Categoria: Produção dos Fãs

  • Narya – Parte 02

    CAPÍTULO VI
    A Cidade
    Conforme iam se aproximando da cidade, Frodo e Sam ficavam mais nervosos (e também mais assustados) com a idéia de viver, mesmo que por alguns dias, naquele horripilante cenário.
    Passaram por uma placa que indicava o limite da cidade.
    –Eu moro no Centro da Cidade, — disse Prímula – logo estaremos lá, cerca de uns 20 minutos.
    –Estou com medo. – disse Sam. E realmente estava apavorado.
    –Não se preocupe, Sam. Eu estou aqui com você, e Prímula também. Ela sabe o que fazer.
    –Frodo está certo, Sam. Não se preocupe, não deixarei que nada de mal os aconteça.
    Sam se encolheu contra o corpo de Prímula quando surgiram as primeiras casas e os primeiros carros. Finalmente chegaram á avenida, e estavam atravessando-a tranqüilamente (Sam já estava perdendo um pouco do medo), quando um carro buzinou.
     
    –O que foi isso? – Disse Sam, muito amedrontado. Saltou da moto e começou a correr, até parar no meio da avenida, entre vários carros, que consequentemente, começaram a buzinar.
    –Ei, Sam, volte! – Gritou Frodo.
    –Venha, Sam, — gritou Prímula – você não pode ficar aí, vai ser atropelado!
    Mas de nada adiantava os gritos. Sam desembainhou a espada e ficou parado, olhando assustado para todos os outros carros em sua volta, desafiando-os. Sentou-se no chão e colocou a cabeça entre os joelhos, chorando.
    Prímula desceu da moto. – Fique aqui, Frodo, eu vou buscá-lo. – E com isso apoiou a moto e correu para onde Sam se encontrava. Os carros não paravam de buzinar, as pessoas gritavam coisas como: –Sai daí, garoto! Vai para casa!
    –Ei, Sam! Sam! – Prímula chamou-o e levantou sua cabeça encaracolada com as mãos delicadamente. – Vamos, Sam. Não pode ficar aqui.
    –Não, eles vão me pegar!
    –Quem vai te pegar?
    –Eles! – E apontou para os carros que estavam à sua volta.
    –Não, Sam. Eles não podem te pegar. Não disse que eu ia protegê-lo?
    Sam fez um sinal de sim com a cabeça.
    –Então, você está a salvo comigo!
    Sam se recusou a levantar de qualquer jeito. Prímula então tomou uma atitude mais drástica.
    –Sam, vai ter que me desculpar por isso. – E pegou-o no colo, como uma criança. Levou-o de volta para a moto. Sam foi gritando até chegar lá.
    –Assim está parecendo uma criança mesmo. – Disse Frodo.
    Sam ficou sem graça, mas agradeceu Prímula, e prometeu não saltar mais da moto.
    –Assim está melhor. – Disse Prímula, e acelerou.
    Logo já estavam em frente ao prédio onde ela morava, e os dois hobbits ficaram espantados com o tamanho da propriedade.
    –Tudo isso é seu? – Perguntou Frodo surpreso.
    –Não, não. – Respondeu rindo. – Moro só em um apartamento, não no prédio todo. Esse prédio é dividido em várias outras casas, entendem?
    –Acho que sim.
    Foram até o estacionamento, deixaram a moto lá, e quando estavam entrando no prédio, o porteiro não se conteve.
    –Oi, Prímula, quem são essas crianças?
    –São filhos de uma amiga minha. Ela foi viajar e não pôde levá-los consigo, então, me ofereci para ficar com eles por uns dias, até ela voltar.
    –Mas não somos cr… – Sam foi detido por um cutucão que Frodo lhe deu.
    –Vamos, crianças… – Prímula disse, rindo. Sam pareceu não gostar muito da idéia, mas Frodo não ligou.
    Chegaram em frente a uma porta fechada que se abriu sozinha quando Prímula apertou um botão. Entraram . Dentro era um lugar pequeno, cabiam no máximo umas oito pessoas. Apertou outro botão e os dois hobbits sentiram que estavam subindo.
    –Para onde estamos indo, Prímula? – Perguntou Sam.
    –Para meu apartamento. Fica no 16º andar, estamos subindo pelo elevador.
    –E as escadas?
    –Não precisamos delas. – O elevador parou e as portas se abriram.
    Saíram e se encontraram em um corredor. Havia uma janela no canto, e Prímula os chamou para ver. Na ponta dos pés puderam olhar pela janela.
    –Nossa, como é alto! – Exclamou Sam. — Como chegamos até aqui?
    –Já disse, pelo elevador. Ele nos traz de baixo para cima, ou daqui de cima até lá embaixo.
    –Nossa! – Disse Frodo. – Há várias portas aqui. Qual delas leva à sua casa?
    –Aquela. – E apontou para uma porta no meio do corredor.
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    CAPÍTULO VII
    Na Casa de Prímula
    Prímula procurou as chaves na bolsa e não as encontrou. "Será que as perdi?". Estava procurando desesperadamente por todos os lugares, até embaixo do tapete (onde ela sempre deixava), mas não encontrava em nenhum lugar.
    –Acho que perdi as chaves – disse ela. – Não consigo pensar em nenhum lugar mais por onde procurar.
    –E se estiver aberta? – Opinou Sam. – Você pode ter deixado a porta destrancada, talvez tenha esquecido.
    –Eu nunca me esqueço de trancar a porta. Tenho certeza de que tranquei. Se não me engano, a chave deveria estar debaixo do tapete, é sempre lá que deixo, a não ser quando ponho-as na bolsa.
    –Acho melhor pararmos de discussão. – Disse Frodo. – Prímula, tem certeza de que não deixou a porta aberta?
    –Certeza absoluta.
    Frodo não disse nada, mas ficou fitando a porta, tentando descobrir como se abria aquela porta, com uma maçaneta tão estranha. – Prímula, se você tivesse deixado a porta destrancada, como eu faria para abri-la?
    –É só girar a maçaneta.
    Frodo tentou girá-la. Fez um pouco de força e… A porta se abriu.
    –Mas… – Exclamou Prímula. – Como foi que você…? – Mas ela viu as chaves sobre a mesa e resolveu não dizer mais nada. "Devo tê-la esquecido aberta, mesmo."
    No mesmo instante um cachorro, ou melhor, uma cachorra veio correndo de dentro do apartamento e começou a pular nas pernas de Prímula.
    –O que é isso? – Sam não se conteve.
    –É um cachorro. – Respondeu ela.
    –Eu sei que é um cachorro, eu quis perguntar de que raça é. É bem diferente de todos os outros cachorros que já vi.
    –Ah, é um poodle. Deve estar estranhando porque ela tem cabelos encaracolados, como os seus.
    –Muito bonito, seu cachorro. – Disse Frodo. – Pequeno e de cabelos encaracolados… daria um ótimo animal de estimação para um hobbit. – Todos riram. – Mas, como eu estava dizendo, como foi que eu consegui abrir a porta se não estava com as chaves? Vou repetir a mesma pergunta: Prímula, tem certeza de que não deixou a porta aberta? – Novos risos.
    –Agora, tenho certeza de que deixei realmente a porta aberta. Mas deixemos esse assunto para outra ocasião. Vamos entrando, sintam-se em casa.
    –Com todos esses objetos estranhos, acho que será difícil me sentir em casa. &ndas
    h; Sussurrou Sam no ouvido de Frodo.
    –Concordo plenamente.
    –Bem, já está tarde. O que me dizem de jantarmos?
    –Jantar? – Sam estava curioso. – O que é exatamente jantar?
    –Não sabem? É comer, matar a fome, forrar o estômago.
    –Cear, você queria dizer, então.
    –É a mesma coisa!
    –Não é!
    –Se eu digo que é, é porque é!
    –Chega! – Gritou Frodo – Será que nunca vão se entender?
    Todos ficaram em silêncio, mas nem alguns segundos haviam se passado e ouviram uma voz vindo de dentro do quarto de Prímula:
    –Que gritaria é essa? Não se pode mais dormir em paz, não? – E da direção que vieram os gritos surgiu um homem, somente vestido com as roupas de baixo, musculoso e mal humorado, com cara de sono. – Quem são essas crianças?
    –Quem é você? – Perguntou Sam. – O que está fazendo aqui?
    –Eu é quem deveria perguntar. Sou o namorado de Prímula, e vocês, pelo que parecem, são duas crianças imundas que estavam brincando na terra.
    –Ora, seu… – Mas Sam foi impedido por Prímula. – Calma, vamos nos entender como pessoas decentes! Sem brigas!
    –Sam, Frodo, esse é Henrique, meu namorado. Henrique, esses são Sam e Frodo, dois amigos que eu conheci quando estava voltando para a Cidade.
    –E nós NÃO somos crianças! – Completou Sam.
    –Ah, é? O que são então, adultos? Odeio crianças que acham que já cresceram.
    –Não, somos hobbits! – Falou Frodo no lugar de Sam.
    –E o que é hobbit? Alguma espécie de macaco? – E ele começou a rir.
    –Henrique, não seja grosso! Peça desculpas, que depois eu explico tudo o que aconteceu.
    Depois de relutar, Henrique finalmente se desculpou.
    –Agora eu entendo por que a porta estava aberta… – disse Prímula. – Deveria ligar antes de vir, Henrique.
    –Eu liguei, mas você não estava, então eu resolvi fazer uma surpresa.
    –Surpresa? Você quase me matou de susto, pensei que tivesse entrado algum ladrão ou que eu tivesse perdido as chaves! Mas ande! Vá se trocar! Coloque alguma roupa por cima dessa cueca!
    Henrique entrou no quarto com a cabeça baixa, parecia nervoso, mas Prímula pareceu não se importar, e perguntou aos hobbits:
    –O que vão querer cear?
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    CAPÍTULO VIII
    Pizza

    –Não sei, você deveria oferecer o que você tem, e não perguntar o que queremos, ficaremos gratos com qualquer coisa. – disse Frodo.
    –Mas eu não tenho nada, estava pensando em pedir alguma coisa.
    –Pedir para quem? – Perguntou Sam. – Nós também não temos nada, bem, só um pouquinho, mas não dá para todos nós.
    Prímula riu. – Não estava pensando em pedir para vocês, eu queria dizer pedir para algum restaurante entregar comida aqui em casa.
    –Já sei, não precisa explicar: restaurante é onde vende comida, acertei? – Disse Sam.
    –Acertou sim, Sam. E o que vão querer? Que tal pizza?
    –O que… – Sam nem terminou de fazer a pergunta quando Henrique apareceu, já trocado, e exclamou:
    –Pizza! Ótima escolha, eu quero a minha de atum.
    –Calma, Henrique, eu nem sei se eles gostam de pizza. Não seja apressado!
    –Comemos qualquer coisa, — disse Frodo — mesmo essa tal de… como é que se diz, mesmo?
    –Pizza! P-I-Z-Z-A, — disse Henrique. – Não sabem o que é? De onde vocês vem, do passado?
    –Na mosca! – Exclamou Prímula. – Agora não atormente mais os coitadinhos, depois eu explico tudo para você.
    –Obrigado, Prímula. – Agradeceu Sam. – Mas nós comemos essa tal de pizza mesmo. Nós, hobbits, gostamos de qualquer coisa para comer.
    –E o que vão querer beber?
    –Agora, se não se importa, eu gostaria de opinar. – Disse Frodo.
    –E o que é?
    –Cerveja. Isso é, se vocês tiverem, é claro.
    –Como é que é? – perguntou Henrique. – Vocês não têm vergonha? Tão pequenos e já tomam cerveja?
    –Antes de tudo, eu queria esclarecer uma coisa para esse tal do seu namorado, Prímula. – Disse Sam. E virou-se para ele. – Não nos chame mais de crianças porque agora você já sabe: Eu tenho 45 anos, ou seja, sou bem mais velho que você. E o Sr. Frodo tem 57.
    Henrique riu mais alto que nunca. Ele não acreditava que duas pessoas pequenas com cara de crianças poderiam ter 45 anos, muito menos 57. – Estão brincando comigo! – Mas ele viu que todos estavam sérios, e ninguém riu nem um pouco, então ele parou e achou melhor não discutir. Na verdade, estava até começando a acreditar no que eles diziam. Se fosse mentira, sabiam mentir muito bem. Mas não teriam coragem de brincar com uma coisa dessas, talvez nem imaginação o suficiente para inventar isso. Henrique já sabia que algo de estranho estava acontecendo, mas não pensara que chegaria a esse ponto.
    –Tudo bem. – Disse ele cabisbaixo. – Vocês me convenceram. Podem tomar a sua cerveja, se quiserem. Eu vou tomar um banho para refrescar a cabeça. Enquanto isso, podem ir pedindo a pizza. – E saiu.
    –Vamos, enquanto eu peço, vocês podem ficar assistindo televisão.
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    Os hobbits não entenderam, mas se sentaram no sofá em que ela apontou. Sam viu um pequeno objeto sobre a mesinha que estava diante deles. Ficou curioso e o pegou na mão. Ele percebeu que haviam vários botões sobre o objeto, e que apesar de pequeno, deveria servir para alguma coisa útil, pois havia várias coisas escritas sobre os botões. Sam resolveu apertar algum botão para ver o que ele fazia.
    –Sam, — apressou-se Frodo – é melhor não mexer. Pode quebrar, ou coisa parecida. Aliás, você nem sabe para que serve.
    Prímula virou-se e viu Sam colocando o controle da televisão de volta na mesinha. Ela riu um pouco, pois tinha se esquecido que eles provavelmente não sabiam o que era uma televisão, e disse:
    –Apertem o botão vermelho.
    Sam adorou a sugestão e mal havia colocado o controle sobre a mesa já pegou-o novamente e apertou o botão vermelho. Seguido de um barulho agudo, quase inaudível, o objeto grande que havia sobre a mesa se iluminou e a imagem de uma pessoa apareceu no centro. Ambos os hobbits deram um grito, pois não faziam idéia do que era aquilo. Pensaram que fosse uma pessoa aprisionada em um cubículo.
    –Não se assustem, é só a televisão. Ela funciona para que nós possamos ter notícias de tudo o que acontece no mundo.
    –Tudo? – Assustou-se Frodo. – Tudo mesmo?
    –Bem, quase tudo.
    –Mas, como é que esse homem pode ficar dentro de uma caixa menor que ele? – Perguntou Sam.
    –Não há nenhum homem aí, é só uma imagem. Na realidade, esse homem está em outro lugar. Entenderam?
    –Não. – Disseram os dois hobbits no mesmo instante.
    –Tudo bem, mas vocês entenderam que não é ele que está aí, não é?
    –Bem, acho
    que eu entendi um pouco, pelo menos eu entendi que há coisas muito estranhas nesses tempos. – Disse Frodo.
    –E a pizza, você já foi pedir? – Perguntou Sam.
    –Já. Desde que vocês se sentaram no sofá.
    –Mas eu nem a vi sair. A porta nem sequer abriu. Não teria dado tempo de você sair, está brincando conosco.
    –Mas eu pedi pelo telefone!
    –Telefone?
    –É, serve para falarmos com as pessoas sem termos que sair de casa.
    –Verdade? – Frodo espantou-se.
    Prímula pegou o telefone e o trouxe para perto dos hobbits. – Aqui está.
    –Quero falar com alguém pelo telefone. – Pediu Sam.
    –Mas você não conhece ninguém daqui, Sam. – Disse Frodo.
    Então Sam desistiu, e satisfez-se somente com ficar olhando para a televisão. Pegou o controle e ficou apertando os botões, admirando-se com cada imagem que aparecia. Frodo também gostou da idéia de ver coisas que acontecem em outros lugares. Os dois se divertiram tanto que nem viram quando a pizza chegou, mas logo que sentiram o cheiro se deram conta de que pizza devia ser uma comida bastante gostosa.
    No mesmo instante Henrique também apareceu, ainda secando os cabelos (que eram poucos) com a toalha, e se sentou na cadeira da ponta da mesa. A cachorra de Prímula também pareceu agradada pelo cheiro.
    Prímula serviu a todos e eles comeram e beberam, até não agüentarem mais. Os hobbits gostaram da pizza, pois além de gostosa era um tipo de comida para pegar com as mãos, e isso eles sabiam fazer. Gostaram ainda mais da cerveja, apesar de ser um pouco mais forte do que eles pensaram que fosse.
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    CAPÍTULO IX
    Uma idéia quase perfeita

    Após comerem, eles ainda ficaram sentados, conversando à mesa. Quem mais falava era Henrique; mas Prímula resolveu mudar de assunto e conversar um pouco sobre os hobbits e sobre a Vila dos Hobbits.
    –Então, como foi que exatamente vocês chegaram até aqui? – Perguntou Prímula.
    –Deve ter sido voando. – Brincou Henrique. Os hobbits o olharam com cara feia, e ele resolveu parar de fazer essas brincadeiras (pelo menos por enquanto).
    –Não sei ao certo, Prímula, — disse Frodo – mas eu acho que foi quando colocamos o Anel no dedo.
    –Anel, mas que anel? – Prímula ainda não sabia do anel.
    –Ainda não contamos? – Perguntou Sam.
    –Não que eu me lembre. Então contem, assim Henrique pára de falar um pouco, e também ele poderá ouvir como foi que vocês chegaram até aqui, e entenderá realmente de onde vêm.
    Então Frodo e Sam contaram tudo desde a partida de Frodo para os portos cinzentos (incluindo o fato de que Gandalf possuía Narya, o Grande). – Bem, — continuou Frodo – eu e Sam estávamos caminhando, com destino à Vila dos Hobbits, quando paramos um pouco para descansar, e eu mostrei Narya para Sam, e nós o colocamos no dedo (os dois juntos); foi quando surgiu um clarão e um estrondo ensurdecedor, como se fosse um trovão, só que muito mais alto. – Sam concordava com a cabeça, ou dizia alguma exclamação de aprovação, como "isso mesmo". – Então percebemos que estávamos no mesmo lugar, mas as coisas estavam diferentes, como se tivéssemos andado no tempo; descobrimos que foi isso mesmo que aconteceu quando encontramos a estrada, e, consequentemente, Prímula.
    –Daí em diante eu sei o que aconteceu. – Disse Henrique, surpreso em ouvir essa história quase inacreditável. – Então vocês vieram com Prímula até aqui e aqui estamos!
    –Não precisaria ser muito esperto para deduzir isso. – Disse Sam com um certo tom de repugnância na voz.
    –Ih, já vi que você não gostou de mim, baixinho.
    –Vamos parar de discussão! – disse Prímula. – Sam, eu sinto muito pela perda de sua família, meus pêsames.
    Tendo dito isso, Prímula reparou que Sam ficou um bom tempo sem falar nada, como se estivesse sufocando o choro. Então ela decidiu mudar de assunto.
    –Então, Frodo, continuemos. Onde está o tal Anel que leva pessoas no tempo? Mostre-o para nós.
    Frodo tirou o anel do bolso, e eles puderam ver que realmente o anel era muito grande, não era de admirar caber dois dedos indicadores, mesmo sendo de dois pequenos hobbits. Prímula e Henrique ficaram encantados com tamanha beleza. O anel era de ouro, mas não um ouro comum, esse ouro era diferente, tinha uma aparência pura e trazia uma sensação boa. E aquela pedra vermelha realçava a aparência, tornando-o mais belo ainda.
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    –Posso tocá-lo? – Perguntou Henrique.
    –C… Claro. – Respondeu Frodo meio relutante. – E colocou o anel sobre as mãos de Henrique, que estavam estendidas sobre a mesa.
    Depois de muito examinar Henrique perguntou: –Como pode?
    –O quê? – disse Frodo.
    –Não, eu só estava pensando um pouco alto, mas já que perguntou, como é que um Anel pode ter tanto poder e beleza?
    –Foi feito pelos elfos. – Se adiantou Sam. – E os elfos possuem poderes e fazem mágica.
    –Não vou perguntar o que são elfos pois você ficaria anos e anos falando deles. Você fala demais! – Henrique tentou dar o troco.
    –Não tanto quanto você.
    –Vamos parar de brigar? – Disse Frodo. – Não chegaremos a lugar algum dessa maneira.
    –Frodo tem razão. – Disse Prímula. – Estamos tentando descobrir a razão por que chegaram aqui, e não quem é mais chato.
    Sam e Henrique ficaram um tanto cabisbaixos, mas nada que o tempo não resolva.
    –Eu queria saber como é que vamos embora. – Murmurou Frodo.
    –Mas não há registros, nada que fale sobre esse Anel? – Perguntou Prímula. – Vocês não sabiam desse poder antes de usá-lo? Nunca leram nada sobre ele?
    –Registros? Ler? – Frodo pareceu ter uma idéia. – É isso! Por que não pensei nisso antes?
    –O que foi? –Perguntaram todos ao mesmo tempo.
    –Você tem lareira? – Perguntou Frodo a Prímula. O rosto de Sam se iluminou, ele entendera a idéia de Frodo.
    –Não, mas…
    –Não tem? Então eu posso fazer uma fogueira aqui?
    –Fogueira? É fogo que você quer?
    –Isso mesmo, eu tive uma idéia.
    –Serve o fogo do fogão?
    –Não sei se serve. Posso vê-lo?
    Então Prímula levou Frodo e Sam para a cozinha, e Henrique foi atrás, curioso. Ela acendeu o fogão somente virando um botão e apertando outro. Sam admirou-se com a facilidade com que ela conseguia o que eles queriam.
    –Acho que serve. – Disse Frodo. – E aproximou o Anel do fogo, segurando na pedra, para não se queimar. O anel já estava ficando um pouquinho mole quando ele resolveu tirá-lo. Ficou observando o anel por alguns minutos, tentando procurar alguma marca, mas nada.
    Frodo passou o anel para Prímula: — Consegue ver alguma coisa? – Perguntou.
    –Não, nada.
    –Tem certeza? Talvez alguma escrita bem fina.
    Prímula observou minuciosamente o Anel e depois o passou para Sam e para Henrique, mas ninguém enxergou nada.
    –Como
    sou burro! – Exclamou Frodo. – Eu me esqueci, pôr o Anel no fogo não adiantaria nada!
    –Mas com o Um Anel funcionou. – Disse Sam.
    –Isso porque o Um Anel foi feito por Sauron, e ele sentia falta do calor de sua mão. Mas Narya foi feito pelos elfos, e calor não adiantaria nada.
    –Os elfos são um povo puro, — disse Sam – então temos que pensar em alguma coisa pura para envolver o anel. Talvez assim apareça alguma escrita.
    –Será que água é pura o suficiente? – Arriscou Henrique. – Não entendo nada sobre elfos, mas talvez possa funcionar.
    –Você tem razão. – Disse Frodo. E virou-se para Prímula: — Você poderia arranjar algum pote com um pouco de água limpa?
    –Claro. – Virou-se e abriu uma prateleira que havia sobre a pia; pegou uma panela e a encheu com um pouco de água mineral. – Aqui está.
    Frodo pegou a panela e colocou-a sobre a pia, então mergulhou o anel dentro da água. Esperaram alguns minutos antes de tirarem-no.
    –Não consigo ver nada. Pelo menos não até agora. Talvez precise de mais tempo. – Disse Frodo. – Vamos esperar até amanhã.
    –Sim, — disse Prímula – e além disso já passou da hora de irmos dormir. Vamos agora, e amanhã veremos o que o Anel terá a nos revelar.
    Saíram da cozinha e foram até a sala. Prímula havia se esquecido de que era Sábado e não precisariam dormir cedo, mas Henrique a lembrou e todos ficaram conversando. Já estava ficando tarde, e Sam, que estava sentado ao lado de Frodo, começou a cabecear e lutar contra o sono, até não agüentar mais. De repente Prímula percebeu que Sam não falava nada e viu que ele estava dormindo.
    –Nossa, já está muito tarde! Vamos, é hora de dormir. – Disse ela.
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    CAPÍTULO X
    A Decepção

    Sam acordou ao ouvir Prímula chamá-los para dormir e levantou-se rapidamente. Sentiu-se um pouco envergonhado, mas logo passou.
    –Vocês gostariam de tomar um banho antes de dormir? – Perguntou Prímula aos hobbits.
    –Eu gostaria. – Disse Frodo.
    –Eu também. – Completou Sam.
    Prímula conduziu-os ao banheiro e colocou duas toalhas sobre a pia. Henrique foi para sua própria casa e prometeu voltar no dia seguinte para ajudá-los com o Anel.
    –Para abrir a água quente, girem a torneira da esquerda, e para abrirem a fria, girem a da direita. – Disse Prímula. – Enquanto vocês tomam banho eu irei arrumar a cama de vocês, isso é, se não se importarem de dormir em um colchão no chão.
    –De maneira alguma, — disse Frodo – dormimos em qualquer lugar que nos arranjar.
    –Ótimo. – Disse ela. – Então, quem vai tomar banho primeiro? Eu só tenho um banheiro.
    Os dois hobbits se olharam e depois de muitas gentilezas decidiram que Sam tomaria banho primeiro, pois ele estava mais sonolento. Enquanto Sam se divertia com as torneiras e com a temperatura da água, Frodo ajudou Prímula a colocar dois colchões no chão ao lado de sua cama.
    Sam terminou de tomar banho 45 minutos depois, ele adorou tomar banho de chuveiro. Prímula deu-lhe uma camisola para vestir (Sam não gostou da idéia, mas era melhor do que colocar a roupa suja que estava antes) e ele deitou-se e logo adormeceu.
    Depois que Frodo tomou banho, também teve que vestir uma camisola, então, todos dormiram.
    No outro dia Frodo acordou e encontrou Prímula parada na porta do quarto, olhando para ele. Sam ainda dormia profundamente.
    –O que foi? – Perguntou Frodo a ela.
    –O Anel. Não há marca alguma nele.
    –Não? O que faremos agora? Temos que descobrir outra maneira para voltar para casa.
    –Bem, aqui está o anel. – Disse Prímula. – Ainda está molhado, mas não demonstra marca alguma. – E colocou o Anel na mão de Frodo.
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    Frodo abaixou o rosto e ficou pensativo, ainda sentado no colchão. Depois levantou-se e foi para a cozinha, acompanhado de Prímula. Ela deu-lhe um copo de leite e algumas bolachas para comer. Ele comeu muito rapidamente e depois ficou sentado observando o anel pensativamente.
    Minutos depois Sam apareceu, ainda com os olhos inchados de sono. Também comeu o desjejum muito rapidamente, e se sentou ao lado de Frodo. Ao ver o Anel e a expressão na face de Frodo e de Prímula, Sam deduziu que a idéia da água não havia dado certo.
    Meia hora depois a campainha tocou.
    –O que foi isso? – Perguntou Sam.
    –Foi só a campainha, — disse Prímula – alguém a toca para dizer que chegou.
    Prímula abriu a porta; era Henrique. Eles se beijaram e entraram.
    –Foi bom você ter chegado, Henrique. – Disse Prímula. – Você pode fazer companhia a eles enquanto eu vou ao shopping comprar algumas roupas para os Pequenos vestirem.
    Logo depois Prímula saiu e Henrique se sentou à mesa com os hobbits.
    –E aí, gostaram de se vestirem como mulheres? – Brincou ele.
    –Gostamos, quer um beijinho? – Disse Sam. Os três riram.
    –Falando sério, agora. O que estava escrito no anel? – Perguntou Henrique.
    –Nada, a idéia da água não deu certo. – disse Frodo.
    –Foi idéia sua! – Disse Sam a Henrique.
    –Foi uma boa idéia, sim! Pena que não funcionou, vou ter que aturá-lo por mais alguns dias, pelo visto, baixinho.
    Logo Sam e Henrique já estavam discutindo. Frodo não estava prestando atenção, estava observando o Anel, procurando alguma pista, pensando em como voltaria para casa. Estava com muitas saudades de Bolsão, havia anos não o via, queria voltar a morar lá. Também queria rever Merry e Pippin, saber o que lhes aconteceu.
    Os três nem perceberam o tempo passar. Logo Prímula já estava de volta e só então Henrique e Sam cessaram a discussão. Frodo ainda estava pensativo e levou um susto ao ver Prímula parada à sua frente.
    –Comprei algumas vestes para vocês. Vejam se fica bem ao corpo, experimentem!
    Sam foi para o quarto pôr as roupas, e Frodo foi para o banheiro. Ficaram felizes em se livrarem das camisolas. Depois de colocarem as roupas (que eram infantis), ficaram ainda mais parecidos com crianças.
    –Estão uma gracinha! – Disse Prímula. – Não aparentam ter mais do que nove anos de idade.
    –Mas eu não quero parecer uma criança! – Exclamou Sam indignado.
    –Mas tem que parecer uma se quiser sair do apartamento e ir lá fora. – Disse Frodo. – Eu também não queria parecer, mas é necessário, não podemos sair por aí com roupas de hobbits.
    Estavam vestindo calças jeans, camisetas com coletes e tênis.
    –Um toque final. – Disse Prímula ao se aproximar deles com dois relógios de pulso na mão.
    –O que é isso? – Perguntaram ambos os hobbits juntos.
    –Relógios. Servem para marcar a hora. – Foi Henrique quem respondeu.
    –Marcar a hora? Não vêem a hora conforme a posição do Sol? – Perguntou Sam.
    –Sim, — disse Prímula – o relógio marca a posição do sol.
    Ela agac
    hou perto dos hobbits, pediu para estenderem os braços esquerdos e colocou os relógios em seus pulsos. – Pronto! – Disse ela.
    –E como vemos a hora aqui? – Perguntou Frodo. Então Prímula ensinou-lhes. Sam ficou impressionado com a quantidade de coisas úteis que haviam no futuro, ele adorou o relógio.
    Ficaram conversando durante horas, Frodo e Sam aproveitaram para contar-lhes a história da Guerra do Anel, sobre o Um Anel. Henrique e Prímula ficaram impressionados com as aventuras e os perigos que eles haviam enfrentado.
    –Há tantas coisas estranhas assim lá no passado? – Perguntou Henrique.
    –Não! Aqui é que há coisas estranhas. – Disse Sam.
    –Não vejo nada de estranho aqui.
    –Vamos parar logo antes que vocês comecem a discutir. – Disse Frodo.
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    CAPÍTULO XI
    A Luz

    Sam e Henrique abaixaram as cabeças e todos se calaram. Sam foi o primeiro a quebrar o silêncio. Ele olhou no relógio e disse:
    –Se não me engano, está na hora de comermos. Meio-dia, certo?
    –Certo! – Disse Prímula. – Que tal irmos a um restaurante?
    Saíram do apartamento e novamente estavam no corredor. Entraram no elevador e Sam vibrou de alegria quando a porta fechou:
    –Daqui a pouco não estaremos mais aqui, certo?
    –Certo, estaremos lá embaixo. Ou melhor, já estamos. – Disse Prímula.
    A porta se abriu e estavam na recepção. Iam saindo quando o porteiro os abordou:
    –Como vão as crianças? Estão indo passear?
    Sam se segurou para não gritar (odiava ser chamado de criança). Mas Prímula respondeu:
    –Estamos indo almoçar.
    E saíram. Foram para a garagem do prédio e pararam em frente a um carro azul.
    –O que é isso? – Perguntou Sam.
    –Carro. Vamos com ele ao restaurante. – Respondeu Henrique.
    –Pensei que fôssemos de moto. – Disse Frodo.
    –O carro é meu, não de Prímula, e além do mais, não caberíamos todos na moto.
    Meio intrigados os hobbits entraram no carro, no banco de trás. Quando partiram, Sam e Frodo ficaram satisfeitos com a comodidade do carro. Era muito melhor do que andar de moto ou a cavalo. Henrique acelerou muito e o carro atingiu uma grande velocidade na avenida. Chegaram ao restaurante rapidamente, e logo já estavam fora do carro esperando Henrique estacionar. Quando entraram no restaurante, Frodo e Sam se assustaram com a quantidade de pessoas, todas sentadas em mesas, comendo. Prímula e Henrique escolheram uma mesa no canto, bem no fundo do restaurante, pois não sabiam se os hobbits sabiam comer com talheres, e, se não soubessem, certamente passariam vergonha.
    O garçom parou ao lado da mesa e perguntou o que gostariam de comer. Foi Henrique quem fez o pedido. Os hobbits comeram como se não comessem há dias (somente usando as colheres). Tomaram suco de laranja, pois Prímula achou que seria desagradável pedir cerveja para as supostas crianças tomarem.
    A hora da sobremesa foi a hora que Sam e Frodo mais gostaram, pois nunca tinham comido doces tão saborosos. Depois de terem pagado a conta, Frodo e Sam experimentaram uma bebida surpreendentemente relaxante: café. Os dois hobbits nunca pensaram que viajar para o futuro pudesse ser tão gostoso.
    Quando saíram do restaurante, um jardim (pequeno, mas belo) chamou a atenção de Sam.
    –Veja, Sr. Frodo! Que belo jardim!
    Frodo olhou para o jardim e fez-se a luz.
    –Sam! O jardim! O jardim! – Disse ele.
    –O que é que tem o jardim, Frodo? – Perguntou Prímula.
    –É isso! – Disse Frodo no momento em que arrancava violentamente algumas folhas e flores.
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    O gerente saiu do restaurante e parou ao lado de Frodo:
    –O que pensa que está fazendo, moleque?
    –Nada! – Respondeu Prímula. – Ele só está brincando, mas nós já estamos indo embora. – E pegou Frodo no colo e foi em direção ao carro.
    –Ei, ponha-me no chão, eu posso andar sozinho! – Gritava Frodo.
    Henrique e Prímula puseram Frodo e Sam no banco de trás do carro e saíram em um arranque. Frodo ainda segurava firmemente as flores e folhas, mas depois enfiou-as no bolso. Quando chegaram ao apartamento, Frodo correu e sentou-se em uma cadeira, tirando as folhas e colocando-as sobre a mesa.
    –Por que você fez aquilo, Frodo? – Perguntou Prímula – O Gerente ficou bravo. Você estragou o jardim dele!
    –E era um jardim muito bonito, Sr. Frodo. – Disse Sam – Não deveria ter feito aquilo.
    –Mas Sam, você ainda não entendeu?
    –Entendi o que?
    Frodo estava impaciente. – Onde é que os elfos vivem? Do que eles mais gostam?
    O rosto de Sam se iluminou:
    –Eles vivem nas florestas, gostam de plantas e árvores!
    –É isso, então! – Disse Prímula – As folhas! As flores!
    Até Henrique pareceu radiante e feliz com a descoberta, mas continuou com seu jeito convencido:
    –Se vocês tivessem me contado sobre os elfos, eu teria descoberto isso há mais tempo.
    –Mas você disse que não queria ouvir! – Exclamou Sam.
    –Não importa, deveria ter me contado do mesmo jeito.
    –Parem de brigar! – Gritou Prímula.
    Frodo impacientemente pegou o Anel e embrulhou-o nas flores e folhas. Após alguns instantes ele desembrulhou-o e observou. De seus olhos brotaram lágrimas.
    –Consegui! – Gritou ele – A escrita apareceu!
    Todos curvaram-se e se aproximaram se Frodo. Puderam ver linhas muito finas, iluminadas de um tom esverdeado, mas bem visíveis.
    Do lado de fora do anel havia uma seguinte inscrição.
    E do lado de dentro, uma mais extensa.
    –Não consigo entender o que está escrito. – Disse Prímula – Parece um tipo de código!
    –São Runas Élficas, — disse Sam – eu não sei todas, mas algumas eu entendo.
    –Eu posso ler. – Disse Frodo.
    –E o que está esperando? – Perguntou Henrique – Leia logo!
    –Do lado de fora do anel a escrita diz: NARYA; no lado de dentro está escrito: II-FUTURO ,
     
    III-PASSADO.
    –O que quer dizer? – Perguntou Henrique.
    –Mas não está óbvio? – Disse Frodo – A primeira inscrição é o nome do Anel; a segunda significa que se o anel for usado por duas pessoas, elas serão transportadas para o futuro, e se for usado por três pessoas, elas serão transportadas para o passado! O Anel é uma espécie de PORTAL!
  • Prece dos Noldor aos Poderes de Arda

     

    Autor: Liandra Aldaron

     

    Como exilado caminho por esta terra. Sonho em voltar ao meu lar.

    Anseio por sentir a felicidade das primeiras eras, ó grande Ilúvatar.

    Sinto saudades das Campinas de Valinor.

    Por isso aos Poderes de Arda lanço agora o meu clamor.

    Volto minha prece para o Senhor do Alento de Arda, Manwë Súlimo:
    Que suas dádivas sejam sempre meu consolo último.

    Peço a Elbereth, das Estrelas Senhora:
    Que sua luz me guia a toda hora.

    O meu olhar para Aulë, Pai dos Anões, dirijo:
    Que a criatividade e o conhecimento caminhem comigo.

    Yavanna Kementári, da Terra Rainha, ouça o meu lamento:
    Que não me nega a terra o alimento para meu sustento.

    Námo, Senhor das Casas dos Mortos:
    Desviai meus passos dos caminhos tortos.

    Vairë, a Tecelã, de Mandos esposa e companheira:
    Que a trama de minha vida esteja em suas mãos até a hora derradeira.

    Irmo, Senhor das Visões e dos Sonhos, ouça agora meu hino:
    Que, como consolo, em meus sonhos eu possa caminhar por Valmar de muitos sinos.

    Estë, a Suave, que tem em Lórien sua morada:
    Que eu possa em sua ilha repousar quando partir de Arda.

    A Nienna, que por compaixão, por nós chora e lamenta:
    Ensina-me a sufocar de Valinor a saudade imensa.

    A Nessa, a Dama ágil e veloz, que diante dos Valar dança:
    Um dia revê-la dançar em Valinor, eis a minha esperança.

    Oromë Aldaron, Senhor das Florestas, meu pedido agora é para ti:
    Que o som de Valaróma, pelos bosques de Valinor, eu possa ouvir.

    A Vaná, a quem os pássaros acompanham e por quem as flores se abrem:
    Que a primavera sempre esteja enfeitando o meu caminho. Ouvi-me, Sempre-jovem.

    Agora peço ao Valente Tulkas Astaldo:
    Que no combate esteja sempre ao meu lado.

    A Ulmo, Senhor das Águas, faço o meu pedido:
    Que eu encontro pelo mar, de Valinor o caminho perdido.

    E a todos os Poderes de Arda agora recorro:
    De Sauron livrai-me, em Valinor recebei-me. Vinde em meu socorro.

  • Hobbits no Mc Donalds

    Era uma vez… no meio de uma cidade qualquer, quatro pequenas figuras com roupas estranhas que observavam uma lanchonete…

     

    – Então! – começa Frodo – Acho que é aqui o estaleiro que aqueles meninos nos indicaram para comer.

    – Você achou Senhor Frodo – Sam exclama – É ele mesmo! Olha o M amarelo.

    – Isso! – Merry – Vamos logo! Eu estou morrendo de fome!

    Enquanto isso uma figura misteriosa, do outro lado da rua , acompanhava os quatro hobbits!

    – Porta estranha – Pippin quando entram no estabelecimento – não tem maçaneta no meio. Aii!!!!! Aqui dentro está gelado.

    – O que a gente faz agora? – Merry tremendo – Será que eles tem cogumelos?

    – Não tem foto de cogumelos ali! – Sam – Vamos entrar atrás desse pessoal!

    O cliente na frente dos hobbits sai carregando uma bandeja.

    – O próximo por favor! – balconista do Mac Donald´s.

    (silencio…)

    – Por favor o próximo cliente?

    Uma cabeleira cacheada, e dois olhos azuis com um ar de curiosidade, emerge atrás do balcão!.

    – É, eu queria fazer um pedido senhorita Liebe! – Frodo lendo o crachá.

    – Onde está seu pai , meu querido? – diz gentilmente a balconista

    – Eu não tenho pai, só o meu primo Bilbo! – Frodo com lágrimas nos olhos – Meu pai e minha mãe morreram afogados.

    – Então você está sozinho aqui? – balconista.

    Mais uma cabeça surge atrás do balcão. Dessa vez com um semblante bravo.

    – Mas é claro que não. O senhor Frodo está com os amigos! – Sam – Quem é você para fazer o Senhor
    Frodo chorar?

    – Me desculpe! Não fica assim! Toma! Leva um brinde do Mac Lanche Feliz! – Liebe envergonhada

    – Oba! Eu ganhei um bonequinho roxo! – Frodo – Obrigada Senhorita Liebe! Foi melhor que o bastão de luz que eu ganhei da senhora Galadriel.

    – Vocês vão fazer o pedido dos seus outros amigos? – Liebe

    – Não, meus amigos estão vindo! Eles só foram buscar mais cadeiras! – Sam

    – Cadeiras? – Liebe – Para que cadeiras?

    – É? Como você acha q eu alcancei o balcão? – Sam aborrecido

    Mais duas cabeleiras encaracoladas emergem no balcão…

    – Então? Qual é o pedido de vocês agora? – Liebe começando a ficar irritada

    – Nós não estamos acostumados. Você pode nos indicar alguma coisa? – Sam mais simpático

    – Eu quero um bonequinho roxo também. – Merry

    – E eu também! – Pippin grita

    – Eu não posso doar mais brindes! – diz Liebe tentando acalmar os dois hobbits. “Esses caras estão detonando meu primeiro dia nesse emprego”

    Então Pippin se debruça em cima do balcão e estica o braço para tentar alcançar um dos brindes do Mac Lanche Feliz. Liebe grita com ele, e os outros fregueses olham assustados sem entender a situação. Ou melhor, entendendo o outro sentido.

    – TIRA ESSA MÃO DAÍ!!!!!!!!! – Liebe

    – Mas você deu para o Frodo! Então você tem que dar para mim e para o Pippin também. – Merry grita sem entender o porque dos outros clientes estarem olhando e rindo.
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    – Toma então! Brinde para vocês dois. E você! – virando-se para Pippin – Nem pense em colocar esses pés peludos em cima do balcão de novo. É totalmente anti-higiênico! Eu devia expulsar vocês por estarem descalços. Então, decidiram o que vão pedir?

    – Eu quero aquele ali senhorita Liebe! O maior! O maior!! – grita Pippin

    – Bem, esse é o Big Mac, o número 1! – Liebe mais calma – Você quer a promoção?

    – O que é a promoção? O que é promoção? – indaga um Tûk confuso.

    – Vem o hambúrguer, bebida e fritas – Liebe. "Carinhas estranhos"

    – Fritas??? Hambúrguer? – Pippin mais confuso

    – É, batatas fritas. E o pão com salada, molho e carne. – Liebe começa a se irritar novamente

    – Eu quero com tudo então. – Pippin

    – Eu quero um igual ao do Pippin. – Merry – Ou se possível maior.

    – O que for bom para o Mestre Frodo é para mim também – diz Sam se manifestando depois de duas eras

    – Eu quero alguma coisa com porco – Frodo – O que vocês tem com carne de porco salgada?

    – Nós temos o Mac Salad Bacon – Liebe – Vocês querem que tirem a salada?

    – Não!!!!!!!!!! Não tira nada! Coloca mais! – Frodo indignado

    – Eu também quero um igual ao do  Frodo e do  Sam! – Merry

    – Vamos fazer assim. 4 promoções do Big Mac e 4 do Mac Salad Bacon. – confirma Liebe – tudo certo? Posso fechar a conta? “Se eu ganhasse por comissão”

    – Eu também quero o que aquela menina de rosa ali tá pedindo . – Pippin começa a agitar os braços e apontar!

    – Sossega! – Liebe – Nuggets? Nós temos com 4 ou 8 pedaços.

    – Oito!!!!!!!!!!!! – respondem quatro hobbits em coro.

    – E o que mais você pode adicionar no hambúrguer? – Frodo após um violento ronco na barriga

    – Um bife a mais, ovo e queijo! – Liebe . " Eu vou ser eleita a funcionaria do mês após fechar esse pedido"

    – Então pode colocar em todos! Mais nos queremos as fritas grandes e 4 porções de nuggets. – Frodo

    – Então está bem. Agora eu vou registrar! – diz uma Liebe sorridente

    – Registrar? – Pippin

    – É aqui na maquina. Em quando trazem os seus pedidos para ver quanto vai dar? – Liebe

    – Eu quero registrar! – Pippin

    – Sinto muito é contra a companhia da casa – Liebe – TIRA A MAO DAÌ. Você registrou um monte de torta de maçãs.

    – Pode deixar aí! O tio Bilbo esta financiando nosso intercâmbio no mundo dos homens. Ele tem grana para ca**. – Frodo

    “Estrangeiros, isso explica tudo!” – Liebe

    – É por isso que o Sam está quieto. Ele está comendo as batatas “fitras” senhorita Liebe . – Pippin acusa o amigo

    – Larga ! Esse pedido não é seu! – Liebe, vermelha, já sem paciência – Deixa eu trazer todos os pedidos. E você apaga esse cachimbo! É proibido fumar aqui dentro.

    – Mas é só erva! Não tem problema- Merry choraminga

    – Erva? Você pode ser preso por isso menino! – Liebe

    – Não sou um menino! Sou um hobbit! – diz Merry indignado enquanto apaga o cachimbo

    – Sei! E o menino de óculos na fila do lado é o Harry Potter. Então decidam o que vocês querem beber. – Liebe
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    – Você tem cerveja do Dragão Verde? – Sam

    – Vocês bebem??? Ta explicado. “Maconheiros alcoólatras” – Liebe – – A gente não vende bebida alcoólica. Alem do mais é proibido para menores de 18.

    – Ni
    nguém aqui tem menos do que 18. – Merry

    – Sei dessa. Por acaso não querem chá de cogumelo também???–Liebe sorri irônica

    – Cogumelo????????? – novamente os quatro em coro

    – Manda 4 canecões então de chá de cogumelo. – Frodo

    – Era brincadeira. "Eu devia chamar a policia" – Liebe – Guaraná está ótimo?

    – Pode ser. – um Frodo um tanto quanto decepcionado.

    – Então deu R$ 69,90 – Liebe recebe o dinheiro de um Frodo ainda emburrado.

    Cada hobbit sai com uma bandeja imensa, atrás de um lugar para sentar. Enquanto isso Liebe respira fundo. Toma um copo de água com açúcar e um três calmantes. E suspira, rezando para eles não resolverem repetir. Arruma os cabelos e volta para seu posto.

    – O Próximo – Liebe cruzando os dedos esperando um cliente normal – O próximo??? “ De novo Não”

    Uma criatura horrorosa pula na mesa.

    – Dá peixe para nós. Peixxxxxxxe Cru! Para eu e para o preciosssso. – Gollum – E sssem asss batatasss do hobbit gorducho. Só o delicioso peixxxxxxxxxxe cru. SSSShhhhhh!!!!

    – NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO!!!!! – grita uma Liebe desesperada, arrancando o uniforme do Mac Donald´s e correndo dali. Sua foto está na parede até hoje, como funcionária desaparecida. Os amigos e a família se recusam a falar sobre o assunto.

    FIM

  • Os Dias de Trovão

    Martinez escreveu:

    "Provavelmente nunca haverá um filme do tipo Dias de Trovão celebrando as corridas de carroça entre a Vila dos Hobbits e Beirágua. "

    Realmente nem um filme, nem um disputa entre Beirágua e Vila dos Hobbits. Mas isso éporque ele nunca viu as grandes corridas dos hobbits. Dizem que os melhorescorredores são os Brandebuques e os Tûk.

     
    Como meu velho pai me contava. Eram cinco participantes. E entre eles sempre havia pelo menos um Tûk ou um Bradebuque. Dentre tantas especialmente uma ficou marcadapara sempre: uma disputa entre Saradoc Bradebuque e Adalgrim Tûk. Parece que eles guardavam uma antiga rixa que tem a ver com o casamento de Saradoc com a filhinha querida de Adalgrim que por sua vez é pai de Meriadoc. Os dois bufavam o tempo todo. Os nervos a flor da pele.

    Começou a grande corrida…O pônei de Saradoc trotava rapidamente. Porem o pônei de Adalgrim um pouco mais velho não ficava para trás pois tinha experiência de muitas corridas. Era uma corrida só deles dois. Suas carroças chocavam-se o tempo todo. Brandevin estava ao lado direito de Adalgrim…a roda de sua carroça não agüentaria mais tempo. Orgulhoso Aldagrim deu uma alavancada em sua carroça. Ele conseguiu passar Saradoc…e com uma risadinha infame olhou para ele. Essa foi sua desgraça…sua risadinha o impediu de ver a pedra que destruiu sua roda e o jogou no rio. Bradevin constuma ser um rio calmo mas naquele dia em que a chuva se aproximava começou a correr mais rápido. Estava tão turbulento que recolheram a Balsa de Buqueburgo. Saradoc teve a oportunidade de passar por seu sogro, mas não o fez em sue ato de bravura pulou no rio…e como bom nadador que era, resgatou Adalgrim. Holman Boncorpo um mero coadjuvante nessa história toda venceu a corrida.

    Adalgrim ficou imensamente grato pela bondade e coragem de Saradoc e permitiu que ele casasse com sua filha. Dizem que ali começou a grande amizade entre os Tûks e os Bradebuques. Amizade que passou de geração em geração; sendo que a amizade mais evidente ficou registrada no livro vermelho, a amizade de Peregrin e Meriadoc filho de Saradoc. Mas é claro tudo isso não passa de história de taverna. Nunca saberemos se aconteceu ou se foi dessa maneira.

  • Imagine só… SdA com 9 horas

    Pois bem, vou começar falando de filme mas suas consequências são muito mais abrangentes. Pois imagine que estou lendo uma mensagem de um colega, que afirmava que seria inviável transpor com fidelidade "O Senhor dos Anéis", pois para isso seriam necessárias 6 horas de filme.
     
    Foi quando me veio a questão:Ora, existe um filme alemão chamado "Berlin-Alexanderplatz" que no cinema teve 9 ou 7 horas de duração.
    Suponhamos que o cinema europeu, que tem um andamento mais lento e menor compromisso com cifras, se propusesse a produzir a obra de Tolkien? Imaginem só que máximo. Direção do Lars Lars von Trier ou um daqueles loucos dinamarqueses que só fazem filme cabeça.

    O Senhor dos Anéis redefiniria o Dogma95. Sem efeitos especiais, sem atores famosos, sem trilha sonora e falado em seu idioma original: Sindarin.Nove horas de filme!!! Em élfico, finalmente aguém comprenderia os filmes do Dogma. A academia ia desprezar o filme que só ganharia uma indicação para oscar de filme estrangeiro. Em compensação, os festivais de Cannes, Berlin e Veneza se renderiam a "apoteose intimista do ano".

    Porém, o filho do Tolkien ia odiar.

    A gente ia tirar a maior onda, pois a nova intelectualidade ia reconhecer o quanto Tolkien pode ser "muderno", contestador e visceral. Então deixariamos de ser tachados de nerds, pra sermos chamados de descolados.

    Íamos frequentar os lugares mais sofisticados com honrarias, e seríamos figurinhas fáceis em mesas de debates sobre arte contemporânea. O RPG seria elevado ao staus de arte conceitual e a Bienal seria invadida por instalações que reproduziriam as sensações policromáticas da Terra Média.

    Porém, o filho do Tolkien ia odiar.

    O Gerald Thomas ia aparecer com a camisa da Valinor e ia encenar sua nova versão teatral do SDA, tendo o metrô de São Paulo como pano de fundo(sim ele começaria pelas Duas Torres pois o tempo cronológico é imaginário). O Matias Suzuki ia falar mal mas ia adorar, enquanto o filho do Tolkien ia odiar.O Fausto Fawcet ia compor uma música…não, um espetáculo multimídia. Caetano ia dizer que sempre achou os elfos muito belos, muito lindos.

    Carlinhos Brown ia dizer que na verdade eles eram negros, e o Luis Mota ia falar que todos eram homossexuais. O filho do Tolkien ia odiar. Elba Ramalho ia dizer que era uma elfa. Xuxa e Tiazinha iam acreditar. E a gente, putz, ia ficar de saco cheio de Tolkien e ia entrar pro fã clube do Harry Potter, junto com o filho do Tolkien que que ia adorar.

    Bom pensando bem, deixa pra lá…