A Valinor/Lothlórien tem a honra de dar continuidade à publicação de O
Livro Negro de Arda, publicando o quinto capítulo da segunda parte, chamado AS SETE ESTRELAS. Leia mais sobre esta obra aqui na Valinor e confira os demais capítulos já publicados, no índice da obra
PARTE SEGUNDA. MANDARAM ESQUECER
AS SETE ESTRELAS
"… e alto no Norte como um desafio a Melkor ela pôs a coroa das sete poderosas estrelas para girar, Valacirca, a Foice dos Valar e o sinal do destino …"
Numa meia-noite negra e gelada, naquela hora em que morrem os sons terrenos, sobre as eternas cãs das montanhas do norte ergueram-se as sete estrelas. Sete – e Uma. Aqueles cujo destino foi vê-las naquele inalcançável instante em que o limiar entre o mundo e o universo quase desaparece, repentinamente começavam a ouvir uma música silenciosa, eternamente viva. Aquele que a ouviu, jamais poderia esquecê-la, ela soava para ele em todos os lugares e sempre: de dia – no murmúrio do vento, no estrondo de uma avalanche, no rugido da tempestade, no ranger baixo da pena sobre o pergaminho, nas voltas silenciosas do falcão no forte azul do céu das montanhas; de noite – no uivo do lobo, nas faíscas da fogueira, no canto da lua refletida na água parada… Palavras, cujo sentido é sentido com toda a alma – mas é impossível decifrá-las. Está na soleira da porta, mas não se atreve a entrar.
Quem, que grande artífice criou esta maravilhosa coroa, quem coroou com ela as Terras Mortais? Sete estrelas cintilavam, tremulas – assim estremece o mundo nos olhos cheios de lagrimas. Uma – ardia, calma. E somente prestando mais atenção, podia-se notar que ela pulsa – como bate um coração. Cada um dos que viram estas estrelas tentava entender – o que significa esta coroa na noite. E nasciam lendas – belas e grosseiras, tristes e grandíloquas…
“Oito Aratar reinam em Arda. O líder deles é Manwe. Como uma coroa sobre a cabeça do governante – sinal ameaçador aos escravos e aos maus, assim a Coroa da Terra-Média – ameaça e advertência sobre aquele castigo que inevitavelmente recairá sobre o Inimigo. Que seja ele amaldiçoado para todo o sempre, aquele que se atreve a desobedecer a Eru!
…Como uma estrela na Coroa da meia-noite – assim é Manwe entre os Aratar. Os nomes dos Sete, que a toda Arda governam na grandeza – a criadora das estrelas Varda e Ulmo, senhor das profundezas das águas, mãe de tudo o que vive Yavanna e Aulë, o ferreiro, senhor dos destinos de Arda, senhor dos mortos Námo, mãe dos que sofrem Nienna e Orome, senhor dos cavalos. E, um sinal da glória deles, Varda criou a Coroa da Terra-Média, e a mais brilhante é a estrela do senhor Manwe. E o Inimigo foi expulso do círculo dos Grandes, e que suma ele da face de Arda! Que a Coroa da Terra-Média seja para ele um eterno desafio!..”
“…Vê – ali em cima, sobre as montanhas – a Coroa? Vê – a Estrela? Dizem, ela não é o sol de um mundo distante, como aquelas Sete. Dizem, o Mestre acendeu-a com a força do amor e a magia do saber há muito tempo, antes ainda do nosso acordar nas águas escuras da Lagoa. Isso é um sinal para aqueles que eternamente seguem pelo caminho da busca e dos feitos, do saber, do amor e do sacrifício. Para aqueles que seguem e para aqueles que ainda não nasceram no mundo, mas que pisarão sobre este caminho. Dizem, é um desafio dos Valar. E dizem ainda – se olhar com atenção e ouvir, notará como bate o coração da estrela. Mas isso tudo são somente boatos – o Mestre somente sorri quando você o pergunta sobre isso. E, mesmo assim, eu acho que é verdade. Porque… Não sei. É belo, e eu acredito nisso, e por alguma razão o coração diz que é assim mesmo… E porque – Sete e Uma? Eu não sei. Sete – é um número mágico, nos somente compreendemos o significado dele há pouco tempo – é o numero da verdade e da harmonia, e significa – multiplicidade dos mundos. Pois é certo – Sete Sois e Arta! Talvez, por isso? Verdade que alguns dizem que as Sete estrelas se reuniram assim por acaso, mas… é uma coincidência boa demais. Provavelmente não. Em Ea, essas Sete significam algo justamente para Arta. Mas por enquanto eu não sei. É preciso pensar e procurar…”