Melian
Período composto por insubordinação.
Quando o Phantom Lord me avisou que Pixies tinha vencido, eu senti um misto de felicidade e tristeza. Dei um sorriso, involuntário, e, depois, pensei algo bem do tipo, e agora, Cleonice? Não é fácil escolher cinco momentos preferidos/ marcantes da sua vida, é? Pois é, digamos que minha relação com Pixies seja forte a esse ponto. Não conheci a banda de um jeito muito convencional (como vocês podem ver aqui), mas, muitos de vocês, aqui no fórum, devem entender disso, já que muita gente aqui conheceu namorado (a)/ marido (esposa) em um fórum de internet, por causa de Tolkien. Eu conheci Pixies por causa da minha já alardeada curiosidade, e vocês não imaginam como foi a minha surpresa quando percebi que Pixies me conhecia! Sim, aquelas músicas com toques surrealistas, que falavam sobre aquilo que as pessoas evitam falar: o estranho, a estranha loucura que nos move... aquelas músicas pareciam o roteiro de uma viagem ao meu mundo. Aí chegou o momento em que eu não conseguia mais separar o meu mundo do mundo de Pixies. Pronto. Não tinha mais volta. E se tivesse? Eu não voltaria. Eu não voltaria porque Pixies é, para mim, a melhor tradução de que não é preciso fazer sentido para existir. Na realidade, o que existe é a falta de sentido e, como não sabemos lidar com ela, tentamos atribuir sentido a tudo. Eu escolhi ser a Lady in the Radiator Song. David Linch me entenderia. Para quem não conhece a banda, o Phantom criou um tópico FODA no Meia Palavra. Não deixem de conferir. Apreciem SEM moderação: Pixies.
Hora da escolha, né? Um aviso, NUNCA, NUNCA, NUNCA que conseguirei dizer que alguma música da banda não seja minha preferida. Sabem aquele lance de que o fato de você ser fã não te impede de dizer que a banda tem músicas ruins? Funciona comigo, com todas as outras bandas que adoro, mas não com Pixies. Para mim, Pixies, realmente, não tem nenhuma música que eu não goste. Então, sim, gosto de todas, e o que tentarei fazer, é pegar algumas mais representativas, só isso. E falharei, miseravelmente.
1 - Velouria (Bossanova, 1990)
Certa vez, ao ser interrogada se acreditava em disco voador, eu respondi: "Eu acredito em Raul Seixas e em Pixies". A pessoa, fã de Raul e de Pixies, compreendeu o que eu disse. Mas não sei as pessoas conseguem compreender qual é o maior trunfo de Velouria. O Bossanova é um álbum simpático. Se for ouvido com TODO O CORPO, ele será SENTIDO. Mas as pessoas não entendem a irônica magia de Velouria. A introdução da música, com um apelo melódico romanceado, nos prepara para uma canção melosinha e tal, mas aí nos deparamos com um aviso de que we'll trampoline finally through the roof on to somewhere near and far in time... vamos pular até fugirmos da lógica, do tempo, de tudo o que é convencional, vamos para as sobrenaturais histórias californianas, vamos! Pixies, com o muito que bebeu do punk, aponta, sempre, para o não convencional, enquanto "cava" por fogo, como podemos ouvir na selvagemente sensual "Digging For Fire", mais uma canção do belíssimo Bossanova. Menção honrosa: Is She Weird, que acabou virando o nome do meu tumblr.
2- Where is my mind? (Surfer Rosa, 1988)
Nas canções de Pixies, tudo existe, tudo é verdade, até as inverdades. Principalmente as inverdades. Surfer Rosa é estranhamente perfeito. Fico triste com quem não consegue captar a MAGIA desse álbum. Eu acho impossível que alguém consiga não se deixar envolver pela gritaria insana do Francis. O cara tritura suas cordas vocais, faz da autodestruição a sua arte. E o backing suave, sensualmente sussurado da Kim Deal? E a guitarra que SE TRANSFORMA EM PESSOAS, de tanta vida que flui de suas cordas, do Joey Santiago? E as batidas fortes do David Lovering, em uma bateria que, sim, é o ACELERADO, DESCOMPASSADO coração da banda? Resultado: transe coletivo. O álbum, inteiro, é digno de nota. Eu poderia, e até queria, falar, demoradamente, sobre cada canção, mas preciso falar apenas sobre uma. O que dizer sobre a pergunta mais filosófica que se pode fazer? É preciso ter uma mínima noção de que tudo está flutuando para se conseguir perguntar Where is my mind? Acho que essa é uma pergunta atemporal. Acho, até, que é a pergunta que a Geração perdida se fazia, por meio dos seus livros, telas, etc. A minha mente está no barulho, som de garagem, no mistério, no Surf, nas coisas desconexas, no sobrenatural, nos créditos de Clube da luta, com tudo (e a minha própria mente), se explodindo. A minha mente está na proposta de estar no mundo por meio do não estar. Para que manter os pés no chão se eles podem estar no ar? With your feet on the air and your head on the ground...
3- Debaser (Doolittle, 1989)
HEY! I BEEN TRYING TO MEET YOU! É o que esse álbum falou para mim, desde a primeira vez em que, paralisada, engoli cada acorde musical que ele me apresentou. Para que dizer o que todo mundo diz sobre Doolittle, hein? É aquela velha história, que eu sempre digo, e que TODOS os fãs de Pixies sempre dizem: esse álbum é tão foda que até parece uma coletânea. Eu já devo ter falado isto umas mil vezes, mas é interessante saber que Smell Like Teen Spirit foi uma tentativa do Kurt Cobain de fazer algo como Debaser. E todo mundo sabe que Debaser fala sobre o clássico, e insólito, “Um cão andaluz”, de Buñuel. E isso eu não sei se já falei em algum tópico (provavelmente, falei no tópico de "Meia-noite em Paris"), eu IDOLATRO o Buñuel. E toda a sujeira harmônica da música, faz com que ela nos diga, o tempo inteiro: Don't know about you, but I am un chien Andalusia.
4- Planet Of Sound (Trompe Le Monde, 1991)
Fã é uma merda! Acho Trompe Le Monde um álbum tão subestimado, que fico tentada a defendê-lo por horas e horas e horas. Quando interrogado sobre o motivo de a banda ter acabado (sim, claro, antes de eles voltarem, antes de tudo, muito antes do show que eu não pude ir , etc.), o Frank Black disse que é porque eles já tinham experimentado de tudo com Pixies. Eu acho que, embora pareça exagerada, essa fala tem lá um sopro de sentido. Trompe Le Monde é a síntese desses experimentos. É um álbum pesado, maduro, que antecipou muito do que as bandas que despontaram no fim da década de 1990 e durante a década de 2000 fizeram, como se pode perceber ao ouvir Trompe le Monde, canção que dá nome ao álbum, a irônica U-Mass, Alec Eiffel, The Sad Punk, etc. Elegi Planet of Sound para representar o álbum porque gosto da luta entre a voz e os instrumentos para decidirem quem faz mais barulho, para alcançar todos os lugares do planeta terra. O mundo começou com o Big Bang? Balela, o mundo começou é com a explosão musical de Planet of Sound.
5 - I've been tired (Come on Pilgrim [EP], 1987)
Nunca indico o Come on Pilgrim para quem ainda não é fã de Pixies. É o tipo de coisa que só fã consegue curtir, porque ele ainda não mostra Pixies em toda sua (não) coerência. Ele tem pinceladas do que Pixies viria a ser. Então, quando você passa por Doolittle, Bossanova, Surfer Rosa e Trompe Le Monde, sente a necessidade de ver o "como tudo começou". Come on Pilgrim te permite ver isso. Gosto de I'ven been tired pela sua coragem de ser um diálogo, de ser um diálogo não púdico, de falar sobre os desejos mais reprimidos de uma forma GRITADA, RASGADA, DISTORCIDA, e até bem humorada. Quem, por pelo menos um segundo, nunca quis cantar como Lou Reed? Mas eu Quero ser John Malkovich.
Hora da escolha, né? Um aviso, NUNCA, NUNCA, NUNCA que conseguirei dizer que alguma música da banda não seja minha preferida. Sabem aquele lance de que o fato de você ser fã não te impede de dizer que a banda tem músicas ruins? Funciona comigo, com todas as outras bandas que adoro, mas não com Pixies. Para mim, Pixies, realmente, não tem nenhuma música que eu não goste. Então, sim, gosto de todas, e o que tentarei fazer, é pegar algumas mais representativas, só isso. E falharei, miseravelmente.
1 - Velouria (Bossanova, 1990)
Certa vez, ao ser interrogada se acreditava em disco voador, eu respondi: "Eu acredito em Raul Seixas e em Pixies". A pessoa, fã de Raul e de Pixies, compreendeu o que eu disse. Mas não sei as pessoas conseguem compreender qual é o maior trunfo de Velouria. O Bossanova é um álbum simpático. Se for ouvido com TODO O CORPO, ele será SENTIDO. Mas as pessoas não entendem a irônica magia de Velouria. A introdução da música, com um apelo melódico romanceado, nos prepara para uma canção melosinha e tal, mas aí nos deparamos com um aviso de que we'll trampoline finally through the roof on to somewhere near and far in time... vamos pular até fugirmos da lógica, do tempo, de tudo o que é convencional, vamos para as sobrenaturais histórias californianas, vamos! Pixies, com o muito que bebeu do punk, aponta, sempre, para o não convencional, enquanto "cava" por fogo, como podemos ouvir na selvagemente sensual "Digging For Fire", mais uma canção do belíssimo Bossanova. Menção honrosa: Is She Weird, que acabou virando o nome do meu tumblr.
2- Where is my mind? (Surfer Rosa, 1988)
Nas canções de Pixies, tudo existe, tudo é verdade, até as inverdades. Principalmente as inverdades. Surfer Rosa é estranhamente perfeito. Fico triste com quem não consegue captar a MAGIA desse álbum. Eu acho impossível que alguém consiga não se deixar envolver pela gritaria insana do Francis. O cara tritura suas cordas vocais, faz da autodestruição a sua arte. E o backing suave, sensualmente sussurado da Kim Deal? E a guitarra que SE TRANSFORMA EM PESSOAS, de tanta vida que flui de suas cordas, do Joey Santiago? E as batidas fortes do David Lovering, em uma bateria que, sim, é o ACELERADO, DESCOMPASSADO coração da banda? Resultado: transe coletivo. O álbum, inteiro, é digno de nota. Eu poderia, e até queria, falar, demoradamente, sobre cada canção, mas preciso falar apenas sobre uma. O que dizer sobre a pergunta mais filosófica que se pode fazer? É preciso ter uma mínima noção de que tudo está flutuando para se conseguir perguntar Where is my mind? Acho que essa é uma pergunta atemporal. Acho, até, que é a pergunta que a Geração perdida se fazia, por meio dos seus livros, telas, etc. A minha mente está no barulho, som de garagem, no mistério, no Surf, nas coisas desconexas, no sobrenatural, nos créditos de Clube da luta, com tudo (e a minha própria mente), se explodindo. A minha mente está na proposta de estar no mundo por meio do não estar. Para que manter os pés no chão se eles podem estar no ar? With your feet on the air and your head on the ground...
3- Debaser (Doolittle, 1989)
HEY! I BEEN TRYING TO MEET YOU! É o que esse álbum falou para mim, desde a primeira vez em que, paralisada, engoli cada acorde musical que ele me apresentou. Para que dizer o que todo mundo diz sobre Doolittle, hein? É aquela velha história, que eu sempre digo, e que TODOS os fãs de Pixies sempre dizem: esse álbum é tão foda que até parece uma coletânea. Eu já devo ter falado isto umas mil vezes, mas é interessante saber que Smell Like Teen Spirit foi uma tentativa do Kurt Cobain de fazer algo como Debaser. E todo mundo sabe que Debaser fala sobre o clássico, e insólito, “Um cão andaluz”, de Buñuel. E isso eu não sei se já falei em algum tópico (provavelmente, falei no tópico de "Meia-noite em Paris"), eu IDOLATRO o Buñuel. E toda a sujeira harmônica da música, faz com que ela nos diga, o tempo inteiro: Don't know about you, but I am un chien Andalusia.
4- Planet Of Sound (Trompe Le Monde, 1991)
Fã é uma merda! Acho Trompe Le Monde um álbum tão subestimado, que fico tentada a defendê-lo por horas e horas e horas. Quando interrogado sobre o motivo de a banda ter acabado (sim, claro, antes de eles voltarem, antes de tudo, muito antes do show que eu não pude ir , etc.), o Frank Black disse que é porque eles já tinham experimentado de tudo com Pixies. Eu acho que, embora pareça exagerada, essa fala tem lá um sopro de sentido. Trompe Le Monde é a síntese desses experimentos. É um álbum pesado, maduro, que antecipou muito do que as bandas que despontaram no fim da década de 1990 e durante a década de 2000 fizeram, como se pode perceber ao ouvir Trompe le Monde, canção que dá nome ao álbum, a irônica U-Mass, Alec Eiffel, The Sad Punk, etc. Elegi Planet of Sound para representar o álbum porque gosto da luta entre a voz e os instrumentos para decidirem quem faz mais barulho, para alcançar todos os lugares do planeta terra. O mundo começou com o Big Bang? Balela, o mundo começou é com a explosão musical de Planet of Sound.
5 - I've been tired (Come on Pilgrim [EP], 1987)
Nunca indico o Come on Pilgrim para quem ainda não é fã de Pixies. É o tipo de coisa que só fã consegue curtir, porque ele ainda não mostra Pixies em toda sua (não) coerência. Ele tem pinceladas do que Pixies viria a ser. Então, quando você passa por Doolittle, Bossanova, Surfer Rosa e Trompe Le Monde, sente a necessidade de ver o "como tudo começou". Come on Pilgrim te permite ver isso. Gosto de I'ven been tired pela sua coragem de ser um diálogo, de ser um diálogo não púdico, de falar sobre os desejos mais reprimidos de uma forma GRITADA, RASGADA, DISTORCIDA, e até bem humorada. Quem, por pelo menos um segundo, nunca quis cantar como Lou Reed? Mas eu Quero ser John Malkovich.
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