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Cuidado com duas pragas ideológicas: a Quarta Teoria Política e o Libertarianismo

Caio Alves

Asuka Langley Soryu
A Quarta Teoria Política e o libertarianismo são os extremos opostos do Political Compass. O primeiro é o máximo do socialismo no eixo econômico e o máximo de autoritarismo no eixo social. O segundo é o máximo de liberalismo no eixo econômico e liberalismo no eixo social. O que estas duas ideologias têm em comum? A primeira característica em comum é o fato delas não serem de esquerda. A Quarta Teoria Política, segundo seus defensores, seria a superação da dicotomia esquerda/direita. O libertarianismo, segundo alguns de seus simpatizantes, seria um tipo específico de direita, e segundo outros seria nem de esquerda nem de direita. A segunda característica em comum é o fato de serem atraentes para simpatizantes desavisados de algumas correntes de esquerda. A Quarta Teoria Política por causa de seu posicionamento no eixo econômico. O libertarianismo por causa de seu posicionamento no eixo social. Simpatizantes do marxismo-leninismo correm o risco de involuntariamente começar a defender a Quarta Teoria Política. Simpatizantes da Nova Esquerda (termo original em Inglês: New Left) correm o risco de involuntariamente começar a defender o libertarianismo.

A Quarta Teoria Política atraindo marxistas-leninistas

A Quarta Teoria Política, com suas variantes chamadas de Terceira Posição*, nacional bolchevismo e pan-eurasianismo, defende a superação da dicotomia esquerda-direita e a união de todas as forças antiliberais (entendendo liberal em todos os sentidos) e anti mundo anglo-saxão, não importando se essas forças são de esquerda ou de direita. Nestas forças se incluem o stalinismo, as muitas variantes do fascismo, o fundamentalismo islâmico, o tradicionalismo católico e os muitos nacionalismos étnicos (quando o nacionalismo étnico não está aliado ao imperialismo anglo-saxão). Se me perguntassem no elevador o que é a Quarta Teoria Política, e eu tivesse que responder em poucas palavras, eu responderia que é uma invenção de uns malucos que juntam o pior da esquerda com o pior da direita. O grande guru desta ideologia é o russo Aleksandr Dugin. No caso deste pensador, suas ideias são específicas para seu país: para ele, a Rússia deve rejeitar influências da América do Norte e da Europa Ocidental, e buscar inspiração no seu passado stalinista e czarista, e encontrar um híbrido de ambos. A influência do período soviético não seria por causa do internacionalismo proletário, mas por causa da Rússia forte. Estas ideias influenciam o governo de Vladimir Putin. Na Rússia, os nacional bolcheviques são oposição porque consideram Putin liberal demais em todos os sentidos para os padrões russos. Mas fora da Rússia, adeptos desta ideologia têm visão favorável ao presidente russo.

As raízes da Quarta Teoria Política podem ser encontradas já durante o período da Guerra Civil Russa (1918-1921), em que alguns czaristas, sob influência de Stálin, passaram do lado dos brancos para o lado dos vermelhos, ao perceberem que as tradições da Rússia seriam preservadas com mais vigor em um governo bolchevique do que em um governo liberal influenciável pelo Ocidente. Apesar da origem russa, a Quarta Teoria Política (ou suas variantes com outros nomes) é aplicável no mundo inteiro. Na América Latina, adeptos desta teoria admiram Fidel Castro, Che Guevara, Hugo Chávez e Evo Morales. Mas também admiram Plínio Salgado, Juan Perón e Ernesto Geisel. Os “quartateóricos” gostam dos governos atuais da Rússia, China, Irã, Síria, Coreia do Norte, Cuba e Venezuela. Apoiam o Hamas e o Hezbollah. Odeiam o Estado Islâmico menos por motivos humanitários e mais pelo fato desta gangue ser útil a Israel e à Arábia Saudita e se opor à Rússia. Na verdade, as raízes da Quarta Teoria Política podem ser até mais antigas que a Guerra Civil Russa e terem existido na Europa inteira. Desde quando existe capitalismo, existe vertente reacionária do anticapitalismo. Marx e Engels já apontaram isso no Manifesto de 1848.

Se perguntarmos para um auto declarado comunista se ele apoia a Quarta Teoria Política, ele provavelmente vai responder que não. Mas é comum ver muitos autodeclarados comunistas em blogs e em redes sociais repetindo involuntariamente o palavrório “quartateórico”. Falam do super-herói Vladimir Putin como se a Guerra Fria não tivesse terminado. Putin está sendo mais sensato que Obama na Guerra Civil Síria, isto é verdade. Mas nem por isso ele é aliado da causa esquerdista. Ele é aliado de líderes como Raul Castro, Nicolas Maduro e Alexis Tsipras mais por causa de geopolítica do que por causa de ideologia. Putin também é bastante amigo de partidos de extrema-direita da Áustria, da Hungria, da França. Seu governo é bastante influenciado por ideias conservadoras da Igreja Católica Ortodoxa. Nem mesmo na economia Putin é de esquerda. A Rússia é um dos poucos países do mundo que não tem imposto de renda progressivo. Há uma alíquota de 13% para qualquer renda.

Também já foi possível ver quem se considera “comunista” mostrar entusiasmo com o regime dos aiatolás no Irã. É bastante justo defender que o Brasil tenha boas relações comerciais com o Irã assim como tem com Israel, defender uma solução pacífica para o programa nuclear, criticar a hipocrisia do Ocidente, que é aliado da Arábia Saudita, que tem um regime ainda mais repressor. Uma coisa é levantar estas questões. A outra é defender um regime indefensável. E não faz sentido dizer “você está sendo etnocêntrico, não faz parte da cultura local ter um governo secular, a única forma de derrubar o regime do xá Reza Pahlevi, lacaio do imperialismo ocidental, era a teocracia”. Na verdade, havia sim no Irã aqueles que queriam substituir o regime tirânico do xá por um governo laico, mas estes foram exterminados nos primeiros dias do recém criado regime do aiatolá Khomeini. E foi somente nos anos 1970 que os aiatolás brigaram com o xá. O clero xiita apoiou o golpe de Pahlevi contra Mossadegh em 1953, junto com os Estados Unidos e o Reino Unido.

Outro erro bastante frequente é considerar o regime da Coreia do Norte como socialista. Os regimes da antiga União Soviética, de seus satélites e o ainda remanescente regime de Cuba têm muitos defeitos, mas ainda assim são socialistas (o fato de ser socialista não quer dizer que seja perfeito). Já o da Coreia do Norte tem muito mais nacionalismo, culto a líder e defesa da pureza étnica do que socialismo. Está muito mais para nacional bolchevique do que para bolchevique.

Defender regimes nacionalistas reacionários como frente contra o domínio anglo saxão no mundo não fez parte da história do comunismo. Um regime nacionalista reacionário opositor também dos Estados Unidos e do Reino Unido foi responsável pela morte de mais de dez milhões de soviéticos, se somar os militares com os civis.

Alguns comunistas de Internet demonstram grande entusiasmo também com a China, fazendo companhia para as revistas de business, que exaltam sua economia capitalista.

A própria postura de alguns “marxistas-leninistas” de atacar os movimentos negro, feminista e LGBTT podem ser influência indireta da pregação da Quarta Teoria Política. É conhecido que o marxismo leninismo ortodoxo foi historicamente conservador nas questões sociais. Mas isto porque em 1917 estas questões ainda não eram pauta da esquerda. Estas questões tornaram-se pauta de esquerda mais fortemente a partir de 1968. Além disso, o marxismo- leninismo assumiu características russas, típicas de um país tradicionalmente conservador. O marxismo-leninismo não precisa ser eternamente conservador nas questões sociais. Mesmo Cuba vem se modernizando nestas questões. Parece que a insistência no conservadorismo social está mais vinculada com o nacional bolchevismo do que com o bolchevismo propriamente dito. Alguns “bolcheviques” estão tão nacionais que fazem até campanha anti-Halloween.

Eu vi pela primeira vez a divulgação da Quarta Teoria Política na Internet na comunidade “Olavo de Carvalho nos Odeia” nos tempos de Orkut, por volta de 2005. Quem começou fazendo isso foi uma única pessoa, dotada de invejável erudição, capacidade de persuasão e estilo na escrita. Ele era assumidamente favorável à Quarta Teoria Política, dizia ser nem de esquerda nem de direita. Porém, havia uns marxistas-leninistas, menos eruditos, que viraram padawans (utilizando a linguagem Star Wars) dele. Embora continuassem a se definir como marxistas-leninistas, passaram a repetir o palavrório do “quartateórico”. Nos tempos de Orkut, havia a “Olavo de Carvalho nos Odeia”, composta em grande maioria por esquerdistas (óbvio), a comunidade oficial do Olavo de Carvalho, composta por direitistas (óbvio) e chamada pejorativamente de paraoficial pelos integrantes da “Olavo de Carvalho nos Odeia”, e também havia a “Olavo de Carvalho do B”, onde alguns membros da “Olavo de Carvalho nos Odeia” e da “Olavo de Carvalho oficial” se encontravam. A “do B” era repleta de defensores (voluntários e involuntários) da Quarta Teoria Política, tendo alguns que chegaram nela pela esquerda (na Olavo de Carvalho nos Odeia) e alguns pela direita (Olavo de Carvalho oficial).

O libertarianismo atraindo simpatizantes da Nova Esquerda

Conforme mencionado no início deste texto, a Quarta Teoria Política não é a única ideologia não esquerdista que tem potencial de fisgar seguidores de correntes de esquerda. Assim como existe o risco de marxistas-leninistas passarem a defender voluntariamente ou involuntariamente a Quarta Teoria Política, existe o risco de adeptos da Nova Esquerda passarem a defender voluntariamente ou involuntariamente o libertarianismo.

A Nova Esquerda surgiu nos países desenvolvidos na década de 1960. Seus adeptos são social democratas em questões de economia, ou seja, rejeitam a economia centralmente planificada, mas defendem um sistema tributário progressivo e um grande Estado de Bem Estar Social (a recíproca não é verdadeira, nem todo social democrata é da Nova Esquerda). Além disso, a Nova Esquerda considera tão importantes quanto questões de classe as questões de minorias étnicas, defende o ambientalismo, o feminismo, o movimento LGBTT e as liberdades individuais, e, desta forma, rejeita o proibicionismo de drogas, o serviço militar obrigatório, a vigilância do Estado aos cidadãos e a violência policial. Os libertários, cujo maior guru foi o economista Milton Friedman, defendem os mercados livres, um Estado mínimo e as liberdades individuais. Os libertários mais radicais são chamados às vezes de anarco-capitalistas.

Apesar da diferença de opiniões sobre o papel do Estado na economia, alguns adeptos da Nova Esquerda, por causa da coincidência de posicionamento sobre liberdades individuais, acham os libertários legalzinhos, potenciais aliados, menos piores do que a direita tradicional. Estas opiniões são possíveis de serem observadas em blogs, Twitter e Facebook. Mas a verdade é que os libertários não são legalzinhos (podem até ser na vida privada, mas o posicionamento político deles não é), não são potenciais aliados da Nova Esquerda e podem até ser menos piores do que a direita tradicional, assim como Chitãozinho e Xororó são menos piores do que Zezé di Camargo e Luciano. Libertários defendem um Estado tão pequeno que consideram que suas mínimas despesas devam ser financiadas com impostos sobre consumo, aqueles que pesam mais no bolso dos pobres. Defendem ou a abolição do Imposto de Renda, ou pelo menos a versão baixa e plana, aquela implementada pelo Putin (olha ele aparecendo neste texto de novo). Mesmo as opiniões sobre gays e sobre aborto dos libertários não devem ser incorporadas por quem se considera de esquerda. Libertários defendem simplesmente que o Estado não reprima gays, que não atue nem a favor nem contra eles. Mas isto basta. Independentemente do que o Estado faça ou não faça, ódio contra gays em alguns setores da sociedade existe, e por isso o Estado deve atuar por meio da educação para a tolerância e por meio do combate aos crimes de ódio. Quanto ao aborto, os libertários defendem que seja legalizado, mas não que seja gratuito. Desta forma, o problema dos abortos clandestinos precários realizados por mulheres pobres continuaria a existir. E convenhamos: uma pessoa que defende que o filho do pobre e o filho do rico, que tiveram infâncias completamente diferentes, devam competir “livremente” e defende também a legalização da maconha não é tão menos ruim do que outra que defende que o filho do pobre e o filho do rico devam competir “livremente” e não defende a legalização da maconha. E mais: é mais fácil encontrar na direita tradicional quem defenda alguma forma de rede de proteção social do que na direita libertária.

Em um post em seu blog, o economista Paul Krugman explicou muito bem porque a polarização política é basicamente unidimensional, ou seja quem defende um Estado Social é progressista em questões sociais, e quem não defende um Estado Social é conservador em questões sociais, e porque são tão poucos os libertários, aqueles que não defendem um Estado Social e progressismo em questões sociais. Para ele, tudo é uma questão de posicionamento sobre hierarquia tradicional e autoridade. Um Estado Social ajuda a diminuir a autoridade de patrões sobre seus empregados, de patriarcas sobre suas famílias. Por isso, quem é contra o Estado Social é quem defende autoridade, hierarquia, e, portanto, será conservador em questões sociais. O que o post não menciona é que apesar se serem poucos e os poucos dificilmente serem libertários de verdade, os poucos libertários se tornaram um grupo razoavelmente barulhento.

Mas como ainda não são um grupo muito grande, e a polarização maior é entre os pró-Estado Social/progressistas sociais e os anti-Estado Social/conservadores sociais, se os libertários têm que escolher entre um dos dois grandes grupos, escolher entre deixar de lado a rejeição ao Estado Social ou o progressismo social, eles não têm qualquer dúvida. Fecham com os anti-Estado Social/conservadores sociais, escondem ou jogam fora seu suposto progressismo social. Defendem a “liberdade” econômica e as liberdades individuais. Mas se são obrigados a escolher entre um ou outro, ficam com a “liberdade” econômica. Alguém viu fãs de Hayek e Von Mises criticando as execuções praticadas por agentes do Estado em favelas? Alguém viu o Instituto Millenium e o Partido Novo protestando contra o fato de agentes do Estado terem impedido a livre circulação de cidadãos pobres até as praias no Rio de Janeiro?

A discussão sobre a aproximação entre a Nova Esquerda e os libertários existe desde a década de 1960, bem antes do uso doméstico da Internet. Interessante notar que Ayn Rand, inspiradora de muitos libertários, já dizia que os adeptos da New Left eram inimigos. Podemos odiar o libertarianismo, mas temos que considerar que ela estava certa quando dizia que libertários e New Left não poderiam ser aliados políticos.

Tentando entender este fenômeno

Até aqui, foi demonstrado como está havendo, em espaços virtuais de debate político, atrações perigosas entre defensores de ideias incompatíveis, como a atração de simpatizantes do marxismo-leninismo pela Quarta Teoria Política, e a atração de simpatizantes da Nova Esquerda pelo libertarianismo. Também foi demonstrado porque estas ideias são incompatíveis. Agora cabe discutir: por que isto está acontecendo? Como não foi feita uma pesquisa acadêmica a respeito, vamos apenas às especulações.

Em primeiro lugar, pode estar havendo um problema de falta de lideranças no marxismo leninismo e na Nova Esquerda para orientar os recém interessados em atividade política. Sem pessoas de referência para explicar ideias de forma facilmente compreensível, um espaço vazio é criado. E este espaço pode estar sendo ocupado por “quartateóricos” e por libertários. Se estão sendo hábeis em divulgar suas ideias de forma fácil, parabéns para eles.

Em segundo lugar a atração dos marxistas-leninistas pela Quarta Teoria Política e dos novos esquerdistas pelos libertários podem ser fenômenos que se retroalimentam. Simpatizantes do marxismo leninismo ortodoxo podem ter ficado ressentidos com o fato de personalidades mais visíveis da esquerda no Brasil na década de 2010 como Jean Wyllys, Marcelo Freixo, Leonardo Sakamoto, Gregório Duvivier e Idelber Avelar falarem muito mais de questões sociais do que de questões econômicas (embora os citados não corram o risco de serem sugados pelo libertarianismo), aí passaram a buscar crítica ao capitalismo e ao imperialismo fora da esquerda, uma vez que não conseguiam enxergar estas críticas dentro da esquerda. Enquanto isso, ao ver quem se identifica como marxista leninista defendendo os governos da Rússia, do Irã e da Coreia do Norte e se desiludir com parte da esquerda por causa disso, alguns novos esquerdistas podem ter começado a se simpatizar com os libertários.

Se estas explicações foram pertinentes, a lição que fica é: vamos trabalhar a formação.

Por fim, um breve comentário sobre os que não são os influenciáveis, mas os defensores assumidos e os pregadores da Quarta Teoria Política ou do libertarianismo. Para alguns, uma das motivações em defender estas ideologias pode ser o desejo de se destacar no grupo, de parecer o inteligentão. É muito agradável dizer “pessoal, descobri uma nova ideologia bem bacana, que não se enquadra nessa polarização simples de esquerda e direita, sou sofisticado”.

*Por que Quarta Teoria Política e Terceira Posição? O que explica esta diferença de numerais se o que se trata é da mesma coisa? Quando foi escrita a “Quarta Teoria Política”, foi considerado que o liberalismo era a primeira, o socialismo era a segunda e o fascismo era a terceira. Quando foi inventado o termo “Terceira Posição”, a intenção era dizer que se tratava de uma posição que ia além de esquerda e direita.

Fonte
 
Já tô começando a suspeitar q o Paganus faz parte da Teologia da Libertação, ou q seja um sujeito da Nova Esquerda.
E isso contrasta e mto com oq vi dele nas primeiras discussões.

Com relação ao texto: Tanto aqueles q dividem o mundo em Amigos da Sociedade Aberta e Inimigos da Sociedade Aberta, ou acreditem em outro tipo de cisão racial ou social q possa levar a um confronto de grupos dentro da Sociedade é prejudicial.
Com relação aos Liberotários não preciso falar nada, os sujeitos concordam com quase toda a cartilha cultural da Nova Esquerda.
Só falta o texto falar tbm dos Positivistas, a praga q praticamente estragou todo o nosso Século XX - e o finalzinho do nosso Século XIX - aqui do Brasil.

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Eu tenho tanto amor pela Nova Esquerda quanto pelos liberotários, ou seja, nenhum.

O texto não representa uma visão novo-esquerdista, mas é uma crítica, do ponto de vista marxista, do grau de intoxicação que o amplo espectro da esquerda pode estar sujeito se não estiver ancorado em considerações ideológicas e analíticas bem firmes.

Eu fui eurasianista, de modo que é difícil me inocular com esse veneno novamente, sei bem do que ele trata. Mas o meu 'despertar' se deu a partir do marxismo, o que não faz com que eu admire a TL. Teologicamente, eu sou seguidor fiel e inconteste dos Santos Padres da Igreja Ortodoxa.
 
Eu tenho tanto amor pela Nova Esquerda quanto pelos liberotários, ou seja, nenhum.

O texto não representa uma visão novo-esquerdista, mas é uma crítica, do ponto de vista marxista, do grau de intoxicação que o amplo espectro da esquerda pode estar sujeito se não estiver ancorado em considerações ideológicas e analíticas bem firmes.

Eu fui eurasianista, de modo que é difícil me inocular com esse veneno novamente, sei bem do que ele trata. Mas o meu 'despertar' se deu a partir do marxismo, o que não faz com que eu admire a TL. Teologicamente, eu sou seguidor fiel e inconteste dos Santos Padres da Igreja Ortodoxa.

Só uma dúvida tu é Ortodoxo Bizantino ou Ortodoxo Oriental?

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Dugin não possui nada de ortodoxo, ele é um praticante do cisma dos Starovery, os Velhos-Crentes, uma seita antiga na Rússia que se separou da Igreja por conta das reformas do Patriarca Nikon, no século XVI. Hoje já há contatos e diálogos entre o Patriarcado de Moscou e os cismáticos de modo que esse cisma talvez venha logo a ser curado, mas o fato é que Dugin dificilmente pode ser chamado de cristão. Ele não crê em Cristo, o que ele crê é em um amálgama de ideologias políticas tradicionalistas e esoterismo perenialista que pouco ou nada tem a ver com a verdadeira gnose cristã. Além dele flertar, como é comum acontecer com perenialistas, com luciferismo. Enfim, já passou da hora de uma excomunhão, a meu ver.

Hoje eu me coloco mais como um conservador moderado, na linha de um C. S. Lewis, os autores da Revolução Conservadora, Chesterton, mas politicamente me coloco como marxista-leninista. Não sou parte de Esquerda Conservadora, até porque sei que isso é um chamariz para antissemitas e gente da extrema-direita, mas me filio ao marxismo por crer que Marx foi quem analisou mais profunda e analiticamente o capitalismo e como considero impossível a preservação de valores verdadeiramente humanos em um ambiente capitalista, é assim que me uno à tradição do marxismo-leninismo. Um conservador preocupado com o valor da pessoa humana, da imagem divina em nós e crê que o socialismo é uma opção válida para essa tarefa.

Como eu me coloco na esquerda? Não considero possível um socialismo que não seja progressista, mas isso não me impede de, como marxista-leninista, criticar o caráter pequeno-burguês, antirrevolucionário e antidialético, subjetivista, da Nova Esquerda, de diversos movimentos sociais, do pós-modernismo etc. Atualmente minhas posições me colocam mais e mais no centro do que na própria extrema-esquerda. Isso advém da leitura histórico-social que faço da realidade brasileira, em particular, e global, em sentido mais amplo. Centro, no sentido de que creio que o que o Brasil necessita é de profundas reformas sociais e políticas, um desenvolvimento econômico autônomo, um programa de libertação nacional e de expansão de seu mercado interno, indústria e empresariado nacionais, expansão do comércio exterior de maneira autônoma e soberana, enfim, medidas amplas e pontuais nascidas em um seio democrático que propicie o empoderamento da classe trabalhadora na construção gradual de um Estado democrático de Direito mais inclusivo, aberto, propício à revolução social que prevemos ser necessário à superação de nossa dependência estrutural.
 
Dugin não possui nada de ortodoxo, ele é um praticante do cisma dos Starovery, os Velhos-Crentes, uma seita antiga na Rússia que se separou da Igreja por conta das reformas do Patriarca Nikon, no século XVI. Hoje já há contatos e diálogos entre o Patriarcado de Moscou e os cismáticos de modo que esse cisma talvez venha logo a ser curado, mas o fato é que Dugin dificilmente pode ser chamado de cristão. Ele não crê em Cristo, o que ele crê é em um amálgama de ideologias políticas tradicionalistas e esoterismo perenialista que pouco ou nada tem a ver com a verdadeira gnose cristã. Além dele flertar, como é comum acontecer com perenialistas, com luciferismo. Enfim, já passou da hora de uma excomunhão, a meu ver.

Hoje eu me coloco mais como um conservador moderado, na linha de um C. S. Lewis, os autores da Revolução Conservadora, Chesterton, mas politicamente me coloco como marxista-leninista. Não sou parte de Esquerda Conservadora, até porque sei que isso é um chamariz para antissemitas e gente da extrema-direita, mas me filio ao marxismo por crer que Marx foi quem analisou mais profunda e analiticamente o capitalismo e como considero impossível a preservação de valores verdadeiramente humanos em um ambiente capitalista, é assim que me uno à tradição do marxismo-leninismo. Um conservador preocupado com o valor da pessoa humana, da imagem divina em nós e crê que o socialismo é uma opção válida para essa tarefa.

Como eu me coloco na esquerda? Não considero possível um socialismo que não seja progressista, mas isso não me impede de, como marxista-leninista, criticar o caráter pequeno-burguês, antirrevolucionário e antidialético, subjetivista, da Nova Esquerda, de diversos movimentos sociais, do pós-modernismo etc. Atualmente minhas posições me colocam mais e mais no centro do que na própria extrema-esquerda. Isso advém da leitura histórico-social que faço da realidade brasileira, em particular, e global, em sentido mais amplo. Centro, no sentido de que creio que o que o Brasil necessita é de profundas reformas sociais e políticas, um desenvolvimento econômico autônomo, um programa de libertação nacional e de expansão de seu mercado interno, indústria e empresariado nacionais, expansão do comércio exterior de maneira autônoma e soberana, enfim, medidas amplas e pontuais nascidas em um seio democrático que propicie o empoderamento da classe trabalhadora na construção gradual de um Estado democrático de Direito mais inclusivo, aberto, propício à revolução social que prevemos ser necessário à superação de nossa dependência estrutural.
Aproveitando o gancho. Qual o país q vc como maior exemplo para o Brasil se inspirar e q tenha estruturas políticas q se adequem a nossa realidade?
Qual o melhor governo, no seu ver, q o Brasil tevê?
Aproveitando suas influências de Chesterton oq vc pensa de Gustavo Corção e do Distributismo? Oq vc pensa em relação a noção de Civilização Ocidental?

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Perguntas bem amplas. A situação do Brasil tem paralelos interessantes com a história da Rússia mas eu creio que o Brasil é uma parte importante da história da América Latina. Nós somos todos filhos de uma América colonizada, explorada, vendida e que não aprendeu a caminhar com suas próprias pernas, seja por causa do imperialismo anglo-saxão seja pelos péssimos hábitos coloniais que adquirimos e dos quais ainda não nos livramos. Ao mesmo tempo temos uma história única dentro dessa América Latina, com oportunidades crescentes e uma ampla gama de potencialidades que poderiam ter sido explorada se seguindo à falência do getulismo, ao desastre social, político e econômico que foi o período ditatorial, com a redemocratização. Aproveitamos mal esse tempo, cedemos ao neoliberalismo, e a uma esquerda que sempre se preocupou mais em chegar e se manter no poder que em realizar as reformas estruturais que precisamos, apesar de ter avançado significativamente em termos socioeconômicos, mas em sua essência, não mudou o caráter patrimonialista do Estado nem alterou profundamente as relações de poder econômico e político. O PT jogou o jogo político, surfou na crista da onda mas preferiu trair sua classe e se banhar nas mesmas águas sujas do Leto institucionalizado por aqui, se sujou, se contaminou, perdeu sua memória, sua identidade, se perdeu a si mesmo.

Acredito que o varguismo foi a nossa melhor época, a época em que tivemos as maiores realizações sociais e econômicas, as maiores conquistas nesses mesmos campos e a primeira vez em que o Brasil possuiu de um programa político, social, econômico total, totalizante, universal, enfim, a preocupação de criar uma verdadeira civilização brasileira e universalizá-la para todas as classes. Em que pese todas as suas deficiências, autoritarismo e ataques vis à democracia e aos direitos políticos e fundamentais dos cidadãos, conseguiu, seja no Estado Novo seja no período democrático, foi o getulismo que criou um Estado brasileiro verdadeiramente 'viável', que nos permitia sonhar.

Sobre o distributismo, infelizmente, eu não li muito a respeito, só algumas indicações aqui e ali. Se algum dia eu voltar a ter tempo na minha vida para ler qualquer coisa que não for matéria para concurso público e doutrina jurídica, quem sabe eu não pesquise mais a respeito? :lol:

Encerrando, eu não tenho grandes amores pela civilização ocidental. Ela é muito diferente da Cristandade, seja oriental seja ocidental, as quais são sua antítese. A modernidade é o signo do Ocidente, bem como de suas pretensões racionalistas à universalidade, sua metafísica totalizante baseada em um discurso logocêntrico e imanentista, seu materialismo vulgar e sem inspiração. Representa um grande avanço no campo dos direitos individuais mas pouco avançou na concretização e universalização e socialização desses direitos, permanecendo em uma masturbação abstrata e grosseira de suas próprias virtudes. O Estado moderno, por exemplo, só pode se tornar um agente de transformação social, representatividade democrática e participação decisória a partir do momento em que viu através dos véus da ideologia os interesses a que representava, seu caráter de classe, as usurpações que operara, e mesmo assim, seu papel de agente de transformação é inexistente se não viver em uma relação dialética e concreta de interação de suas normas com a concretude da manifestação e substância da vontade política da nação, principalmente das classes mais pobres. O Ocidente é algo que precisa ser superado, não se voltando no tempo, ou afirmando metafísicas, mas o implodindo por dentro, despertando a revolução que ele carrega dentro de si, nas direções corretas.
 
"Cuidado com duas pragas ideológicas: a Quarta Teoria Política (...)". Mano, acho mais útil escrever um texto "Cuidado com a seita do E.T. Bilu"... No Brasil decerto é mais conhecido, mais gente acredita, além de ser mais crível também. :dance:
 
"Cuidado com duas pragas ideológicas: a Quarta Teoria Política (...)". Mano, acho mais útil escrever um texto "Cuidado com a seita do E.T. Bilu"... No Brasil decerto é mais conhecido, mais gente acredita, além de ser mais crível também. :dance:
Dizem que jogar no Íbis dá mais bilhão. Mas isso também vale para aqueles trouxas do Liber.

Que saudades, Haranzinho. :grinlove:
 
Perguntas bem amplas. A situação do Brasil tem paralelos interessantes com a história da Rússia mas eu creio que o Brasil é uma parte importante da história da América Latina. Nós somos todos filhos de uma América colonizada, explorada, vendida e que não aprendeu a caminhar com suas próprias pernas, seja por causa do imperialismo anglo-saxão seja pelos péssimos hábitos coloniais que adquirimos e dos quais ainda não nos livramos. Ao mesmo tempo temos uma história única dentro dessa América Latina, com oportunidades crescentes e uma ampla gama de potencialidades que poderiam ter sido explorada se seguindo à falência do getulismo, ao desastre social, político e econômico que foi o período ditatorial, com a redemocratização. Aproveitamos mal esse tempo, cedemos ao neoliberalismo, e a uma esquerda que sempre se preocupou mais em chegar e se manter no poder que em realizar as reformas estruturais que precisamos, apesar de ter avançado significativamente em termos socioeconômicos, mas em sua essência, não mudou o caráter patrimonialista do Estado nem alterou profundamente as relações de poder econômico e político. O PT jogou o jogo político, surfou na crista da onda mas preferiu trair sua classe e se banhar nas mesmas águas sujas do Leto institucionalizado por aqui, se sujou, se contaminou, perdeu sua memória, sua identidade, se perdeu a si mesmo.

Acredito que o varguismo foi a nossa melhor época, a época em que tivemos as maiores realizações sociais e econômicas, as maiores conquistas nesses mesmos campos e a primeira vez em que o Brasil possuiu de um programa político, social, econômico total, totalizante, universal, enfim, a preocupação de criar uma verdadeira civilização brasileira e universalizá-la para todas as classes. Em que pese todas as suas deficiências, autoritarismo e ataques vis à democracia e aos direitos políticos e fundamentais dos cidadãos, conseguiu, seja no Estado Novo seja no período democrático, foi o getulismo que criou um Estado brasileiro verdadeiramente 'viável', que nos permitia sonhar.

Sobre o distributismo, infelizmente, eu não li muito a respeito, só algumas indicações aqui e ali. Se algum dia eu voltar a ter tempo na minha vida para ler qualquer coisa que não for matéria para concurso público e doutrina jurídica, quem sabe eu não pesquise mais a respeito?[emoji38]
Encerrando, eu não tenho grandes amores pela civilização ocidental. Ela é muito diferente da Cristandade, seja oriental seja ocidental, as quais são sua antítese. A modernidade é o signo do Ocidente, bem como de suas pretensões racionalistas à universalidade, sua metafísica totalizante baseada em um discurso logocêntrico e imanentista, seu materialismo vulgar e sem inspiração. Representa um grande avanço no campo dos direitos individuais mas pouco avançou na concretização e universalização e socialização desses direitos, permanecendo em uma masturbação abstrata e grosseira de suas próprias virtudes. O Estado moderno, por exemplo, só pode se tornar um agente de transformação social, representatividade democrática e participação decisória a partir do momento em que viu através dos véus da ideologia os interesses a que representava, seu caráter de classe, as usurpações que operara, e mesmo assim, seu papel de agente de transformação é inexistente se não viver em uma relação dialética e concreta de interação de suas normas com a concretude da manifestação e substância da vontade política da nação, principalmente das classes mais pobres. O Ocidente é algo que precisa ser superado, não se voltando no tempo, ou afirmando metafísicas, mas o implodindo por dentro, despertando a revolução que ele carrega dentro de si, nas direções corretas.
Não esperava q o Sr. fosse admirador do Governo Vargas, realmente foi uma surpresa.

Com relação a situação direita e esquerda, eu acho q vc pensa q o Brasil não possui uma Direita de vdd e tbm q possua uma esquerda mto interesseira e descomprometidas com suas causas. E q no Brasil todos os Partidos q lutam pelo poder possuem propostas semelhantes e só alteram o discurso. Estou correto quanto a sua visão sobre esse tipo de situação ou errei no chute?
Com base nas coisas acima gostaria de fazer mais perguntas, já peço de antemão desculpas por possivelmente estar sendo mto chato mas fiquei curioso com relação a seus pensamentos.

Na sua opinião:
I-Em q a época o Brasil tevê uma esquerda q representava, uma direita q representava ideias realmente de direita?
II-Em q época tivemos uma disputa entre uma Esquerda e Direita mais verdadeiras q representavam bem o debate político-ideológico?
III-Qual seria o tipo de Direita e Esquerda q melhor condiziria com o Brasil historicamente e faria um debate entre pontos q tanto a Direita quanto a Esquerda deveriam defender de acordo com toda a tradição brasileira(tanto a política quanto cultural)?

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São perguntas muito abstratas essas, nenhum movimento social e político existe em uma relação de perfeita correspondência entre teoria e prática. Traições, desvios, esquerdismos, burguesismos, guinadas e retrocessos, tudo isso sempre fez e sempre fará parte de qualquer ideologia, seja no Brasil seja na China. E nem dá pra fazer futurologia ou prescrições sobre qual tipo de esquerda/direita ou ideias, instâncias, estruturas de direita/esquerda seriam ideais. Atente bem nesse termo 'ideais'. Essas questões estão colocadas em termos ideais, sem correspondência dialética entre si. Não há previsões fáceis, só aquelas advindas de muita reflexão, o risco das leituras políticas, autocrítica e revisão de posições anteriores. É no calor do enfrentamento nas ruas entre os explorados e os instrumentos dos exploradores que se forja a consciência política que fará as questões corretas e buscara, lutará, pelas respostas.

Sobre a situação no Brasil, você leu bem minha visão. Nós nunca tivemos nenhuma direita conservadora ou mesmo liberal, apenas ideias mais ou menos vagas de nacionalismo misturado com visões reacionárias e oligárquicas, uma mistura de feudalismo e de revanchismo pós-colonial que se condensaram em algumas estruturas ideológicas que foram se sobrepondo umas às outras. Já a esquerda aqui se colocou ora como um purismo que teve e ainda tem de aprender com seus erros políticos, seus revisionismos e uma notória deficiência estratégica, mas que jamais deixou de lutar, com uma esquerda nascida originalmente do mesmo nacionalismo positivista de um Vargas. O trabalhismo é uma esquerda autenticamente brasileira, não-marxista, com sua história cheia de glórias e derrotas. Não sei se ele ainda tem um papel importante a desempenhar no cenário atual, mas é com eles e com mais queira buscar o desenvolvimento autônomo e empoderado do Brasil que eu cerro fileiras.
 
pensei em ler o o paganus postou, mas sério? tem mais 10 paragrafos. Eu quiçá consigo ler uma linha do que ele posta. Imagina esses textões merda sem nexo que ele posta e engaja em monologo com algum "amigo" ou com o thor/fcm?
 

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