Haran
ㅤㅤ
Olá pessoal
Parece ter ocorrido várias visões a respeito desses seres. A primeira e mais despreocupada é a que aparece nesses trechos, onde seriam simples seres encarnados, provavelmente ainur de menor poder ou outros espíritos menores que desceram a Eä junto com os ainur, cuja origem não era esclarecida com maiores detalhes.
- Tolkien leva a sério o real parentesco entre Thorondor, Landroval e Gwaihir, estes eram realmente irmãos. Não trata-se de nenhuma metáfora.
- Parece haver aqui dois tipos de espíritos: os ainur, que não tem o dom de ter sua própria prole, e os filhos de Eru, que tem esse dom (humanos, elfos e anões, que seriam "adotivos"). Tolkien dispensa então a possibilidade de um terceiro tipo de espíritos, como na versão anterior, um tipo de espírito menor que encontrava-se na natureza.
- Esse texto na realidade é a respeito dos orcs e posteriormente é revisto no Myths X, mas o que parece mudar é a visão a respeito dos orcs, e não das águias e ents.
Eu tive dificuldade primeiramente em aceitar isso, afinal tais criaturas pareciam ter cultura, e Gwaihir era tratado como um igual por Gandalf. Mas, se pensarmos bem, todos os animais são tratados com cordialidade.
Além disso, não faria sentido Huan ser um maia e ser dado para Celegorm. E se lembrarmos que dragões, a sua maneira, tinham inteligência e grande lábia, não tendo fëa, tendo apenas uma parcela da parte de Melkor, fica fácil aceitar que as águias têm apenas parte do ser de Manwë. Assim como a espada de Eöl tinha parte de si, e todas outras obras sub-criativas.
O que me estranha nesse trecho é ele chegar nessa conclusão a respeito dos animais falantes, mas não a respeito dos ents, que também se reproduziam. Mas eu sempre considerei eles como tratando-se do mesma situação que as águias.
E por fim, tem esse conhecido trecho de O Silmarillion:
Mas o que recentemente li no artigo sobre águias na Wikipedia inglesa é que esse último trecho de O Silmarillion é datado de 1963, enquanto o Myths VIII é datado da década de 50. Assim, parece que Tolkien novamente mudou de opinião, admitindo a entrada de seres menores não-ainur-não-eruhíni ou talvez até ainur menores que, talvez por autorizarão de Eru, poderiam assumir tais formas de kelvar e olvar e terem prole. O problema é que desconheço maiores esclarecimentos do autor.
E então, o que vocês acham? Alguém tem mais alguma informação ou poderia confirmar qual versão é a mais coerente com as últimas visões de Tolkien?
Parece ter ocorrido várias visões a respeito desses seres. A primeira e mais despreocupada é a que aparece nesses trechos, onde seriam simples seres encarnados, provavelmente ainur de menor poder ou outros espíritos menores que desceram a Eä junto com os ainur, cuja origem não era esclarecida com maiores detalhes.
"Pois seu trono situa-se majestosamente sobre o cume da Taniquetil, a mais alta das montanhas do mundo, que se ergue à beira do mar. Espíritos na forma de falcões e águias sempre chegavam em vôo à sua morada e dela partiam; e seus olhos enxergavam as profundezas dos mares e penetravam nas cavernas ocultas nos subterrâneos do mundo".
[O Silmarillion - Capítulo I: Do início dos tempos]
E é corroboada por impressões mais antigas do legendário:[O Silmarillion - Capítulo I: Do início dos tempos]
"...duendes, fadas, pixies, leprechuans, e o que mais que não era nomeado, pois seu número era muito grande... eles nasceram antes do mundo e eram mais antigos que seu mais antigo, e não faziam parte dele, mas riam-se muito disso..."
[The Book of Lost Tales]
(há um trecho que eu me lembro que é falado que espíritos menores entraram em Eä sob a liderança de Yavanna, e posso estar enganado, mas tais espíritos eram de variados tipos - mas não achei tal fragmento)
Porém, quando Tolkien tenta desenvolver com mais embasamento essas criaturas, que até então, em suas próprias palavras, eram exceções não frenqüentes, ele se vê obrigado a mudar a sua visão sobre o assunto:[The Book of Lost Tales]
(há um trecho que eu me lembro que é falado que espíritos menores entraram em Eä sob a liderança de Yavanna, e posso estar enganado, mas tais espíritos eram de variados tipos - mas não achei tal fragmento)
E quanto aos animais e pássaros que pensam e falam? Esses foram adotados frivolamente de mitologias menos 'sérias', mas representam papéis que não podem agora ser retirados. Eles são certamente 'exceções', não usados frequentemente, mas o suficiente para mostrar que eles são um aspecto reconhecido do mundo. Todas as outras criaturas os aceitam como naturais, se não comuns.
Mas as verdadeiras criaturas 'racionais', 'povos falantes', são todos de forma humana/ 'humanóide'. Apenas os Valar e Maiar são inteligências que podem assumir a forma que quiserem em Arda. Húan e Sorontar [1] podem ser Maiar - emissários de Manwë. Mas infelizmente em O Senhor dos Anéis Gwaehir e Landroval são tidas como descendentes de Sorontar.
(...)
(...)
Resumindo: acredito que pode-se assumir que 'falar' não é um indício necessário de possessão de 'alma racional', ou fëa. Os Orcs eram animais de forma humana (para zombar de homens e elfos) deliberadamente pervertidos/convertidos em uma aparência mais próxima dos homens. Sua capacidade de 'falar' era na verdade um 'registro' ajustado neles por Melkor.
Até mesmo suas palavras críticas e rebeliosas - ele sabia sobre elas. Melkor ensinou-lhes a fala, e quando procriavam herdavam isso; e eles tinham tanta independência quanto, digamos, cavalos ou cachorros têm de seus donos. Essa fala é bastante ecoada (como a dos papagaios); em O Senhor dos Anéis diz-se que Sauron inventou uma linguagem para eles.
A mesma coisa aconteceu com Huan e as águias: eles foram ensinados a falar pelos Valar, e acresceram a um novo nível - mas ainda não tinham nenhum fëa.
[Home X: Morgoth's Ring - Myths VIII]
O que parece haver nesse estágio é o seguinte:[Home X: Morgoth's Ring - Myths VIII]
- Tolkien leva a sério o real parentesco entre Thorondor, Landroval e Gwaihir, estes eram realmente irmãos. Não trata-se de nenhuma metáfora.
- Parece haver aqui dois tipos de espíritos: os ainur, que não tem o dom de ter sua própria prole, e os filhos de Eru, que tem esse dom (humanos, elfos e anões, que seriam "adotivos"). Tolkien dispensa então a possibilidade de um terceiro tipo de espíritos, como na versão anterior, um tipo de espírito menor que encontrava-se na natureza.
- Esse texto na realidade é a respeito dos orcs e posteriormente é revisto no Myths X, mas o que parece mudar é a visão a respeito dos orcs, e não das águias e ents.
Eu tive dificuldade primeiramente em aceitar isso, afinal tais criaturas pareciam ter cultura, e Gwaihir era tratado como um igual por Gandalf. Mas, se pensarmos bem, todos os animais são tratados com cordialidade.
Além disso, não faria sentido Huan ser um maia e ser dado para Celegorm. E se lembrarmos que dragões, a sua maneira, tinham inteligência e grande lábia, não tendo fëa, tendo apenas uma parcela da parte de Melkor, fica fácil aceitar que as águias têm apenas parte do ser de Manwë. Assim como a espada de Eöl tinha parte de si, e todas outras obras sub-criativas.
O que me estranha nesse trecho é ele chegar nessa conclusão a respeito dos animais falantes, mas não a respeito dos ents, que também se reproduziam. Mas eu sempre considerei eles como tratando-se do mesma situação que as águias.
E por fim, tem esse conhecido trecho de O Silmarillion:
E Manwë falou: - Ó, Kementári, Eru pronunciou-se e disse: “Será que algum Vala supõe que eu não tenha ouvido toda a Música? Mesmo o som mais ínfimo da voz mais fraca? Vejam! Quando os Filhos despertarem, o pensamento de Yavanna também despertará, e ele convocará espíritos de muito longe, que irão se misturar aos kelvar e aos olvar, e alguns ali residirão e serão reverenciados, e sua justa ira será temida. Por algum tempo: enquanto os Primogênitos estiverem no apogeu, e os Segundos forem jovens.” Não te lembras agora, Kementári, que teu pensamento cantava, nem sempre sozinho? Que teu pensamento e o meu tampouco se encontravam, de modo que nós dois alçávamos vôo juntos como grandes aves que sobem acima das nuvens? Isso também irá se passar pela intenção de Ilúvatar; e, antes que os Filhos despertem, as Águias dos Senhores do Oeste surgirão com asas como o vento”.
[O Silmarillion - Capítulo II: De Aulë e Yavanna ]
O que eu sempre pensava é que esse trecho pertencia a mesma visão que os primeiros trechos, onde haviam espíritos em forma de falcões. Assim, estes dois trechos de O Silmarillion seriam versões ultrapassadas da visão de Tolkien sobre assunto, a versão válida seria a inexistência de fëa a neles. [O Silmarillion - Capítulo II: De Aulë e Yavanna ]
Mas o que recentemente li no artigo sobre águias na Wikipedia inglesa é que esse último trecho de O Silmarillion é datado de 1963, enquanto o Myths VIII é datado da década de 50. Assim, parece que Tolkien novamente mudou de opinião, admitindo a entrada de seres menores não-ainur-não-eruhíni ou talvez até ainur menores que, talvez por autorizarão de Eru, poderiam assumir tais formas de kelvar e olvar e terem prole. O problema é que desconheço maiores esclarecimentos do autor.
E então, o que vocês acham? Alguém tem mais alguma informação ou poderia confirmar qual versão é a mais coerente com as últimas visões de Tolkien?
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