Fúria da cidade
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Uma série de casas em forma de cubos (Kubuswoningen) em Roterdã, nos Países Baixos, desperta curiosidade e até vertigem em do mundo todo. Mas apesar de parecer ter saído de um filme de ficção científica, o complexo de construções é realmente funcional: ele abriga residências, escritórios e museus na região de Oude Haven — o antigo porto da cidade — próximo à estação de trem de Blaak.
Concebido nos anos 70, o projeto é assinado pelo famoso arquiteto estruturalista Piet Blom, que ficou encarregado de revitalizar Roterdã. Até então a paisagem da cidade carregava o peso dos prédios acinzentados da segunda fase do modernismo holandês, herança das reconstruções pós-Segunda Guerra, já que muito do colorido e da ousadia do movimento De Stijl havia se perdido com o bombardeiro nazista de 1940.
Blom então recuperou conceitos do movimento, assim como a concepção do urbanista francês Le Corbusier de que as áreas sob os prédios devem permanecer públicas.
O resultado? "Os prédios mais estranhos de toda a cidade", como categorizou a rede americana NBC, uma ideia ambiciosa com 38 cubos e dois "supercubos" que foram finalmente erguidos entre 1982 e 1984.
De acordo com as próprias autoridades de turismo dos Países Baixos, a inspiração para o projeto seria uma casa na árvore. Cada uma das casas possui uma base como um "tronco" hexagonal com três pilares de concreto rodeado por paredes no mesmo material, além de uma "copa" — onde o cubo em madeira fica localizado a 53,5º de inclinação. Juntas, elas formam uma verdadeira floresta e sobre elas é como se houvesse um vilarejo suspenso.
Entrar em uma das Kubuswoningen não é exatamente fácil: não há paredes retas no seu interior e é preciso subir uma escada para chegar ao segundo andar do tronco e ao cubo na copa, no terceiro andar. Algumas partes possuem pé direito de apenas 1,5 metro, então é preciso tomar cuidado para não bater a cabeça em algum lugar.
Quarto e banheiro estão situados no segundo andar, enquanto o loft no topo se torna um quarto adicional, depósito ou solário, dependendo das preferências do morador.
Nos seus vãos, as áreas comuns são conhecidas como Overblaak e incluem quatro praças com áreas verdes, regularmente usadas para eventos culturais — até desfiles de moda já aconteceram por lá. Cada casa é identificada por um número: por exemplo, a Overblaak 30 é o Kunstkubus, um museu residencial e galeria de arte que exibe obras artistas locais.
No Overblaak 94, está localizado o Schaakstukkenmuseum, o Museu das Peças de Xadrez. Mas quem quer mesmo explorar os espaços e a história das Kubuswoningen deve parar no Overblaak 70, também conhecido como Kijk-kubus, o museu público sobre as casas de cubos. Cada uma das casas está avaliada em cerca de 280 mil euros (R$ 1,63 milhão).
O brasileiro Gustavo Pozzato esteve no museu no número 70 e mostra a experiência "vertiginosa" dentro de uma das Kubuswoningen:
No entanto, a própria equipe do museu Kijk-kubus alerta que viver na vizinhança não é para quem tem mobilidade reduzida, graças às escadas, vãos estreitos e espaço limitado de 100 m² por unidade. Quem quer uma experiência semelhante pode se hospedar no StayOkay, albergue localizado em um dos supercubos.
Quem curte férias ou fixa residência na "Floresta de Blaak" (Blaak Florest, um dos apelidos das Kubuswoningen) ainda tem ao seu redor o mercado da cidade e a biblioteca. Interessados em visitar o museu, totalmente mobiliado como as outras casas, pode chegar ao número 70 sete dias por semana, sempre entre 11h e 17h.
A entrada custa 3 euros (R$ 17,45) por pessoa, mas idosos e estudantes pagam 2 euros (R$ 11,65). Já o custo de bilhetes para crianças até 12 anos é de 1,50 euro (R$ 8,75). Mais informações no kubuswoning.nl.
Casas-cubo provocam vertigem e entrada é um verdadeiro quebra-cabeça
Uma série de casas em forma de cubos (Kubuswoningen) em Roterdã, nos Países Baixos, desperta curiosidade e até vertigem em do mundo todo. Mas apesar de parecer ter saído de um filme de ficção científica, o complexo de construções é realmente funcional:
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