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Notícias Morre Ariano Suassuna, autor de "O Auto da Compadecida", aos 87 anos

Fúria da cidade

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O escritor Ariano Suassuna, autor de livros como "O Auto da Compadecida" e "O Santo e a Porca", morreu às 17h15 desta quarta-feira (23), aos 87 anos. Em boletim médico, o Real Hospital Português de Recife, onde ele estava internado após sofrer um AVC, informou que Suassuna teve uma parada cardíaca provocada por hipertensão intracraniana. Ainda não há informações sobre velório e enterro.

Membro da ABL (Academia Brasileira de Letras) desde 1989, Suassuna escreveu mais de 15 peças teatrais e seis romances ficcionais. Ele ficou conhecido nacionalmente por trabalhos como "O Auto da Comparecida", de 1955. A história --que virou minissérie da TV Globo em 1999 e foi adaptada para o cinema em 2000-- é uma comédia dramática na qual dois pobres sertanejos nordestinos, um mentiroso e o outro covarde, valem-se de pequenos golpes e biscates para conseguir tocar a vida.

Traduzido para diversas línguas --como alemão, espanhol, inglês e até mesmo polonês--, Suassuna construiu uma obra que mescla características do modernismo, simbolismo e barroco com traços típicos da cultura nordestina, como a literatura de cordel. Elementos da região, como a improvisação, são bastante comuns em seus textos. Foi um dos criadores, em 1970, do Movimento Armorial, que mistura literatura, dança, teatro, música e outras manifestações artísticas para se fazer arte erudita a partir da cultura da região.

Teatrólogo e romancista, ele era formado em direito e em filosofia. Exerceu, entre outros cargos públicos, o de secretário de Cultura de Pernambuco, durante o terceiro governo de Miguel Arraes, em 1995. Atualmente, ele exercia a função de assessor especial do governo de Pernambuco.

Suassuna era casado há mais de 50 anos com Zélia de Andrade Lima. Ele teve seis filhos e 15 netos.

Internação

Suassuna sofreu um AVC hemorrágico na última segunda-feira, quando deu entrada no hospital. Ele foi submetido a uma cirurgia neurológica às pressas para receber dois drenos que controlariam a pressão intracraniana. Na noite de terça, porém, piorou o estado de saúde do escritor, que estava em coma e respirando com a ajuda de aparelhos.

Em agosto do ano passado, Suassuna, que sofria de diabetes, sofreu um infarto agudo do miocárdio e, semanas depois, foi internado com um quadro de aneurisma cerebral. Os problemas de saúde, no entanto, não o impediram de seguir seus trabalhos e, em março deste ano, ele participou do Galo da Madrugada de Recife, onde foi homenageado.

Ele também continuava ministrando suas "aulas-espetáculos" (palestras que misturavam concerto com dança) --uma das últimas delas foi no último dia 16, em Salvador, e havia outra já marcada para o dia 5 de agosto, em Curitiba.

Suassuna é o terceiro integrante da Academia Brasileira de Letras a morrer em três semanas. No dia 3 de julho foi Ivan Junqueira e no dia 18, João Ubaldo Ribeiro. Apesar de não integrar o órgão, o escritor Rubem Alves morreu no dia 19.

Biografia

Ariano Vilar Suassuna nasceu em 16 de junho de 1927, em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, capital da Paraíba, mas mudou-se para Recife em 1942. Desde pequeno teve sua vida afetada pela política. Seu pai, João Suassuna, era integrante do governo da Paraíba e foi assassinado por motivos políticos no Rio de Janeiro, durante a Revolução de 30.

A família então se mudou para Taperoá, entre 1933 a 1937, onde Ariano fez seus primeiros estudos. Foi lá que ele assistiu pela primeira vez a uma peça de mamulengos e a um desafio de viola, cujo caráter de improvisação seria uma das marcas registradas também da sua produção teatral.

Publicou sua primeira peça teatral, "Uma Mulher Vestido de Sol", aos 20 anos. Entre 1952 e 1956, Suassuna dedicou-se à advocacia, sem abandonar a atividade teatral. São desta época "O Castigo da Soberba" (1953), "O Rico Avarento" (1954) e "O Auto da Compadecida" (1955), que foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro".

Sexto ocupante da cadeira nº 32 da ABL e doutor honoris causa da Faculdade Federal do Rio Grande do Norte, Suassuna é fundador do Teatro Popular do Nordeste e do Movimento de Cultura Popular, além de idealizador do Movimento Armorial. Ele também é membro da Academia de Letras de Pernambuco e da Paraíba. Saiba mais sobre a vida e a carreira de Suassuna.

Fonte

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E a literatura brasileira infelizmente se despede de um grande defensor da nossa cultura. Grande escritor. Descanse em paz Ariano.
 
Última edição:
Mês passado estive em João Pessoa no centro velho da cidade visitando um pequeno memorial dedicado a ele. Eu fico impressionado como ainda tem tanta gente que confunde e acha que ele é pernambucano.
 
Mês passado estive em João Pessoa no centro velho da cidade visitando um pequeno memorial dedicado a ele. Eu fico impressionado como ainda tem tanta gente que confunde e acha que ele é pernambucano.
Bom, ele viveu em Pernambuco a maior parte da vida, foi secretário de cultura de lá e boa parte das parcerias realizadas com o Movimento Armorial foram com artistas pernambucanos. Daí ser compreensível pessoal não saber que ele era paraibano.
 

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