Coisas do PJ.
Eu achei um Artigo meu mesmo, lá de 2005 sobre o assunto, que pode lançar alguma luz (ou não, sobre o assunto):
PELOS CABELOS DE LEGOLAS
http://www.valinor.com.br/6385
Esse é o tipo de discussão que os fãs ferrenhos adoram, os fãs mais convencionais acham estranha e talvez desnecessária e quem vê de fora acha absurda: mas, afinal, qual a cor dos cabelos de Legolas?
Se você quer uma resposta rápida e parar de ler por aqui, lá vai (pode decorar se quiser):
"impossível dizer com certeza, mas é mais provável que fossem escuros".
Continua por aqui? Bom, então vamos nos entranhar em citações, conjunturas e outras análises. Antes de mais nada precisamos esclarecer o por quê da questão ser tão confusa, que é o fato de termos informações contraditórias sobre cores de cabelo. No "O Hobbit" (Ê livrinho pra criar problemas...) temos a seguinte frase:
"... e na cabeceira de uma longa fila de pessoas sentava-se um rei da floresta com uma coroa de folhas sobre os cabelos dourados..."
(Moscas e Aranhas, O Hobbit)
Ou seja, o cabelo do rei da floresta era dourado. E temos no SdA:
"... e de uma moite de árvores saiu um elfo, vestido de cinza, mas com o capuz jogado pra trás. Seu cabelo reluzia como ouro ao sol matinal."
(Lothlórien, SdA)
O maldito cabelo do Elfo não-nomeado - não, não é Haldir -
"brilhou como ouro sob o sol da manhã". Sim, você quer saber o motivo do "maldito"? Explico. Olha esse trecho do Apêndice do SdA:
"Eram altos, de pele clara e olhos cinzentos, porém seus cabelos eram escuros, exceto na casa dourada de Finarfin"
(SdA, Apêndice F)
Tá explicado? Dois trechos são complicados e mutuamente exclusivos, a menos que exista algum descendente bastardo de Finarfin vagando incógnito pela Terra-média, deixando uma linhagem de Elfos de cabelos dourados. Existe essa possibilidade?
Não. Finarfin é o terceiro filho de Finwë e como Fëanor, o primogênito de Finwë, já nascera em Aman, Finarfin também nasceu, portanto a única possibilidade de alguém da linhagem de Finarfin ter ido para a Terra-média seria o Exílio dos Noldor. Os filhos de Finarfin de Fato foram ao Exílio: Finrod, Orodreth, Angrod, Aegnor e Galadriel. Finrod morreu sem jamais ter se casado, em Tol-in-Gaurhoth, defendendo Beren. Orodreth teve dois filhos, Finduilas
- que morreu sem que Túrin conseguisse salvá-la - e Haldir, também morto pelos Orcs, e a linhagem de Orodreth na Terra-média não deixa descendentes. Angrod e Aegnor morreram sem descendentes na Dagor Bragollach. Galadriel casou-se com Celeborn e teve uma filha, Celebrían, que se casou com Elrond e teve três filhos de cabelos negros. E como Tolkien não é nada afeito a "aventuras fora do casamento", podemos afirmar que não existiam descendentes de Finarfin vagando na Terra-média após a Primeira Era, exceto Galadriel, mas essa estava casada com Celeborn.
Caramba, se apenas os descendentes de Finarfin eram "dourados" e não existiam descendentes de Finarfin na Terra-média, de onde diabos apareceram esses Elfos amarelos aí? Alguém poderia dizer que seria de um Vanyar que se tornara Avar, mas o "Quendi e Eldar" do HoME 11 diz claramente que nenhum dos Vanyar se tornou Avari. Também sabemos que nenhum dos Vanyar pisou novamente na Terra-média com exceção da Guerra da Ira.
Vamos ver o que sabemos de Legolas: ele era filho de Thranduil, que era filho de Oropher. É dito que Oropher era um Sinda e como ele não aparece em nenhum dos contos da Primeira Era, ou era muito jovem ou nasceu na primeira metade da Segunda Era. Por volta do ano 1000 da Segunda Era alguns Sindar (Celeborn incluso) foram para leste para procurar novos reinos, Oropher deve ter sido um deles. Também é dito que Oropher morreu nas Batalhas da Última Aliança. Bom, então sabemos que Legolas era neto de um Elfo Sinda, e o que sabemos dos cabelos dos Sindar?
"Elwë possuía de fato um longo e belo cabelo de tonalidade prateada, mas esta não aparece ter sido uma característica comum entre os Sindar, embora fosse encontrada entre eles ocasionalmente, especialmente entre os parentes próximos ou remotos de Elwë (como no caso de Círdan). Em geral os Sindar pareciam bastante com os Exilados, tendo cabelos escuros, sendo fortes e altos mas ágeis."
(Quendi and Eldar, HoME 11)
Legolas aparentemente não era da linhagem de Elwë, pois Celeborn (ou Galadriel) não se refere a ele como parente. Fica difícil afirmar que Legolas teria cabelo prateado, ou seja, deveria ter cabelos escuros. Mais uma pequena citação do SdA parece apoiar essa teoria:
"Frodo levantou olhos para o elfo que se erguia imponente acima dele, observando a noite e procurando um alvo onde pudesse mirar. A cabeça escura estava coroada pelas estrelas brancas que reluziam contra os lagos escuros do céu."
(O Grande Rio, SdA)
Outra afirmação, embora circunstancial, apoiando a tese de um Legolas de cabelos escuros/negros é que Tolkien sempre enfatizou a cor dos cabelos dos personagens caso estes fossem prateados
ou dourados. E ele não o faz no caso de Legolas.
No final das contas, apesar da citação dO Hobbit e aquela frase estranha no SdA, fica difícil sustentar a existência de Elfos loiros na Terra-média. Todo o problema parece advir de uma "mistura de versões" em versões antigas e descartas (rascunhos do SdA), a citação do Apêndice F se aplicava apenas aos Noldor, o que nos leva a concluir que em alguma fase primária das mitologias Tolkienianas ele poderia ter cogitado sobre Elfos loiros fora dos Vanyar e da Casa de Finarfin, e isso pode ter passado em alguns resquícios nO Hobbit e SdA - assim como o nome "Glorfindel", para o qual ele teve que buscar uma explicação, afinal Glorfindel tinha morrido na primeira Era - mas que não se encaixam no âmbito maior e mais coeso das versões mais tardias da mitologia Tolkieniana.
Trocando pra miúdos, o que fica sobre Legolas? Que é difícil afirmar, temos afirmações pró e contra cabelos loiros, mas se tivessem perguntado a Tolkien enquanto ele estivesse vivo, eu apostava dérreal como ele diria "negros".
Eu acho esse trecho do apêndice F meio complicado de levar ao pé da letra, já que sabemos de pelo menos Idril como uma elda loira notável fora da casa de Finarfin, pois sua mãe Elenwë era uma vanya. Havia também Glorfindel e os elfos ruivos (da casa de Mahtan).
Sem falar que esse trecho é meio estranho, pois parece se referir a todos os eldar, e não só aos noldor, como tendo "dark locks", excetuando apenas casa de Finarfin. Como se os próprios vanyar não estivessem inclusos na exceção. No original, temos:
They [the Quendi] were a race high and beautiful, the older Children of the world, and among them the Eldar were as kings, who now are gone: the People of the Great Journey, the People of the Stars. They were tall, fair of skin and grey-eyed, though their locks were dark, save in the golden house of Finarfin; and their voices had more melodies than any mortal voice now is heard.
De fato, isso parece ter sido uma desatenção por parte de Tolkien. Em um rascunho do apêndice F, que aparece em The Book of the Lost Tales, temos que, como você observou, esse trecho refere-se apenas aos noldor:
For the Noldor belonged to a race high and beautiful, the elder Children of the world, who now are gone. Tall they were, fair-skinned and grey-eyed, and their locks were dark, save in the golden house of Finrod...
A respeito disso, sobre essa mudança no sentido, Christopher diz que encontra-se incapaz de determinar "how this extraordinary perversion of meaning arose". Me parece mais um equívoco como autor do que uma escolha deliberada.
Em Quendi and Eldar (texto de 1959-60, pós-SdA portanto), as coisas não são tão restritivas assim:
This name was probably given to the First Clan by the Ñoldor. They accepted it, but continued to call themselves most often by their old numerical name Minyar (since the whole of this clan had joined the Eldar and reached Aman). The name referred to the hair of the Minyar, which was in nearly all members of the clan yellow or deep golden. This was regarded as a beautiful feature by the Ñoldor (who loved gold), though they were themselves mostly dark-haired. Owing to intermarriage the golden hair of the Vanyar sometimes later appeared among the Ñoldor: notably in the case of Finarfin, and in his children Finrod and Galadriel, in whom it came from King Finwe s second wife, Indis of the Vanyar.
Aqui a casa de Finarfin é apenas um caso notável de 'intermarriage' entre vanyar e noldor através do qual os cabelos loiros apareceram entre os noldor. O que não é tão espantoso, pelo contrário, além dos casos envolvendo Idril e Glorfindel, é natural que outros noldor casem-se com vanyar (temos também o caso de Finrod que, embora não tenha se casado antes da rebelião com Amarië dos vanyar, tinha intenção de unir-se a ela e de fato o fez após retornar a Aman). Indo para um ponto de vista mais idealizado, é até esperado que o comportamento de Finwë, rei dos noldor, reflita de alguma forma a índole do seu povo - assim também entre nos noldor haveria uma afinidade considerável com os vanyar e esse tipo de 'intermarriage' seria comum e não apenas um traço exótico de Finwë.
De qualquer forma a loirice de Thranduil é curiosa, e herdeira do clima descompromissado de O Hobbit. Ainda assim, pode-se conjecturar hipóteses para acomodar esse fato dentro do legendário. Ora, sabemos que em Doriath os noldor da casa de Finarfin eram bem-vindos. É bem possível que, entre os elfos da casa de Finarfin (naquele sentido amplo de "casa", elfos ligados aos filhos de Finarfin mas sem necessariamente descenderem de Finarfin, como no caso de Gildor Inglorion), figure alguém que, como o próprio Finarfin, descenda de uma vanya. Pode ser que, assim, uma noldo loira tenha unido-se a um sinda e tenha como filho o avô ou bisavô de Thranduil, filho esse que seria ainda assim um sinda.
Parece espantoso, uma linhagem demasiada nobre para Thranduil, mas nem tanto, se lembrarmos que Thranduil e Amdír eram os únicos elfos reis fora das casas de Finwë, Ingwë, Elwë e Olwë, que a casa de Oropher reinou por entre três e cinco mil anos, mais do qualquer outro reinado na Terra-Média, e que esse reino fora o último reino élfico da Terra-Média.
Casamentos desses tipo ocorreram com Galadriel e com Orodreth (ambos loiros), este último casando-se com uma "sindarin lady of the north". Também Voronwë descendida de Aranwë, dos noldor, mas também era parente de Círdan, o que denota um casamento desse tipo. A única novidade seria que o noldo em questão seria ao mesmo tempo tanto loiro (como Idril, Orodreth ou Galadriel) quanto alguém de fora da casa de Finarfin (como decerto o antepassado noldo de Voronwë).
Um contraargumento é que Oropher e Thranduil lideram aqueles elfos que não amavam os noldor - ressentiam-se de sua presença em Doriath, da liderança de Gil-galad em Lindon, de seu alto-reinado e da influência dos noldor em Lothlórien. De fato, acomodar esses fatos nos levaria ainda mais longe nas especulações. Se insistimos por esse caminho, podemos colocar ao menos três hipóteses, não autoexcludentes: primeiramente, mais simples, a ascendência loiro-noldorin é distante, de forma que Oropher pouco se identificava com os noldor.
Em segundo lugar, pode ser que o casamento intercultural tenha se dado mesmo com certo rancor por parte do marido em relação ao povo da esposa, como se deu no caso de Aredhel, noldo, e Eöl, avar, que não nutria grande amor aos noldor. Uma ascendência vanya, aliás, tornaria mais plausível esse processo, pela própria singularidade dos vanyar e sua identidade distinta dos noldor. Aliás, se lembrarmos que Aredhel é neta de vanya, ela não nasceu loira apenas por um acaso. Ela poderia ter sido loira caso seu pai Fingolfin fosse loiro ou se de algum jeito recuperasse a cor dos cabelos de sua avó (processo que
parece ter acontecido com Celegorm e Caranthir, daí seus epítetos the fair e the dark).
A semelhança não pára por aí: Eöl parece ter ligação com os elfos nandor/avar que migraram para Beleriand tempos depois que os sindar ali estabelecerem-se. De fato, Tolkien menciona em texto que os nandor eram 'virtualmente' avari, e mesmo O Senhor dos Anéis ignora a distinção entre nandor e avari, colocando os eldar como a soma dos elfos de Aman e os sindar apenas (essa dubiedade quanto ao caráter 'eldarin' dos nandor já existia, aliás, antes de O Senhor dos Anéis). Entre esses elfos nandor/avari, muitos elfos de Ossiriand não nutriam, como Eöl, amor aos exilados. Parte desses elfos viveram em Arthórien, no reino de Doriath, após a queda de Denethor, e Saeros, do conto de Túrin, era filho de seu chefe e membro do conselho de Thingol - esses elfos (guest-elves) nutriam sentimentos bem parecidos com os sentimentos de avari como Eöl e os sentimentos "sindar aventureiros" que Tolkien menciona terem se movido para o leste, liderados por Oropher e Amdír, e é bem possível que parcela considerável dos grupos liderados por Oropher ou Amdír ou por outros sindar aventureiros sejam constituídos de descendentes dos (ou os próprios) avari de Beleriand e guest-elves.
Seguem trechos no final do post sobre esses três grupos de elfos, que me faz entrever uma certa identidade entre eles, de forma que Eöl e Aredhel seria um antecedente bastante plausível de uma possível união que pudesse dar cabelos loiros a Thranduil - e se lembrarmos que Maeglin, o único elfo relatado nas histórias que beneficiou mais ativamente Morgoth, proveio dessa união, então os rancores de Oropher e Thranduil parecem pequenos, e não é mais tão absurdo que esses dois elfos descendam dos noldor ou dos vanyar por um antepassado feminino e mais distante.
Outro antecedente de um casamento desse tipo é o casamento de Amroth, elfo de Doriath, e Nimrodel, elfa silvestre, que ressentia a presença dos elfos do oeste, incluindo os sindar dos quais Amroth descendia.
Em terceiro lugar, Tolkien parece com o tempo ter visto com melhores olhos os elfos que não seguiram os valar, ou ao menos parte deles. Em um texto de Contos Inacabados ele menciona o "antigo erro" da convocação dos valar, a criação de Pelóri aparenta ser um equívoco em Myths VII, e até
em entrevista Tolkien coloca a convocação dos valar como um erro e parece ver os avari como humildes, que não desejavam mais do que aquilo que já tinham. Talvez Thranduil represente não o rancor de Eöl ou Saeros, e sim essas virtudes originais dos avari (ou virtudes que, uma vez degeneradas, originam aquele rancor). Sendo assim, a ascendência vanya, ainda que distante, não parece desperdiçada em Thranduil (o que ocorreria se ele fosse um elfo pequeno em virtudes), seria uma marca de nobreza que tenha motivado, em parte, sua realeza, e significativa se lembramos que os vanyar são descritos como humildes a sua própria maneira, abandonando Tirion e vivendo aos pés de Manwë.
Se a segunda e terceira eras foram o crepúsculo dos elfos, a Quarta Era seria a noite. Dessa forma o reino de Thranduil seria assim uma espécie de farol para os nandor e avari, os elfos do leste - que os livrava tanto daquele "antigo erro" dos valar como também purificaria seus ressentimentos em relação a eles. Ele seria o último bastião élfico que uniria os elfos na Quarta Era, e, quem sabe, os conduziria aos Portos, engrandecidos aos seu próprio modo - uma espécie de purgatório para esses elfos ainda não preparados para rumar ao Oeste. Assim como o rebelião dos noldor fora um ato rebelde que, por graça do destino, trouxe sabedoria divina à Terra-Média, em especial aos edain, também esses sindar aventureiros, ainda que de certa forma 'rebeldes', trazem sabedoria aos elfos do leste. De fato, muitos fatos da Segunda e Terceira Era parecem versões diminutas dos fatos da Primeira Era. E como não há ato inteiramente bom em Arda Corrupta, também as 'rebeliões' não foram um mal em seu todo, tanto em suas consequências como também em suas motivações - parte da motivação desses atos (que não deixam de ser decaídos, sem dúvida) reside no reconhecimento de que a vida sob a sombra das Pelóri é um erro e fruto da corrupção de Melkor sobre a história do mundo.
Segue abaixo três trechos. O primeiro sobre os avari, incluindo Eöl, o segundo sobre os nandor e os guest-elves, e o terceiro sobre os sindar aventureiros liderados por Oropher e Amdír. Percebe-se certa semelhança entre todos eles, e, arrisco a dizer, uma espécie de 'gradação', onde os elfos de Thranduil seriam os mais elevados e menos rancorosos, os guest-elves estariam no meio termo e os avari no extremo oposto.
Somewhat later the Sindar became aware of Avari, who had crept in small and secret groups into Beleriand from the South. (...) Any individual Avar who joined with or was admitted among the Sindar (it rarely happened) became a Calben*; but the Avari in general remained secretive, hostile to the Eldar, and untrustworthy; and they dwelt in hidden places in the deeper woods, or in caves.
(...)
The 'Dark-elves', however, often were hostile, and even treacherous, in their dealings with the Sindar and Noldor; and if they fought, as they did when themselves assailed by the Orcs, they never took any open part in the War on the side of the Celbin*. They were, it seems, filled with an inherited bitterness against the Eldar, whom they regarded as deserters of their kin, and in Beleriand this feeling was increased by envy (especially of the Amanyar), and by resentment of their lordliness. The belief of the Celbin that, at the least, they were weaker in resistance to the pressures or lies of Morgoth, if this grievance was concerned, may have been justified; but the only case recorded in the histories is that of Maeglin, the son of Eol. Eol was a Mornedhel** (...)
(Author's Notes to Quendi and Eldar, The War of the Jewels)
*'peoples in alliance in the War against Morgoth'
** avar, em especial 'Avari as came into Beleriand'
(...) 'the Nandor had turned away, never seen the Sea or even Osse, and had become virtually Avari. They had also picked up various Avari before they came back west to Ossiriand.' Of those Nandor who took refuge in Doriath after the fall of Denethor it is said: 'In the event they did not mingle happily with the Teleri of Doriath, and so dwelt mostly in the small land Eglamar, Arthorien under their own chief. Some of them were "darkhearted", though this did not necessarily appear, except under strain or provocation.' 'The chief of the "Guest-elves", as they were called, was given a permanent place in Thingol's council'; and Saeros (...) was 'the son of the chief of the Guest-elves, and had been for a long time resident in Menegroth'.
(trechos de uma 'note (...) among the Narn papers', The War of the Jewels)
Oropher era de origem sindarin, e sem dúvida seu filho Thranduil estava seguindo o exemplo do Rei Thingol de outrora, em Doriath; apesar de seus salões não se compararem com Menegroth. Thranduil não tinha as artes, nem a riqueza nem o auxílio dos anões; e em comparação com os elfos de Doriath sua gente silvestre era rude e rústica. Oropher viera ter com eles, apenas com um punhado de sindar, que logo se misturaram aos elfos silvestres, adotando sua língua e assumindo nomes de forma e estilo silvestres. Fizeram isso deliberadamente, pois eles (e outros aventureiros semelhantes esquecidos nas lendas ou mencionados apenas brevemente) vinham de Doriath após sua ruína e não tinham o desejo de abandonar a Terra-média, nem de se misturarem aos demais sindar de Beleriand, dominados pelos Exilados Noldorin pelos quais a gente de Doriath não sentia grande apreço. Desejavam na verdade tornar-se gente silvestre e voltar, conforme diziam, à vida simples, natural aos elfos antes que o convite dos Valar a tivesse perturbado.
(Contos Inacabados)
Sobre o cabelo de Legolas em si, o único trecho de O Senhor dos Anéis que fala a respeito é bastante dúbio; pode fazer referência a cabelos negros, mas é bem possível que faça referência à falta de luz, conforme percebe-se pelo contexto:
Continuaram lutando, remada após remada. Na escuridão, era difícil ter certeza de que estavam realmente se movendo; mas devagar a força da água em redemoinho foi amainando, e a sombra da margem se apagou dentro da escuridão. Finalmente, pelo que podiam julgar, estavam no meio do Rio outra vez, e haviam recuado os barcos afastando-se bastante das rochas salientes. Então, viraram os barcos para o Oeste e os conduziram com toda sua força para a margem. Sob a sombra de arbustos curvados sobre a água, pararam para tomar fôlego.
Legolas soltou seu remo e pegou o arco que havia trazido de Lórien. Então pulou para a praia e subiu alguns passos na margem. Puxando a corda e encaixando nela uma flecha, ele se voltou, espiando por sobre o Rio na escuridão. Do outro lado ouviam-se gritos agudos, mas não se podia ver nada.
Frodo levantou os olhos para o elfo que se erguia imponente acima dele, observando a noite e procurando um alvo em que pudesse mirar. A cabeça escura estava coroada pelas estrelas brancas que reluziam contra os lagos escuros do céu. Mas agora, levantando-se e navegando do Sul, as nuvens avançavam enviando batedores escuros para os campos estrelados. Um terror repentino dominou toda a Comitiva.