Caranthir tinha um temperamento rude, o qual declinava rapidamente para a raiva. Ele tinha uma pele corada e cabelos pretos, o que acabou por deixá-lo conhecido como Caranthir, o Moreno.
Fëanor fez as Silmarils, sua obra predileta, mas em 1495 dos Anos das Árvores elas foram roubadas por Morgoth que as levou para a Terra Média. Fëanor prometeu recuperar as Silmarils a todo custo e Caranthir e seus irmãos fizeram o Juramento de Fëanor para satisfazer os desejos de seu pai. Fëanor e seus filhos então partiram para a Terra Média acompanhados de muitos dos Noldor.
Os Teleri recusaram-se a fornecer navios para Fëanor, então Fëanor conseguiu-os através da força, muitos elfos em ambos os lados foram mortos. Caranthir e seus irmãos participaram do Fratricídio. Após o ocorrido, Mandos apareceu e avisou aos Noldor que se eles não desistissem do intento de ir para a Terra Média eles seriam exilados. Alguns, incluindo Finarfin, irmão de Fëanor, obedeceram. Contudo, Fëanor, seus filhos e muitos outros continuaram. Quando não havia mais navios suficientes para levar a todos até a Terra Média, Fëanor abandonou aqueles a que considerava desleais, incluindo Fingolfin, seu outro irmão.
Fëanor e seus seguidores desembarcaram na Terra Média em 1497 e logo depois, eles foram atacados em seu acampamento em Mithrim pelas hostes de Morgoth. Os elfos saíram vitoriosos daquela que ficou conhecida como Dagor-nuin-Giliath, ou a Batalha-sob-as-estrelas. Entretanto, Fëanor estava ensandecido e tentou atacar Morgoth em Angband, sua fortaleza. Ali mesmo ele teria morrido se seus filhos não tivessem chegado e o levado até Eithel Sirion, onde, antes de morrer incumbiu a seus filhos de cumprirem seu Juramento e vingarem seu pai.
A segunda hoste do Noldor, liderada por Filgonfin, chegou à Terra Média, através de Helcaraxë, no início da Primeira Era. No ano 7, os Noldor realizaram um conselho. Angrod, filho de Finarfin, trouxe uma mensagem de alerta do Rei Thingol de Doriath, segundo a qual o Rei proibia qualquer invasão das terras onde o seu povo, os Sindar, vivia. Caranthir não gostava dos filhos de Finarfin e perdeu a paciência com Angrod, acusando-o de portador de recados do Rei. Muitos dos Noldor ficaram perplexos com a explosão de Caranthir e temeram o espírito cruel dos filhos de Fëanor.
Maedhros decidiu que ele e seus irmãos deveriam deixar Mithrim e estabelecer-se na região leste de Beleriand. Caranthir estabeleceu seu reino em Thargelion a leste do rio Gelion e aos pés das Montanhas Azuis. Esta região, delimitada ao sul pelo rio Ascar, também veio a ser chamada de Dor Caranthir ou a Terra de Caranthir. Caranthir construiu uma fortaleza na encosta ocidental do Monte Rerir e o seu povo habitou nas margens do Lago Helevorn.
No ano de 150, o povo de Caranthir foi o primeiro a escalar as Montanhas Azuis e olhar para o Oriente. Assim, eles se depararam com os anões de duas grandes cidades das montanhas, Belegost e Nogrod. Caranthir desdenhava da aparência dos anões, mas reconheceu a importância de uma aliança com eles. Os Anões e os Noldor eram artesãos qualificados e trocavam técnicas entre si. O povo de Caranthir adquiriu ferro e aumentou o seu armamento. Caranthir também controlava o comércio das minas dos anões com o resto de Beleriand, o que lhe trouxe grande riqueza.
Em 312, um grupo de homens, os Haladin, cruzaram as Montanhas Azuis e estabeleceram-se na parte sul de Thargelion. Caranthir lhes permitia habitar ali e os elfos os ignoravam a maior parte do tempo. Mas, em 375, Morgoth enviou orcs para atacar os Haladin. Os homens estavam sitiados atrás de uma paliçada na confluência dos rios Ascar e Gelion. Assim, quando os orcs já estavam rompendo a paliçada, Caranthir chegou com um exército e derrotou-os. Caranthir ofereceu a líder Haleth terras mais ao norte sob sua proteção, mas ela recusou e mudou-se com o seu povo para a outra margem do Gelion.
Durante a Dar Bragollach, a Batalha das Chamas Repentinas, em 455, um exército liderado por Glaurung invadiu o leste de Beleriand. Os orcs tomaram a fortaleza da encosta ocidental do Monte Rerir, devastaram Thargelion e contaminaram o Lago Helevorn. Caranthir e os remanescentes de seu povo recuaram para o sul e uniram-se ao povo de Amrod e Amras em Amon Ereb.
Em 463, homens denominados ocidentais entraram em Beleriand. Um grupo liderado por Ulfang fez uma aliança com Caranthir, mas mais tarde soube-se que secretamente Ulfang também tinha uma aliança com Morgoth. Na Batalha das Lágrimas Incontáveis, Nirnaeth Arnoediad, em 472, os filhos de Ulfang, Uldor, Ulfast e Ulwarth traíram Caranthir e mudaram de lado no campo de batalha, levando os elfos e seus aliados a uma derrota esmagadora.
No Yule de 506-7, os filhos de Fëanor atacaram Doriath na tentativa de obter a Silmaril que estava na posse de Dior, herdeiro de Thingol. Eles mataram Dior e sua esposa Nimloth, mas Caranthir, Celegorm e Curufin também foram mortos. Alguns elfos de Doriath fugiram com Elwing, filha de Dior, e levaram consigo a Silmaril.
Nomes & Etimologia
O nome Caranthir significa “cara vermelha” em Sindarin, de caran “vermelho” e thîr “face, cara”, em referência a sua compleição corada. Sua mãe, Nerdanel, o chamava pela forma Quenya Carnistir. Seu pai o chamava de Morifinwë, “Finwë Negro” em Quenya, porque ele tinha cabelo escuro assim como seu avô Finwë. A forma abreviada deste nome é Moryo. Também chamado de Caranthir, o Moreno.
Genealogia
As datas correspondem a Primeira Era, exceto quando indicado: YT: Anos das Árvores; AS: Segunda Era; TA: Terceira Era; FA: Quarta Era.
Fontes Adicionais
The Silmarillion: "Of Eldamar," p. 60; "Of the Flight of the Noldor," p. 83-90; "Of the Return of the Noldor," p. 112-13; "Of Beleriand and Its Realms," p. 124; "Of the Noldor in Beleriand," p. 129; "Of Maeglin," p. 132; "Of the Coming of Men into the West," p. 143, 145-46; "Of the Ruin of Beleriand," p. 153, 157; "Of the Ruin of Doriath," p. 236
The History of Middle-earth, vol. XI, The War of the Jewels: "The Grey Annals," p. 33, 45-46, 53, 61, 64; "The Tale of Years," 348, 351
The History of Middle-earth, vol. XII, The Peoples of Middle-earth: "Of Dwarves and Men," p. 318; "The Shibboleth of Fëanor," p. 353
Fonte: The Thain’s Book