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O Diário Secreto de Scadufax

Dia 1
Hoje, quando fazia minha corrida matinal entre Fangorn e Edoras, um enorme pássaro estúpido, sem a menor cerimônia, despejou uma rajada de bosta quase em cima da minha cabeça. Se não fosse tão rápido, não teria conseguido me desviar a tempo, e a tragédia seria completa. Bem, de qualquer forma, não pude evitar de pisar em uma poça de lama – era lama, e não bosta de pássaro! – e fiquei com minhas patas todas sujas. Esse transtorno todo atrapalhou meu tempo: ao todo, gastei cinco minutos para ir e voltar de Fangorn – um absurdo! E minhas patas estão imundas. Terei que marcar hora na manicure.
 
Dia 2
Logo que cheguei ao salão, a tonta da manicure gritou: "Vejam, o Scaddy (odeio quando me chamam assim!) pisou em merda de pássaro!". Fiquei tão irritado – afinal de contas, aquilo era LAMA! – que lhe dei um coice, tão forte, que minhas patas traseiras estão doendo até agora. Assim que a infeliz recobrou os sentidos, me disse que eu não deveria ficar zangado, pois pisar em merda de pássaro traz bons presságios. E ela tinha razão: finalmente chegou minha tintura prateada. Ela é um pouco cara, além de ser ilegal para eqüinos, pois é feita apenas para uso élfico e não pode ser vendida fora de Valfenda, Lórien ou Floresta das Trevas. Sorte minha que os elfos preferem o loiro ao prateado!

Dia 3
Minhas patas continuam doloridas, o que me obriga a trotar como uma égua. Inferno! Era só me ver, aquele pangaré do Snawmana começava a cantar uma música ridícula sobre uma tal Égüinha Pocotó; e todos os outros cavalos riam com ele. Estou cansado desses imbecis; acho que vou embora de Edoras de vez. Será que em Lórien também tem salão de beleza para eqüinos?

Dia 4
Maldita hora em que fui dar aquele coice! Minhas patas continuam doloridas, e tenho que trotar nesse passo de lesma! E o pior é que estou sendo seguido por um velho desde que fugi dos estábulos de Meduseld. Talvez seja um desses humanos tarados por cavalos que está trás de mim. E Edoras não possui nenhuma Sociedade Protetora dos Animais desde que Gríma começou a fazer a cabeça do velho Théoden. Estou perdido!

Dia 6
Não sei como, mas aquele velho de uma figa me alcançou! Parei para beber água no Entágua, tomando o maior cuidado para não molhar o pêlo e, quando ergui a cabeça, vi o tal. Pelas barbas de Eru! Que bípede imundo! Mas nunca na vida que eu ia deixar um asqueroso daqueles conspurcar meu pêlo sedoso e limpinho! Já ia me mandar, mas aí o velho fez algo inesperado: levantou os trapos que tinha por vestes e… Oh! Antes fosse cego! Ele estava nú e… Credo! Foi a coisa mais medonha que eu já vi na minha vida! Como o velho esperava, fiquei paralisado, de tanto horror. Então, o velho se aproveitou, pulou em minhas costas e berrou: "Ande, sua mula, não temos tempo a perder!" De tão enojado, corri; no meio do caminho, ainda dei uns coices que nem os vulgares cavalos de rodeio costumam fazer, mas o velho parecia ter Superbonder no corpo – devia ser a sujeira – e de forma alguma caiu. "Vamos, pare com isso!", disse ele "Vi você saindo do salão de beleza dias atrás; acha que não sei porque você me teme? Vamos fazer um acordo: eu sou um mago; acha que não posso dar um trato no seu pêlo?" Parei de escoicear na hora. "Posso fazer um feitiço, e seu pêlo ficará prateado para sempre. Que tal?" Fiquei em dúvida. Não confio em magos. O Saruman, da última vez que fui a Isengard em meus passeios solitários, me perseguiu com uma tesoura, por isso nunca mais voltei lá. Como se lesse meus pensamentos, o velho resmungou: "Ou você pode voltar pra sua tintura élfica. O Saruman também costumava usá-la, mas como ele não tem a cabeça dura dos elfos, acabou ficando careca e agora usa uma peruca vagabunda. Bem, pelo menos ele ainda tem peruca…" Entendi a insinuação: se meu pêlo caísse, eu ficaria pelado pro resto da vida. Ah, como o Snawmana adoraria isso! Topei a proposta: afinal, o que eu teria a perder?

 

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