[…] seus emissários estavam proibidos de se revelar em formas de majestade, ou de procurar dominar as vontades dos homens ou dos elfos através da demonstração aberta de poder; mas, vindos em formas débeis e humildes, tinham a incumbência de aconselhar e persuadir os homens e os elfos para o bem, e procurar unir no amor e na compreensão todos aqueles que Sauron, caso retornasse, tentaria dominar e corromper. (TOLKIEN, 1980).
Percebe-se com a citação acima que todos os magos tinham um foco comum, a união dos povos livres da Terra média em prol da soberania, autonomia, liberdade e fraternidade, entretanto, tais características tinham um preço a pagar, que neste caso, a resistência, a luta e o sacrifício contra Sauron (também conhecido como Gorthaur). O sacrifício é embutido ou compreendido como a entrega da própria vida caso fosse necessário na resistência contra Sauron; principalmente nos momentos das batalhas. Podem-se citar momentos como a Batalha de Fornost, Cinco Exércitos, Abismo de Helms, Pelennor dentre outras batalhas assim como casos isolados, não necessariamente como confrontos “épicos”.
Os magos azuis eram conhecidos respectivamente como Alatar e Pallando, e de acordo com os Contos Inacabados eles foram para o Leste com Saruman o Branco (outro mago, o primeiro a chegar), mas ao contrário dele, jamais voltaram as Terras Ocidentais.
Tolkien ainda faz outra referência aos Magos Azuis numa carta, onde afirma que ambos foram realmente para o Leste, mas que provavelmente falharam em sua missão, e uma dessas prováveis falhas seria pela iniciação a cultos mágicos. Se analisarmos um mapa da Terra média, pode-se notar que o leste era uma terra distante, provavelmente uma espécie de “ermo” para os povos do oeste. Entende-se que tais ermos era o território de Rhûn, ao Nordeste de Mordor, uma bela região, apresentando uma considerável diversidade ambiental, paisagens compostas por áreas serranas ao Oeste do grande Lago Rhûn, áreas florestais ao Leste do mesmo, bem como a presença de outros corpos d’água como rios, córregos e ribeirões; e também nos domínios meridionais, a presença de amplas e desoladas áreas de planícies e depressões e configurações semi-áridas. A afirmativa de que os Magos Azuis foram para o Leste, pode, talvez, levar alguns leitores a entender que esta região poderia ser o território de Khând, que por sua vez se encontra a Sudeste e pequenas partes do Leste de Mordor, e a Oeste de Harad (outro domínio dos homens). Entretanto, a hipótese mais “coerente” seria realmente a busca por Rhûn.
Ainda de acordo com os Magos Azuis, há outro texto oriundo do título Os Povos da Terra Média, em que existiam nomes alternativos para ambos, assim designados: Morinehtar e Rómestámo, entretanto, não fica claro se tais nomes eram realmente uma substituição a Alatar e Pallando, ou se eram um segundo nome e/ou sobrenome. Há uma menção de que tais referências a Morinehtar e Rómestámo, não chegaram na Terceira Era, e sim na Segunda, quando da época da forja do Um Anel, por volta do ano de 1600, e que a missão estava realmente no Leste, no enfraquecimento dos exércitos de Sauron; neste intuito, que vem afirmação da falha de ambos. Existiu uma possibilidade de que junto com os Magos Azuis, retornou o elfo Glorfindel a Terra média.
Desta forma, diante dos relatos acima, percebe-se que os Magos Azuis tiveram seu papel no contexto histórico e político da Terra média durante um certo período da Terceira Era, mesmo que a consideremos como “simplórias” suas ações dentro de um objetivo pré-estabelecido que era neutralizar os intuitos de Sauron. Fica sempre aquele sentimento de mistério nas vidas de Alatar e Pallando, dois Maiar que vieram do Oeste a mando dos Valar.
Referencias Bibliográficas
TOLKIEN, John Ronald Reuel Tolkien. Contos Inacabados: Martins Fontes, 2002.
TOLKIEN, John Ronald Reuel Tolkien. O Silmarillion: Martins Fontes, 2007.
TOLKIEN, John Ronald Reuel Tolkien. As Cartas de J. R. R. Tolkien: Arte e Letra, 2006.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Magos_Azuis – Acesso em 16/12/07