Fúria da cidade
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https://www.uol/tecnologia/especiais/inteligencia-artificial-vai-acabar-com-empregos-.htm#frases-1
A inteligência artificial eliminará empregos, mas novas profissões surgirão; qualificação será fundamental
Rodrigo Trindade Do UOL, em São Paulo
O seu colega de firma ainda vai ser um robô. Os avanços em aprendizado de máquina, visão computacional, robótica e internet das coisas, além da automação de linhas de produção – seja de fábricas ou hambúrgueres – fazem das máquinas excelentes funcionários.
Obviamente, os cenários de desemprego em massa e em escala global assustam, mas vêm também acompanhados da expectativa de crescimento econômico e da geração de novos tipos de empregos. Será que isso vai ser o suficiente?
É inevitável
Elizabeth Rhodes, diretora de pesquisa do projeto de renda básica universal da aceleradora de startups Y Combinator, ao site "Quartz"
Fonte: OCDE
Seu trabalho corre risco?
Site usou estudo de 2013 da Universidade de Oxford e criou teste para mostrar profissões mais ameaçadas
O site "Will Robots Take My Job?" criou um teste para saber se sua profissão está em risco. Ele é baseado em um trabalho da Universidade de Oxford, feito por Carl Benedikt Frey e Michael A. Osborne. Você pode checar se a sua profissão está em risco procurando pelo termo em inglês.
Philippe Wojazer/Reuters
Quem não deve esquentar (por enquanto)
O que eles já fazem sozinhos
O que vai influenciar as substituições
Paula Bellizia, presidente da Microsoft Brasil
Getty Images/iStockphoto
Getty Images
Não vão faltar vagas, mas qualificação
A projeção da McKinsey aponta que vagas novas serão criadas, mas as pessoas que perderem seus empregos para máquinas talvez tenham que mudar de área. Já a OCDE alerta que essa onda de progresso tecnológico ameaça mais às profissões que exigem menos habilidades, ao contrário de revoluções passadas, que afetaram principalmente os trabalhadores classificados como médios.
Novas vagas exigirão novas habilidades, que não foram necessariamente desenvolvidas - muitas empregos estarão ligados a atividades intelectuais (algo que as máquinas ainda não são capazes e fazer). De fato, antes mesmo da aplicação maciça da inteligência artificial, os departamentos de recursos humanos já sofrem para encontrar pessoas qualificadas.
Segundo números levantados pelo CareerBuilder no início de 2018, um dos maiores sites de busca de emprego dos Estados Unidos, 45% dos gerentes de RH consultados disseram que não conseguiram preencher vagas abertas por falta de profissionais habilitados para elas.
O gargalo não é que não vão ter novos empregos e novas funções. Vão ter, isso é uma certeza, a gente observa em vários países. O problema é, as pessoas vão conseguir ser contratadas para esses empregos? Isso é uma ameaça real: não a falta de emprego, mas a falta de qualificação
Alexandre Pacheco, professor da escola de direito e coordenador do grupo de ensino e pesquisa em inovação da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo
Os empregos do futuro
Não estou preocupada com o desemprego tecnológico, mas estou preocupada com a qualidade dos empregos criados e os locais onde eles são criados. Sabemos por conta do passado que trabalhos que exigem pouca habilidade são mais passíveis de automação. Eu me preocupo pela desigualdade de renda
Laura Tyson, economista da universidade de Berkeley, em palestra na EmTech Digital, uma conferência anual sobre inteligência artificial organizada pelo "MIT Technology Review"
Desigualdade pode aumentar
Com algumas profissões desaparecendo e outras ganhando força, a tendência é que o mundo enfrente uma nova fonte de desigualdade social. Por isso, existem ideias para redistribuir a renda gerada pelas máquinas.
Uma delas seria renda básica universal, um conceito com origens no século 18 que ganhou força recentemente. Ela é uma bolsa paga pelo governo visando subsistência: alimentação e necessidades básicas. A ideia tem o apoio de figuras ilustres do meio da tecnologia, que apontam ela como uma forma de trazer estabilidade a um mundo em que milhões de vagas podem ser fechadas por consequência da inteligência artificial.
Quem propõe a renda básica universal como uma solução acredita no aumento da produtividade por consequência da automação. Esse crescimento geraria mais riqueza e deixaria produtos mais baratos, mas isso de nada serve se as pessoas não tiverem dinheiro nem para o básico. Para bancar um modelo de redistribuição de renda desse gênero, Bill Gates propôs um "imposto de renda robótico": uma taxa paga por empresas cada vez que um robô substituir um humano.
Haverá menos trabalhos que robôs não façam melhor. Eu quero ser claro: isso não são coisas eu desejo que aconteçam, são coisas que eu acho que provavelmente acontecerão. E se minha percepção estiver correta, então teremos que pensar o que faremos sobre isso. Eu acredito que algum tipo de renda básica universal será necessária
Elon Musk, executivo-chefe da Tesla, Boring Company e Space X, no World Government Summit de Dubai, em 2017
A inteligência artificial eliminará empregos, mas novas profissões surgirão; qualificação será fundamental
Rodrigo Trindade Do UOL, em São Paulo
O seu colega de firma ainda vai ser um robô. Os avanços em aprendizado de máquina, visão computacional, robótica e internet das coisas, além da automação de linhas de produção – seja de fábricas ou hambúrgueres – fazem das máquinas excelentes funcionários.
Obviamente, os cenários de desemprego em massa e em escala global assustam, mas vêm também acompanhados da expectativa de crescimento econômico e da geração de novos tipos de empregos. Será que isso vai ser o suficiente?
É inevitável
- Faz metade das tarefas
A tecnologia de hoje já permite que robôs realizem metade das tarefas do trabalho de um humano, segundo o McKinsey Global Institute. Ou seja, se no seu trabalho você precisa fazer dez atividades diferentes todos os dias, as máquinas já são capazes de fazer cinco delas por você.
Afeta metade dos empregos -
Outra pesquisa, que abordou 32 dos 37 países-membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), tem uma informação parecida: quase um em cada dois empregos provavelmente será afetado pela automação.
Elizabeth Rhodes, diretora de pesquisa do projeto de renda básica universal da aceleradora de startups Y Combinator, ao site "Quartz"
Fonte: OCDE
Seu trabalho corre risco?
Site usou estudo de 2013 da Universidade de Oxford e criou teste para mostrar profissões mais ameaçadas
O site "Will Robots Take My Job?" criou um teste para saber se sua profissão está em risco. Ele é baseado em um trabalho da Universidade de Oxford, feito por Carl Benedikt Frey e Michael A. Osborne. Você pode checar se a sua profissão está em risco procurando pelo termo em inglês.
Philippe Wojazer/Reuters
Quem não deve esquentar (por enquanto)
Advogados
Se você pensava que é difícil um robô realizar o trabalho de um advogado, estava certo. Eles podem até realizar algumas atividades da profissão, mas o emprego está seguro: só 3,5% de chance de substituição completa.
Imagem: Getty Images/iStockphoto
Dentistas
Tirar o siso, fazer um canal, realizar uma limpeza... estas não são tarefas que robôs estão aptos a fazer hoje e num futuro próximo. Fiquem tranquilos, dentistas, porque sua profissão tem só 0,44% de chance de substituição.
Imagem: Getty Images/iStockphoto
Engenheiro mecânico
A engenharia tem variações entre diferentes áreas. Entre as mais populares, os engenheiros mecânicos são os que estão mais seguros, com apenas 1,1% de chance de troca.
Imagem: Getty Images
Repórter ou correspondente
Meus colegas não estão tão tranquilos quanto advogados ou até editores (5%), mas não devem se preocupar com a automação, que tem chance de 11% de tomar essas vagas. Vitória!
Imagem: Getty Images
O que eles já fazem sozinhos
-
Dirigir
Ainda em testes em diversos locais do mundo, os carros autônomos funcionam e têm várias empresas por trás, desde Google e Uber até Tesla e a alemã Daimler. A implementação em massa esbarra em questões éticas dos algoritmos, exemplificadas pela morte de uma pedestre atropelada por um veículo do Uber.
-
Cozinhar e servir
Neste ano, o UOL Tecnologia já provou hambúrguer e café feitos por robôs em San Francisco (EUA). E eles não fizeram feio diante de colegas humanos. Ao contrário, estavam ótimos. Também publicamos no Roblog a história de uma startup francesa que desenvolveu um robô pizzaiolo, mais produtivo que humanos.
-
Analisar imagens
O reconhecimento de imagens pode ser usado em sistemas de segurança ou em exames médicos (como radiografias ou ressonâncias magnéticas). A visão computacional pode até contar os produtos escolhidos por um cliente em uma loja - e ajudar o lojista a identificar as preferências de seus consumidores.
-
Selecionar candidatos de emprego
O processo seletivo de empresas costuma ser burocrático, seja para o candidato ou para o departamento de recursos humanos. Aqui entra a inteligência artificial, capaz de esmiuçar milhares de currículos com mais eficiência. A entrevista derradeira, porém, ainda é com um humano.
O que vai influenciar as substituições
Educação
Profissões que exigem níveis básicos ou baixos de estudos são os que correm mais perigo, mas há exceções, como cuidadores caseiros. Certo é que quem mais se preparou para o mercado de trabalho tem maiores chances de manter o emprego, ainda que uma ou outra tarefa de trabalho possa ser realizada por um robô - o que evidencia os desafios educacionais dos países nos próximos anos.
Imagem: Getty Images
Países diferentes, contextos diferentes
A McKinsey prevê que o Japão será muito afetado pela automação, por ter uma grande parcela de empregos substituíveis por robôs e a tecnologia para tal. Em contrapartida, a força do trabalho do país diminuirá em 4 milhões de pessoas até 2030, o que deve manter o saldo de empregabilidade do país. Do outro lado do espectro está a Etiópia, que, segundo relatório do Banco Mundial de 2016, tem 85% de seus empregos suscetíveis à automação, porém a transição não ocorrerá nessa escala pelo fato do país africano ter um nível tecnológico baixo.
Imagem: Getty Images/iStockphoto
- Apoio financeiro para trabalhadores
Desempregos serão inevitáveis, por isso é imprescindível que exista uma preparação para proteger esses indivíduos com seguro-desemprego e outras políticas assistenciais. A chamada renda básica universal é uma opção.
- Retreinamento maciço de profissionais
Milhões de trabalhos podem ser extintos. Para evitar que isso signifique milhões de desempregados, empresas e governos devem investir em treinamento e ensino de novas habilidades.
- Mercado de trabalho com mais mobilidade
Além de possibilitar que a população seja retreinada, governos devem investir na recolocação profissional de seus cidadãos. Com plataformas digitais como LinkedIn, existem canais fáceis para que isso ocorra.
- Manter crescimento econômico
Com mais crescimento, há mais dinheiro, o que permite a criação de novos empregos, assim como a fundação de novos negócios e inovação. Políticas públicas que incentivem isso são fundamentais, segundo sugere o McKinsey Global Institute.
Paula Bellizia, presidente da Microsoft Brasil
Getty Images/iStockphoto
Getty Images
Não vão faltar vagas, mas qualificação
A projeção da McKinsey aponta que vagas novas serão criadas, mas as pessoas que perderem seus empregos para máquinas talvez tenham que mudar de área. Já a OCDE alerta que essa onda de progresso tecnológico ameaça mais às profissões que exigem menos habilidades, ao contrário de revoluções passadas, que afetaram principalmente os trabalhadores classificados como médios.
Novas vagas exigirão novas habilidades, que não foram necessariamente desenvolvidas - muitas empregos estarão ligados a atividades intelectuais (algo que as máquinas ainda não são capazes e fazer). De fato, antes mesmo da aplicação maciça da inteligência artificial, os departamentos de recursos humanos já sofrem para encontrar pessoas qualificadas.
Segundo números levantados pelo CareerBuilder no início de 2018, um dos maiores sites de busca de emprego dos Estados Unidos, 45% dos gerentes de RH consultados disseram que não conseguiram preencher vagas abertas por falta de profissionais habilitados para elas.
O gargalo não é que não vão ter novos empregos e novas funções. Vão ter, isso é uma certeza, a gente observa em vários países. O problema é, as pessoas vão conseguir ser contratadas para esses empregos? Isso é uma ameaça real: não a falta de emprego, mas a falta de qualificação
Alexandre Pacheco, professor da escola de direito e coordenador do grupo de ensino e pesquisa em inovação da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo
Os empregos do futuro
Especialista em proteção de dados
Com o grande volume de dados gerado na internet, o tratamento das informações pessoais virou lei. A lei europeia de dados exige que as empresas tenham responsável por cuidar das informações de indivíduos.
Imagem: Getty Images/iStockphoto
Cuidador
Inteligências artificiais têm dificuldade para realizar tarefas que exijam compaixão e necessitem a compreensão de diferentes contextos. Os cuidadores, sejam de idosos ou de pessoas que precisam de ajuda, são um caso raro de profissão que não exige habilidades avançadas, obtidas após anos de estudos, e ainda assim está resguardada da substituição por robôs.
Imagem: Getty Images
Gerente de equipe homem-máquina
Em um futuro próximo, será cada vez mais comum humanos compartilharem espaços com robôs. As máquinas não serão androides como o Robocop ou os personagens de "Blade Runner", mas ainda assim precisarão ter sua relação com humanos gerida por um profissional capaz de identificar qual tarefa é mais compatível com cada tipo de mão de obra.
Imagem: Getty Images
Artista
A ficção científica gosta de mostrar robôs com sensibilidade artística, mas isso ainda está muito longe de acontecer. Inteligências artificiais já foram testadas para direção de filmes ou redação de roteiros de cinema, mas os resultados são, em geral, obras sem sentido nenhum.
Imagem: Getty Images
Não estou preocupada com o desemprego tecnológico, mas estou preocupada com a qualidade dos empregos criados e os locais onde eles são criados. Sabemos por conta do passado que trabalhos que exigem pouca habilidade são mais passíveis de automação. Eu me preocupo pela desigualdade de renda
Laura Tyson, economista da universidade de Berkeley, em palestra na EmTech Digital, uma conferência anual sobre inteligência artificial organizada pelo "MIT Technology Review"
Desigualdade pode aumentar
Com algumas profissões desaparecendo e outras ganhando força, a tendência é que o mundo enfrente uma nova fonte de desigualdade social. Por isso, existem ideias para redistribuir a renda gerada pelas máquinas.
Uma delas seria renda básica universal, um conceito com origens no século 18 que ganhou força recentemente. Ela é uma bolsa paga pelo governo visando subsistência: alimentação e necessidades básicas. A ideia tem o apoio de figuras ilustres do meio da tecnologia, que apontam ela como uma forma de trazer estabilidade a um mundo em que milhões de vagas podem ser fechadas por consequência da inteligência artificial.
Quem propõe a renda básica universal como uma solução acredita no aumento da produtividade por consequência da automação. Esse crescimento geraria mais riqueza e deixaria produtos mais baratos, mas isso de nada serve se as pessoas não tiverem dinheiro nem para o básico. Para bancar um modelo de redistribuição de renda desse gênero, Bill Gates propôs um "imposto de renda robótico": uma taxa paga por empresas cada vez que um robô substituir um humano.
Haverá menos trabalhos que robôs não façam melhor. Eu quero ser claro: isso não são coisas eu desejo que aconteçam, são coisas que eu acho que provavelmente acontecerão. E se minha percepção estiver correta, então teremos que pensar o que faremos sobre isso. Eu acredito que algum tipo de renda básica universal será necessária
Elon Musk, executivo-chefe da Tesla, Boring Company e Space X, no World Government Summit de Dubai, em 2017