Categoria: J.R.R.Tolkien

  • J. R. R. Tolkien

    J. R. R. Tolkien, em uma rara foto na meia iedadeJohn Ronald Reuel Tolkien nasceu em  Bloemfontein, África do Sul, no dia 3 de janeiro de 1892. Seu pai, Arthur Reuel  Tolkien, era empregado de um banco inglês instalado na África, e sua mãe, Mabel  Suffield Tolkien, era dona de casa. A família provavelmente viveria muitos anos no continente africano, se Arthur não tivesse  falecido em 1896. Mabel decidiu, então, retornar à Inglaterra com o jovem Ronald  (como era chamado) e o irmão mais novo deste, Hilary.
    Ronald passou quase toda a sua infância dividido entre as regiões rurais das Midlands Ocidentais e a cidade industrial de Birmingham, onde freqüentou a King’s Edward School. A proximidade dessa região com o País de Gales ajudou a desenvolver, muito precocemente, a paixão de Tolkien por línguas: nos vagões de trem carregados de carvão, o garoto via palavras em galês como “Nantyglo” e “Senghenydd”, que o fascinavam e inspirariam a criação das línguas élficas. Em 1900, Mabel Tolkien decidiu converter-se ao catolicismo juntamente com seus filhos. John Ronald permaneceria profundamente católico até o fim da vida.

    Embora modesta, a vida levada por Mabel e seus filhos era relativamente tranqüila. A situação mudou em 1904, quando Mabel faleceu. A partir de então, a educação e bem-estar de Tolkien e seus irmãos passaram a ser responsabilidade do Padre Francis Morgan, amigo de Mabel. John Ronald passou a morar na hospedaria de uma certa senhora Faulkner, onde conheceu a jovem Edith Bratt, então com 19 anos (Tolkien tinha 16). Os dois se apaixonaram, mas o Padre Morgan, ao descobrir o namoro, proibiu que eles se vissem até que Tolkien completasse 21 anos. Obedecendo a seu tutor, mas sem esquecer Edith, Tolkien ingressou na Universidade de Oxford em 1911, mostrando-se um aluno brilhante no estudo das línguas germânicas, do inglês antigo, do galês e do finlandês. Esta última língua, uma das paixões de Tolkien, também seria uma das bases primordiais para as língua élficas.

    Casamento, guerra, academia

    Finalmente, por volta de 1914, o relacionamento de John Ronald e Edith pôde seguir seu curso. Ela se converteu ao catolicismo, enquanto Tolkien concluiu o curso de Língua e Literatura Inglesa em 1915. Foi também durante essa época que o qenya (hoje chamado “quenya”), o mais importante dos idiomas ficcionais criados por Tolkien, começou a tomar forma. Entretanto, a Primeira Guerra Mundial já estava varrendo a Inglaterra, e o jovem John Ronald não escapou da maré negra. Convocado para servir como segundo-tenente nos Fuzileiros de Lancashire, Tolkien casou-se com Edith em 22 de março de 1916 e, logo depois, embarcou para a França.

    J. R. R. Tolkien e Edith Bratt, já em idade avançada

    Tolkien participou da terrível ofensiva de Somme, na Bélgica, e após quatro meses no front contraiu a chamada “febre das trincheiras”, uma infecção semelhante ao tifo que grassava devido às péssimas condições de higiene no exército. Mandado de volta à Inglaterra, Tolkien começou a rascunhar, enquanto se recuperava, as primeiras versões de sua mitologia, com as primeiras histórias de elfos, anões e homens, e os relatos originais da queda de Gondolin e de Nargothrond. Em 1917, nasceu o primeiro filho de Edith e Ronald, John Francis Reuel. Além dele, o casal também teria Michael, Christopher, e uma menina, Priscilla.

    Depois do fim da guerra, a carreira acadêmica de Tolkien decolou: ele foi escolhido Leitor (Professor Associado) de Língua Inglesa na Universidade de Leeds em 1920 e, em 1925, passou a ocupar o posto de professor de Anglo-saxão em Oxford. Como professor, Tolkien se dedicou principalmente ao estudo da literatura em inglês antigo e médio (seus estudos do poema anglo-saxão “Beowulf” estão entre os mais imporantes do gênero) e também às aulas na graduação.

    A Terra-média irrompe

    Era costume de Tolkien contar histórias, criadas por ele próprio, para seus filhos. Certo dia, quando corrigia provas da faculdade, ele se deparou com uma folha em branco e, movido por um impulso inexplicável, escreveu nela: “Numa toca no chão vivia um hobbit”. Tolkien decidiu então “descobrir” o que era o tal hobbit, e a partir disso criou mais uma história para seus filhos, com as aventuras do hobbit Bilbo. A história, datilografada, chegou às mãos de Stanley Unwin, da editora George Allen and Unwin, que pediu a seu filho de 10 anos, Rayner, para resenhá-la. O garoto adorou o livro, e Stanley Unwin decidiu publicá-lo em 1937 com o título “O Hobbit”. O sucesso foi tamanho que o editor pediu a Tolkien uma continuação das aventuras de Bilbo.

    Tolkien decidiu escrever a continuação, mas a história, atraída irresistivelmente na direção das velhas lendas élficas, demorou mais de 16 anos para ser escrita e se tornou um épico de mais de mil páginas. A essa altura, Rayner já havia crescido e passado a ocupar o cargo de seu pai na editora. Decidido a arriscar, Rayner publicou “O Senhor dos Anéis” em três volumes, lançados de 1954 a 1955. O sucesso, estrondoso, surpreendeu a todos, inclusive a Tolkien. Uma edição pirata do livro, lançada nos Estados Unidos em 1965, ampliou ainda mais tal êxito, já que os adeptos da contracultura e do movimento hippie se identificaram profundamente com a narrativa.

    Beren e Lúthien

    Túmulo de Tolkien Beren e Edith LúthienSurgira como que um culto em torno da  figura e dos escritos de Tolkien. Se de um lado o autor se sentia lisonjeado,  o homem Tolkien não estava tão contente: pessoas de todos os cantos  do mundo se achavam no direito de ligar para a sua casa ou simplesmente  bisbilhotá-lo do outro lado da rua. Assim, depois de se aposentar e com  os filhos há muito crescidos, ele decidiu se mudar para o pacato balneário de Bournemouth em 1969, em companhia de Edith. Em 22 de novembro de 1971 ela faleceu, e Tolkien voltou para Oxford. Ele próprio morreria em 2 de setembro de 1973. Os dois estão enterrados juntos no cemitério de Wolvercote, em Oxford. Na lápide, num eco da mais bela história de amor de sua mitologia, pode-se ler:

    Edith Mary Tolkien, Lúthien, 1889-1971
    John Ronald Reuel Tolkien, Beren, 1892-1973

    Leia também: A Oxford de Tolkien

  • The Father Christmas Letters

    Carta de 1925
    A cada dezembro um envelope selado no Pólo Norte chegava para os filhos de J. R. R. Tolkien. Dentro estava uma carta escrita com uma estranha caligrafia tremida e belos desenhos e rascunhos. As cartas eram do Papai Noel. Elas contavam fantásticas histórias do Pólo Norte e continuaram de 1920 até 1943. A coleção de cartas foi publicada em 1976 com a edição de Baillie Tolkien, a segunda esposa de Christopher Tolkien.
     
     
    John Francis Reuel Tolkien recebeu sua primeira carta do Papai Noel
    (Father Christmas) ‘datada’ de 22 de dezembro de 1920, na Rua Alfred 1,
    St Giles, Oxford. Papai Noel aparentemente escutou John perguntando a
    seu pai como Papai Noel era e onde ele vivia e escreveu uma carta
    explicando esses detalhes, em uma caligrafia limpa, mas tremida, que
    Tolkien manteve por muitos anos. A carta veio com um belo
    "auto-retrato" auarelado do Papai Noel com uma imagem de sua casa logo
    abaixo. Os selos do Papai Noel são do Correio do Pólo Norte (North Pole
    Post), e cada carta veio em um envelope escrito com capricho. Algumas
    vezes ele assinava como Fr. Nicholas Christmas (Papai Nicolau Natal).

    Selo do Pólo Norte
    Em 23 de dezembro de 1924, Michael Hilary Tolkien recebeu sua primeira
    carta do Papai Noel, e com o nascimento dos outros filhos
    ele acrescentou Christopher e Priscilla. Outro personagem, o Urso do Pólo
    Norte foi acrescentado logo, com cada carta contendo anedotas dos
    problemas e logística da preparação do Natal. Todas as cartas foram
    ilustradas com aquarelas, com desenhos adicionais acrescentados para
    ilustrar eventos particularmente interessantes na preparação natalina.
    As cartas seguem o nascimentos dos filhos e sua mudança para Leeds e de
    volta a Oxford.

    Em 1932, quando a Europa estava começando a ficar perigosa, os Goblins
    são mencionados pela primeira vez nas cartas, que de fato é uma
    história curta sobre um ataque goblin; e em 1933, o Papai Noel escreve
    "Goblins. O pior ataque que tivemos em séculos. Eles estão
    temerosamente selvagens e raivosos desde que recuperamos os brinquedos
    roubados no ano passado e jogamos fumaça verde."
    A ilustração desta
    carta mostra o Urso do Pólo Norte e os Gnomos Vermelhos lidando com os
    goblins (mesmo estando em menor número). Em 1936, o alfabeto Goblin foi
    enviado junto com a carta.

    Carta de 1933, com o Ataque Goblin
    1934 marca a primeira menção a Priscilla Tolkien, que foi a razão pela
    qual  dois parentes do Urso do Pólo Norte apareceram para ficar na Casa
    do Penhasco (residência do Papai Noel). John e Michael, tendo crescido,
    não mais recebiam cartas do Papai Noel. Papai Noel estava ficando velho
    então contratou um ajudante – um Elfo chamado Ilbereth. Isto poupou
    Tolkien de ter que escrever com a mão tremida de Papai Noel, e a carta
    de 1937 tem uma frase curta em élfico.

    Em 1939 os problemas em conseguir matéria-prima para os presentes de
    Natal perturbaram Papai Noel. Suas cartas agora eram endereçadas apenas
    a Priscilla Mary R Tolkien. As cartas do Papai Noel continuaram até
    1943 e o Urso do Pólo Norte melhorou sua caligrafia para uma espécie de
    escrita rúnica.

  • Os Inklings

    The Bird and Baby, Pub freqüentado pelos Inklings
    Os Inklings foi um grupo informal de discussões literárias associado
    com a Universidade de Oxford, Inglaterra, entre os anos de 1930 e 1960.
    Seus membros mais regulares (muitos dos quais acadêmicos da
    Universidade) incluíam J.R.R. Tolkien, C.S. Lewis, Owen Barfield,
    Charles Williams, Christopher Tolkien (filho de J.R.R. Tolkien), Warren
    "Warnie" Lewis (irmão mais velho de C.S. Lewis), Roger Lancelyn Green,
    Adam Fox, Hugo Dyson, Robert Havard, J.A.W. Bennett, Lorde David Cecil
    e Nevill Coghill. Outros participantes menos freqüentes das reuniões
    eram Percy Bates, Charles Leslie Wrenn, Colin Hardie, James
    Dundas-Grant, John Wain, R.B. McCallum, Gervase Mathew e C.E. Stevens.
    O autor E. R. Eddison também encontrou o grupo a convite de C.S. Lewis.

     

     
    Os Inklings eram entusiastas literários que prezavam o valor da narrativa na ficção e encorajavam a escrita de fantasia. Embora valores morais cristãos estejam notavelmente refletidos nas obras de vários dos membros, também existiam ateístas entre os membros do grupo de discussão.

    “Literalmente falando”, escreveu Warren Lewis, “os Inklings não eram nem um clube nem uma sociedade literária, embora incorporasse  parte da natureza de ambos. Não havia regras, responsáveis, agendas ou eleições formais”.

    Como era típico dos grupos literários universitários de seu tempo e local, os Inklings eram todos homens. Dorothy L. Sayers, algumas vezes dita ser um Inkling, era uma amiga de Lewis e William, mas nunca freqüentou os encontros dos Inklings.

    Leituras e discussões dos trabalhos incompletos dos membros eram o propósito principal das reuniões. O Senhor dos Anéis de Tolkien, Out of the Silent Planet de Lewis e All Hallow’s Eve de William estão entre os romances lidos pela primeira vez aos Inklings. O ficcional Notion Club de Tolkien, contido no The History of Middle Earth IX, foi baseado nos Inklings.

    Interior do The Bird and Baby
    Mas as reuniões não eram todas sérias; os Inklings se divertiam tendo competições para ver quem conseguia ler por mais tempo a famosa má prosa de Amanda McKittrick Ros sem rir.

    Até o final de 1949, as leituras e discussões dos Inklings eram normalmente realizadas nas Quintas-feiras ao anoitecer nas salas de C. S. Lewis no Magdalen College. Também é sabido que os Inklings se reuniam no pub local, The Eagle and Child (A Águia e a Criança), familiar e aliterativamente conhecido como The Bird and Baby (O Pássaro e o Bebê), ou simplesmente The Bird (O Pássaro). Mas, ao contrário da crença comum, eles não liam seus manuscritos no pub. Encontros posteriores em pub foram realizados no The Lamb and Flag (O Cordeiro e a Bandeira) no outro lado da rua, e nos anos iniciais os Inklings também se encontraram irregularmente em outros pubs, mas The Eagle and Child manteve o prestígio.

    O nome fora originalmente associado com um clube na University College, fundado pelo então aluno de graduação Edward Tangye Lean por volta de 1931, com o propósito de ler em voz alta composições inacabadas. O clube consistia de estudantes e dons, dentre eles Tolkien e Lewis. Quando Lean deixou Oxford em 1933, o clube morreu, e seu nome foi transferido por Tolkien e Lewis para seu grupo em Magdalen. Sobre a conexão entre as duas sociedades “Inklings”, Tolkien mais tarde disse “embora nosso hábito fosse ler em voz alta composições de vários tipos (e tamanhos!), esta associação e seu costume de fato veio a existir naquele momento, tendo o clube original de curta existência existido ou não”.

  • Christopher Tolkien

    Christopher Tolkien

    Christopher Reuel Tolkien (nascido em 21 de Novembro de 1924) é o filho mais novo do autor J. R. R. Tolkien (1892 – 1973) e mais conhecido como o editor da maior parte das obras de seu pai que foram publicadas postumamente. Ele desenhou os mapas originais para O Senhor dos Anéis, os quais ele assinou como C. J. R. T. com o J significando John, um nome de batismo que ele não usa normalmente.
    Vida

    Christopher Tolkien
    Christopher Tolkien nasceu em Leeds, Inglaterra, o terceiro e mais novo filho de J. R. R. Tolkien. Ele estudou na Dragon School em Cherwell e depois na Oratory School. Devido a um problema de coração ele foi forçado a permanecer em casa e trabalhar com um tutor. Ele gosta de observar as estrelas com um telescópio e também é apaixonado por trens. Com a idade de 5 anos já estava preocupado com a consistência dO Hobbit.

    “Da última vez você disse que a porta da frente de Bilbo era azul, e você disse que Thorin tinha um adorno dourado em seu capuz mas você acabou de dizer que a porta da frente de Bilbo era verde e que o capuz de Thorin era prateado.”
      – Christopher Tolkien, prefácio aO Hobbit
    Christopher provou-se ser de imenso valor na correção dO Hobbit e ganhou dois pence por erro encontrado.
    Juventude

     

    Em Julho de 1943 ele entrou na Royal Air Force e em 1944 ele foi enviado para a África do Sul para receber treinamento de piloto. Sua ausência, contudo, não diminuiu suas contribuições aos trabalhos de seu pai uma vez que este continuamente lhe enviava trechos de O Senhor dos Anéis. Em 1945 ele retornou à Inglaterra e ficou comissionado em Shropshire e mais tarde no mesmo ano retornou a Oxford. Em 9 de Outubro de 1945 seu pai o informou que os Inklings desejavam considerá-lo como um membro permanente. A tarefa de ler O Senhor dos Anéis aos Inklings passou para Christopher  e era consenso geral que ele era melhor leitor que seu pai.

    Idade Adulta

     

    Em 1946 ele retornou ao Trinity College para concluir seus estudos e se graduar em Inglês. Por algum tempo seu tutor foi ninguém menos do que C.S. Lewis. Sua tese foi uma tradução de The Saga of King Heidrek the Wise (“A Saga do Rei Heidrek o Sábio”) e colou grau como bacharel em 1949. Christopher também se tornou um Lecturer (professor universitário iniciante) em Inglês Arcaico e Médio bem como em Islandês Arcaico em Oxford. Ele trabalhou como editor nos Contos da Cantuária (Canterbury Tales) de Chaucer, Tale de Pardoner e Prist’s Tale de Nun. De 1963 a 1975 ele foi um Fellow (professor sênior) do New College em Oxford, mas deixou o cargo quando começou a se dedicar aos assuntos literários de seu pai.

    Por muito tempo ele foi parte da audiência crítica para os trabalhos de ficção de seu pai, primeiro como criança ouvindo os contos de Bilbo Bolseiro e depois como adolescente e adulto lendo e criticando O Senhor dos Anéis durante os 15 anos de sua gestação. Ele tinha a tarefa de interpretar os algumas vezes autocontraditórios mapas da Terra-média desenhados por seu pai, de forma a produzir as versões utilizadas nos livros, e ele redesenhou o mapa principal no final da década de 1970 para clarificar a escrita e corrigir alguns erros e omissões.

    Em 2001 ele recebeu alguma atenção por sua posição contrária à trilogia O Senhor dos Anéis dirigida por Peter Jackson. Ele expressou suas dúvidas quanto a viabilidade de uma interpretação cinematográfica que conservasse a essência da obra, mas destacou que era apenas a sua opinião:

    “…Eu reconheço que esta é uma questão artística complexa e discutível, e os rumores feitos de que eu ‘desaprovo’ os filmes, seja qual for sua qualidade cinematográfica, que chegaram a ponto de que desejei mal àqueles com os quais possa discordar, são totalmente sem fundamento” – Christopher Tolkien

     Apesar disso, em 2012, depois de um longo período sem fazer declarações à imprensa, Christopher Tolkien concedeu uma entrevista ao jornal francês Le Monde em que falou com profunda tristeza sobre a exploração excessivamente comercial do legado de seu pai e que acompanhou o sucesso da adaptação cinematográfica de Peter Jackson.
    “Eles arrancaram as vísceras do livro [O Senhor dos Anéis], tornando-o um filme de ação para jovens entre 15 e 25 anos. E parece que O Hobbit será o mesmo tipo de filme. Tolkien tornou-se um monstro, devorado por sua própria popularidade e absorvido pelo absurdo da nossa época. Ampliou o abismo entre a beleza e a seriedade do trabalho, e o que ele se tornou. E já foi longe demais para mim. A comercialização reduziu o impacto estético e filosófico da obra a nada. Há apenas uma solução para mim: Virar meu rosto para outro lado”.

    Família

    A primeira esposa de Christopher, Faith (1928) se formou em Inglês em Oxford e tiveram um filho, Simon Tolkien. Simon é um advogado de tribunal (um barrister) e romancista. Um busto de Tolkien feito por Faith foi exibido na Royal Academy: Tolkien pagou para fazê-lo em bronze. Agora está na Biblioteca de Inglês de Oxford.

     

    A segunda esposa de Christopher, Baillie (1941) é canadense e filha do cirurgião de Winnipeg Alan Klass e Helen Klass. Ela tem bacharelado em Inglês pela Universidade de Manitoda e mestrado em Oxford. Ela trabalhou como secretária de J.R.R. Tolkien e era responsável pela seção de poesia no índice de 1965 de O Senhor dos Anéis. Mais tarde ela editou The Father Christmas Letters (“As Cartas do Papai Noel”, lançado no Brasil em 2012 pela WMF Martins Fontes). Ela e Christopher têm dois filhos, Adam Tolkien e Rachel Tolkien.
    Christopher Tolkien atualmente vive na França com sua segunda esposa.


    Trabalho
    Christopher Tolkien
    J. R. R. Tolkien escreveu uma grande quantidade de material conectado à mitologia da Terra-média que não foi publicado durante sua vida. Embora originalmente ele pretendesse publicar O Silmarillion junto com O Senhor dos Anéis, e embora partes dele estivessem finalizadas, ele morreu em 1973 com o projeto incompleto.Após a morte de seu pai, Christopher Tolkien iniciou o projeto de organizar a enorme quantidade de notas de sue pai, algumas delas escritas em pedaços de papel com mais de cinqüenta anos. Muito do material era escrito a mão; freqüentemente uma cópia boa era escrita sobre um primeiro rascunho semi-apagado, e nomes de personagens rotineiramente mudavam entre o começo e fim do mesmo texto. Decifrar tudo isso era uma tarefa árdua, e possivelmente apenas alguém com experiência pessoal em J. R. R. Tolkien e a evolução de suas histórias poderia colocar ordem nos papéis. Christopher Tolkien admitiu que ocasionalmente tentou adivinhar qual a intenção de seu pai.Com o auxílio de Guy Gavriel Kay ele conseguiu compilar O Silmarillion em apenas quatro anos. Christopher Tolkien teve que tomar algumas decisões editoriais difíceis sobre a apresentação do material e algumas dessas decisões foram criticadas mais tarde, inclusive por si mesmo. Durante este tempo ele também editou as traduções de seu pai de Sir Gawain and the Green Knight (Sir Gawain e o Cavaleiro Verde, sem tradução em português) e Sir Orfeo. Ele também trabalhou no Nomenclature of The Lord of the Rings (Nomenclatura de O Senhor dos Anéis, sem tradução em português) que foi publicado inicialmente em 1975 como Guide to the Names in The Lord of the Rings (Guia para os Nomes em O Senhor dos Anéis, sem tradução em português) em A Tolkien Compass (Um Guia para Tolkien, sem tradução em português).

     

    Foto de Christopher Tolkien aos 87 anos
    Foto de Christopher Tolkien aos 87 anos

    Christopher passou os anos seguintes continuando a estudar os trabalhos de seu pai e assumindo as responsabilidades do Tolkien Estate. Ele gravou trechos de O Silmarillion em 1977 e 1978 que foram lançados pelas Caedmon Records de Nova Iorque. Em 1979 ele escreveu sobre as ilustrações e desenhos de seu pai para a publicação nos calendários Tolkien e Pictures by J.R.R. Tolkien (Imagens por J.R.R. Tolkien, sem tradução em português) . De 1980 a 1983 Christopher editou Contos Inacabados, As Cartas de J.R.R. Tolkien, The Monsters and Critics and Other Essays (O Monstro e os Críticos e Outros Ensaios, sem tradução em português) e The Book of Lost Tales Part 1 (O Livro dos Contos Perdidos, sem tradução em português) que foi o primeiro volume da série The History of Middle-Earth, contendo doze volumes. Em 1998 ele editou uma nova edição de Tree and Leaf incluindo o poema Mythopoeia. Depois de um longo tempo, sua mais recente publicação seria a edição de The Children of Húrin (“Os Filhos de Húrin”, lançado no Brasil pela Editora Martins Fontes), lançada em 2007 e o último livro dedicado a contar uma história da Terra-média.

    De lá para cá, Christopher Tolkien dedicou-se também a lançar obras de seu pai que não abarcavam a Terra-média, mas cujas fontes exerceriam enorme influência na criação de seu Legendarium. Dentre elas, C. Tolkien lançou em 2009 A Lenda de Sigurd & Gudrún (Martins Fontes), em 2013 A Queda de Artur (Martins Fontes) e em 2014 Beowulf: A Translation and Commentary (“Beowulf: Uma Tradução e Comentário”, em tradução livre e que também chegará ao Brasil pela Martins Fontes em 2015). Assim, pela paixão e admiração de Christopher Tolkien pela obra de seu pai e sua dedicação em preservá-la e divulgá-la, o mundo e os fãs de J. R. R. Tolkien podem conhecer hoje, e cada vez mais, o fantástico, incansável, e aparentemente infindável, trabalho do “Autor do Século”.

  • Os Filhos de Húrin / The Children of Húrin

    Os Filhos de Húrin (The Children of Húrin) é um romance de alta fantasia épica com origem em um
    conto inacabado de J.R.R. Tolkien, que escreveu a versão original da
    história no final da década de 1910, revisou-a inúmeras vezes depois
    disso, mas não a completo até sua morte em 1973. Seu filho, Christopher
    Tolkien, editou os manuscritos para formar uma narrativa consistente e
    o publicou em 2007 como um trabalho independente.

     

     
    Capa do Os Filhos de Húrin
    Os Filhos de Húrin foi publicado em 17 de abril de 2007, pela HarperCollins no Reino Unido e Canadá, e pela Houghton Mifflin nos Estados Unidos. Alan Lee, ilustrador de outras obras de fantasia de J.R.R. Tolkien (O Hobbit e O Senhor dos Anéis) criou a sobrecapa, bem como as ilustrações internas do livro. Christopher Tolkien também incluiu um artigo sobre a evolução do conto, várias árvores genealógicas e um redesenho do mapa de Beleriand.

     
    Pano de Fundo

    A história e descendência dos personagens principais são dadas nos parágrafos iniciais do livro, e a história de fundo é elaborada nO Silmarillion. Ela começa 500 anos antes das ações do livro, quando Morgoth, um ser imortal encarnado possuindo grandes habilidades sobrenaturais e que é o poder maligno primevo, escada do Reino Abençoado de Valinor para o noroeste da Terra-média. De sua fortaleza de Angband ele iniciou a reconquista de toda a Terra-média, iniciando uma guerra com os Elfos que residiam mais ao sul, em Beleriand.

    Contudo, os Elfos conseguiram resistir a seu ataque e a maioria dos reinos permaneceu sem ser conquistada; o mais poderoso destes sendo Doriath, governado por Thingol Capa-cinzenta. Em adição a isso, após algum tempo os Elfos Noldor deixaram Valinor e seguiram Morgoth até a Terra-média para se vingarem. Juntos com os Sindar de Beleriand, eles iniciaram um Cerco a Angband, e estabeleceram novas fortalezas e reinos na terra-média, incluindo Dor-lómin por Fingon, Nargothrond de Finrod Felagund e Gondolin de Turgon.

    Após três séculos, os primeiros Homens apareceram em Beleriand. Estes eram os Edain, descendentes daqueles Homens que se rebelaram contra o governo dos servos de Morgoth e partiram para o oeste. A maioria dos Elfos lhes deu boas-vindas e a eles foram dados feudos em Beleriand. A Casa de Bëor governou sobre a terra de Ladros, o Povo de Haleth recuou para a floresta de Brethil e governo de Dor-lómin foi dado à Casa de Hador. Mais tarde outros homens adentraram Beleriand, os Orientais, muitos dos quais estavam em acordos secretos com Morgoth.

    Eventualmente Morgoth conseguiu furar o Cerco de Angband na Batalha das Chamas Repentinas. A Casa de Bëor foi virtualmente destruída e os Elfos e Edain sofreram grandes baixas; contudo, muitos reinos permaneceram sem serem conquistados, incluindo Dor-lómin, onde o governo havia passado a Húrin Thalion.

     
     
    Resumo

    O livro Os Filhos de Húrin começa com um registro da chegada de Húrin e seu irmão Huor à cidade oculta de Gondolin. Após morarem lá por um ano, eles juraram jamais revelar a localização da mesma a ninguém e foi-lhes permitido partir para Dor-lómin. Lá Húrin se casou com Morwen Edhelwen e tiveram dois filhos, Túrin e Lalaith. O livro continua com a história da criação de Túrin, a morte prematura de Lalaith e a partida de Húrin para a guerra.

    Na desastrosa derrota da Batalha das Lágrimas Incontáveis Húrin foi capturado vivo. O próprio Morgoth o torturou, tentando forçá-lo a revelar a localização de Gondolin mas, apesar de seus esforços, Húrin resistiu e mesmo debochou de Morgoth. Por isso Morgoth o amaldiçoou e a toda sua família.

    Sob o comando de Morgoth os Ocidentais sobrepujaram Hithlum e Dor-lómin. Morwen, temendo a captura de seu filho, enviou Túrin ao reino de Doriath, por segurança. Logo depois Morwen deu a luz a uma segunda filhas, Nienor. Em Doriath, Túrin foi tomado como filho adotivo pelo Rei Thingol e se tornou um guerreiro poderoso, tornando-se amigo de Beleg Arco-forte, como um dos guardas das fronteiras. Contudo, após muitos anos Túrin causou a morte de um dos conselheiros de Thingol, o Elfo Saeros. Recusando a se desculpar por suas ações, Túrin foge de Doriath e entra nas terras ermas.

    Túrin se uniu a um grupo de foras-da-lei, os Gaurwaith, e logo se tornou seu líder. Enquanto isso, Thingol descobriu as circunstâncias da morte de Saeros e  perdoou o ato de Túrin, enviando Beleg para procurá-lo. Ele teve sucesso em encontrar o bando, mas Túrin se recusou a retornar para Doriath. Beleg então partiu para participar das batalhas nas fronteiras norte de Doriath.

    Algum tempo depois Túrin e seus homens capturaram Mîm o não, que resgatou sua vida conduzindo o bando às cavernas da colina de Amon Rûdh onde ele tinha sua morada.  Os foras-da-lei se entrincheiraram nas cavernas e logo Beleg retornou e se uniu a eles. O bando gradualmente se tornou mais ousado e bem sucedido na guerrilha contra as tropas de Morgoth, e Túrin e Beleg chegaram a estabelecer o reino de Dor-Cúarthol. Contudo, após alguns anos, Mîm os traiu, revelando o quartel-general do bando às forças de Morgoth. Os foras-da-lei foram vencidos, Túrin foi capturado mas Beleg escapou.

    Túrin frente a Orodreth em Nargothrond
    Beleg seguiu a companhia de Orcs, encontrando um Elfo mutilado, Gwindor de Nargothrond, no caminho. Eles encontram Túrin dormindo e solto de suas amarras, mas Túrin, pensando que um Orc veio atormentá-lo, mata Beleg antes de perceber seu erro. Gwindor conduz Túrin a Eithel Sirion, onde Túrin recupera o juízo, e mais tarde a Nergothrond. Lá Túrin obtém o favor do Rei Orodreth e o amor da filha deste, Finduilas. Após liderar os Elfos a consideráveis vitórias, ele se tornou o conselheiro chefe de Orodreth e virtual comandante de todas as forças de Nargothrond.

    Contudo, após cinco anos Morgoth enviou uma grande força de Orcs sob o comando do dragão Glaurung e derrotou o exército de Nargothrond no campo de Tumhalad, onde tanto Gwindor quando Orodreth foram mortos. As forças de Morgoth saquearam Nargothrond e capturaram seus moradores. Em um tentativa de evitar isso, Túrin encontrou Glaurung, que enfeitiçou Túrin e o fez retornar a Dor-lómin para procurar sua mãe e irmão ao invés de resgatar Finduilas e os outros prisioneiros.

    Quando Túrin retornou a Dor-lómin, ele descobriu que Morwen e Nienor já haviam fugido para Doriath. Em um ataque de fúria, Túrin incitou uma luta e teve que fugir novamente. Ele seguiu os captores de Finduilas até a floresta de Brethil, apenas para descobrir que ela havia sido morta pelos orcs quando os homens-da-floresta tentaram resgatá-la. Quase destruído por seu pesar, Túrin pediu asilo entre o Povo de Haleth, que mantinha uma resistência tenaz contra as forças de Morgoth. Em Brethil túrin se renomeou Turambar, "Senhor do Destino" em Alto-élfico, e gradualmente superou o Chefe Brandir.

    Enquanto isso, Morwen e Nienor ouviram rumores dos feitos de Túrin em Nargothrond e tentaram encontrá-lo. Lá foram atacadas por Glaurung, que enfeitiçou Nienor de tal forma que ela esqueceu tudo enquanto Morwen se perdia. Eventualmente Morwen chegou a Brethil, onde foi encontrada por Turambar; sem perceber seu parentesco eles se apaixonaram e se casaram, apesar dos conselhos de Brandir.

    Após algum tempo Glaurung partiu ao extermínio dos Homens de Brethil, mas Turambar o matou, perfurando por baixo enquanto este cruzava a ravina de Cabed-en-Aras. contudo, quando Turambar puxou a espada, o sangue envenenado de Glaurung escorreu por sua mão, fazendo-o ficar inconsciente. Nienor, grávida, encontrou Turambar caído inconsciente, e o moribundo Glaurung fez sua memória retornar. Percebendo com horror que seu marido era também seu irmão, ela se atirou do despenhadeiro próximo no rio Taeglin, e foi levada por este. Quando Turambar acordou e ouviu de Brandir que Nienor estava morta, o matou em sua fúria e mais tarde se jogou sobre sua própria espada.

    A parte principal da narrativa termina com o enterro de Túrin. Anexo a este há um trecho extraído de As Andanças de Húrin, o próximo conto do legendarium de Tolkien. Este reconta como Húrin foi finalmente libertado por Morgoth e chegou ao túmulo de seus filhos. Ali encontrou Morwen, que também conseguiu encontrar o local, mas morria agora nos braços de seu marido, ao pôr-do-sol.

     

    História do Conto

    Uma breve versão da história forma a base do capítulo XXI dO Silmarillion, colocando o conto no contexto das guerras de Beleriand. Embora baseado nos mesmos textos utilizados para completar o novo livro, o Silmarillion deixa de fora grande parte do conto. Outras versões incompletas que foram publicadas em outros livros:

        * O Narn i Hîn Húrin no Contos Inacabados.
        * A série The History of Middle-earth (HoME), com destaque a:
              o Turambar e o Foalókë, do The Book of Lost Tales (HoME 1)
              o O Lay of the Children of Húrin, uma narrativa antiga em forma de poema.
              o Versões em prosa do Lay (ou Húrinssaga), eventualmente levando a versões mais antigas e alternativas do Narn e também ao Os Filhos de Túrin.

    Nenhum destes textos forma uma narrativa completa e madura. O Os Filhos de Húrin publicado é uma síntese dessas fontas e de outros textos, inéditos até então.

     
     
    Críticas 
  • Mr. Bliss

    Mr. Bliss é um livro infantil ilustrado de autoria de J.R.R. Tolkien, publicado postumamente em formato de livro em 1982. Um dos trabalhos curtos menos conhecidos de Tolkien, ele conta a história de Mr. Bliss (algo como "Senhor Feliz") e seu primeiro em seu novo carro. Muitas aventuras acontecem: encontros com ursos, visinhos bravos, donos de loja irritados  e uma série de colisões.

     

     
    Mr. Bliss, de J.R.R. TolkienA história foi baseada nos próprios desencontros veiculares de Tolkien com seu primeiro automóvel, em 1932. Os ursos foram baseados nos ursos de pelúcia dos filhos de Tolkien. Tolkien foi tanto o autor quando o ilustrador do livro. A narrativa mantém a história e as ilustrações bem amarradas, e o texto frequentemente comenta diratamente as imagens.

    Mr. Bliss não foi publicado durante a vida de Tolkien. Ele enviou aos seus editores como um "paliativo" aos leitores que estava ávidos por mais Tolkien depois do sucesso de O Hobbit. As ilustrações aquareladas e pintadas a lápis teriam tornado o custo de produção proibitivo. Tolkien concordou em redesenhar as ilustrações de maneira mais simples, mas descobriu que não tinha tempo para isso. O manuscrito ficou em uma gaveta até 1957, quando foi vendido (bem como os manuscritos originais de O Senhor dos Anéis, O Hobbit e Mestre Gil de Ham) para a Universidade Marquette por 1.250 libras esterlinas.

    O livro foi publicado em 1982, com as ilustrações e a letra manuscrita díficil de ler de Tolkien em uma página e uma transcrição na página oposta.

  • Oliphaunt

    Talvez o menos conhecido trabalho de Tolkien seja o pequeno poema "Oliphaunt", publicado em formato de livro ilustrado, com capa dura, em 1989 pela Contemporary Books/Calico. Na verdade não é um livro no sentido estrito da palavra, mas apenas um poema dividido em 14 páginas com uma série de ilustrações duramente criticadas. Atualmente o livro se encontra fora de catálogo e só pode ser encontrado como usado.

     

    A capa do livro pode ser visto logo abaixo à direita e o poema completo é o que se segue:

     

    Grey as a mouse,
    Big as a house,
    thumb_oliphaunt

    Nose like a snake,
    I make the earth shake,


    As I tramp through the grass;
    Trees crack as I pass.
    With horns in my mouth
    I walk in the South,
    Flapping big ears.


    Beyond count of years
    I stump round and round,
    Never lie on the ground,
    Not even to die.
    Oliphaunt am I,
    Biggest of all,
    Huge, old, and tall.
    If ever you'd met me
    You wouldn't forget me.
    If you never do,
    You won't think I'm true;
    But old Oliphaunt am I,
    And I never lie.

  • The History of Middle-earth III – The Lays of Beleriand

    Os leitores mais atentos de O Silmarillion provavelmente se recordam dos belos fragmentos de poesia que aparecem no capítulo De Beren e Lúthien. No terceiro livro da série The History of Middle-earth, entitulado The Lays of Beleriand (As Baladas de Beleriand), temos a oportunidade de conhecer na íntegra a Balada de Leithian, texto do qual foram extraídos esses versos, bem como a Balada dos Filhos de Húrin, que reconta em forma de poema a história de Túrin Turambar.
     

    Na verdade, nenhum dos dois poemas chegou a ser terminado por Tolkien: a Balada dos Filhos de Húrin, embora tenha 2000 versos, termina logo depois da chegada de Túrin a Nargothrond, enquanto a Balada de Leithian, com catorze cantos, foi interrompida no momento em que Carcharoth, o lobo de Angband, arranca a mão de Beren que segurava a Silmaril.

    O estilo das duas baladas é bastante diferente: enquanto a Balada de Leithian é composta por versos octassílabos que rimam em pares (os chamados dísticos), a Balada dos Filhos de Húrin foi escrita em versos aliterativos, um tipo de rima utilizado na poesia medieval anglo-saxã, muito apreciada por Tolkien.

    Os dois longos poemas foram escritos por Tolkien durante os anos 20 e começo dos anos 30, e representam uma fase importante para a evolução da mitologia tolkieniana. Para citar alguns exemplos, é neles que aparece pela primeira vez a fortaleza subterrânea de Nargothrond, personagens como Finrod (então chamado apenas Felagund) e o próprio Sauron (então chamado Thû). É impressionante perceber também que a Balada de Leithian praticamente definiu a história de Beren e Lúhien como a conhecemos hoje. Até trechos de poemas publicados em outros livros, como a história de Tinúviel contada por Aragorn aos hobbits em O Senhor dos Anéis, foram fortemente baseados na Balada de Leithian.

    Além dos dois poemas principais, The Lays of Beleriand também contou fragmentos de outros poemas abandonados por Tolkien: The Flight of the Noldoli (A Fuga dos Noldor), The Lay of Earendel (A Balada de Earendel) e The Lay of the Fall of Gondolin (A Balada da Queda de Gondolin).

    Conteúdo do Livro

    The Lay of the Children of Húrin A história de Húrin e seus filhos, em versos aliterativos. Acaba com Túrin chegando em Nargothrond. 1920 – 1925

    Poems early abandoned Poemas breves. Inclui "The Flight of the Noldoli", um fragmento aliterativo de "Lay of Eärendel" e "Lay of the Fall of Gondolin". 1920 – 1925

    The Lay of Leithian História de Beren e Lúthien em cupletos octosilábicos. Termina com Carcharoth engolindo a mão de Beren. 1925 – 1931

    The Lay of Leithian recommenced
    Reescrita de "The Lay of Leithian", em parte extensivo. Termina no mesmo local. 1949 u 1950, revisado depois de 1955

  • Leaf by Niggle

     Niggle está longe de ser um pintor de sucesso. Há anos ele trabalha no mesmo quadro, uma árvore gigantesca cujos detalhes parecem aumentar cada vez mais à medida que ele prossegue na pintura. E seu vizinho Parish, incomodando-o todo o tempo, também não ajuda muito. Mas, sem saber, os dois estão prestes a pintar a árvore mais perfeita que já existiu.
     

    Esse é o ponto de partida de "Leaf by Niggle" (Folha de Niggle), sem dúvida uma das histórias mais "diferentes" e apaixonantes escritas pelo mestre J.R.R. Tolkien. Às vezes surrealista ou até kafkiana, misturando compaixão e um sombrio humor britânico, o conto é mais um tributo de Tolkien à capacidade libertadora da arte para o ser humano.

    Na verdade, a história de Niggle é a mais perfeita metáfora para o conceito da sub-criação, uma das idéias mais importantes no trabalho literário de Tolkien. "Leaf by Niggle" é uma profissão de fé na capacidade do artista de criar mundos novos e, assim, transformar este nosso mundo.

    "Leaf by Niggle" também pode ser encontrado na coletânea "Tales from the Perilous Realm".

  • As Aventuras de Tom Bombadil

    Adventures-of-Tom-BombadilTodos os que se encantaram com a beleza singela das canções e poemas em O Senhor dos Anéis têm outra oportunidade de apreciar a poesia de Tolkien em As Aventuras de Tom Bombadil. O livro é uma coletânea de 16 canções que fariam parte do Livro Vermelho, o relato da Guerra do Anel escrito por Bilbo e Frodo.
    Os poemas, pertencentes à tradição do Condado ou compostos por Bilbo, Frodo ou Sam, primam pelo bom humor e pela agilidade da rima. Algumas canções já conhecidas dos leitores graças a O Senhor dos Anéis reaparecem na coletânea, como a canção do Velho Troll (cantada por Sam), “A Vaca pulou pra Lua” (cantada por Frodo em Bri) e a canção do Olifante (também cantada por Sam).

    O poema-título do livro, As Aventuras de Tom Bombadil, é um divertido passeio pela Floresta Velha e seus inconfundíveis personagens: Bombadil, Fruta DOuro, o Velho Salgueiro e as Criaturas Tumulares. Em outras canções, como “Jornada” ou “O tesouro”, as lendas dos Dias Antigos são retrabalhadas pelos hobbits, enquanto o décimo-sexto poema, “O último navio”, trata da partida dos elfos da Terra-média. Uma pequena introdução explicando as influências e a temática dos poemas acompanha a coletânea.