Ícone do site Valinor

Livros Perdidos

Estive lendo estes dias um livro chamado “O livro dos livros perdidos”. O autor, Stuart Kelly, relata uma séria de livros que foram perdidos [o autor morreu e não pode terminar, os manuscritos se perderam, tudo foi perdido em um incêndio] desde os tempos da antiga Grécia até um século passado. Um livro interessante, mas que no seu final fica um pouco cansativo.

 

 
A leitura dos textos me fez pensar em duas coisas. Era muito comum no século 19 após a morte de um escritor famoso surgirem livros que supostamente seriam de sua autoria que logo depois eram desmascarados como fraudes. Hoje em dia isto seria muito difícil de acontecer. O negócio do livro está muito mais profissional, bem como as leis que protegem os direitos autorais.

Entretanto no caso do Tolkien talvez a coisa não fosse tão absurda. Existe uma certa obscuridade sobre os espólios de Tolkien. Abordei estes dias em meu blog um assunto que pode ser chamado de lenda entre os estudiosos, os papéis deixados por Tolkien, e guardados por seu filho Christopher, contem muito mais informações e textos do que foi publicado ou revelado para os leitores. Não estou dizendo que os livros publicados após a morte de Tolkien não são de sua autoria, não sou maluco a este ponto. Apenas o que quero dizer é que se [insisto no terreno da possibilidade aqui] Christopher publicasse um livro chamado A Infância de Tom Bombadil por JRR Tolkien, alegando que o livro é um antigo manuscrito que apareceu entre os papéis de seu pai. Ninguém iria questionar a autoria. Mesmo que o verdadeiro autor fosse o Christopher. Afinal, temos a lenda dos papéis herdados guardados a sete chaves.

Vale lembrar que nos idos anos 60 Tolkien foi vítima de uma fraude impensável hoje. O Senhor dos Anéis ganhou uma versão clandestina, ou não-autorizada, nos EUA. A edição Ace Books. Uma edição barata que vendeu que foi uma beleza. Claro que a coisa foi descoberta. Porém Tolkien foi obrigado a fazer revisões e tentou alterar alguma coisa no texto para que a edição oficial fosse diferente da pirata. Dizem alguns que foi graças a edição da clandestina que O Senhor dos Anéis virou um sucesso nos EUA. O engraçado é que acho que se hoje alguém estivesse vendendo a edição da Ace, ganharia um belo dinheiro.

A outra idéia que me ocorreu é o número de livros perdidos que Tolkien tem. O Silmarillion é um catálogo de livros perdidos. Livros inacabados que nunca saberemos o seu final ou a forma definitiva que Tolkien gostaria de dar. Ao longo de todo o HoME temos anotações, esquemas, fragmentos e idéias que não foram desenvolvidas.

No HoME The Lays of Beleriand, logo na explicação sobre a data que Tolkien iniciou a escrita do poema, uma frase me chamou a atenção. "… which he [Tolkien] begun according to his diary in the summer of 1925." [… que ele começou de acordo com seu diário no verão de 1925] Perai, Tolkien tinha um diário? Eu sei que podem existir outras interpretações para a palavra diary, poderia ser um caderno de anotações apenas ou uma agenda. Mas imagine por um instante se no espólio de Tolkien estivessem cadernos e mais cadernos com anotações de suas tarefas, trabalhos e impressões da vida. O que estes cadernos poderiam guardar? Preciosas informações. Para nós, colegas de Valinor, o maior livro predido da história é, sem dúvida nenhuma, Os Diários de JRR Tolkien.

Sair da versão mobile