Turgon
犬夜叉
Lista dos Filmes de Anime do FUSA.
Depois de muito pensar escolhi 5. Retirei 2 que eu citei no 5 Favoritos de Cinema (ver: Lista 5 Cinema) porque me pareceu um critério interessante pra poder citar outros. Ambos estariam nesta lista, Omohide em primeiro e Kumo em quinto.
Restringi a participação do Miyazaki ao que considero sua obra prima, e com dor no coração deixei de fora Mimi wo Sumaseba. A versão de Country Road em japonês está na minha cabeça desde a primeira vez que ouvi.
Também fiquei triste por não ter incluido Oseam, que na realidade é coreano. É uma história linda e similar a Hotaru no Haka para os que curtiram esse longa.
Muitos outros longas (19, Goshu, Sennen Joyu, etc) ficaram de fora e fica a lembrança.
Mas vamos à lista real.
1) Nausicaä do Vale do Vento (Kaze no tani no Naushika; 1984) - Hayao Miyazaki
Para mim é sua obra prima. Baseado em um mangá de 82, é considerado a obra que marcou a fundação do já lendário estúdio Ghibli.
A história se passa em um futuro apocalíptico onde o ser humano convive em um ambiente completamente hostil. Insetos gigantes, atmosfera tóxica, guerras e disputas políticas entre civilizações formam o background para a história focada em torno da Princesa Nausicaä em busca da harmonia.
Tocou no assunto de preservação de meio ambiente em plena década de 80 e foi utilizada por ambientalistas como uma bandeira por um tempo. Expos toda a sujeira que o ser humano pode chegar quando posto em situações extremas de desconforto.
O desenrolar da cena em que Nausicaä cai abaixo do nível da copa das árvores que formavam o piso do ambiente em que viviam para descobrir que na realidade aquela situação não passava de um mecanismo de defesa do ecosistema é fantástica. Me ganhou nesse ponto.
A qualidade de animação como sempre é impecável em praticamente qualquer obra da Ghibli, e nesse não há excessão.
2) Ocean Waves (Umi Ga Kikoeru; 1993) - Tomomi Mochizuki
Mais uma da Ghibli. Provavelmente uma das obras mais modestas em comparação aos demais longas do estúdio.
Mas é na simplicidade que esse filme cativa. De forma similar a Omohide Poro Poro, trata de uma história sobre pessoas amadurecidas refletindo sobre o passado.
Neste caso a história de fundo é a reunião depois de muitos anos de um grupo de estudantes. Enquanto vamos conhecendo o personagem principal, vamos tendo flashbacks das situações ocorridas durante o período em que estudavam juntos.
Destaca-se a lembrança de uma garota deslocada do grupo por ter sido criada toda a vida em cidade grande e ter se mudado para uma região mais modesta.
O filme retrata as situações de discussões, relacionamentos, amizade de uma forma muito sutil.
Marcou-me muito quando ainda era jovem (assisti essa animação com 14 ou 15 anos) a conversa entre os amigos depois de passado tantos anos. Como nos apegamos a coisas tão tacanhas e pequenas quando temos pouca idade. E como tudo daquela época parece menos complexo e mais bobo a medida que seu mundo cresce com o passar dos anos.
3) Royal Space Force: The Wings of Honneamise (Oritsu Uchugun: Oneamisu no Tsubasa; 1987) - Hiroyuki Yamaga
Esse talvez tenha sido a obra de estréia mais ambiciosa para um estúdio de animação. E só poderia ser de um estúdio que com o passar dos anos se mostrou capaz de produzir obras eternas como as séries Evangelion e Karekano. Falo da Gainax.
O enredo se passa em um mundo paralelo industrial onde conhecemos o protagonista. Ele segue sua vida como muitos se passam no nosso mundo real, vivendo dia-a-dia, trabalhando sem muitas motivações, preguiçosamente e sem muita ambição. Ao conhecer uma garota que o inspira com sua devoção e demonstrações de superação, ele decide se dedicar a se tornar o primeiro homem a ser lançado ao espaço em uma nave.
Os traços e o enredo diferem completamente das duas animações acima. É mais escuro, personagens com traços mais rusticos, mais próximos da realidade. A atenção aos detalhes impressiona.
Essa animação foi uma das primeiras que me convenceu que esse gênero não é exclusivo do público infantil, ou que necessariamente precisa ser direcionada em algum momento a esse publico. Não é Simpsons ou Pixar que "adulto também curte, mas que a criançada assistirá contente". Honneamise é um filme dificil de se assistir, mas a experiência compensa.
4) Gen Pés Descalços (Hadashi no Gen; 1983) - Mori Masaki
Esse filme é forte. É real.
A história se passa sobre a vida de uma família rural que viviam em Hiroshima no período da Segunda Guerra. Baseado em um novel, o assunto já havia sido abordado no clássico filme dos anos 50 Genbaku no Ko.
A primeira parte do filme funciona para apresentar todos os personagens, incluindo Gen, o filho do meio do casal. A segunda parte mostra a luta com que os sobreviventes tiveram que ter para não sucumbirem aos efeitos da radiação do pós-bomba.
Mas são as cenas da transição entre a primeira parte e a segunda que ficam grudadas a ferro e fogo em quem assiste. Em Genbaku no Ko há uma cena similar, mas por opção e por falta de efeitos especiais disponíveis, a cena tem mais efeito cênico e simbolico. Já em Hadashi no Gen a coisa é crua e explícita, talvez só realmente com animação haveria como se fazer dessa forma sem causar transtornos ainda maiores no espectador.
Um filme recomendado aos que tiveram acesso apenas a Pearl Harbors da vida, mas não sabem o tormento que 2 bombas atômicas causaram próximo das vitimas. Não ver apenas uma cena simples de cogumelo explosivo, mas sim ver as consequencias nos civis afetados por esse cogumelo.
Há uma continuação (Hadashi no Gen 2). Mas eu não recomendaria muito. Não complementa a história e começa a parecer filme propaganda.
A animação não é impecável. Os niveis de detalhes foram concentrados nas cenas citadas, no restante do longa há como se notar algumas quedas de qualidade. Mas nada que seja escandaloso.
Não haveria como se esperar algo diferente da também obra de estréia da Mad House, que produziria depois animações clássicas e perturbadas como Perfect Blue, Metropolis, Millenium Actress, Monster, etc.
5) Taro the Dragon Boy (Tatsu no Ko Taro; 1979) - Kiriro Urayama / Peter Fernandez
A Toei é talvez o estúdio mais tradicional e clássico. Fundada na década de 40 e produzindo animações desde a década de 50 com Hakuja Den. A lista de sucessos desde essa década até os dias de hoje eu nem me darei o trabalho de citar, todos conhecem.
Mas a obra de 79 baseado em um folclore japonês foi um que me chamou a atenção recentemente.
Somos introduzidos a história do menino que nasce de um dragão que outrora fora uma mulher cujas ações lhe renderam essa punição. Passamos então a vagar pelos vales quando Taro conhece a historia de sua origem contada por sua avó, e decide encontrar o lago onde sua mãe supostamente estaria aguardando.
No caminho recebe ajudas, cai em armadilhas de onis, passa por dificuldades, etc. Como em toda boa história folcórica, o protagonista precisa ser testado.
Impressionou-me muito a qualidade da animação para a época em que foi produzido. A escolha artística dos traços foram muito bem feitos e tornam-no uma animação de encher os olhos.