Olá, Gui.
Como todo movimento artístico, cultural e comportamental, o cinema não se divide em fases bem definidas, em ordem histórica. Os movimentos cinematográficos se compõem e se sobrepõem durante todo o período, desde o começo até a atualidade. Porém, com algum rigor, tenta-se dividir tais movimentos (ou fases) agrupando-as de acordo com algumas características comuns, incluindo a época que os filmes foram feitos e lançados.
Enfim, as principais fases (ou movimentos) do cinema, de forma resumida, são:
Os pioneiros (1895-1925): se inicia, obviamente, em 1895 com a exibição dos curtas dos irmãos Lumière em Paris. Curtas metragens, filmes mudos, Georges Méliès, enfim.
Os épicos (1912-1927): orçamentos vultuosos, elencos gigantes e histórias épicas. D. W Griffith, Fritz Lang, início dos grandes estúdios.
Cinema fantástico ou Expressionismo Alemão (1901-1929): o misterioso, o apavorante, o fantástico, o sobrenatural. Frankenstein, Murnau, surrealismo.
Cinema russo (1917-1930): influência e consequência da revolução russa, dura até Stalin dar um fim no incipiente cinema russo. Encouraçado Potemkin, Eisenstein, Vertov.
Comédia muda (1909-1936): uma das eras de maior sucesso até hoje. Dura até a ascensão dos filmes falados. Chaplin, O Gordo e o Magro, Buster Keaton.
Realismo poético francês (1930-1939): cheio de inovações estéticas, dura até a ocupação nazista. Jean Renoir e Marcel Carné.
Cinema nazista e cinema soviético (1930-1943): dispensam comentários. Cinema utilizado como propaganda por seus ditadores.
Primeiras animações (1929-1941): Era de ouro da Disney. Branca de Neve, Pinóquio, Fantasia, Dumbo.
Cinema noir (1941-1957): femmes fatales e os primeiros anti-heróis. Inovações na cinematografia e na trilha sonora.
Neorrealismo italiano (1940-1953): primeiro movimento autêntico italiano, busca retratar as dificuldades da vida cotidiana no pós-guerra. Rosselini, Antonioni, Visconti.
Nouvelle Vague (1951-1968): cinema de autor. O foco saiu dos produtores e atores para os diretores. Truffaut, Godard, melancolia.
A era dos musicais (1943-1961): capitalizados pela MGM, retratavam a sociedade americana. Cantando na chuva, Frank Sinatra.
Cinema nórdico (1944-1975): existencialismo e alegoria. Ingmar Bergman, obviamente.
Nova onda japonesa/Nuberu bagu (1950-1975): era de ouro do cinema japonês. Kurosawa.
Hollywood pós-guerra (1944-1959): a era de ouro de Hollywood. Grandes dramas e as maiores bilheterias. Atores e atrizes no auge. E o vento levou, Casablanca etc.
Faroeste (1939-1960): com baixo orçamento, buscaram criar uma mitologia para a ocupação do oeste americano. John Ford. Bang-bang.
New Wave britânica (1958-1968): cinema subversivo. Documentários.
Cinema Novo (1952-1972): primeiro movimento autêntico brasileiro. Glauber Rocha.
Nova Hollywood (1960-1980): novos diretores revitalizaram o cinema americano. Hitchcock (melhor fase), Kubrick (surgimento), Billy Wilder.
Auge do cinema europeu (1960-1978): essa fase não tem um nome propriamente dito; o cinema europeu tem seu apogeu. Fellini, Tarkovski, Bergman, Buñuel, Nouvelle Vague tcheca.
Faroeste espaguete/Spaguetti western (1961-1973): o declínio do faroeste americano o levou para a Itália, e depois volta para os EUA. Clint Eastwood, Sergio Leone.
Novo Cinema Alemão (1969-1985): considerado o sucessor espiritual da Nouvelle Vague francesa. Win Wenders, Herzog, Fassbinder.
Novo Terror (1970-1989): subversivo, chocante, niilista. Cronenberg, O Iluminado, David Lynch.
Blockbusters (1970-atualidade): orçamento altíssimo, efeitos especiais, início do cinema comercial como conhecemos hoje. O marco é Tubarão (1975).
Cinema latino-americano (1990-atualidade): sem um nome definido, é consequência do conturbado final do século XX para as nações latino-americanas. Cidade de Deus, Alfonso Cuarón, Iñarritu, cinema argentino.
Cinema europeu (1990-atualidade): também sem um nome definido, são contestadores e autorais. Haneke, Almodóvar, Von Trier, Jeunet, Honoré, Gaspar Noé.
Nova onda do cinema iraniano (1990-atualidade): visual lírico e dramas da sociedade iraniana. Abbas Kiarostami.
Dogma 95 (1995-2000): cinema mais autêntico e cru, com ideias bem controversas. Lars von Trier e Vinterberg.
Bollywood (1995-atualidade): cinema indiano, tem apresentado forte crescimento interno e externo.
Enfim, basicamente é isso. Um excelente livro que recomendo, caso você tenha interesse em aprofundar no assunto (e parece que tem), é Tudo sobre Cinema, organizado por Phillip Kemp. Tenho o livro e recomendo; é quase uma bíblia do cinema.