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O Senhor dos Anéis, edição Artenova

A chamada “Edição Artenova” foi a primeira tradução feita de O Senhor dos Anéis para a língua portuguesa, antes mesmo da Editora Europa-América de Portugal, lançada no Brasil durante a década de 1970. Os livros foram lançados entre 1974 e 1979 em seis volumes separados, com tradução de Antônio Ferreira da Rocha (os dois primeiros volumes) e Luiz Alberto Monjardim (os quatro últimos volumes), revisão de Salvador Pittaro e tendo Álvaro Pacheco como editor.

Os seis volumes são assim entitulados:

  • Livro Primeiro: A terra mágica
  • Livro Segundo: O povo do anel
  • Livro Terceiro: As duas torres
  • Livro Quarto: A volta do anel
  • Livro Quinto: O cerco de gondor
  • Livro Sexto: O retorno do rei

Atente para o fato de que O Senhor dos Anéis original foi publicado em três volumes e apesar de ter seis livros os mesmos não possuem subtítulos, portanto três dos títulos da Artenova são inteiramente criados pela Editora. A publicação da obra não se mostrou financeiramente rentável, afirmam alguns, pelo espaçamento dos lançamentos – os interessados no início acabaram migrando para a edição portuguesa ou mesmo a versão original antes da conclusão da publicação dos livros da Artenova.
Esta edição/tradução também é famosa pela tradução de alguns termos, que assumem, aos olhos de hoje, um tom um tanto quanto jocoso como por exemplo “Colinas dos Túmulos” na edição Martins Fontes que era “Mundas-Modorras” na edição Artenova, não que a tradução esteja incorreta uma vez que “Munda” é mesmo colina e “Modorra” é uma palavra arcaica para túmulo (romano), mas assume um certo tom estranho aos ouvidos de hoje. É possível inclusive afirmar que “Modorra” tem mais a ver com “Barrow” (a palavra original de Tolkien) do que “Túmulo”, pelo arcaísmo da mesma.

Outros exemplos são “Pônei Empinado” (“Pônei Saltitante” na edição Martins Fontes e “Prancing Pony” no original) e seu dono, o “Ceveiro Sombreiro” (“Cevado Carrapicho” na edição Martins Fontes e “Barliman Butterbur” no original). Os “Guardiães” da Martins Fontes (“Rangers” no original) se tornaram “Vagamundos” e seu chefe, “Passolargo” (“Strider”, no original) é aqui chamado de “Caminheiro”. Há algumas preciosidades como “Matusalém Pacolé” mas este eu deixo sem revelar o original.

Nossos amigos hobbits são Frodo Bolsim, Pipinho Tuque, Meirinho Brendibuque e Sam Pacolé (ups! olha a dica pra charada aí acima!), guiados pelo mago Gandalfo para a destruição do Um Anel. A rima do Anel ficou assim:

Aos Reis Elfos sob o céu três Anéis são;
Sete para os Lordes Anões,
abrigados em seus salões;
Nove para o Homem: a morrer condenado;
Ao Lorde Negro Um, em seu trono sentado,
Na Terra de Mordor onde as sombras vão repousar.
Um Anel para achá-los, para todos governar,
Um Anel para reuni-los e para, na treva, os atar
Na Terra de Mordor onde as sombras vão repousar.


Os livros são difíceis de encontrar, principalmente o volume cinco, e a Editora Artenova não está mais ativa desde a década de 1980. Se você os encontrar em seu sebo de preferência ou na casa de algum parente, não deixa passar a oportunidade de obtê-los.

A Valinor está preparando para publicação uma série de artigos sobre a Edição Artenova, a qual atualmente é virtualmente desconhecida apesar de ser a primeira, além de ser caçoada pelos que a conhecem, devido às opções de tradução, que nos soam estranhas, porém há método nas mesmas… mas isso é história pra outro artigo.

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