Ariel quase arrancar o cabelos de preocupação. Como aconteceu esse ano.

Era mais ou menos por volta da meia noite e Lucas caía de bêbado na taverna da aldeia. Em vão Geldan tentava levá-lo para casa antes de passar mal. Ele, ao irmão de criação, dizia:

– Chega, Lucas, você já bebeu demais. Vamos para casa.

– Não, vou ficar e beber mais!

De repente a porta da taverna abriu e entrou um sujeito trôpego, andava semelhante a um bêbado, mas não parecia estar e sim exausto de tal forma que suas pernas mal suportavam seu peso. Ele foi adentrando no estabelecimento e começando falar.

Durante alguns dias tenho vagado pelas Aldeias dessa região em busca de ajuda para encontrar minha filha que desapareceu na floresta de Wilol.

Os ali presentes ao ouvirem o nome do lugar sentiram um frio na espinha e declinaram com a exceção de Geldan que levantou se oferecendo. Sentia dentro dele um fogo queimando, ele o empurrava para o desafio não sabia como.

É só isso que vocês podem. Um garoto é o único com coragem aqui, bando de covardes – disse vendo que o único a levantar foi Geldan.

Lucas vendo a atitude de seu irmão levantou meio torto e segurou nos ombros dele e começou a sacudi-lo gritando:

– Enlouqueceste Geldan, seu idiota, acabaste de assinar sua sentença de morte. Tu sabes bem o que há em Wilol e conhece o destino dos que lá entram!

Geldan se livrou dos braços do irmão que sacudiam.

Eu só queria ajudar – exclamou.

– E em algum momento pensou na mãe, sabe como a faz sofrer quando se mete em encrenca?

– Até parece que apenas eu a faço sofrer e você quando some porque está com aquelas piranhas velhas!

Lucas ficou vermelho feito um tomate, irado partiu para cima de Geldan. Como estava alcoolizado foi meio atabalhoado atacar. Seu irmão sóbrio desviou facilmente de sua investida e contra-atacou com um forte cruzado de esquerda derrubando-o. Ia bater mais, no entanto para a felicidade de Lucas os elfos dali o seguraram impedindo Geldan de ferir gravemente seu irmão.

O pessoal da taverna revoltado com o sujeito que provocara a briga o hostilizou. O elfo envergonhado com que causara, falou:

Não tinha a intenção de provocar nenhuma briga e sim conseguir ajuda para encontrar minha, então irei sozinho – retirando se do lugar.

Espere eu ainda vou com você – exclamou Geldan saindo do meio da confusão e indo atrás dele.

Não precisa garoto. Fique, parece que tem tantos problemas para resolver quanto eu – disse o sujeito virando e falando frente a frente com Geldan.

Não precisa se preocupar isso é normal acontecer entre eu e Lucas – esclareceu a situação.

O elfo olhou para ele comovido pela vontade de ajudar, mas com uma expressão de negação no rosto partiu deixando a aldeia. Geldan tentou ir atrás dele e continuar negociando a ida, mas Joatez o segurou impedindo que seguisse.

Joatez era como um pai para ele, desde a morte de seu pai havia assumido a responsabilidade junto a sua mãe para ajudar a criá-lo. A amizade com sua família vinha da relação que tinha com seu pai. Assim toda vez que aprontavam lá estava ele a dar bronca junto com Ariel.

Puxou-o de volta para a taverna falando:

– Meu rapaz, não gostei nada do que fez  aqui a Lucas, ele é seu irmão não pode tratá-lo como inimigo.

– Mas ele que começou falando de mim. Disse que só eu preocupava a mãe. Esquece que ele também a perturba em seu sono com seus “encontros amorosos”.

– Em vez de vocês ficarem acusando um ao outro porque não param e respeitam mais sua mãe parando de se envolver em confusão.

Ah!, não dá para ter uma boa relação com Lucas – exclamou irritado Geldan.

Claro que dá e eu vou te mostrar isso – afirmou Joatez.

Levou-o até seu irmão que estava sentado em uma mesa da taverna. Ele dormia tranqüilamente com a cabeça apoiada nela. Joatez trazendo Geldan junto parou à frente dele e disse baixinho ao pé do ouvido:

– Veja como dá, sente-se aí e converse um pouco com seu irmão e aproveite e faça as pazes.

Joatez se virou para continuar seus afazeres, pois era o dono da taverna. Assim deixando sozinho com Lucas.

Geldan sentou na mesa e o acordou. Ele olhou cheio de sono mas raiva ainda estava em seu olhar. Levantou parte do seu corpo que estava apoiada no móvel, ficando sentado direito. Fitou seu irmão com ódio e o interrogou:

– O que faz aqui, Não satisfeito com o que fez?

– Joatez me trousse aqui para fazer as pazes.

– Que pazes?

Se não quer minhas desculpas tudo bem assim me poupa trabalho e tempo, é só falar que eu vou embora! – exclamou Geldan levantado para se retirar.

Tudo bem! Tudo bem! Eu aceito suas desculpas, agora sente! – pediu Lucas

Geldan voltou para onde estava e Lucas começou a falar:

– Eu errei a falar aquilo daquele jeito para você me perdoe, mas não podia deixar se meter em encrenca. Lembra do que aconteceu com minha mãe, Talra, por causa da morte de meu pai, se alguma te ocorre Ariel não iria agüentar e eu perderia minha segunda mãe.

Geldan ficou surpreso com a confissão do seu irmão e também confessou:

– Não pude resistir quando aquele sujeito falou daquela floresta alguma coisa me empurrou tive de levantar.

– Mas, geldan, que impulso é esse que não pode agüentar?

– Sei lá, só sei que acende um fogo em meu coração quando Wilol é mencionada. Lucas tenho que ir lá, sinto algo esquisito e para  descobrir qual o  seu significado Wilol é começo.

Seu irmão ficou parado sem nada a dizer, tentando entender direito às palavras de Geldan. Depois de alguns segundos falou:

– Como assim ir lá?

– Partir rumo a Wilol – respondeu sem medo Geldan

– Está delirando, isso é loucura.

– Eu sei, mas sinto que nossas vidas dependem disso.

– Só que se formos lá aí que não teremos mais vida. Tu sabes bem aquilo é morte certa.

Mais meu coração me empurra – retrucou Geldan.

Seu coração está louco, eu digo é melhor irmos para casa que já é tarde e nada melhor do que uma noite de sono para acalmar os desvaneios de hoje – Terminou o assunto Lucas.

Assim concluíram aquela conversa e foram para casa. Despediram-se de Joatez e saíram da taverna subindo a rua em direção ao lar. Chegaram lá estava tudo apagado significando que Ariel dormia. Entraram devagarzinho para não acorda-la. Dirigiram-se ao quarto lentamente, foram caminhando pelo corredor. Ali rapidamente tiraram os sapatos para dormir. No entanto único a dormir foi Lucas por que Geldan ficou acordado pensado, até não agüentar mais e levantar, arrumar suas coisas e partir.

Saindo ele desceu a rua e tomou a direção para Wilol. Olhou para o horizonte cheio de colinas encobertas da nevoa noturna e quis ver o paredão verde da floresta.

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Capitulo Dois

Amanheceu tranqüilo na Aldeia. Como todo dia Ariel levantou cedo para preparar o café. Olhou pela janela o sol brilhar por entre as colinas, sentiu-se bem e pensou “nada como um dia novo para renovar o animo”. Estava pondo a comida na mesa quando Lucas entrou bocejando e sentou. Olhou faminto para a refeição, mas Ariel sinalizou para ele esperar o irmão. Lucas não entendendo afirmou:

– Mas ele já levantou, Ariel.

– Ainda não.

Levantou sim, não está no quarto – reafirmou Lucas

– Que estranho eu não o vi por aqui.

Deve ter tido ataque de sonâmbulo e ido dormir na sala, quer ver Lucas – concluiu Ariel indo procurar.

No entanto nenhum sinal dele ali, foi no seu quarto idem, foi no quarto dos dois também nada e por foi ao quintal para ter o resultado, ou seja, nada dele em casa. Ariel voltou para cozinha e perguntou a Lucas:

– Lucas o Geldan te disse se ia sair hoje cedo?

– Não ele não falou nada.

 Ué onde se meteu esse menino? – perguntou a si mesma.

Lucas começou a suspeitar para onde Geldan, só podia ter ido a Wilol. Quando tirou essa conclusão deu um soco na mesa de raiva, afinal de tinha pedido para não ir. Acalmou suas idéias e ficou a pensar. Chegou a uma conclusão, tinha que traze-lo e para isso só havia uma coisa a fazer.

Levantou da mesa e foi até onde Ariel estava. Ela no fundo do quintal, se localizava, sentada em pedaço de troco com as mãos apoiando a cabeça. Pensava no paradeiro de seu filho quando Lucas chegou e falou:

– Ariel por que você na vai a taverna e ver se ele está lá, talvez tenha ido cedo para lá e esquecido de avisar.

Boa idéia Lucas – disse ela indo.

Deu certo em sua primeira parte agora só faltava trazer seu irmão de volta. Com falsa possibilidade dada Ariel dava tempo de pegar suas coisas e partir. Assim fez, colocou tudo necessário para uma pequena viagem em sua mochila e pé na estrada.

Geldan nem procurava pensar na reação de Ariel em casa. Não imaginavam sua tristeza quando soubesse de sua fuga. Apenas queria continuar andando e chegar o mais rápido possível a Wilol. Uma parte queria que voltasse enquanto outra o impelia para frente, naquele momento a parte rumo a Wilol ganhava.

Sozinho seguia pelos prados sempre em direção as colinas enevoadas no horizonte. Já distante de casa caminhava por entre a pradaria verde amarelada quando parou e olhou para trás em direção à aldeia. Só a linha do horizonte aparecia, estava tão longe de casa que nem a sombra de seu lar via mais. Geldan pensou na possibilidade de nunca mais voltar, sua imaginação foi direto para a imagem de sua mãe triste recebendo a noticia de sua morte, ela tentava não acreditar, mas Joatez vinha e lhe dizia que haviam achado o corpo e o tinha reconhecido. Ariel caía de joelhos chorava de jeito melancólico e extremamente triste, mas não escandaloso naquele momento a imagem foi sumindo, sendo substituída por um cemitério onde podia ver um túmulo, o seu.

Espantado com aquela visão uma lágrima escorreu pelo seu rosto e a parte que queria voltar quase venceu a que não queria. Com muito esforço deu as costas para seu lar e continuou sua estrada.

Seu caminho era ir até Dateri e depois perguntar como ia para Wilol, mas primeiro tinha de atravessar aquela planície chegando à base das colinas do horizonte, isso durava mais ou menos um dia de viagem.

Conhecia bem a estrada até Dateri, lembrava de muitas vezes quando era mais novo indo para lá. Algumas das vezes que brigava com sua mãe fugia para lá. Foi numa dessas que conheceu seu grande amigo Tergol. Esperava conseguir sua ajuda para chegar até a floresta.

Tantos pensamentos na cabeça, tantos passos dados e havia esquecido de comer. Seu estomago gritava em sua barriga. Não comia desde ontem quando jantara na taverna, por isso estava com uma fome absurda. Por esquecimento, só tinha pegado em casa algumas maçãs.

Parou e pegou duas e comeu. Elas o satisfizeram durante um tempo. Já sem fome continuou a caminhar. Agora, saindo do matagal entrou em uma pequena trilha de terra batida que poucos conheciam. Ela era um atalho para Dateri que Geldan havia descoberto numa de suas fugas. Por ele economizava um dia de viagem em relação à estrada conhecida que dava uma volta em torno das pradarias.

No entanto aquele caminho era mais perigoso, pois passava pelo pântano de Flaug um lugar cheio de poças de lodo que se pisasse era tragado rapidamente para nunca mais voltar à superfície.Essa trilha há muitos anos atrás fora feita pelo povo de Harsaiü na época da perseguição aos adoradores de Fal Rah. Era um caminho de fuga dos exércitos Harsaiürianos em caso de derrota.

Ele seguia ainda um tempo pela p
radaria até entrar nos charcos onde a trilha ia por uma sinuosa faixa de terra firme cercada de poças. Se fosse só isso seria fácil atravessar, no entanto, o problema era que como ela era muito antiga havia partes onde o trecho firme tinha afundado, ou seja, o viajante era obrigado a saltar e ainda tinha mais havia pedaços que enganavam pois parecia seguro mas não era e se pisasse já era.

Geldan estava tranqüilo sabia exatamente como cruzar aquele obstáculo, era simples nos trechos onde a distancia para saltar fosse grande era só subir numa das arvores que rodeavam a trilha e andar um pouco cima dela e depois voltar à estrada, alem disso tinha ao caminhar um galho que usava para testar o solo, assim evitando cair em pedaços enganosos.

Em poucas horas atravessou Flaug, mas a parte mais longa e cansativa da viagem apenas ia começar.  Nesse trecho a trilha saia do pântano e seguia pela base das colinas durante um bom pedaço até começar a subir. Naquela parte deixaria a trilha e adentraria no bosque das raposas onde ele achava realmente perigoso diferente de Flaug que apenas bastava conhecer o lugar. Já o bosque não era simplesmente conhecer o lugar tinha de ter uma boa dose de sorte para conseguir atravessá-lo.

Mas Geldan era corajoso e pretendia fazer aquele caminho até o anoitecer para acampar já bem perto de Dateri, faltando apenas o trecho final. Pensando assim ele começou aquela parte. Ali a trilha deixava de ser terra batida e passava a ser pavimentada com pequenas pedras de forma quadricular. Ela ia serpenteando por entre os pés das colinas até perder de vista.

Andava rapidamente queria ganhar tempo. Calculava mentalmente o tempo antes de o sol se por e chegou a conclusão de que não daria para fazer o planejado por isso aumentou o passo. No entanto parecia não dar certo, pois o dia passava rapidamente indicando em breve inicio da noite e isso era ruim. Por que se estivesse no bosque no meio da noite seria o fim. Era morte certa atravessá-lo de noite, no entanto se parasse e esperasse o próximo dia perderia o dia de vantagem e como tinha certeza que estavam a sua busca, provavelmente quando chegasse a Dateri eles o encontrariam e o mandariam de volta para casa. Não podia arriscar, de dia ou de noite entraria no bosque.

Ocorreu de chegar lá quando o sol se punha. Não havendo jeito de evitar. Saiu da trilha e pisou no gramado verde da colina deparando-se com parede verde do Bosque das Raposas. Sem medo caminhou rumo a ele, iniciando assim a parte mais difícil de sua viagem.

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Capitulo Três

Entrou no Bosque, a luz sumiu deixando o lugar em penumbra. Geldan caminhava muito atento e procurando fazer menos barulho possível.

Não havia trilhas ali, o único jeito era seguir por entre as arvores que, aliás, eram belíssimas, todas formando uma obra de arte da natureza. Bastava observar os pinheiros, os carvalhos, as bétulas e até mesmo as flores brancas do chão balançando com o vento.

No entanto existia um pesar ali, a Gangue Garbaloiü. Conta a história que o bando era um povo habitante do norte há muito tempo atrás, na época da unificação em Anfalâr. O primeiro Hazur com interesse em suas terras atacou e os expulsou para as Colinas e Bosque das Raposas. Revoltados eles formaram um grupo armado e começaram a atacar aqueles que passassem, roubando e algumas vezes até matando. Com o passar dos anos e com os freqüentes ataques aos viajantes de Anfalâr surgiram histórias de que fossem servos de Fal Rah com missão de atormentar os filhos de Al Litüe, mas tudo não passava de uma mentira.

Infelizmente como quase todo mundo, Geldan acreditava nesses boatos. Isso viria a complicar muito sua vida.

Com o sol já posto, sem quase luminosidade nenhuma, a não ser pela luz da lua que penetrava raramente no teto negro do bosque. Geldan continuava sua trajetória. Agora com muita dificuldade pela escuridão. Andava sempre em busca de clareiras onde procurava sempre encontrar a melhor visão para caminhar.

Agora andava rumo a uma a quinhentos metros a sua frente. Ia tateando as arvores tentando sempre evitar colisões. Mas no meio do caminho esbarrou em alguma coisa e caiu, olhou para ver o que era, viu uma forma negra parada a sua frente,no entanto não conseguia identificar direito o que realmente era. Então tolamente gritou:

– Servo da escuridão deixe-me passar!

 Levantando-se e indo a direção a forma ataca-la. Ela muito rapidamente deu um passo para o lado esquivando-se e voltando-se para ele pegando-o de costas. Antes que pudesse fazer algo a forma o imobilizou, falando:

– Se tentar alguma coisa morre.

Geldan ouviu e se espantou. Era uma voz feminina. Será que aquela forma era uma mulher? Ia falar quando recebeu uma pancada na cabeça e desmaiou.

Acordou com uma tremenda dor de cabeça e o sol na cara. Foi tentar proteger os olhos com a mão mas não pode pois ela estava amarrada também não podia mexer o corpo por que estava todo amarrado.

Localizava-se preso a um tronco fincado no chão em meio de uma clareira. Naquele momento sozinho, mas logo apareceu alguém. Era um dos integrantes do bando usava uma capa longa cor marrom meio acinzentada, ela possuía uma gola grande que tapava o rosto deixando apenas aparecer os olhos. O individuo possuía longos cabelos loiros e olho azul, armado com uma faca curta e um arco longo.

O sujeito se aproximou e começou a falar:

Comece a falar o que fazia aqui, antes que os outros do meu bando apareçam e você tenha um desagradável interrogatório.

Geldan reconhecia essa voz. Era aquela de ontem. Tinha o mesmo tom feminino.

Quem é você? – indagou Geldan.

– Não importa. Diga longo o que fazia aqui?

– Não sabia que na Gangue de Garbaloiü havia mulheres.

– Tudo bem se não quer responder minha pergunta, vou embora e deixar que os outros cuidem de você, a escolha foi sua.

A elfa de rosto coberto foi embora. Geldan ficou sozinho mais um tempo até aparecerem três sujeitos vestidos do mesmo jeito que ela. No entanto traziam um brilho diferente nos olhos. Algo de tom cruel. Entretanto quando um se aproximou reconheceu seu rosto, baixou a mascara e falou:

– Geldan, que faz aqui?

Ele também reconhecendo o sujeito exclamou:

– Tergol?

Tergol virou para seus companheiros ordenando:

– Soltem-no imediatamente.

Os dois sem questionar foram até Geldan e cortaram as cordas. Caiu de joelhos chão  assim que foi solto, mas imediatamente se levantou avançando para Tergol gritando:

– Seu traidor mentiu para mim, é um servo de Fal Rah!

Não está enganado, nos não somos servos dele. – disse Tergol espantado com fúria de Geldan que se não fosse pela presença dos companheiros do outro teria o atacado.

– Então se n&a
tilde;o são o que fazem aqui atacando os viajantes?

– Nós não atacamos mais os viajantes inocentes.

– Por que me atacaram?

– Porquê achamos que fosse um inimigo.

– Que inimigo está falando? – indagou Geldan intrigado.

– Harsaiürianos.

– Mas eles não sumiram há muitos anos?

– Não totalmente, e agora estão crescendo novamente. Por isso capturamos você achando que fosse um deles. Pois ultimamente muitos têm circulado por aqui.

Geldan mais calmo perguntou:

– Mas o rei deles não tinha morrido na segunda batalha?

– Sim, no entanto seu espírito maligno sobreviveu de alguma forma se escondendo em Wilol, Agora ele se revelou novamente para seus servos. Já reconstruindo sua Antiga fortaleza de Artua.

De repente bateu em Geldan um desejo crescente de ir até Wilol. Dentro de sua cabeça ouvia cada vez mas alto uma voz o chamado:

– Venha meu fiel servo, siga a escura estrada e chegue a mim.

Ele olhou em volta a procura de quem partia à voz, mas não viu ninguém que tivesse dito aquilo.  No entanto continuava desesperadamente a olhar em volta e nada sempre. Quando tudo começou a girar e escurer. Foi quando perdeu a consciência.

Entres flashes de imagens indistinguíveis, viu sua mãe gritando e pedindo para voltar que ele não era assim antes, era bom.

continua…

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