mas também por estudiosos literários. Este documento é uma compilação
de crÃticas acadêmicas sobre “A Sociedade do Anel” de Tolkien.
Por Neil D. Issacs
“. . . a popularidade em massa de Tolkien não foi promovida pela mÃdia
em massa; ela surgiu a partir das qualidades e apelos da obra em si, e
foi simplesmente comunicada na mÃdia.â€? (Isaacs 1)
O Destronamento do Poder
Por C. S. Lewis
“Acho que alguns leitores, vendo (e não apreciando) essa rÃgida
demarcação de preto e branco, imaginam que estão vendo uma rÃgida
demarcação entre pessoas negras e brancas. Olhando para os quadrados,
elas supõem (desafiando os fatos) que todas as peças devem estar
fazendo movimentos de bispo que os confinam a uma só cor. Mas até mesmo
esses leitores mal poderão manter essa ótica durante os dois últimos
volumes. Motivos, mesmo do lado bom, estão misturados. Aqueles que
agora são traidores geralmente começaram com intenções comparativamente
inocentes. A heróica Rohan e a imperial Gondor estão parcialmente
doentes. Até mesmo o devastado Sméagol, até bem tarde na história, tem
impulsos de bondade; e, por um trágico paradoxo, o que finalmente o
empurra no abismo é um não premeditado discurso feito pelo personagem
mais desprendido de todos.” (Lewis 13)
“Há dois Livros em
cada volume e agora que todos os seis estão diante de nós, a altÃssima
qualidade arquitetural do romance é revelada. O Livro I constrói o tema
principal. No Livro II este tema, enriquecido com muito material
retrospectivo, continua. Então vem a mudança. No III e V o destino da
comitiva, agora dividida, torna-se entrelaçada com um imenso complexo
de forças que estão se agrupando e reagrupando em relação a Mordor. O
tema principal, isolado disso, ocupa IV e o começo do VI (esta última
parte trazendo todas as resoluções, é claro). Porém jamais nos é
permitido esquecer a conexão Ãntima entre ele (o tema) e o resto. Por
um lado, o mundo todo está indo para a guerra; a história ressoa com
cascos galopantes, trombetas, aço no aço. Por outro lado, muito longe
dali, duas minúsculas e miseráveis figuras rastejam (como ratos em uma
pilha de resÃduos) através do crepúsculo de Mordor. E todo o tempo
sabemos que o destino do mundo depende muito mais do pequeno movimento
do que do grande. Esta é uma invenção estrutural da mais alta ordem:
acrescenta muito à situação, ironia e grandeza do conto.” (Lewis 13)
“A . . . excelência está no fato de que nenhum indivÃduo, e nenhuma
espécie, parecem existir apenas para fins de roteiro. Todos existem por
seu próprio direito e teria valido a pena criá-los por seu próprio
sabor, mesmo se eles fossem irrelevantes.”
(Lewis 14) “. .
. o texto em si nos ensina que Sauron é eterno; a guerra do anel é
apenas uma das mil guerras contra ele. A cada vez seremos sábios se
tivermos medo de sua vitória final, após a qual não haverá “mais
canções”. Repetidas vezes teremos boas evidências de que “o vento está
se estabelecendo no Leste, e o murchar de todas as florestas pode estar
se aproximando ” (II,76). Cada vez que ganharmos, deveremos saber que
nossa vitória não é permanente. Se insistirmos em perguntar pela moral
da história, esta é sua moral: um chamado do otimismo fácil e
pessimismo gemente, para aquela dura, embora ainda não tão desesperada
visão que penetra a imutável situação do Homem, pela qual viveu-se em
heróicas eras. É aqui que a afinidade nórdica torna-se mais forte:
golpes de martelo, porém com compaixão”. (Lewis 15)
O Senhor dos Hobbits: J.R.R. Tolkien
Por Edmund Fuller
“Para este mundo [Terra-média] ele criou uma geografia contida em si
mesma, com mapas, mitologia e cancioneiro, uma história de grande
profundidade e completude em sua organização, estendendo-se para bem
anteriormente ao tempo em que sua história se passa. Ele criou várias
lÃnguas e alfabetos rúnicos, e dentro destes traçou elaboradas
inter-relações lingüÃsticas. A moldura histórica deste mundo está
repleta de genealogias e o que pode ser chamado de estudos étnicos em
suas espécies não-humanas. Há extensa flora e fauna além das que já
conhecemos. Todos estes elementos são tecidos ao longo do conto, mas
tão profunda é a imersão de Tolkien neste mundo que, no fim da
trilogia, há seis apêndices, totalizando 103 páginas, com notas de
rodapé elaboradas, lidando com os temas supra-citados. Embora os
apêndices contribuam para a persuasiva verossimilhança da história,
elas não são necessárias para esse propósito. Elas refletem a própria
intensidade de Tolkien em sua experiência interna e total absorção
neste ato de sub-criação. É isto que torna seu feitiço tão grande e,
por sua vez, atrai os leitores para que o acompanhem nesta posterior
compilação extra de dados sobre um mundo imaginário, que eles odeiam
ter que abandonar.” (Fuller 18)
“Uma rima rúnica fala de:
Três Anéis para os Reis Élficos sob este céu, / Sete para os Senhores
dos Anões em seus rochosos corredores, / Nove para os Homens Mortais
fadados ao eterno sono, / Um para o Senhor do Escuro em seu escuro
trono/ Na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam. / Um Anel para a
todos governar, Um Anel para encontrá-los,/ Um Anel para a todos trazer
e na escuridão aprisioná-los/ Na Terra de Mordor onde as sombras se
deitam. ” (Fuller 20)
“Ele [Tolkien] cria rimas rúnicas e
canções de bardos com um extenso alcance de humores e metragens, do
cômico ao heróico ao to IdÃlico, homenageando os que já foram, nas
formas das canções que caracterizam a literatura Anglo-Saxã e
Escandinava” (Fuller 21)
“[Saruman] busca persuadir
Gandalf: Um novo Poder se levanta. Contra ele, os velhas alianças e
polÃticas não nos ajudarão em nada.. . . Esta então é uma escolha
diante de você, diante de nós. Podemos nos unir a esse Poder. . . . A
vitória dele se aproxima; e haverá grandes recompensas para aqueles que
o ajudarem . . . e os Sábios, como você e eu, poderão, com paciência,
vir finalmente a governar seus rumos, e a controlá-lo. Podemos esperar
nossa hora. . . talvez deplorando as maldades feitas incidentalmente,
mas aprovando o propósito final e mais alto: Conhecimento, Liderança,
Ordem . . . . Não precisaria haver . . . qualquer mudança em nossos
propósitos, só em nossos meios. (I, 272-3)” (Fuller 25)
”
Não podemos usar o Anel Governante. . . . A força que tem. . . é grande
demais para qualquer um controlar por sua própria vontade, com exceção
apenas daqueles que já têm um grande poder próprio. Mas, para estes, o
perigo é ainda mais fatal. Apenas desejá-lo já corrompe o coração. . .
Se algum dos Sábios derrotasse com esse Anel o Senhor de Mordor, usando
as próprias artes, então se colocaria no trono de Sauron, e um outro
Senhor do Escuro surgiria. E esta é outra razão pela qual o Anel deve
ser destruÃdo: enquanto permanecer no mundo, representará um perigo até
mesmo para os Sábios. Pois nada é mau no inÃcio. Até mesmo Sauron não
era. Tenho medo de tomar o Anel para escondê-lo. E não vou tomá-lo para
fazer uso dele. (I, 281) Aqui somos trazidos à clássica qualidade
corruptÃvel do poder diretamente proporcional à sua proximidade com o
absoluto. No entanto, é claro que não é o poder em si que corrompe, mas
o orgulho que tal poder pode engendrar, que por sua vez produz a veloz
corrupção do poder. A natureza primária do pecado do Orgulho, trazendo
a queda de anjos diante da sedução e queda do Homem, é o desejo de
usurpar a Primária e única Fonte de Poder, incorruptÃvel in Sua
natureza porque Ele é o Poder e Fonte e não tem nada a usurpar, por ser
Tudo.” (Fuller 26)
” [O Anel] é uma demonstração do fato de
que, a vida nem sempre nos oferece escolhas claras a respeito de bem ou
mal. Muitas vezes temos que escolher entre nÃveis de maldade, e temos
sorte quando sabemos que estamos fazendo isto. Frodo, às vezes, é
compelido a usar o Anel devido a seu poder de invisibilidade, como
alternativa imediata para não perder tudo. No entanto, toda vez que ele
o faz, dois resultados ruins estão envolvidos: a sempre nociva
influência do Anel sobre Frodo aumenta perceptivelmente, e Sauron fica
instantaneamente a par de seu uso e a mente dele é capaz de captar, de
maneira geral, sua localização, como um sinal de rádio.” (Fuller 28)
” [Comentário sobre Destino : Gandalf] Por trás disso havia algo mais
em ação, além de qualquer desÃgnio de quem fez o Anel. Não posso dizer
de modo mais direto: Bilbo estava designado a encontrar o Anel, e não
por quem o fez. Nesse caso você também estava designado a possuÃ-lo.
(I, 65) ” (Fuller 30)
” [Comentário sobre Destino: Gandalf]
. . . ele [Gollum] está ligado ao destino do Anel. Meu coração me diz
que ele tem ainda algum tipo de função a desempenhar, para o bem ou
para o mal, antes do fim; e quando a hora chegar, a pena de Bilbo pode
governar o destino de muitos – e oseu também. (I, 69) ” (Fuller 30)
” [Comentário sobre SDA: ?] Esta demanda pode ser tentada pelos fracos
com tanta esperança quanto teriam os fortes. E de fato este é
geralmente o caminho das façanhas que movem as rodas do mundo: as
pequenas mãos as realizam porque devem, enquanto que os olhos dos
grandes estão em outro lugar. (I, 283) ” (Fuller 31)
”
[Comentário sobre o Mal em SDA: ?] Sempre depois de uma derrota e um
intervalo, a Sombra toma outra forma e cresce novamente . . . . O mal
de Sauron não pode ser totalmente curado, ou considerado como se jamais
tivesse existido . . . .Há outros males que poderão vir; pois Sauron é
apenas um servidor do emissário. E não é nossa função controlar todas
as marés do mundo, mas fazer o que devemos para socorrer estes anos em
que estamos, arrancando as raÃzes do mal dos campos que conhecemos,
para que os que viverem depois de nós tenham terra limpa para cultivar.
(I,60; II, 154; III, 155)” (Fuller 33)
” Nunca há um lugar
para se esconder, ou um momento em que o perene porém Proteano dilemma
moral tenha sido resolvido para sempre. Embora sintamos com Frodo,
“Quem dera isto não tivesse acontecido no meu tempo, temos que aceitar
o fato de que O grande mundo os cerca: vocês podem se trancar aqui
dentro, mas você jamais conseguirão trancá-lo para fora para sempre.
(I,92). Com Aragorn, homem mais importante da história, nos deparamos
com o que ele austeramente chama de A sina da escolha . . . . Há
algumas coisas que é melhor começar do que recusar, embora o fim possa
ser escuro. (II, 36,43)” (Fuller 33)
” [Comentário sobre o
mal] Como pode um homem julgar o que fazer em tempos assim? Como sempre
julgou, disse Aragorn. O bem e o mal não mudaram desde o ano passado;
nem são uma coisa para elfos e anões e outra coisa para os homens. (II,
40-41)” (Fuller 33)
“Fica claro a partir da natureza e
poderes de Sauron – nem sempre mau, mas tornando-se, e não sendo o
maior de sua espécie – que ele é um tipo de anjo caÃdo. Na era da
criação dos vinte Anéis da rima rúnica, até mesmo alguns dos
sub-angélicos Altos Elfos foram num momento enganados por ele e,
fazendo paralelos bÃblicos e Faustianos, aprisionados por sua “ânsia
por conhecimento� (I, 255). Aprendemos que é perigoso estudar a fundo
as artes do Inimigo, para o bem ou para o mal. (I, 276).” (Fuller 35)
O Herói da Demanda
Por W.H. Auden
“Procurar um botão de colarinho perdido não é uma verdadeira busca:
para estar em uma demanda significa procurar algo sem ter experiência;
uma pessoa pode imaginar como será, mas se a imagem que essa pessoa faz
é verdadeira ou falsa, só será sabido por quem a encontrar.” (Auden 40)
“A Demanda é uma das mais antigas, mais difÃceis e o mais
popular dentre todos os genros literários. Em alguns casos, pode estar
fundada em um fato histórico – A “Demanda do Felocino de Ouro� pode ter
tido sua origem na busca dos mercadores navegantes por âmbar – e certos
temas, como o da cruel princesa encantada cujo coração somente pode ser
“derretido� pelo amor predestinado, podem ser lembranças distorcidas de
ritos religiosos, mas o apelo persistente da Busca como forma literária
deve-se, acredito, a sua validade como uma descrição simbólica de nossa
experiência pessoal subjetiva da existência como algo histórico” (Auden
42) “Os elementos essenciais na Demanda tÃpica são seis. (1) Um
precioso Objeto a ser encontrado para ser possuÃdo e/ou Pessoa a ser
encontrada para casamento. (2) Uma longa jornada para encontrá-lo, pois
seu paradeiro não é originalmente conhecido pelos que o estão
procurando. (3) Um herói. Ninguém consegue encontrar o Objeto Precioso,
exceto aquela pessoa que possui as qualidades certas de concepção de
caráter. (4) Um Teste ou uma série de Testes pelos quais os indignos
são afastados da cena, e o herói é revelado. (5) Os Guardiões do Objeto
que devem ser superados antes que ele seja ganho. Eles podem ser apenas
mais um teste para o herói, ou então podem ser malignos em si mesmos.
(6) Os Ajudantes, que com seu conhecimento e poderes mágicos ajudam o
herói, e sem a ajuda dos quais ele jamais seria bem sucedido. Podem
aparecer na forma humana ou animal.” (Auden 44)
“Um mundo
de sonhos pode estar cheio de lacunas inexplicáveis e inconsistencies
lógicas; um mundo imaginário não pode, pois é um mundo de lei, não de
desejo. Suas leis podem ser diferentes daquelas que governam nosso
mundo, mas elas devem ser tão inteligÃveis e invioláveis quanto. Sua
história pode ser incomum, mas não deve contradizer nossa noção do que
a história é, ou seja, uma interação entre Destino, Escolha e Sorte.
Por último, não pode violar nossa experiência moral. Se o Bem e o Mal
devem ser encarnados em indivÃduos e sociedades, conforme geralmente se
requer em uma Demanda, temos que ser convencidos de que o lado Mau é
aquilo que qualquer homem são, independentemente de sua nacionalidade
ou cultura, consideraria como mau. O triunfo do Bem sobre o Mal, que o
resultado bem-sucedido da Demanda implica, deve parecer historicamente
possÃvel, não um devaneio. O poder fÃsico e, até certo grau,
intelectual, deve ser mostrado como aquilo que sabemos que é:
moralmente neutro e efetivamente real: batalhas são vencidas pelo lado
mais forte, seja ele bom ou mau” (Auden 51)
“Os extremos do
bem e do mal na história são representados pelos elfos e Sauron,
respectivamente. Aqui está um verso de um poema em élfico: A Elbereth
Gilthoniel, / silivren penna mÃriel / o menel alglar elenath! /
Na-chaered palan dÃriel. / o galadhremmin ennorath, / Fanuilos, le
linnathon / nef aer, sà nef aearon. E aqui temos um feitiço do mal na
LÃngua Negra inventada por Sauron: Ash nazg durbatulûk, ash nazg
gimbatul, ash nazg thrakatalûk, agh burzum-ishi-krimpatul.” (Auden 52)
“Um mundo imaginário deve ser tão real para os sentidos do leitor
quanto o mundo verdadeiro. Para que ele considere o imaginário
convincente, ele deve sentir que está enxergando a paisagem da mesma
maneira que o viajante fictÃcio a enxerga, considerando o modo de
locomoção e as circunstâncias de sua tarefa. Felizmente, o talento do
Sr. Tolkien para descrições topográficas é equivalente a seu talento
para nomear pessoas e sua fertilidade na criação de incidentes. Seu
herói, Frodo Bolseiro, está na estrada, excluindo o resto, durante
oitenta dias e percorre mais de 1800 milhas, a maior parte à pé, e com
seus sentidos é mantido perpetualmente afiado pelo medo, procurando
sinais de seus perseguidores a cada passo do caminho; e Tolkien
consegue nos convencer de que não há nada que Frodo tenha notado que
ele tenha esquecido de descrever.” (Tolkien 53)
“Alguns dos
personagens de O Senhor dos Anéis, Gandalf e Aragorn, por exemplo, são
expressões da vocação natural de talento. É Gandalf quem deve planejar
a estratégia da Guerra contra Sauron porque ele é um homem muito sábio;
é Aragorn quem deve liderar os exércitos de Gondor porque ele é um
grande guerreiro e herdeiro legÃtimo ao trono. Não importando aquilo
que eles estejam arriscando e sofrendo, eles estão, de certo modo,
fazendo aquilo que querem fazer. Mas a situação do verdadeiro herói,
Frodo Bolseiro, é bem diferente. Quando a decisão de enviar o Anel para
o Fogo foi tomada, seus sentimentos são os mesmos de Papengo: estas
explorações perigosas não são para um pequeno hobbit como eu. Eu
preferiria bem mais ficar em casa do que arriscar minha vida na remota
chance de conseguir glória. Mas a consciência dele lhe diz: Você pode
não ser ninguém em especial em si mesmo, mas por razões inexplicáveis,
e não por escolha sua, o Anel veio para suas mãos, então é você, e não
Gandalf ou Aragorn, quem tem a função de destruÃ-lo.” (Auden 55)
” [Comentário sobre o conflito do Bem e do Mal] Não podemos conquistar
a vitória por meio das armas. . . Ainda alimento a esperança na
vitória, mas não através de armas. Pois em meio a todas estas
estratégias está o Anel do Poder, o alicerce de Barad-dûr e a esperança
de Sauron. . . Se ele o conseguir de volta, a valentia de vocês será
inútil, e a vitória dele será rápida e completa; tão completa que
ninguém pode prever o fim dela enquanto durar o mundo. Se ele for
destruÃdo, então Sauron cairá; e sua queda será tão grande que ninguém
pode prever a possibilidade de que jamais venha a ascender de novo. . .
.Este, então, é o meu conselho: não possuÃmos o Anel. Por sabedoria, ou
por uma grande loucura, nós o enviamos para longe para ser destruÃdo e
para evitar que nos destruÃsse. Sem o Anel, não podemos pela força
destruir a força de Sauron. Mas devemos a todo custo manter seu Olho
longe do verdadeiro perigo que o ameaça. Não podemos conquistar a
vitória por meio das armas, mas por meio das armas podemos dar ao
Portador do Anel sua única oportunidade, por mais frágil que seja.
(III, 154-156).” (Auden 57)
” [Comentário sobre o fim da
Demanda] Entende agora por que sua vinda aqui representa para nós a
passada do Destino? Pois, se você falhar, então seremos expostos ao
Inimigo. Mas se você for bem-sucedido, então nosso poder diminuirá, e
Lothlórien desaparecerá, e as marés do tempo a levarão embora.
Partiremos para o Oeste, ou seremos reduzidos a um povo rústico de vale
e caverna, para lentamente esquecermos e sermos esquecidos. (I, 380)”
(Auden 61)
” [ Comentário sobre o fim da Demanda ] Mas,
disse Sam, com as lágrimas brotando em seus olhos, achei que o senhor
também ia desfrutar o Condado . . . por muitos e muitos anos, depois de
tudo o que fez. Eu também já pensei desse modo. Mas meu ferimento foi
muito profundo, Sam. Tentei salvar o Condado, e ele foi salvo, mas não
para mim. Muitas vezes precisa ser assim, Sam, quando as coisas correm
perigo: alguém tem de desistir delas, perdê-las, para que outros possam
tê-las. (III, 309)” (Auden 61)
O Apelo de SDA: Uma Batalha pela Vida
Por Hugh T. Keenan
“A parte abstrata da Morte e da Vida é personificada pelos Nazgûl e pelos seres semelhantes à árvores, os Ents.” (Keenan 63)
“Os Guardiões, conforme Miss Spacks destaca, entendem a linguagem das
feras e aves, enquanto que Tom Bombadil é mais Ãntima comunhão com as
forces naturais; ele tem o poder da própria terra.” (Keenan 63)
“Em Beowulf, Grendel e sua mãe podem ser vistos como a personificação
(em parte) das falhas do rei Hrothgar e das falhas da corte dele. Em O
Senhor dos Anéis, Sauron pode ser visto, de forma similar, como a
personificação dos medos e da auto-destruição (instinto de morte) dos
habitantes da Terra-média.” (Keenan 66)
“O que justifica o
fato de Frodo ser o herói? Neste ponto, chega-se a um paradoxo. Frodo
possui a natureza semelhante a de um coelho e uma criança, comum a um
hobbit do campo. Ele gosta de fumar, de festas de aniversário,
presentes, boa comida, e boa companhia. Mas à medida que realize sua
jornada em direção a Mordor, ele perde um pouco desta vitalidade.
Torna-se isolado, menos bem-humorado, mais racional, e até mesmo
mÃstico, em contraste com seu antigo ser, emocional e animal. Em outras
palavras, Frodo cresce; torna-se adulto num sentido humano. Torna-se
consciente de seu dever de sacrifÃcio. Torna-se humilde à medida que
aprende sobre o mundo for a do Condado, e à medida que percebe os
caminhos da mortalidade por meio da passagem dos justos e belos.”
(Keenan 67)
“. . . há uma forte sugestão de que Frodo e sua
raça representam psicologicamente a eternal criança que deve ser
sacrificada para que o homem possa viver.” (Keenan 67)
Duas pessoas não são afetadas pelo Anel: Sam + Tom Bombadil
“Somados aos sÃmbolos [florestas & árvores], encontramos padrões de
contraste de caráter, incidents e locais que definem o tema da vida
contra a morte. No inÃcio da jornada, Frodo e os três hobbits encontram
Tom Bombadil e sua consorte Fruta d’Ouro. No final da jornada, Frodo e
Sam encontram Gollum e sua senhora-governante Laracna. Além dos
paralelos e contrastes de personalidade – Tom Bombadil (vida) e Gollum
(morte), Fruta d’Ouro (preservadora) e Laracna (destruidora) – há ações
paralelas. No começo da história, Tom resgata o perdido Frodo e
companhia da Floresta Velha, e então os salva das Criaturas Tumulares.
Mais tarde, Gollum resgata o perdido Frodo e seu companheiro Sam na
parte selvagem das Emyn Muil e os guia através do traiçoeiro Vale dos
Mortos. Enquanto um os guia para a segurança e vida, o outro os guia
para a traição e morte. Enquanto Tom Bombadil não pode ser afetado pelo
Anel, Gollum jamais pode estar livre dele.” (Keenan 75)
Poder e Significado em O Senhor dos Anéis
Por Patricia Spacks
Hobbit análogo ao quase-herói islandês (83)
“. . . a simplicidade do sistema ético de [SDA] é redimida pela
complexidade filosófica de seu contexto: simplicidade não é igual Ã
superficial. O sistema de instituição pagão com o qual SDA mais se
assemelha é redimido de sua superficialidade pela magnitude da oposição
que enfrenta. O herói épico anglo-saxão opera sob a sombra do destino;
sua luta está condenada ao fracasso final – o dragão em algum encontro,
vencerá por fim. Apenas a coragem e vontade do herói se opõem às forces
escuras do universo; elas representam sua triunfante afirmação de si
mesmo como homem, sua insistência na importância humana, apesar da
fraqueza humana.” (Spacks 85- 86) Dois temas principais – “liberdade de
vontade e ordem no universo, mnas operações do destino” (Spacks 87)
Corrupção do Poder (Saruman)
“Todos os grandes segredos sob
as montanhas haviam se tornado apenas noite vazia: nada mais havia para
descobrir, nada que valesse a pena fazer, apenas comer furtivamente
coisas desagradáveis e lembranças ressentidas. Ele [Gollum] estava
totalmente devastado. Odiava a escuridão, e odiava a luz ainda mais:
odiava tudo, e o Anel mais do que tudo. . . . Ele o odiava e o amava,
como odiava e amava a si mesmo. Não conseguia se livrar dele. Ele não
tinha mais vontade própria na situação” (I, 64)” (Spacks 94)
“Na apresentação da destruição de Gollum do Anel, a idéia de livre
arbÃtrio intimamente envolvida com o destino recebe sua declaração mais
forte. A mesma idéia já foi sugerida antes; agora se torna inescapável.
A livre escolha do bem pelo indivÃduo envolve sua participação num
amplo padrão de Bondade; atos individuais tornam-se parte do Destino.
Frodo optou repetidas vezes por comportar-se com piedade em relação a
Gollum, mesmo diante da traição por parte do outro. Seus atos piedosos
determinam seu destino e, devido ao fato de que sua aceitação da missão
dá a ele uma posição simbólica, tais atos também determinam o destino
do mundo em que ele vive. Gollum, por outro lado, embora seja
comparativamente fraco na maldade, tornou-se o representante simbólico
do mal. Sua aceitação original do mal o tornou desprovido de vontade; é
apropriado que pelo menos no fim ele se tornasse um instrumento daquele
destino essencialmente benevolente por meio do qual, como Sam se dá
conta seu patrão foi salvo; ele voltou a ser o que era, ele estava
livre. (III, 225) – livre mas ao custo de mutilação fÃsica, o emblema
de sua fraqueza humana (ou de hobbit)- da mesma maneira que o herói de
Lewis, Ransom, que em Perelandra é bem-sucedido em sua luta fÃsica com
o Diabo, mas emerge dela com um ferimento incurável no calcanhar”
(Spacks 95)
“Da mesma forma que o mundo irreal ricamente
imaginado, a linguagem atrai o lado infantil de seus leitores; evoca
lembranças de contos de fadas e de lendas de cavalaria. A figura
cinzenta do homem, Aragorn, filho de Arathorn, era alta, firme como uma
rocha, a mão sobre o punho de sua espada; parecia que um rei tinha
surgido das névoas do mar e pisado sobre as praias de homens menores.
Diante dele se curvava a velha figura [Gandalf], branca, agora
brilhando como se alguma luz a iluminasse de dentro, inclinada,
sobrecarregada pelos anos, mas detentora de um poder acima da força dos
reis” (II, 104)” (Spacks 98)
(Aliteração + Épico Nórdico primitivo) usado na história
Homens, Pequenos, e Adoração pelo Herói
Por Marion Bradley
“Frodo compartilha por um tempo as recompenses dos trabalhos deles, mas
ele tem que suportar para sempre três ferimentos: ferimento à faca no
Topo do Vento, devido à loucura; a picada de Laracna, devido Ã
confiança exagerada; e o dedo arrancado com o Anel, devido ao orgulho.”
(Bradley 124)
“Merry, também, atingiu a estatura de um
grande adulto; para ele, o retorno ao Condado é como um sonho que
desapareceu vagarosamente mas para Frodo é como adormecer de novo.”
(Bradley 125)
Sam é o representante da Era Heróica, não Frodo.
Tolkien e a História de Fadas
Por R.J. Reilly
“. . . Richard Hughes, que mencionou a conexão de “The Faerie Queeneâ€?
com a obra; Naomi Michinson, que levou a obra tão a sério quanto leva
“Mallory�; C.S. Lewis, que comparou a inventividade de Tolkien com
Ariosto e considerou Tolkien o melhor; e Louis Halle, que achou que a
obra tem o mesmo significado que a Odisséia, Gênesis, e Fausto.”
(Reilly 133)
“Douglass Parker [Ver “Hwaet We Holbylta . . .
,” Hudson Review, IX (Inverno, 1956-57), 598-609] relembra o leitor a
respeito da interpretação que Tolkien fez de Beowulf e afirma que o que
Tolkien fez na trilogia foi recriar o mundo, e a vis]ao de mundo, do
poema. As palavras que Tolkien tomou de Widsith para aplicar a Beowulf
pode ser aplicada também na trilogia: Lif is laene: eal sceacep, leoht
ond lif samod, A vida é fugaz: tudo passa, luz e vida juntas.” Ele
acredita que sobre o conto pende a mesma nuvem de determinismo que
pende sobre Beowulf. O fim de uma era está chegando, e não há nada que
homens ou hobbits ou elfos possam fazer para evitar este fim. Face Ã
inexorável extinção, a única reposta que um homem ou hobbit pode dar é
ser heróico. Tolkien fez todo o possÃvel para fazer este mundo
prodigioso e . . . imperturbável construção da imaginação, imitando o
mundo do poema de Beowulf, porque Tolkien sentia que apenas dessa forma
ele conseguirá o que o autor de Beowulf (também um antiquário)
conseguiu: um senso da Verganglichkeit do homem, sua não-permanência,
sua deterioração. E este mundo imaginário tem relevância para o real.
Seus empréstimos de, ou reconstrução de, mitos anglo-saxões, celtas e
nórdicos fornecem uma ponte do mundo dele para o nosso; eles fazem a
afirmação implÃcita de que nosso mundo, na Era dos homens, a Quarta
Era, é uma continuação da dele, e irá recapitular seus acontecimentos
em novos termos, assim como a Terceira Era recapitulou a Segunda, e a
Segunda fez com a Primeira.” (Reilly 135)
“Faërie pode ser
traduzido aproximadamente como Mágica, mas não a mágica vulgar do
mágico; na verdade é mágica de disposição e poder particulares, e ela
não tem seu fim nela mesma, mas sim em suas operações. Dentre estas
operações está a satisfação de certos desejos humanos primordiais tais
como o desejo de investigar a profundidade do espaço e tempo e o desejo
de viver em comunhão com outras coisas viventes.” (Reilly 138)
“O próprio [Senhor dos Anéis] é da Terceira Era, mas a história está
repleta de ecos do passado turvo; de fato, a trilogia é em grande parte
uma tentativa de sugerir as profundezas do tempo, que torna antiquada a
antiguidade e tem uma arte de fazer poeira de todas as coisas. A
Terceira Era é, para o leitor, mais velha do que se possa medir, mas os
seres desta era contam histórias de eras ainda mais remotas nos escuros
confins e abismo do tempo, e de fato geralmente se sugere que estas
histórias recontam apenas os eventos de tempos relativamente recentes –
o estabelecimento de parte do tempo de Browne – e que as coisas mais
velhas estão perdidas além da memória.” (Reilly 139)
“Os
Ents, por exemplo, as grandes árvores da Terceira Era, estão dentre as
coisas viventes mais velhas. Elas falam com os hobbits numa linguagem
tão velha, tão lenta e cuidadosamente articulada, quanto a própria. E
quando Tom Bombadil fala, é como se a própria Natureza – não-racional,
interessada apenas na vida e nas coisas que crescem – estivesse
falando. Os elfos, os anões, até mesmo Gollum e os orcs, são gradações
– tanto para cima quanto para baixo – do nÃvel humano; eles são outras
coisas viventes com as quais os leitores mantêm comunhão no mundo de
trilogia de maravilhas imaginadas.” (Reilly 139)
” (Sobre
‘Histórias de Fadas’ de Tolkien) A mente encarnada, a lÃngua, e a
história são coesas em nosso mundo. A mente humana, dotada dos poderes
de generalização e abstração, não vê apenas grama verde,
discriminando-a das outras coisas . . . mas vê que é verde além de ser
grama. Mas como foi poderosa e estimulante, para a faculdade que a
produziu, a invenção do adjetivo: nenhum feitiço ou encantamento em
Faerie é mais potente. E isto não é surpreendente: tais encantamentos
podem de fato ser considerados como uma nova visão de adjetivos, uma
parte da fala numa gramática mÃstica. A mente que pensou em leve,
pesado, cinza, amarelo, parado, veloz, também concebeu a mágica que
tornaria coisas pesadas em leves e capazes de voar, tornaria chumbo
cinza em ouro amarelo, e a pedra estática em água veloz. Se pudesse
fazer um, poderia fazer o outro; inevitavelmente fez os dois. Quando
conseguimos tirar o verde da grama, azul do paraÃso, e vermelho de
sangue, já temos um poder de feiticeiro – sobre um plano; e o desejo de
usar esse poder no mundo exterior ao das mentes desperta. Não ocorre de
usarmos bem este poder em qualquer plano. Podemos colocar um verde
mortal no rosto de um homem e produzir um terror; podemos colocar uma
rara e terrÃvel lua azul para brilhar; ou podemos fazer florestas
brilharem com folhas de prata e ramos com frutos de ouro, e colocar
fogo ardente na barriga do verme frio. Mas tal fantasia, como é
chamada, recebe uma nova forma; Faërie começa; O homem torna-se um
sub-criador. (pp. 50-51)” (Reilly 141)
“Ele [Tolkien] está
a par das implicações da palavra fantástico, que implica que as coisas
com as quais lida não poderão ser encontradas nos Mundos Primários. De
fato, ele considera tais implicações bem-vindas, pois é exatamente isso
que ele quer dizer com o termo; que as imagens que ele descreve não
existem no mundo real. Que elas são uma virtude, não um vÃcio..
Lembramo-nos das linhas de Shelley: Formas mais reais que o homem que
vive, / Sementes de imortalidade. Só porque Fantasia lida com coisas
que não existem no Mundo Primário, sustenta Tolkien, não é inferior,
mas sim uma forma superior de Arte, de fato a forma mais próxima da
pureza, e então (quando conseguida), a mais potente ” (Reilly 143)
“. . . redescobrimos o significado de heroÃsmo e amizade à medida que
vemos os dois hobbits escalando a Montanha da Perdição; vemos novamente
o incessante mal da ambição e egoÃsmo em Gollum, alterado e desprovido
de forma moral por anos de desejo pelo Anel; reconhecemos de novo a
angústia essencial de ver coisas belas e frágeis – inocência, amor
jovem, crianças – desaparecendo quando lemos sobre a inevitável jornada
da Senhora Galadriel e dos elfos para o Oeste e para a extinção, e os
vemos como Frodo os vê, uma visão viva daquilo que já foi deixado bem
para trás pelos córregos correntes do Tempo. Vemos moralidade surgindo
deste ou daquele ato humano e assistindo à moralidade inerente’ a qual
todos os seres da Terceira Era – os maus tanto quanto os bons –
testemunham.” (Reilly 145)
Tolkien: Os Monstros e as Criaturas
Por Thomas Gasque
“É a força da imaginação mitológica nórdica que . . . pôs os monstros
no centro, deu a eles a vitória mas não honra, e encontrou uma potente
porém terrÃvel solução na vontade e coragem nuas. . . . Tão potente é
isto que, enquanto a velha imaginação sulista desapareceu para sempre
como ornamento literário, a nórdica tem poder para reavivar seu
espÃrito mesmo em nosso próprio tempo. (J.R.R. Tolkien, Beowulf: os
Monstros e os CrÃticos, p.77)” (Gasque 151)
“Tom [Bombadil]
divide pelo menos uma caracterÃstica com os dois monstros: sua
indiferença em relação ao Anel. Para ele, assim como para o Balrog e
Laracna, o Anel não tem poder nem para o bem nem para o mal. Ele (Tom)
está interessado apenas em sustentar a vida e aproveitar dela; eles (o
Balrog e Laracna) se importam apenas pela destruição ou, no caso de
Laracna, em satisfazer seu apetite. E nenhum dos três aceita qualquer
outra criatura como seu senhor. Todos os três possuem uma independência
que os posiciona do lado de fora da preocupação moral central da
história – a destruição do Anel. A amoralidade deles, assim como sua
não-humanidade, os revela como sendo princÃpios alegóricos: Tom da vida
ou natureza, Laracna da morte ou apetite cego, e o Balrog da desordem
central que nenhuma criatura pode suportar.” (Gasque 157)
Inglês Arcaico em Rohan
Por John Tinkler
“Quando Éowyn passa a taça, oferecendo-a primeiramente ao rei, como é
apropriado, ela diz Ferthu Théoden hál!” Isto é inglês arcaico para,
“Go though Théoden healthy (Algo como “vá com saúde, Théodenâ€?). A
lÃngua de Rohan não apenas lembra inglês arcaico, é inglês arcaico.”
(Tinkler 169)
Noda de rodapé para passagem acima: “Ver
Beowulf, 11. 615 ff. para uma comemoração semelhante. Todo o capÃtulo O
Rei do Palácio Dourado , em muito de sua ação e boa parte de sua
linguagem, parece depender das passagens de Heorot em Beowulf�.
A Poesia da Fantasia: Verso em SDA
Por Mary Kelly
Poesia Hobbit “O! Water Cold we may pour at need / down a thirsty
throat and be glad indeed; / but better is Beer, if drink we lack, /
and Water Hot poured down the back (I, 111)” (Kelly 175)
“Aágua fria podemos mandar/ goela abaixo e nos alegrar;/ melhor é
Cerveja, no copo da gente/ e lombo abaixo �gua bem Quente. � Rima
descomplicada; rima de crianças; calor, divertimento. Poesia de Tom
Bombadil “Fear neither root nor bough! Tom goes on before you. / Hey
now! merry dol! Well be waiting for you! (I, 130)” (Kelly 180)
“Não temer ramo ou raiz! Tom estará lá na certa. / Salve, feliz neneca!
Esperemos de porta aberta!â€? Rima descomplicada”Tom promete renovar a
vida – simbolizada pela água, floresta e colina – e prover calor e luz
– simbolizados pelo fogo, sol, e lua – quando a ajuda é necessária”
(Kelly 182)
Poesia dos túmulos
“Cold
be hand and heart of bon, / and cold be sleep under stone: / never more
to wake on stony bed, / never, till the Sun fails and the Moon is dead
(I, 152)” (Kelly 182)
“Frio haja nas mãos, no coração e na
espinha, / e frio seja o sono sob a pedra daninha: / que nunca
despertem de seu pétreo leito, / nunca, até a Lua morta, até o Sol
desfeitoâ€?.Rima descomplicada porém irregular. Repetida em “frio,
escuro, nebulosas Colinas dos Túmulos” (Kelly 182)
“palavras severas, duras e frias, cruéis e miseráveis” (Kelly 182)
Poesia élfica
“A canção [The Lay of Tinúviel/ A Balada de Tinúviel] é de fato uma das
mais belas de todo o trabalho. As nove stanzas de oito linhas iâmbicas
quadrimétricas têm, em cada uma, o complicado esquema de rimas
“abacbabcâ€?”. (Kelly 185)
“[Os poemas de Tolkien] são
abundantes em efeitos musicais. Há vinte exemplos de aliteração nas
linhas curtas, duas delas causando tripla aliteração. Tolkien
frequentemente usava sons consonantais, especialmente adequados ao
contexto. Os sons dos vários aspirados (h and wh), dentais surdos (f
and th), e sibilantes surdas (s and sh and ch) ajudam a criar imagens
da “falta de fôlego� da perseguição dos amantes. Ainda mais
proeminentes são os sons nasais (n and m and ng) e os lÃquidos (l and
r), todos contribuindo para a ressonância de várias das linhas, e
tornando o poema mais adequado para cantar.” (Kelly 187)
“He heard there oft the flying sound / Of feat as light as
linden-leaves, / Or music welling underground, / In hidden hollows
quavering, / Now withered lay the hemlock-sheaves, / And one by one
with sighing sound / Whispering fell the beechen leaves / In the wintry
woodland wavering. (I, 197-198)” (Kelly 188)
“Ouvia o som da
fugitiva / Com pés de tÃlia por leveza; / Do chão saÃa música viva, /
De valos fundos um trilar. / Já a cicuta perde a beleza / E uma a uma
pensativas / Da faia as folhas com tristeza / No chão do inverno vão
rolar.�
Poemas de Rohan
dactylic hexameter (hexamétrico?) ; ritmo ubi sunt
Referente à sociedade “duguth� do tipo anglo-saxão (Kelly 195)
O Senhor dos Anéis como Literatura
Por Burton Raffel
“[Comentário de Tolkien] Não acho que o leitor ou criador de contos de
fadas deve se sentir envergonhado da “escapadaâ€? do arcaÃsmo: ao não
preferi dragões, mas sim cavalos, castelos, barcos, arcos e flechas;
não apenas elfos, mas cavaleiros e reis e padres. Pois no fim das
contas, é possÃvel para um homem racional, após reflexão (deveras
desconectada com contos de fadas ou romance), alcançar a condenação . .
. de coisas progressivas como fábricas, ou as armas automáticas e
bombas que parecem ser seus mais naturais e inevitáveis e, ousemos
dizer, inexoráveis produtos. . . . O mais louco castelo que já surgiu
da sacola de um gigante em uma louca história gaélica não é muito menos
feio do que uma fábrica de robôs, é também (para usar uma frase bem
moderna) num senso bem real, bem mais real. . . . É de fato uma era de
meios melhorados opera fins deteriorados”. (Raffel 236)
“Suspeitamos de Aragorn, no primeiro encontro. Ele é um homem de
aparência estranha e marcada pelos anos, sentado num canto escuro . . .
escutando a conversa dos hobbits com muita atenção. . . . Podia-se ver
o brilho em seus olhos enquanto observava os hobbits (I, 168). Mas da
forma como Frodo e os outros rapidamente descobrem, Aragorn é ouro
puro. Ele é corajoso, leal, honesto fiel – tudo em Faërie que alguém
esperaria de um rei (que é o que ele se torna no fim). Gandalf também é
tudo que alguém espera de um mago, e durante muito tempo ele é bem mais
do que isso. Gandalf é imprevisÃvel, no sentido de se ajustar à sua
posição no momento, no ambiente, para humanos, hobbits, elfos ou magos,
não se tornando todas as coisas para todas as pessoas, mas não supondo,
tampouco, a respeito do conhecimento ou capacidades de ninguém. Ele é
flexÃvel, e também é limitado: este não é um mago que pode fazer o que
quiser, mas um mago real que, até onde sabemos, more nos túneis de
Moria, puxado para sua morte por um Balrog, uma grande sombra, no meio
da qual havia uma forma escura, talvez humanóide, mas maior; poder e
terror pareciam estar nela e ao seu redor (I, 344). No fim do primeiro
volume da trilogia, Gandalf é uma memória heróica, uma memória amada.
Menos de duzentas páginas depois, no Segundo volume, ele retorna,
passou pelo fogo e águas profundas, (II, 98) ressuscitou depois de sua
– um é tentado a dizer, depois de Sua Paixão, embora SacrifÃcio sirva.
E Aragorn diz a ele Você é nosso capitão e nossa insÃgnia. O Senhor do
Escuro tem Nove: Mas nós temos Um, mais poderoso que eles: o Cavaleiro
Branco. Passou pelo fogo e pelo abismo, e eles devem temê-lo. Iremos
aonde nos levar. (II, 104)” (Raffel 238)
“Tomando alegoria
em seu senso mais amplo, acho que O Senhor dos Anéis é
indiscutivelmente alegórico. Não quero dizer que Frodo, ou mesmo
Gandalf (assim que o conhecemos), seja uma representação simbólica do
Bem – embora certamente os Nazgûl, para não mencionar o Senhor de
Mordor são sÃmbolos do Mal. Também não quero dizer que a jornada de
Frodo é uma nÃtida representação, digamos, do tipo de jornada que
Niggle realiza. Mais do que isto: é tanta Fé fundamentando a trilogia,
é tão forte o sentimento sobre o mundo (o tão-chamado mundo real, como
Tolkien diria), que os elementos representativos são inevitáveis: esta
é, novamente, a ‘uma história do bem e do mal.’ Quando Frodo alcança
Valfenda, por exemplo, e Gandalf está contando a ele sobre ‘o Senhor do
Escuro em Mordor,’ Gandalf exclama: ‘Nem todos os seus servidores e
empregados são espectros! Há orcs e trolls, há wargs e werewolves;
houve e ainda há muitos homens, guerreiros e reis, que andam vivos sob
o sol, e mesmo assim estão sobâ€?. seu domÃnio. E o número desses homens
cresce dia a dia. (I, 234). Pode ser argumentado que a referência aos
homens é essencial, uma vez que eles são parte da Terra-média. No
entanto, deve ficar claro que os homens são destacados por
Gandalf-Tolkien, recebendo atenção muito especial e detalhada, além da
necessidade da história própria. Uma pessoa não precisa apontar nenhuma
alegoria precisa, ou mesmo alguma referência tópica particular, para
ver aquilo que C. S. Lewis chamou de a relevância da trilogia para a
verdadeira situação humana. Em termos amplos, isto é alegórico o
suficiente.” (Raffel 244)
Referências Bibliográficas
Isaacs, Neil D., Zimbardo, Rose A. Tolkien and the Critics. University
of Notre Dame Press. Notre Dame 1968 Este livro foi retirado da
Biblioteca Pública Elmhurst.