A grande decisão estratégica dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial não foi o desembarque na Normandia no Dia-D, nem o bombardeio massivo das cidades alemãs com os B-17 e B-24 para forçar uma rendição, nem o uso da Bomba Atômica contra os japoneses em Hiroshima e Nagasaki, mas a decisão de, mesmo tendo entrado na Guerra em face do ataque japonês a Pearl Harbour, perceber que o inimigo principal a ser derrotado era a Alemanha Nazista e que deveria concentrar os principais esforços, mesmo tendo de combater em duas frentes, no teatro de guerra europeu (cfr. Louis Morton, “Primeiro a Alemanha: O Conceito Básico da Estratégia Aliada na Segunda Guerra Mundial”, in “As Grandes Decisões Estratégicas”, Ed. Bibliex – 1977 – Rio, tradução Álvaro Galvão).
A matriz ideológica do regime nazista (e não meramente imperialista, como a japonesa), aliada ao risco de dominação totalitária do berço da civilização ocidental por uma nação militarmente superior à japonesa, foram elementos que fizeram pender a balança do esforço bélico americano para a priorização do combate e da vitória na Europa.
Tanto na vida corporativa quanto na vida pessoal, e não apenas na seara militar, empresas e indivíduos são colocados diante dos mais variados tipos de dilemas, em que devem tomar decisões de maior ou menor importância para o seu desenvolvimento e realização. O segredo para tomar a decisão acertada, sem se deixar levar por aspectos acidentais e secundários do problema a ser resolvido, é pautar-se por uma hierarquia de valores, sabendo priorizar o mais importante, perguntando-se se a opção eleita para o caso concreto afasta ou aproxima do objetivo principal.
No misto de romance com livro didático que é ”A Meta” (Nobel – 2003 – São Paulo), Eliyahu Goldratt oferta lições práticas de economia, administração e contabilidade, ao contar a estória do gerente de uma fábrica que está para ser fechada e tem 3 meses para reverter a situação. À crise no trabalho, soma-se a crise em seu casamento, que tenderá a se agravar se inverter maior dedicação ao trabalho. À exceção das angústias decorrentes de um sério comprometimento da saúde física ou espiritual da pessoa, os maiores dilemas que se podem enfrentar são os que contrapõem família e trabalho e as crises que desembocam no desemprego e no divórcio.
O livro de Goldratt oferta, de forma atrativa, o processo de análise do que está errado, quando a vida pessoal e corporativa não anda bem, desenvolvendo, ainda que sem o querer explicitamente, um enfoque filosófico à questão, ligado ao que costumamos chamar de causas últimas e fins existenciais, quer de indivíduos, quer de sociedades e instituições. Com efeito, o problema que ocorre muitas vezes, no meio do ativismo da vida diária, é o de se perder no circunstancial e esquecer o por quê e para que fazemos as coisas.
Goldratt, ao colocar a questão fundamental de qual é a meta de uma empresa, mostra inicialmente uma resposta que aparentemente seria a apropriada: produzir com eficiência um produto de qualidade. No entanto, isso não é suficiente, pois se não se consegue vender o produto, a empresa fecha. Assim, conclui-se que a produtividade não é o essencial: é apenas o ato de aproximar uma empresa de sua meta. É meio e não fim.
Perguntar pela meta ou fim de uma instituição é se perguntar: afinal de contas, para que ela existe em última instância? Assim, podemos pensar em algumas instituições, distinguindo o que são seus fins, do que são meios para atingi-los:
a) Empresa – dar lucro (ganhar dinheiro) e não apenas produzir;
b) Igreja – salvar almas (levar para o Céu) e não apenas desenvolver obras sociais;
c) Tribunal – fazer justiça (com celeridade, qualidade e segurança) e não apenas decidir casos.
Na saga de “O Senhor dos Anéis”, J. R. R. Tolkien retrata bem, na parte final da Guerra do Anel, os dilemas do Senhor das Trevas e a decisão acertada dos Senhores do Ocidente sobre qual a estratégia a seguir, tendo em conta a prioridade que faz distinguir fins e meios. O diálogo entre Éomer, comandante dos Rohirrim, e Gandalf, o Mago, alma de toda a resistência a Sauron, Senhor das Trevas:
“- Mas como fica isso? – perguntou Éomer. Você diz que tudo é inútil se ele tiver o Anel. Por que não deveria ele julgar inútil nos atacar, se nós o tivermos?
– Ele ainda não tem certeza – disse Gandalf -, e não construiu seu poder esperando até que seus inimigos estivessem seguros, como fizemos nós. Além disso, nós não poderíamos aprender como controlar todo o poder num único dia. Na verdade, o Anel só pode ser usado por um único mestre, e não por muitos; ele vai aguardar uma hora de discórdia, antes que um dos grandes entre nós se faça senhor e se coloque acima dos outros. Nessa hora o Anel pode ajudá-lo, se ele for rápido.
– Ele está vigiando. Vê muito e muito escuta. Seus nazgúl ainda estão à solta. Passaram sobre este campo antes de o sol nascer, embora poucos dos que estavam cansados ou dormindo se tenham dado conta disso. Ele estuda os sinais: a Espada que lhe roubou o tesouro reforjada; os ventos da fortuna virando a nosso favor, e a inesperada derrota em seu primeiro ataque, a queda de seu grande Capitão.
– Sua dúvida está crescendo, neste exato momento em que estamos falando aqui. Seu Olho está agora perscrutando em nossa direção, praticamente cego para tudo o mais que se move. Assim devemos mantê-lo. Aí está toda a nossa esperança. Este, então, é o meu conselho: não possuímos o Anel. Por sabedoria, ou por uma grande loucura, nós o enviamos para longe para ser destruído, e para evitar que nos destruísse. Sem o Anel, não podemos pela força destruir a força de Sauron. Mas devemos a todo custo manter seu Olho longe do verdadeiro perigo que o ameaça. Não podemos conquistar a vitória por meio das armas, mas por meio das armas podemos dar ao Portador do Anel sua única oportunidade, por mais frágil que seja.
– Como Aragorn começou, assim devemos continuar. Devemos empurrar Sauron para seu último lance. Devemos atrair sobre nós sua força oculta, de modo que esvazie seus domínios. Devemos marchar ao encontro dele imediatamente. Devemos transformar-nos em iscas, embora suas mandíbulas possam se fechar sobre nós. Ele aceitará essa isca, cheio de esperança e avidez, pois em tamanha audácia julgará estar vendo o orgulho do novo Senhor do Anel, e dirá: “Isso! Ele estica seu pescoço muito cedo e quer chegar muito longe. Deixarei que avance, e eis que o pegarei numa armadilha da qual não poderá escapar. Ali vou esmagá-lo, e o que me tomou em sua insolência será meu outra vez, para sempre” (Tolkien, J. R. R. , “O Senhor dos Anéis”, São Paulo, Martins Fontes Editora, 2001 – pgs. 931-932) (grifos nossos).
A sabedoria de Gandalf era justamente a de perceber que o Anel era a perdição de seus portadores (corrompia aqueles que o possuíam), devendo destruí-lo para não ser destruído. E a loucura de Sauron foi a de esquecer que o Anel era a fonte de seu Poder, sendo ludibriado sobre onde ele poderia estar. A narração que Tolkien faz da captação, por parte de Sauron, de que se perdeu no meio de muitos meios, esquecendo o fim essencial é antológica:
“(…) De repente o Senhor do Escuro percebeu a presença do hobbit, e seu Olho, penetrando todas as sombras, atravessou a planície na direção da porta que ele fizera; e a magnitude de sua própria loucura revelou-se a ele num clarão cegante, e todas as estratégias de seus inimigos foram finalmente desnudadas diante de seus olhos. Então sua ira incandesceu-se numa chama devoradora, mas seu medo ergueu-se como uma vasta fumaça para sufocá-lo. Pois ele sabia do perigo mortal que estava correndo, e percebia o fio pelo qual estava agora pendurado seu destino.
De todas as suas estratégias e teias de medo e traição, de todos os seus estratagemas e suas guerras sua mente se libertou, e todo o seu reino foi atravessado por um temor, seus escravos vacilaram, seus exércitos pararam e seus capitães, subitamente sem liderança, desprovidos de vontade, hesitaram e se desesperaram. Pois foram esquecidos. Toda a mente e o propósito do Poder que os controlava concentravam-se agora com uma força arrasadora na Montanha. A um chamado seu, rodopiando com um grito lancinante, numa última corrida desesperada voaram, mais rápidos que os ventos, os nazgûl, os Espectros do Anel, e com uma tempestade de asas arremessaram-se em direção ao sul para a Montanha da Perdição” (J.R.R. Tolkien, “O Senhor dos Anéis”, op. cit., pg. 1002) (grifos nossos).
O que consome e estressa o homem moderno é justamente a perda de uma hierarquia de valores, que faz se dispersar em muitas atividades e esquecer do essencial. Em momentos de lucidez, consegue perceber a dispersão de esforços em muitas frentes e a necessidade de focar no mais importante, sabendo cortar com tudo o que possa comprometer essa meta, objetivo e fim existencial. O que se espera, nesses casos, é que o acordar não seja tão tarde, como o foi para Sauron.
Na prática, na vida individual, não é muito difícil estabelecer uma hierarquia de valores e prioridades, segundo aquilo que intuitivamente percebemos como o mais importante. O segredo da eficácia e realização pessoal está justamente em descobrir e vivenciar a ordem na vida pessoal e profissional.
A ordem nada mais é do que a disposição das coisas e ações, segundo uma hierarquia de valores, que é intrínseca à natureza, o que pressupõe a distinção entre fins e meios. Toda ordem é manifestação de uma inteligência que a causa, contrapondo-se à desordem que caracteriza o caos e a casualidade.
Parece intuitivo que, na vida de uma pessoa normal, consciente da sua condição de criatura (não se explica a si mesma, nem ao mundo em que vive, sem o reconhecimento de uma Causa Transcendente) e de ser social por natureza (inserido, desde o nascimento, nas mais diferentes sociedades, da família ao Estado), a hierarquia de valores mais simples e empírica é aquela que aponta, na ordem prática do agir, para as seguintes prioridades: Deus, Família, Trabalho, Lazer.
E porque essa hierarquia é empiricamente fácil de captar? Porque estabelece uma racional relação de meios e fins no agir humano:
a) Deus (deveres religiosos) – fim último do agir humano (sendo criaturas, a existência tem como sentido mais profundo a relação ordenada com o Criador nesta dimensão terrena e o merecimento de um prêmio na dimensão da eternidade);
b) Família (deveres familiares) – fim mediato do agir humano (nossos principais amores – esposa, filhos, pais, irmãos -, pelos quais se vive, se luta e se morre);
c) Trabalho (deveres profissionais) – meio imediato de se alcançar o bem dos fins último e mediato (serviço a Deus e ao próximo, de acordo com as capacidades, aptidões e possibilidades de cada um);
d) Lazer (descanso, esporte e cultura) – meio mediato de se alcançar os bens mediatos e últimos próprios do ser humano (a restauração das forças, o sadio cultivo do corpo e do espírito, não são apenas direitos, mas deveres para o equilíbrio da pessoa e sua perfeita inserção na sociedade em que vive – mens sana in corpore sano).
Parecem-me exemplos emblemáticos da inversão de valores os dois seguintes comentários:
a) uma secretária para a outra: “Não sei porque meu marido implica tanto com o horário em que chego em casa, por ter que trabalhar até mais tarde. Marido a gente arranja outro, mas emprego está difícil!”.
b) Presidente Ronald Reagan (1980): “Hoje, pela legislação americana, eu posso me livrar mais fácil da minha mulher do que da minha empregada!”.
Será que, realmente, o mais importante é o trabalho e não a família? Será que o sentido dos nossos esforços deve ser voltado mais para a nossa carreira do que para os nossos filhos, esposa ou marido? Parece-me que não há sucesso profissional que efetivamente compense um fracasso familiar: é o que pode ocorrer com um pai que se dedicou tanto a construir seu prestígio profissional, descuidando do convívio familiar e do acompanhamento dos filhos, que algum destes acaba drogado ou se suicidando.
Não é questão só ou principalmente de tempo, mas de foco.
A prioridade do valor não se expressa absolutamente na quantidade de tempo a se dedicar a cada grupo de deveres. Pelo contrário, quanto menos prioritário é um determinado valor, maior é o tempo que lhe dedicamos na prática. No entanto, a nobreza e essencialidade do pouco tempo que dedicamos ao mais importante não pode ser descuidada nos casos de eventual conflito. Se não der para tudo, o mais importante deve ser feito e não postergado.
Numa simulação matemática das 24 horas de um dia e 168 horas semanais, costumamos distribuir nosso tempo, mais ou menos, da seguinte maneira (naturalmente se temos essa hierarquia de valores):
a) Lazer – 85 horas semanais (49 horas de sono no mínimo + 36 horas de hobbies, com os deslocamentos incluídos);
b) Trabalho – 44 horas semanais (é a jornada de trabalho prevista no art. 7º, XIII, da Constituição Federal para todo trabalhador brasileiro que não tenha jornada menor prevista legalmente, correspondendo a 8 horas por dia e 4 horas no sábado);
c) Família – 35 horas semanais (média de 5 horas diárias, com as refeições em família, passeios, tertúlias, encargos familiares, etc).
d) Deus – 4 horas semanais (computando uma hora da Missa dominical ou Culto evangélico, judaico, islâmico ou de qualquer outra religião, além do tempo diário – em torno de meia hora – consumido pelas diferentes práticas de piedade que se possa ter: meditação, exame de consciência, recitação do terço, leitura da Bíblia ou de livros de espiritualidade, etc).
Em que pese gastarmos habitualmente pouco tempo pensando nas coisas de Deus e do Além, é o que dá a luz para compreender o sentido de tudo o mais que fazemos. A falta da meditação diária (ao menos um exame de consciência ao final do dia) sobre aquilo que devemos fazer para atingir nossos fins existenciais (utilizando a leitura de algum livro de espiritualidade como estopim de nossas reflexões) é talvez a responsável pelo ativismo em que possamos estar mergulhados, fazendo muito, correndo muito, mas sem direção, porque não paramos para pensar onde devemos ir e a que lugar levam os caminhos que estamos trilhando.
Uma reflexão sobre os fins e prioridades no campo pessoal poderia ser pautada pelas seguintes perguntas de caráter filosófico: O que está em primeiro lugar na minha vida? O que quero acima de tudo? “Qual é a sua?” (diriam os paulistas) No que pensas e sonhas? Lucros, mulheres, honras, cargos, aplausos? No que não cedes? Do que fazes questão absoluta? Essa é a sua prioridade e o seu fim existencial!
Numa lista não exaustiva (mas substancialmente bem abrangente) dos fins e motivações da vida muitas pessoas, vamos encontrar:
a) Desejo de “instalar-se” na vida – adquirir um diploma universitário, um bom emprego (que dê para se sustentar), um cargo público (passando num concurso que dê estabilidade), um belo e carinhoso cônjuge (e um par de filhos no máximo), um bom patrimônio… e a vida se encarrega de ir nos desinstalando, com a perda da saúde, do poder, da influência e até do patrimônio e do cônjuge, quando vamos envelhecendo (nesse sentido, a coerência no que seria “pensar num futuro seguro” só poderia levar a comprar um terreno no cemitério…). O previdente acaba frustrado.
b) Vaidade – desejo de ser estimado, admirado e querido por todos, fazendo tudo em função da platéia… e vivendo escravizado por ter de agradar a gregos e troianos, com medo do que vão pensar ou dizer, numa vida de aparências, em que se pinta a fachada da casa, mas dentro está vazia, padecendo-se de uma suscetibilidade enfermiça sobre se foi bem tratado ou desconsiderado (sempre preocupado com a “imagem”). O vaidoso vive angustiado.
c) Ambição – desejo de subir, ganhar e vencer, passando por cima de tudo e de todos, fazendo dos outros instrumentos de seus objetivos, em busca de honras, poder, riquezas e prazeres, sempre se comparando, numa eterna competição com os demais… e o fruto é apenas a inveja (do cargo, da mulher, do carro, do apartamento… e até do celular ou do micro do outro), pois não dá para ser sempre o melhor, o primeiro e ter tudo a tempo e hora. O ambicioso não tem amores e termina sozinho.
Não há como não reconhecer, até empiricamente, que todos esse objetivos são “furados” e causam uma insatisfação de fundo, pois o homem tem uma inata aspiração de algo definitivo e infinito. S. Agostinho escrevia no início de suas “Confissões” : “Criaste-nos para Vós, Senhor, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em Vós”. Sempre falta algo na vida se o objetivo fundamental da existência não está fora de nós mesmos: em Deus e no próximo.
Na medida em que os anos passam, dependendo das prioridades e objetivos que o homem tenha colocado para sua vida, a sensação dominante pode ser a do medo ou da realização:
a) o medo é o de que a vida está se acabando, passando, e com ela todos os bens nos quais se colocou todo o empenho em se adquirir, inclusive a própria existência.
b) a realização é a de um projeto concluído, quando se capta o sentido de missão que a vida possui – cumprir o papel destinado por Deus a cada um na grande sinfonia da existência.
Neste último sentido, não é demais lembrar a beleza da imagem que Tolkien traça em “O Silmarillion” sobre a Criação do Mundo, com Deus dando aos primeiros espíritos criados um tema de música a desenvolver em conjunto, em relação ao qual cada um tem sua parte a implementar e se realiza cumprindo seu papel (cfr. J. R. R. Tolkien, “O Silmarillion”, São Paulo, Martins Fontes Editora, 2001. pgs. 4-7). Só isso satisfaz e faz que a passagem do tempo não amedronte.
Pode-se dizer que é feliz e se sente realizado o homem que se entrega de corpo e alma a essa missão, de serviço a Deus e a toda a humanidade, através de seu trabalho profissional competente e do convívio familiar construtivo dos cônjuges e dos filhos. Em suma, se trata de viver para um ideal que seja maior do que si mesmo e que o ultrapasse e sobreviva a ele. A morte, para quem vive assim, é apenas a colocação da última pedra no edifício da existência, completando acabadamente a própria missão neste mundo.
Finalmente, a eleição das prioridades na vida pessoal e corporativa supõe o reconhecimento das limitações de capacidades e tempo de cada um.
Exemplo de foco profissional pode ser, sob o prisma corporativo, o ”Instituto de Estudos Avançados” da Universidade de Princeton (de pesquisa científica puramente teórica, cujo fruto indireto foi o desenvolvimento do computador), e, sob o prisma pessoal, o ”Teorema de Gödel” (desenvolvido pelo renomado matemático austríaco, que trabalhou no referido Instituto e foi grande amigo de Einstein):
“Gödel, na verdade, adquirira a ambição, ainda quando graduando na Universidade de Viena, de se dedicar somente ao tipo de matemática com implicações filosóficas mais amplas. Esse é um objetivo de fato intimidador, em certo sentido historicamente ambicioso; e um dos aspectos mais espantosos de sua história é que ele conseguiu atingi-lo. Essa ambição intimidadora, que ele preservou pela vida afora, pode ter limitado sua produção, mas também garantiu que o que ele realizasse fosse profundo” (Rebecca Goldstein, “Incompletude”, Companhia das Letras – 2008 – São Paulo, pg. 25) (grifos nossos).
Focar naquilo que é o principal e naquilo que podemos fazer bem supõe, necessariamente, abdicar de outros objetivos que impediriam a realização do ideal eleito. Quantos não chegam ao final da vida (ou ao meio dela) descontentes com os resultados, porque abriram muitas frentes (cursos, projetos, leituras, negócios) e concluíram muito poucos. Faltou a sabedoria, o discernimento e a humildade de reconhecer as próprias limitações, apontar para os objetivos mais importantes e perseguí-los com perseverança.
Em suma, só seremos felizes e eficazes na vida se soubermos:
a) eleger acertadamente as prioridades da nossa vida, de acordo com uma saudável hierarquia de valores;
b) encarar a vida com sentido de missão, dedicando-nos com constância ao serviço dos outros, no trabalho e na família;
c) aceitar as próprias limitações, focando nossa atividade naquilo que podemos fazer bem, com competência e profundidade.
Amigo, IVES GANDRA ,
Gostaria MUITO de POST sobre , “discernimento ou Arte de discernir ” em tempo de tribulação.
Aguardo,
Ruslan Queiroz
Maceio – AL